Mudanças na governança global são oportunidades para os BRICS
Pesquisadores dos think tanks dos cinco países discutem o tema durante o Fórum Acadêmico
Durante a sessão técnica BRICS e a Governança Global, nesta quarta-feira, dia 19, os especialistas dos think tanks dos cinco países foram unânimes em constatar as transformações na governança global. Zhou Yuyun, membro do Conselho China Center for Contemporary World Studies, destacou a distribuição e transferência de poder com o aumento do número de atores. “Países emergentes moveram-se gradualmente da periferia da governança para o centro global. Os BRICS devem reforçar a cooperação política entre eles e promover as reformas de desenvolvimento da governança global”, disse Yuyun.
Novos tópicos entraram na agenda da governança global, como as reformas do sistema financeiro internacional, mudanças climáticas, redução da pobreza, cibersegurança e segurança nuclear. “Como BRICS, temos muito claro que a governança global é inclusiva e não confrontacional. Devemos trazer ideias renovadas, em nossa posição única de entender as questões de países em desenvolvimento e usar essa vantagem para trazer a perspectiva dos países emergentes”, complementou o Embaixador Viswanathan, pesquisador da ORF (Índia).
Renato Flores, professor da FGV, recomendou que os BRICS ocupem nichos até agora não explorados, trazendo soluções inovadoras e criativas para áreas como megalópoles, desenvolvimento sustentável e redução da pobreza. “Ainda estamos sendo conduzidos nesse debate. Devemos estar bem posicionados e ganhar mais voz, representar o voto do mundo em desenvolvimento”, argumentou.
Narnia Bohler-Muller, vice-diretora executiva do Human Sciences Research Council, apontou que, dentro deste contexto, os Estados membros do BRICS estão empenhados em assumir um papel cada vez mais importante nas relações internacionais, concomitante com a sua crescente importância econômica e política global e regional. Isto inclui a busca pela reforma do Conselho de Segurança da ONU, do FMI e do Banco Mundial.
Georgy Toloraya, diretor Executivo do National Committee for BRICS Studies, defendeu que os BRICS devem se concentrar nas reformas do FMI e também na criação de um banco de desenvolvimento. “Essa negociação ainda não foi acordada, não há definido ainda o nome do banco, mas com certeza irá marcar a historia da governança global”, afirmou.
Leia mais: Acadêmicos discutem desafios das novas classes médias |