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18/06/2020 10:43

Webinar avalia impacto da Covid-19 no mercado de trabalho


Iniciativa do Ipea mostra os efeitos no emprego e nos pequenos negóciosa

Os efeitos da pandemia da Covid-19 no mercado de trabalho brasileiro serão fortes e duradouros, atingindo principalmente trabalhadores autônomos e informais. A previsão é do professor e pesquisador da Universidade de Oxford, Gabriel Ulyssea, que participou do webinar sobre Mercado de Trabalho e Enfrentamento à Crise, realizado na quarta-feira, 17, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“A crise atual tem fortes aspectos regressivos, pois reforça as desigualdades pré-existentes, como a informalidade e o desemprego, que já impactavam o mercado de trabalho desde 2014”, disse Ulyssea. Os grupos mais afetados são aqueles que trabalham por conta própria, têm menor rendimento, as mulheres e quem não pode trabalhar remotamente. Entre os setores mais atingidos estão o comércio de reparação de veículos e os serviços, padrão observado também em outros países.

Além dos efeitos da crise sobre os trabalhadores, Ulyssea avaliou os impactos da Covid-19 nos pequenos negócios, que respondem pela maior parte dos empregos no país, e as medidas emergenciais para enfrentamento da pandemia. Ele recorreu a dados do IBGE – PNAD Contínua e PNAD Covid-19 e à pesquisa Covid-19 Small Business Survey com 50 mil empreendedores dos Estados Unidos e da América Latina, sendo cerca de 2,6 mil do Brasil, feita entre 28 de março e 20 de abril deste ano.

Os pequenos negócios têm a intenção de demitir ou já demitiram durante a pandemia, mostrou a pesquisa. Eles foram afetados pela demora na implementação das medidas emergenciais nos estados e municípios, para atenuar os efeitos da crise atual. Citou o exemplo do programa de crédito criado pelo BNDES para socorro às pequenas empresas e operado por meio de bancos comerciais. “Há oferta e demanda, mas se não há garantia sobre o risco, a concessão de crédito fica limitada”, ponderou, ao lembrar que apenas 14% acessaram crédito do programa.

Para o pesquisador de Oxford, o tempo de implementação das medidas emergenciais foi o principal desafio ao enfrentamento da pandemia. Essa demora, segundo ele, afetou os resultados em outros países também. Ulyssea recomenda mais integração e maior racionalização das políticas públicas ampliando sua abrangência e focalização. “A flexibilização do distanciamento social não significa que a economia terá reação imediata, pois o consumo ainda tímido pressupõe mais tempo para a retomada das atividades”, alertou.

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