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Portal SEGS: Ciclovias não estão integradas ao trânsito Um meio de transporte que não polui, de custo e manutenção baixos e que traz benefícios para saúde, a bicicleta tem poucos adeptos no Brasil. Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que aqui 7% da população usa bicicleta como transporte, enquanto na Holanda 84%. As cidades brasileiras têm estrutura para os ciclistas? Para o arquiteto e urbanista Caio Vassão as soluções existentes são ineficientes. "Não há ação de planejamento e implantação de um sistema cicloviário integrado em escala metropolitana. Ao mesmo tempo há campanhas independentes de promoção do uso das bikes em uma cidade despreparada para esse fim. O que observamos é o sacrifício de ciclistas em um meio urbano agressivo e dominado por automóveis, incompatível com a escala do pedestre e do ciclista", expõe. Levantamento realizado em 2011 pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo comprova essa incompatibilidade. A cada dia, nove ciclistas foram hospitalizados vítimas de acidentes. Ao todo foram internados 3,4 mil pessoas, o que correspondeu a um gasto de R$ 3,25 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). A especialista em trânsito da Perkons, Maria Amélia Marques Franco, diz que o controle da velocidade pode auxiliar imediatamente neste cenário. "A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda velocidades de até 50 Km/h em vias urbanas, com limites ainda menores em vias de circulação de pedestres e ciclistas, que são mais vulneráveis. Quanto menor a velocidade, menor é a gravidade do acidente, explica". Vassão defende a mudança no modelo de cidade baseada nos automóveis para a cidade distribuída e a integração como condições indispensáveis para que a bicicleta seja um meio de transporte cotidiano. "A integração deve permitir a convivência efetiva, e não apenas um convívio perigoso", esclarece. O que pensa o ciclista Sergio Affonso, presidente do Clube dos Amigos da Bike (CAB), usa a bicicleta para atividades do trabalho, reconhece que muitas ciclovias não têm guias rebaixadas e não interligam trechos, e sugere que o ciclista utilize rotas alternativas fora de ruas de grande fluxo. Apesar da precariedade da estrutura para o ciclista, Affonso acredita que o número de usuários no país irá crescer. "As ciclovias no Brasil são muito escassas e algumas são adaptadas e se tornam uma verdadeira aventura. Porém, na medida do possível, o poder público vem implantando ciclovias e ajudando muito a vida dos ciclistas e aficionados por bicicleta", diz. O que tem feito o poder público A Lei 12.587, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana tornou obrigatória a elaboração, até 2015, de Planos de Mobilidade Urbana (PMU) para todos os municípios com mais de 20 mil habitantes. O Ministério das Cidades criou o Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta para incentivar o uso da bike com outros modais a longo prazo. O urbanista acredita que enquanto os gestores públicos não considerarem os transportes leves como prioridade não haverá implantação maciça de sistemas cicloviários de qualidade e integrados. "Não há um política sobre isso, apenas promoções e incentivos. O poder público não assumiu a necessidade de uma política de transportes leves e ainda considera que automóveis são ou devem ser o meio de transporte predominante no tecido urbano", observa. Segundo Maria Amélia, os planos de mobilidade urbana devem oferecer alternativas de transporte viáveis e seguras aos cidadãos, de acordo com suas necessidades. "É preciso também boas calçadas, ciclovias e ciclofaixas para estimular a caminhada e o uso de bicicletas em distâncias curtas e médias. É insustentável congestionar as ruas e lotar ônibus e metrôs porque as pessoas optam pelo carro ou transporte coletivo nessas situações", afirma. Bons exemplos Na Europa, o uso da bicicleta é comum em cidades com condições de relevo e climática desfavoráveis. Na Noruega, a cidade montanhosa de Trondheim encontrou uma solução: criar uma espécie de elevador para as bicicletas. Em Ferrara, na Itália, cidade com inverno rigoroso e chuvoso, houve investimento em estacionamentos gratuitos com vigilância e nas estações ferroviárias. A administração local também substituiu, no centro histórico, as antigas pedras por calçadas planas. Sobre a Perkons A Perkons é uma empresa especializada em tecnologia para segurança e gestão integrada de tráfego. Tem experiência em fiscalização eletrônica de trânsito e foi pioneira neste mercado no país com a invenção da lombada eletrônica em 1992. Hoje, tem atuação voltada para o desenvolvimento de produtos e projetos que ofereçam soluções tanto para a segurança quanto para gestão completa do trânsito. A experiência acumulada nestes 20 anos permite à empresa oferecer um mix de produtos e serviços que auxiliam os gestores públicos no planejamento urbano e gestão de tráfego. Entre as expertises da empresa está a elaboração de estudos e projetos que auxiliam na tomada de decisões para a conquista de um trânsito mais fluido e seguro. Todo o trabalho desenvolvido pela empresa tem base em uma estrutura tecnológica para o acompanhamento do trânsito em tempo real, fiscalização de infrações, contagem de fluxo e identificação da frota por categoria e tamanho. A reunião dessas informações oferece aos gestores um raio x geral do trânsito e do comportamento do motorista.
Assista ao programa que recebeu Fernanda De Negri, do Ipea, e Luiz Martins, da Finep
Folha.Com (SP): Cai porcentagem de brasileiros dispostos a ter um emprego Estudo do Ipea mostra que fatia passou de 59,5% para 57,5% entre 2009 e 2012; queda foi maior entre jovens Para instituto, fenômeno pode pressionar mercado de trabalho; desempregados são na maioria qualificados. A parcela de brasileiros em idade ativa que têm ou estão buscando emprego caiu entre 2009 e 2012, segundo estudo divulgado ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base em dados da Pnad. A chamada taxa de participação (relação entre a população economicamente ativa e aquela em idade para trabalhar) caiu de 59,5% para 57,5% no período. Segundo o instituto, essa tendência é preocupante porque pode pressionar o mercado de trabalho e representa um desafio para a formulação de políticas públicas. A redução mais acentuada ocorreu entre os jovens de 15 a 24 anos. Em termos de gênero, a tendência foi mais marcante entre as mulheres, embora tenha sido verificadas entre os homens também. "É surpreendente, pois ocorreu em um momento de melhora do mercado de trabalho", disse Marcelo Neri, presidente do Ipea e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Segundo o Ipea, a fatia de jovens fora do mercado de trabalho e da escola (os chamados "nem nem") aumentou nos últimos anos. "Esse contingente sempre existiu, mas parece que teve um aumento recente. A médio e longo prazo isso é preocupante. Precisamos entender os determinantes disso", diz Gabriel Ulyssea, coordenador de pesquisas de trabalho e renda do Ipea. QUALIFICAÇÃO Segundo Neri, havia espaço para a inserção de uma grande parcela de trabalhadores no mercado de trabalho, o que indicaria que o país não estava diante do pleno emprego em 2012. Diferentemente do que muitos especialistas afirmam, a pesquisa aponta que não há uma escassez generalizada de oferta de mão de obra qualificada no país. O coordenador de pesquisas do Ipea afirma, no entanto, que ela pode ocorrer em alguns setores ou em determinadas atividades. Segundo o instituto, a oferta de trabalho qualificado vem aumentando continuamente na última década e o preço relativo a essa mão de obra tem caído também. Além disso, segundo a pesquisa, os desempregados hoje são em sua maioria profissionais qualificados. "O grande apagão de mão de obra é de pessoas pouco qualificadas, talvez seja sinal de que o Brasil não está dando um salto tecnológico", afirma Neri. Para o economista José Márcio Camargo, há uma falta de mão de obra "bem qualificada", que tenha frequentado cursos em universidades mais conceituadas, após a queda na qualidade desse ensino nos últimos anos: "Há queixas dos empresários da falta de mão de obra qualificada, mas eles podem estar sentindo falta é de mão de obra bem qualificada."
Valor Econômico (SP): Transformações sociais Por Marcelo Côrtes Neri A Pnad nos permite traçar um retrato amplo das mudanças observadas na vida dos brasileiros no ano que passou. Os microdados tornados públicos pelo IBGE simultaneamente com análises e tabulações feitas pela equipe do instituto, permitem a qualquer um replicá-las e desenvolver suas análises. Em 2012, pleno ano do pibinho, a renda real per capita da Pnad deflacionada pelo INPC cresceu 7,98%. Trata-se portanto de crescimento acima da inflação. A importância de complementarmos a análise de crescimento proporcionada pelas contas nacionais com outra baseada em pesquisas domiciliares, tipo Pnad, é a primeira recomendação da comissão de notáveis, comandada pelos ganhadores do Nobel Joseph Stiglitz e Amartaya Sen, sobre como medir o progresso das nações. Na grande maioria dos países o PIB cresce mais que as pesquisas domiciliares, no Brasil tem ocorrido o oposto nos últimos 9 anos com crescimento dos primeiros 22,8% pontos de porcentagem abaixo dos últimos enquanto o deflator implícito do PIB cresce 22,9% acima do IPCA. Ou seja há equivalência nas séries nominais. É o deflator, companheiro! Sabemos exatamente o que os preços ao consumidor medem e que há um viés dele para cima por não incorporar a possibilidade de substituição de bens que ficaram relativamente mais caros. Nos EUA esse viés tem correspondido a 0,25 pontos percentuais por ano numa inflação a menos 2 pontos por ano em 2012. Se o trabalho foi o protagonista da queda de desigualdade, o Bolsa Família merece o Oscar de melhor coadjuvante. A Pnad permite olhar para a distribuição dos frutos do crescimento entre brasileiros. No acumulado do período 2003 a 2012, o crescimento do brasileiro médio da Pnad é quase duas vezes maior que o PIB per capita. O brasileiro mediano, o João da Silva, cresce quase três vezes mais e o primo pobre dele que está nos 10% com menos renda, cresceu quatro vezes mais. Dependendo do que e de quem se olha, a resposta muda. Como na peça de Pirandello: assim é se assim lhe parece. Em 2012, o maior crescimento foi o dos 10% mais pobres, cuja renda cresceu 14%. Os 10% mais ricos obtiveram crescimento de 8,3%. Os 40% mais pobres, de 9,9%. Se a população for dividida em frações menores, a renda dos 5% mais ricos cresceu 9,4% e a do 1% mais rico cresceu 16,1%, mas a dos 5% mais pobres cresceu 20,1%. A desigualdade segundo o índice de Gini ficou parada em 0,526. Medidas de desigualdade mais sensíveis à cauda, como o índice L de Theil, caíram mais que o Gini, mas menos que nos 10 anos anteriores. Há muitas maneiras da desigualdade ficar estável, uma é todos melhorarem (ou piorarem) juntos. No ano passado, as mudanças de renda favoreceram a todos, mas em especial aos mais ricos e aos mais pobres dos pobres. O crescimento observado na metade inferior da distribuição de renda, décimo a décimo, supera o crescimento da média. Apesar da estabilidade do Gini, as mudanças distributivas foram particularmente favoráveis aos pobres, explicando metade da redução da extrema pobreza de 15,9% ocorrida em 2012, 5 vezes mais rápida que nas metas do milênio. Quase ¾ do avanço de renda registrado pela Pnad se deve a expansão do mercado de trabalho, que cresceu em termos per capita 7,6% em 2012. Fundamentalmente, é uma economia em que o mercado de trabalho está descolado do crescimento do PIB, dois Brasis distintos. A análise de rendimentos individuais nos permite entender em detalhe micro a transformação trabalhista. Do lado da quantidade de trabalho, a queda do desemprego explica 10% do ganho de renda do trabalho e a participação, leia-se oferta de trabalho, explica zero. O "efeito-salário" responsável pelos 90% restantes pode ser decomposto em aumento da escolaridade, de 46,6%, e valorização de salário (descontada a escolaridade) de 43,4%. A valorização salarial é o elemento que se destaca em relação aos períodos anteriores. O ganho educacional entre os ocupados foi o mais forte nas duas últimas décadas, após dois anos fracos. Apesar da estagnação do analfabetismo após biênio forte, a desigualdade de escolaridade medida pelo Gini tem em 2012 queda duas vezes maior que em qualquer ano da série Pnad. O analfabetismo tem sido um mau previsor da distribuição da educação como um todo. O crescimento de 20,1% na renda real dos 5% mais pobres talvez seja a evidência mais clara dos impactos do Bolsa Família. O programa, que completa em outubro de 2013 sua primeira década, teve impacto fundamental nesse período, explicando 12% da queda da desigualdade, contra 55% da renda do trabalho, 11,4% da renda da previdência acima do piso, e 9,4% do piso previdenciário vinculado ao salário mínimo. Cada real adicional gasto no Bolsa Família impactou a desigualdade 369% mais do que na previdência social, como um todo. Se o trabalho foi o protagonista da queda de desigualdade, o Bolsa Família mereceria o Oscar de melhor coadjuvante. Os avanços incluem o acesso a serviços públicos essenciais e bens de consumo duráveis. O percentual de pessoas que tiveram acesso simultaneamente a energia elétrica, coleta de lixo, esgotamento sanitário adequado e rede geral de água aumentou 1% em 2012, atingindo o universo de 59,2% da população. Da mesma forma, aumentou 2,2% a população com o "combo" telefone, TV a cores, fogão, geladeira, rádio e máquina de lavar, que alcançou 46,6% das pessoas em 2012. No período de 1992 a 2012, a população que teve acesso a serviços públicos essenciais e a bens duráveis básicos aumentou 18,6% e 35,5%, respectivamente. As condições privadas de vida das famílias avançaram mais que a provisão de serviços públicos essenciais por parte do Estado. Há muito por fazer na cobertura e qualidade de serviços públicos em geral, mais quando o crescimento de consumo e trabalho pressiona a infraestrutura existente. Em suma, fora a estabilidade da desigualdade, 2012 foi um ano de colheita de resultados melhor que a média das duas décadas anteriores, tomadas de forma conjunta ou isoladas. Falo de quesitos como crescimento, pobreza, trabalho, educação e acesso a bens privados e a serviços públicos. Marcelo Côrtes Neri é ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos; presidente do Ipea e professor da EPGE/FGV. Autor de "Microcrédito: o Mistério Nordestino e o Grameen Brasileiro" (FGV), "Cobertura Previdenciária: Diagnósticos e Propostas" (MPS) e "A Nova Classe Média".
O Globo (RJ): Os excluídos do trabalho  Mulheres e negros são mais de 60% entre os que estão desempregados há mais de um ano Por Nice de Paula e Clarice Spitz Decepção.A mineira Leila Gomes veio para o Rio há oito anos em busca de oportunidades, mas mesmo com o ensino médio completo não consegue trabalho: "Dá a impressão de que nunca está bom,que não estou atendendo às exigências" fora do mercado O bom desempenho do mercado de trabalho brasileiro nos últimos anos expôs um grave problema: a existência de um grupo de pessoas que dificilmente consegue uma vaga, mesmo quando as taxas de desemprego são as menores da história, em patamares próximos a 6% (pelos cálculos do IBGE), como vem ocorrendo no Brasil nos últimos dois anos. Segundo especialistas, para esse grupo, se o emprego é difícil quando o quadro é favorável no mercado de trabalho, a situação se torna ainda mais crítica quando a perda de fôlego na economia começa a se refletir na geração de vagas, como está acontecendo agora. Estudo feito pelo Dieese, a pedido do GLOBO, mostra que mulheres e negros, que já são a maioria entre todos os desempregados, são ainda mais numerosos entre os que buscam vaga há mais de um ano. Entre os trabalhadores que procura emprego há menos de um ano, 53,9% são mulheres e 53,3%, negros. Essas fatias sobem para 63,2% e 60,6% entre os que estão desempregados há mais de um ano. - O desemprego caiu nos últimos anos. Mas é como uma piscina com um fluxo de entrada e saída. Tem gente sempre ficando no fundo e, quanto mais tempo a pessoa fica desempregada, mais tempo ela tende a ficar desempregada - diz a economista Lúcia Garcia, coordenadora das Pesquisas de Emprego e Desemprego do Dieese. Quanto menor a taxa geral de desemprego, mais numerosos são negros e mulheres entre os desempregados de longo prazo. Segundo o Diesse, em 1999, quando a taxa de desemprego pela instituição era perto de 20%, negros e mulheres eram cerca de metade dos trabalhadores sem emprego há mais de um ano. Em 2012, quando a taxa de desocupação foi de 10,5%, nas contas do Dieese, eles superavam 60% dos desempregados de longo prazo. O IBGE, que calcula a taxa de desemprego oficial do país a partir de seis regiões metropolitanas, estima que há 205.155 pessoas nessa situação, ou 14% de quem buscava vaga em junho. - O desemprego alto afeta todos, nivela por baixo. Quando a taxa de desemprego cai, atinge de maneira mais persistente os grupos sociais mais vulneráveis - diz Lúcia. Segundo o estudo do Dieese, quando se considera a escolaridade, trabalhadores com ensino médio completo ou superior incompleto são a maior parcela: 46,2% dos que estão há muito tempo desempregados. Na avaliação de Lúcia, o aumento da escolaridade média do brasileiro explica a maior parcela de desempregados de longa duração com ensino médio ou superior incompleto. Nos últimos anos, os jovens puderam ficar mais tempo estudando antes de buscar emprego, mas essa escolaridade maior nem sempre garantiu a entrada no mercado de trabalho. A mineira Leila Soares, de 27 anos, conta que com o ensino médio completo tem visto as portas do emprego se fecharem por falta de experiência. Cursa o ensino profissionalizante para auxiliar administrativa e viu como é difícil conciliar estudo e trabalho. Em um dos últimos empregos, como vendedora, acabou demitida: - Queria estudar também e falavam que não dava - conta. Leila veio para o Rio há oito anos em busca de condições melhores de emprego e até agora não encontrou: - Dá a impressão de que nunca está bom, que não estou atendendo às exigências. "essas pessoas estão a deus dará" Claudio Dedecca, professor da Unicamp, diz que, quando a economia começa a crescer e o desemprego cai rapidamente, como ocorreu no Brasil, as empresas admitem primeiro as pessoas mais bem posicionadas no mercado e só depois aquelas com defasagem profissional: - A taxa de desemprego baixa fica carregada de trabalhadores com qualificação desfavorável. Essas pessoas sobrando no desemprego estão a Deus dará, porque o país não tem política pública para reingresso no mercado. Para o coordenador de Estudos e Pesquisa em Trabalho e Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Gabriel Ulyssea, a maior escolaridade da força de trabalho e a política de valorização do salário mínimo ampliaram exigências dos empregadores: - Eles buscam maior produtividade do empregado e optam pelos mais qualificados. Desde que deixou o Piscinão de Ramos em fevereiro de 2012, onde vendia sacolé com a filha, Ileane Ambrósio da Silva, 42 anos, madruga em busca de emprego. Sai de casa às 4h30 para ir aos centros de atendimento profissional e conta que os empregadores estão mais exigentes para pessoas como ela, que conseguiu estudar apenas seis meses e só sabe assinar o próprio nome. - Nunca tive carteira de trabalho, mas agora parece que ficou pior, não consigo achar nada. Eles querem segundo grau, mas para quê se vou empacotar ou limpar o chão? Se tivesse segundo grau, estava em um escritório - reclama.
O Globo (RJ): Violência diminui expectativa de vida de homens no estado Taxa anual, segundo pesquisa, é de 103 jovens mortos para cada cem mil habitantes A violência está reduzindo em pelo menos um ano e quatro meses a expectativa de vida para homens nascidos no Estado do Rio. O alerta é do pesquisador Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ele aponta uma proporção maior de jovens, cada vez mais novos, sendo assassinados. O perfil dessas vítimas, em geral mortas por armas de fogo, é na maioria de homens, negros ou pardos, com baixa escolaridade. - No Brasil, de um modo geral, a violência letal, sobretudo contra jovens, é absurda. No Estado do Rio, estamos falando de 103 jovens mortos por ano, para cada cem mil habitantes - disse Cerqueira, que participou ontem de uma audiência pública convocada pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio, para discutir a morte de jovens negros no país. A constatação do pesquisador é confirmada por dados do Mapa da Violência, divulgados no ano passado pelo Ministério da Saúde. O estudo apontava que 53,3% dos 49.932 mortos por homicídios em 2010 eram jovens, dos quais 76,6% negros e 91,3%, do sexo masculino. Para tentar frear essa tendência, representantes da sociedade civil, presentes à audiência, querem que a Secretaria de Segurança inclua no seu Sistema Integrado de Metas os homicídios praticados contra jovens e negros. A solicitação será feita pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL), presidente da comissão da Alerj. Para ele, os índices oficiais que apontam a redução dos homicídios no estado podem estar mascarando o aumento das mortes entre jovens e negros: - Os jovens negros morrem numa proporção de 2,3 para cada jovem branco, ou seja, um jovem negro tem 2,3 vezes mais chances de ser assassinado do que um jovem branco - afirmou o parlamentar na audiência pública, acrescentando que defende a criação de uma política específica para a juventude negra.
Brasil Econômico (SP): Crescimento: Ipea: desafio é a produtividade  Pesquisa do Instituto, a ser divulgado em setembro, conclui que eficiência do trabalhador cresce abaixo do PIB há três décadas. Produtividade é desafio para manter crescimento Estudo do Ipea conclui que eficiência do trabalhador cresce abaixo do PIB há três décadas Por Sonia Filgueiras, de Brasilia Além do contexto internacional de incertezas e da baixa taxa de investimento, o desempenho da economia brasileira já começa a enfrentar um desafio adicional: a contribuição dada pela incorporação de novos trabalhadores ao mercado mostra esgotamento. Para retomar taxas mais significativas de crescimento nos próximos anos, o país dependerá crescentemente da expansão de sua eficiência produtiva. E, neste ponto, emerge um gargalo: "A produtividade do trabalho tem mostrado crescimento historicamente baixo nos últimas três décadas. Embora mais elevadas de 2001 a 2011, permaneceram inferiores à taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) per capita", afirma Fernanda de Negri, diretora de Estudos Setoriais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A conclusão integra os resultados de uma pesquisa a ser divulgada por pesquisadores do Ipea em setembro. "O foco em políticas de elevação da produtividade da economia é decisivo de agora em diante", acrescenta Fernanda, uma das autoras do estudo, que examinou a evolução dos indicadores de produtividade no Brasil, em especial a produtividade do trabalho e seus componentes. Os pesquisadores do Ipea fizeram a decomposição do crescimento do PIB per capita entre 1992 e 2011 nos seus três fatores constituintes: crescimento da produtividade do trabalho (PIB sobre pessoal ocupado); crescimento da taxa de ocupação (número de ocupados em relação à população economicamente ativa); e taxa de participação da população economicamente ativa na população total. Os dois últimos refletem fortemente a inclusão de mão de obra no mercado de trabalho. De 2001 a 2009, quase metade do crescimento do PIB per capita anual médio (48,79%) resultou da incorporação de parte do contingente de população ao mercado de trabalho — ou seja, do aumento das taxas de ocupação e participação. Para o período de 2001 a 2011, que incorpora mais dois anos à média, os pesos desses dois indicadores caem para 12,21% e 17,16% respectivamente (tabela). A integração de novos contingentes populacionais ao mercado de trabalho e a redução dos níveis de desemprego passam a explicar, portanto, 29,37% do crescimento do PIB per capita. "Não são esperadas contribuições significativas das taxas de ocupação e participação nos próximos anos. Assim, a manutenção de taxas de crescimento do PIB per capita só poderá ser alcançada se houver um crescimento representativo da produtividade", reitera Fernanda. Ganhos de produtividade no trabalho são obtidos a partir da melhoria da qualidade da mão de obra - investimentos em treinamento e educação básica, aí incluídos os ensinos fundamental e especialmente o médio - e investimentos em tecnologia e inovação. São fatores que, junto com a falta de infraestrutura, puxam o Brasil para baixo nos rankings mundiais de competitividade. Além das questões de infraestrutura. "Avançou-se muito nos investimentos em P&D no Brasil. No entanto, ainda apresentamos uma baixa taxa de inovação, por exemplo", observa a pesquisadora. Ao examinar a produtividade do trabalho no setor industrial, a pesquisa do Ipea aponta que é a indústria de transformação (que inclui têxteis, fármacos, alimentos, metalurgia e eletrônicos, entre outros) a que mais preocupa. Tomando-se como indicadores as Contas Nacionais, a produtividade média anual deste segmento mostra queda de 0,8% para o período de 2000 a 2009, contra um aumento de 2% na produtividade da indústria extrativa (que inclui a extração de petróleo, gás natural e minérios). Considerando-se relação entre a produção física obtida pelo IBGE na Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) e as horas pagas, os dois segmentos mostram produtividade positiva, mas, ainda assim, a indústria de transformação tem desempenho inferior. O próximo passo dos pesquisadores do Ipea é tentar contribuir com um diagnóstico mais preciso a respeito da produtividade do capital. Está em andamento uma segunda pesquisa, junto aos empresários, com o objetivo de entrar nos detalhes sobre as causas para a baixa produtividade. "A produtividade do trabalho tem mostrado crescimento historicamente baixo nos últimas três décadas, inferiores à taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) per capita" Fernanda de Negri Economista do Ipea
Estado de Minas (MG): Ipea - Metropolitanas em foco Coluna de Mario Fontana A população de Belo Horizonte é de cerca de 2,4 milhões de habitantes, a sexta do país. No entanto, sua região metropolitana tem perto de 6 milhões, a terceira do Brasil. Amanhã, em Brasília, tem lançamento do livro Território metropolitano, políticas municipais, que trata dos problemas das grandes regiões metropolitanas A professora Jupira Miranda, da Escola de Arquitetura da UFMG, é uma das colaboradoras do trabalho, editado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. O Brasil precisa começar a tratar com a maior urgência os enormes congestionamentos reinantes nas superpovoadas regiões metropolitanas.
Correio Braziliense (DF): Câmbio ajuda o Fisco  A escalada do dólar, que ameaça explodir a inflação e assusta os brasileiros com viagem marcada para o exterior, vem dando uma ajuda às contas públicas. A arrecadação de Imposto de Importação cresceu quase 18%, em julho, graças à valorização de 11% da moeda norte-americana no período. Foram R$ 3,4 bilhões no mês e R$ 20,5 bilhões nos sete primeiros meses do ano, volume 11,25% superior ao do mesmo intervalo de 2012. Apesar disso, por causa da desacelaração da economia e do peso das desonerações promovidas pelo governo para estimular a atividade, o total arrecadado pelo Fisco teve um crescimento real (descontada a inflação) bem menor — apenas 0,89% em relação a julho de 2012, somando R$ 94,3 bilhões, o montante mais baixo para o mês desde 2010. O valor acumulado no ano, de R$ 638,3 bilhões, cresceu apenas 0,55% na comparação com o ano passado. Segundo os dados da Receita, a renúncia fiscal teve um salto de 75%, alcançando R$ 43,7 bilhões de janeiro a julho. Só a redução a zero da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico(Cide), para evitar alta maior dos combustíveis, já custou R$ 7,53 bilhões, neste ano, aos cofres federais. "A disparada do dólar ajudou o Imposto de Importação porque os contratos são firmados com meses de antecedência. Nos próximos meses, contudo, a tendência é que as compras no exterior diminuam, se a divisa continuar nesse patamar elevado", afirmou o economista da RC Consultores, Marcel Caparoz. O que preocupa, disse Caparoz, são os tributos com mais peso na arrecadação tributária, como a contribuição para a Previdência Social e o Imposto de Renda (IR), que respondem por quase um terço do total. Ele observou que, desde março, a receita anualizada do IR vem sendo negativa. Mesmo com o baixo crescimento apresentado até agora pela coleta de tributos, e com as previsões pessimistas do mercado para a expansão da economia no segundo semestre, o secretário-adjunto da Receita Federal, Luiz Fernando Teixeira Nunes, disse que o órgão mantém a previsão de que a arrecadação deve aumentar 3% em 2013 — o mesmo índice previsto pelo governo para a variação do Produto Interno Bruto (PIB). O coordenador de Previsão e Análise da Receita, Raimundo Elói de Carvalho, admitiu, no entanto, que pode rever a projeção, se a atividade econômica continuar patinando. A estimativa de aumento de 3% na arrecadação pode não se confirmar. A cada dois meses, a previsão é revista", afirmou. Gastos Para especialistas, o governo está contando com as concessões em infraestrutura para cumprir a meta. Somente o leilão de uma grande área do pré-sal, previsto para outubro, deve engordar os cofres públicos em R$ 15 bilhões. Com as demais licitações, as autoridades contam com a entrada de R$ 22 bilhões. "Esse montante ajudaria a Receita a ter um aumento superior a 3% na arrecadação e até contribuiria para a meta de superavit primário (economia para o pagamento da dívida pública). Seria, porém, um efeito contábil passageiro. O risco é o governo se entusiasmar e deixar de fazer os ajustes necessários nos gastos públicos", comentou Caparoz. Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), observou que as despesas primárias do governo continuam aumentando em cerca de 7%, um ritmo muito mais acelerado que o PIB, o que estimula a desconfiança do mercado na política econômica. "Acho a previsão de Receita exagerada. Mas, mesmo que a arrecadação aumente mais que o PIB, o problema do baixo crescimento continua e o gasto cresce em ritmo acelerado. Isso abre muito pouco espaço para uma redução da carga tributária", destacou Mansueto. Para ele, a complexidade e o peso dos impostos ainda estão entre os principais motivos da expansão pífia da economia. O economista lembrou que, mesmo com todas as desonerações, o PIB não deu sinais de recuperação, o que deixa o governo com margem de manobra cada vez menor para estimular a atividade produtiva.
O Globo (RJ): Bolsa Família é obra em andamento Editorial Não é à toa que o Bolsa Família freqüenta textos de especialistas dentro e fora do país. O destaque do programa começa pelo tamanho. Ao completar dez anos, o BF atende 13,8 milhões de famílias ou, direta e indiretamente, 50 milhões de pessoas, 25% da população, ao custo, este ano, de R$ 24 bilhões ou 0,5% do PIB. Se é muito ou pouco, depende da postura mais crítica ou menos do analista. Neste aniversário do programa, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos, cujo ministro, Marcelo Neri, também preside o instituto, estimou que o BF reduziu em 28% a pobreza extrema, apenas no ano passado. Na década, 22 milhões foram resgatados da miséria. No aspecto macroeconômico, o programa, ao injetar dinheiro no consumo, faz a economia crescer, argumenta-se em Brasília. Sem dúvida, embora o relevante seja saber se não haveria destino mais importante para alguma parcela deste dinheiro. Criado em 2003, no início do primeiro governo Lula, pela fusão de algumas linhas de assistência a famílias pobres herdadas de FH — subsídio a gás de cozinha, bolsa escola etc. —, o BF se destina a combater a pobreza por meio da transferência direta de renda. O instrumento é mesmo indicado para o enfrentamento da miséria absoluta. Uma das maiores críticas ao programa se refere ao seu gigantismo, em algum momento provavelmente estimulado pelos dividendos político-eleitorais de qualquer ação assistencialista, principalmente em regiões mais pobres, Norte-Nordeste. Não se coloca em dúvida a necessidade de iniciativas de transferência de renda em países de grande desigualdade social como o Brasil. Mas 50 milhões de pessoas é, no mínimo, de difícil supervisão. Por isso, volta e meia surgem casos escabrosos de desvios. Por exemplo, a descoberta de que 2.168 políticos eleitos em 2012, vereadores na maioria, eram beneficiários do BF. Há também dúvidas sobre a efetividade do acompanhamento da frequência escolar dos filhos de milhões de inscritos no programa, uma contrapartida essencial, pois terá de ser pela educação que a correia de transmissão da pobreza entre as gerações será rompida. Neste aspecto, preocupa que, como revelado em série de reportagens do GLOBO, já exista uma segunda geração de dependentes dos repasses assistenciais. Outro dado de alerta: 45% das famílias cadastradas em 2003 continuam no BF. O tema remete às chamadas "portas de saída" do programa: educação, treinamento, para que as pessoas possam ascender socialmente pelo esforço e qualificação próprios. Mesmo o governo considera que o BF atingiu um limite. Ganha ainda mais importância, portanto, preparar o bolsista para entrar no mercado de trabalho ou se tomar um empreendedor. A tentação, de fundo político, de perpetuar a destinação deste 0,5% do PIB ao assistencialismo será um erro, num país com outras sérias carências.
Portal Estadão.com: FAT pode ser usado com professor de jovem aprendiz   O governo estuda usar recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para pagar professores de ensino médio que estejam dispostos a monitorar o trabalho de jovens aprendizes em micro e pequenas empresas. A expectativa é que a versão-piloto do programa seja adotada em 2014 em grandes centros urbanos, de acordo com o que afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, Guilherme Afif Domingos. Segundo a proposta em estudo, cada professor poderá orientar de 5 a 10 alunos - entre os que atende em sala de aula - e receber um valor entre 70 e 100 reais mensais por estudante. Dessa forma, se acompanhar o máximo de alunos, o professor pode receber um complemento, por mês, entre R$ 700 e R$ 1 mil. Os recursos virão do FAT porque a atividade pode ser enquadrada como qualificação profissional. "Seria uma forma de reforçar o orçamento do professor para uma atividade de acompanhamento do mesmo aluno, num trabalho que complementará a educação dele", afirmou. Essa é uma forma, segundo Afif, de estimular os empresários de micro e pequenas empresas a contratar aprendizes, uma vez que eles não teriam de pagar as entidades que hoje fazem o acompanhamento deles das médias e grandes empresas. Eles pagarão o salário do adolescente, além de providenciar o registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social. A regra será a mesma que vale, atualmente, para aprendizes que trabalham em grandes empresas: carga diária de até seis horas e pagamento equivalente ao salário mínimo por hora trabalhada. O chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República aposta que adolescentes podem deixar de fazer atividades ilícitas se tiverem mais oportunidades. "O contingente de jovem que vai para o tráfico é o que está impedido de ir para o mercado de trabalho. Infelizmente, eles são cooptados para ser aviãozinho do tráfico", disse. "O limite de tempo é para que o trabalho de aprendizagem não atrapalhe a escola. Ele vai trabalhar no período extraclasse", esclareceu. Ainda não está fechado o número de jovens que podem entrar na primeira fase do programa. O cálculo é feito em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e depende do montante de recursos que ficará disponível, além do número de jovens projetados no primeiro programa-piloto. O objetivo da medida, conforme a administração federal, é chegar a personagens que hoje não são beneficiados por programas de estágio, como adolescentes humildes e pequenas empresas que ficam em locais mais afastados. "Trabalhando na microempresa, o jovem terá visão mais aproximada do empreendedorismo. Na grande empresa, ele fica mais distante, numa estrutura maior e impessoal", avalia.
AGência Estado: Gleisi elogia política de juros e foco na estabilidade A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, destacou nesta quinta-feira, 22, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES), realizada no Palácio do Planalto, a redução dos juros praticada recentemente no Brasil. "Atingimos o menor patamar da história entre novembro de 2012 e março de 2013 em 7,25%", disse. Logo depois, falou sobre os motivos que levaram à elevação da taxa básica. "Tivemos uma recomposição em razão do processo inflacionário, mas temos taxas de juros bem menores do que praticamos no nosso histórico", destacou a ministra. Atualmente a Selic está em 8,50% ao ano. No discurso de hoje no CDES, Gleisi destacou que o Executivo não está deixando de lado a preocupação com a estabilidade. "Estamos construindo um modelo de desenvolvimento sem abrir mão dos pressupostos da estabilidade econômica", disse. E ela reforçou que o mercado interno continua sendo um importante motor para impulsionar a economia nacional. "Com o foco na consolidação do mercado do consumo interno, temos no Brasil muito espaço para o mercado de consumo", afirmou. A ministra-chefe da Casa Civil afirmou ainda que, muitas vezes, há uma discussão "não realista" envolvendo consumo e investimento. "Ambos, consumo e investimento, são necessários", destacou a ministra. "O consumo sustenta também o crescimento da economia. Precisamos a retomada dos investimentos privados com a qualificação do capital humano", afirmou. Gleisi disse que sem investimentos privados não será possível fazer frente aos desafios do Brasil. E lembrou que os investimentos em infraestrutura "começam a sair no segundo semestre", com editais de licitação nesse setor. "Não podemos sossegar enquanto tiver brasileiro abaixo da linha de miséria", afirmou. Hoje o CDES realiza a reunião "Pactos e a Nova Transformação Brasileira", coordenada pelo ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos Marcelo Neri e pela ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann. O objetivo é promover um diálogo entre os conselheiros e pesquisadores do Ipea e os principais dirigentes dos ministérios afetos ao pactos e promover um debate sobre a natureza e a extensão das transformações pregressas, atuais e prospectivas, a fim de subsidiar a formulação de inovações na ação pública, informa o site do conselho.
Valor Online: Importação de insumos perde peso na pauta  Nos últimos cinco anos, marcados pelo encolhimento da indústria doméstica e pelo câmbio valorizado, a importação de produtos acabados cresceu mais do que a de bens intermediários. Em consequência, a participação das matérias-primas e dos insumos importados no total das importações caiu de 48% para 43% entre 2008, ainda no pré-crise, e 2013. Os números levam em consideração o período de janeiro a julho. Ancorado na demanda das famílias, o grupo que avançou nas importações foi o de bens de consumo, que saiu de uma participação de 12,5% em 2008 para 16,6% neste ano. Com o novo patamar do câmbio, os percentuais devem ser novamente alterados porque a expectativa dos analistas é que a importação dos bens finais seja mais afetada que a dos intermediários. A desvalorização do real frente ao dólar deve contribuir para desacelerar os desembarques e, segundo especialistas, permitir um ganho de competitividade das indústrias locais de bens de consumo, que mantiveram sua produção em detrimento do importador ocasional, que surgiu com o real valorizado, ou das empresas que substituíram uma parcela maior da produção pela revenda de importados. Dados da produção física do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a produção física de bens de consumo se acelerou mais do que a da indústria de transformação como um todo nos últimos meses. A produção da indústria de transformação nos 12 meses encerrados em junho deste ano caiu 2,6% em relação a igual período encerrado em dezembro de 2008. Há, porém, alta de 3,2% em relação à produção verificada no ano de 2012. No mesmo critério, a produção de bens de consumo duráveis em junho já chegou ao mesmo nível de 2008 e está 7,4% maior que a do ano passado. No segmento de semiduráveis e não duráveis, a produção física nos 12 meses encerrados em junho ficou praticamente estável em relação a 2012 - queda de 0,14%. A produção desse grupo, porém, caiu menos de 2008 para o ano passado, com queda de 1,3%. Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e consultor da Barral M Jorge, diz que a mudança de patamar cambial neste ano pode contribuir para mudar o quadro atual e frear a importação de bens acabados de consumo. Há uma expectativa geral de que o patamar médio de câmbio no segundo semestre fique mais desvalorizado do que o do primeiro semestre. "O efeito do câmbio não é imediato, porque os contratos são assinados a prazos mais longos, mas uma desvalorização maior e a forte oscilação cambial já começaram a dar maior insegurança para o importador", afirma o consultor. Num primeiro momento, diz Barral, um certo nível de desvalorização do real pode ser compensado pelo importador com o corte de margem e a manutenção de preços competitivos. "Um dólar a R$ 2,40, porém, já começa a comprometer mais o importador", diz. O ex-secretário destaca que o efeito da desvalorização deve afetar principalmente os bens de consumo. "Por questões estruturais, o Brasil deve manter uma alta participação de importação de bens de capital que não são produzidos internamente. Da mesma forma há intermediários que não produzimos, ou produzimos sem capacidade de atender toda a demanda." Fernando Ribeiro, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) diz, porém, que mesmo com a maior desvalorização do câmbio no segundo semestre, os intermediários demorarão a recuperar a fatia que tinham na importação. "A questão não é somente o câmbio. Tudo depende da retomada da produção industrial." José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), tem análise semelhante. Assim como a perda de espaço dos intermediários se deu de forma gradativa, a recuperação deve acontecer de forma lenta. "A indústria ainda não deu sinais de retomada sustentada e o consumo das famílias se estabilizou, o que continua afetando a confiança", diz Castro. Além disso, a troca do fornecedor externo pelo interno não acontece de uma hora para outra. É preciso verificar ainda se não houve desestruturação da cadeia produtiva no período em que o dólar estava mais barato e mais favorável à importação. Tudo isso, diz Castro, irá influenciar na retomada de produção da indústria e na absorção de insumos. De 2008 até hoje os insumos e intermediários perderam terreno principalmente porque sua importação, em volume, cresceu bem menos que a dos bens de consumo. Considerando a média do ano de 2008, o quantum importado de intermediários cresceu 16,7% até o primeiro semestre deste ano. No mesmo período, os desembarques de bens duráveis tiveram alta bem maior, de 38,2%, e o de não duráveis, de 70,9%. Os preços também tiveram variação diferenciada, mas não na proporção dos volumes. Na mesma comparação, o preço médio dos intermediários importados cresceu 5,4%. O preço médio dos bens de consumo duráveis subiu 16,8% e o de não duráveis, 12,9%. Ribeiro diz que a evolução da importação de intermediários reflete um ritmo de crescimento da indústria mais desacelerado em relação à elevação do consumo doméstico. De 2008 até hoje, argumenta, houve um período de valorização do real frente ao dólar, que favoreceu o atendimento à demanda interna, principalmente por meio da importação de bens acabados. "A produção industrial não acompanhou o mesmo ritmo do consumo e da importação", afirma. A menor importação de intermediários está ligada ao baixo crescimento relativo da produção industrial no período, argumenta. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 16,6% em 2008 para 13,3% no ano passado. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias aumentou de 58,9% para 62,3%, respectivamente. Castro também acredita que o recuo de cinco pontos percentuais da fatia dos intermediários na importação reflete a perda de espaço da indústria na economia. "Houve um aumento da demanda doméstica e a indústria interna não havia feito investimentos necessários na capacidade de produção para suprir esse aumento de consumo no mesmo ritmo." Ao mesmo tempo em que favoreceu as importações, explica, o real valorizado em relação ao dólar tirou parte da capacidade de competição da indústria local. O patamar cambial atual, diz Castro, ajuda mais a indústria, embora não resolva todas as questões relacionadas à competitividade.
Valor Online: PIS/Cofins sobre transporte é reduzido  Senador Jorge Viana (PT-AC): "É um projeto que atende à voz das ruas" O plenário do Senado aprovou ontem, por unanimidade e em votação simbólica (sem registro nominal de votos), projeto de lei reduzindo a zero as alíquotas das contribuições sociais para o PIS, Pasep e Cofins que incidem sobre as receitas dos serviços de transporte coletivo municipal. O benefício abrange o transporte coletivo intermunicipal efetuado em regiões metropolitanas regularmente constituídas. De autoria do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), a proposta já foi aprovada na Câmara e vai à sanção presidencial. A agilidade na votação - o projeto foi votado pela manhã na Comissão de Serviços de Infraestrutura - deveu-se a um acordo das lideranças do Senado com o governo. "É um projeto que atende à voz das ruas. Toda cidade de porte médio e grande, neste país, enfrenta um problema gravíssimo que é a situação do transporte coletivo.(...) As cidades estão insustentáveis", disse o relator na Comissão de Infraestrutura, Jorge Viana (PT-AC). Entre os dados que ele citou, está o aumento de quase 200% do preço da passagem de ônibus, nos últimos 12 anos. "A inflação foi menor que 150%. Já o custo de veículo aumentou 50%. Então, nós empurramos a população para andar cada um no seu carro, dificultamos a vida de quem quer fazer uso do transporte coletivo. O preço do óleo diesel cresceu mais de 250% de 2000 para cá, muito mais que o da gasolina, que cresceu 120%. É uma equação que não tinha outro caminho a não ser o das ruas, do Movimento Passe Livre, dessa crise que nos leva a debater a situação do transporte coletivo." Segundo o relator, o projeto resultará em uma renúncia de receita estimada para 2013 e para os dois anos seguintes em R$ 1,5 bilhão, prevista na Lei Orçamentária de 2013. Não há estimativa de quanto as tarifas poderão ser reduzidas, mas, de acordo com Jorge Viana, o cálculo é que as empresas terão redução de 4% no custo da composição total das tarifas. O petista disse que, embora esteja tramitando no Congresso uma medida provisória tratando da desoneração do transporte coletivo nas cidades, o governo decidiu aprovar o projeto, por considerá-lo mais abrangente. Viana elogiou o fato de o projeto estender o benefício ao transporte coletivo intermunicipal efetuado em regiões metropolitanas regularmente constituídas, o que, segundo ele, vai contribuir para reduzir o preço das tarifas dos meios de transporte usados pelas camadas mais pobres da população. "Faço aqui a observação de alguns dados: o custo de transporte público no Brasil, em torno de 80% dele, é coberto pela tarifa, ou seja, quem menos pode mais paga. Essa é a situação que estamos vivendo, e isso cria uma insustentabilidade no funcionamento das cidades. Um técnico do Ipea deixa bem claro, aponta que as famílias mais pobres gastam 13,6% com transporte", afirmou o relator, no plenário. Segundo ele, os incentivos públicos ao transporte privado, como o IPI, causam um "círculo vicioso", ao estimular as pessoas que podem a comprar veículo próprio e não dar o mesmo incentivo para o transporte coletivo. "Houve uma inversão de valores no país. Os mais pobres são excluídos. Enquanto a média nacional de gasto das famílias com transporte hoje é de 3,4%, a média dos mais pobres é de 13,6%", completou. (RU) De Brasília
Monitor Mercantil Digital: Periferia tem receita per capita até R$ 819 menor do que sedes  Com orçamento menor, esses municípios têm menos verbas para políticas públicas A receita orçamentária per capita é, em média, R$ 100 menor nos municípios periféricos, em relação à das sedes das regiões metropolitanas (RM) brasileiras. A informação é do livro Território metropolitano, políticas municipais, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília A diferença é ainda maior (R$ 819) quando se considera apenas o grupo de regiões metropolitanas criadas na década de 1970 - batizada pela obra de "metrópoles antigas", como Rio de Janeiro, São Paulo, e Belo Horizonte. A publicação analisa a questão metropolitana no Brasil, pelos aspectos políticos, institucionais e financeiros. Com menos recursos, as periferias das RMs enfrentam mais dificuldades para lidar com desafios em áreas como transporte urbano, saneamento básico e saúde pública. O livro tem dez artigos, assinados por pesquisadores do Ipea e professores universitários: "Questões urbanas, ou intraurbanas, consideradas de competência exclusiva municipal não podem ser responsabilidade única de municípios, quando inseridos em dinâmica territorial mais ampla, vinculada a outros municípios e pólos", analisa a publicação. E observa que os municípios não têm recursos minimamente compatíveis: "Além disso, a demanda por serviços urbanos é criada no conjunto de municípios e não pode ser satisfeita de forma eficiente e independente." O Ipea observa que "os poucos casos" de associação intermunicipal metropolitana ocorrem atualmente de forma voluntária, gerando "claros benefícios mútuos". "E que existe uma distribuição objetiva e quantitativamente desigual e perversa de ônus e bônus entre os municípios metropolitanos integrados - tanto no que se refere aos recursos fiscais, quanto à presença da violência e às dificuldades de mobilidade urbana", avalia.
O Estado de S.Paulo (SP): Negro tem 3,7 vezes mais risco de ser morto Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre racismo no Brasil, divulgado ontem, revelou que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio e 3,7 vezes maior do que um branco. Pelo levantamento, a expectativa de vida de um homem brasileiro negro é menos que a metade da de um branco. A conclusão é de que a cor aumenta a vulnerabilidade dos negros, que têm 8% mais chances de se tomarem vítimas de homicídio que um homem branco, ainda que nas mesmas condições sociais.
Valor Econômico (SP): Desigualdade pode cair menos nos próximos anos O fim da vigência da lei segundo a qual o piso salarial brasileiro é corrigido anualmente pela inflação do período mais a variação real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, previsto para 2015, pode trazer não só desconforto ao novo governo, como acender o sinal amarelo no ritmo de redução da desigualdade de renda no Brasil. Nos últimos dez anos, uma combinação de programas de transferências de renda, melhorias no mercado de trabalho e expressivos aumentos salariais acima da inflação derrubaram os índices de desigualdade no país. De 2001 a 2011, o Índice de Gini relativo à renda domiciliar caiu 12% no Brasil, o que, segundo especialistas, é um recuo bastante relevante para um índice que costuma se mover a passos de tartaruga. Quanto mais baixo o Gini, menor a desigualdade. Criado pelo italiano Corrado Gini, o índice mede o grau de concentração de renda e varia de zero (perfeita igualdade) a um (desigualdade extrema) No período, a renda proveniente do trabalho contribuiu com 62% da queda do indicador. Apenas os reajustes reais do salário mínimo responderam por 16% da queda do Gini. Somados à previdência (que se move basicamente com base nos aumentos do salário mínimo), os reajustes contribuíram com 25% da queda da desigualdade no período, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feitos com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE. Sem os reiterados aumentos do salário mínimo acima da inflação, o país não estaria na estaca zero em termos de redução das iniquidades de renda, mas é certo que teria uma história bem menos interessante para contar. Parte dos economistas dizem, no entanto, que os aumentos reais de salário mínimo representariam um fator precário de redução de desigualdade, com alto potencial inflacionário e data de validade. Há outro fator de preocupação: a legislação em vigor, segundo a qual o piso salarial brasileiro deve ser corrigido anualmente pela inflação do período (medida pelo INPC) mais variação real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, vale só até 2015. Dessa forma, afirmam os especialistas, a política de redução de desigualdade deveria caminhar no sentido de melhorias educacionais com impactos importantes sobre a produtividade do trabalho em todos os níveis de qualificação. "A qualificação e aumento da produtividade dariam fôlego para aumentos de rendimento do trabalho e redução da desigualdade. Hoje, estamos numa trajetória inviável de aumentos do rendimento do trabalho acima da produtividade", diz Sonia Rocha, economista e pesquisadora do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), um "think tank" voltado para estratégias para o desenvolvimento. A pesquisadora reconhece que os aumentos reais do salário foram fundamentais para a queda do desigualdade no país, não só por meio do impacto do salário mínimo via mercado de trabalho, mas também via transferências de renda previdenciárias ou assistenciais. Com relação à previdência, diz Sonia, metade das aposentadorias pagas tem o valor igual ao do salário mínimo. No caso das transferências assistenciais, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago mensalmente por idade ou invalidez a cerca de 3,6 milhões de indivíduos pobres tem, por lei, valor igual ao salário mínimo. Sonia avalia, contudo, que após um período vigoroso de reajustes salariais reais - de 1997 a junho de 2013, diz ela, os ajustes representaram um ganho real de 108% para o salário mínimo -, é possível que a política esteja perto do seu esgotamento. "Em algum momento, que pode estar próximo, o salário mínimo deixará de ser sancionado pelo mercado de trabalho e o efeito distributivo positivo do aumento real do salário mínimo seria neutralizado por aumentos indesejados sobre as taxas de desemprego e de formalização." Sergei Soares, pesquisador do Ipea e especialista em desigualdade, avalia que os efeitos de desemprego, não presenciados nos últimos anos, em algum momento podem vir à tona, se o salário mínimo continuar crescendo muito acima da inflação. "É o efeito francês, em que os aumentos do salário mínimo não influenciam demais na desigualdade, porque acarretam efeitos de desemprego quase tão grandes quanto os efeitos de redução de desigualdade entre os que continuam empregados." Segundo Soares, é possível que a desigualdade de renda caia a um ritmo um pouco menor, se a política vigorosa de aumentos reais de salário mínimos for abandonada. "Fora uma mudança muito drástica no crescimento econômico do país, alguma coisa inesperada como uma crise cambial muito forte, podemos contar com a desigualdade caindo por outra década". A importância da discussão pode ser medida pelo tamanho da desigualdade de renda que ainda persiste, diz Soares. Apesar do imenso progresso dos últimos anos, o país ainda é extremamente desigual. Nas contas do pesquisador, se o Gini se mantiver nesse ritmo, serão necessárias pelo menos mais duas décadas e meia para que o país chegue perto do Canadá. Também do Ipea, Fernando Gaiger afirma que aumentos salariais acima da inflação em um movimento de crescimento econômico e da produtividade são excelente motor de redução da desigualdade. Mas, segundo ele, o atual cenário, com o PIB andando de lado, falta de incrementos à produtividade e inflacao ao redor de 6% ao ano, pode afetar a dinâmica distributiva. Como uma das possíveis saídas ao impasse, Naércio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, fala da importância de aumentar o porcentual de pessoas que chegam ao ensino superior e melhorar a qualidade da educação pública, ajudando a diminuir as desigualdades de renda entre estudantes das escolas públicas e privadas. João Saboia, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também acredita que o processo de queda das disparidades de renda deve seguir com o aumento da escolaridade da população, cujo nível ainda é muito baixo quando comparado com aos vizinhos latino-americanos. Ele ressalta ainda que o desenvolvimento do ensino técnico pode ter um papel importante na produtividade do trabalho e obtenção de salários mais elevados no futuro, com os programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, como um complemento voltado para os excluídos. Saboia acredita, porém, que os aumentos reais do mínimo ainda têm papel importante nesse jogo. Lembra que as discussões de distribuição de renda no Brasil usualmente utilizam os dados da PNAD, que não captam os ganhos de capital, como aplicações financeiras, bastante concentradas no topo da pirâmide de rendimentos. "Se considerados esses rendimentos, certamente o Gini do país ainda seria mais elevado." Por Flavia Lima | De São Paulo
Valor Econômico (SP): Pedidos ao BNDES sobem só 6% e podem afetar investimento Por Elisa Soares | Do Rio A insegurança que ronda a economia brasileira pode ter afetado também a disposição dos empresários para planejar novos investimentos. No primeiro semestre deste ano, o valor dos novos pedidos de financiamento que foram apresentados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) superou em apenas 6% as consultas apresentadas no mesmo período de 2012. O avanço se dá sobre uma base alta de comparação, mas mesmo assim, para economistas ouvidos pelo Valor PRO, o serviço de informação em tempo real do Valor, o dado reafirma um cenário econômico de incertezas, com lenta recuperação da indústria e da confiança do empresário. As alterações regulatórias, especialmente no setor de energia, também contribuem para um alongamento da desconfiança dos investidores. O superintendente da área de Planejamento do BNDES, Cláudio Leal, disse que o banco não percebe tendências decrescentes gerais, mas reconhece a existência de um ambiente de instabilidade, com necessidade de "superar expectativas que tragam de novo tranquilidade para a decisão de investir". Para Leal, o segundo semestre será melhor, com a chegada dos projetos decorrentes das concessões na área de infraestrutura. Nos últimos dez anos, em média, 68% das consultas feitas em um ano se transformam em desembolsos nos 12 meses seguintes, embora essa relação oscile de um ano para outro. "Se olharmos pela ótica dos desembolsos, eles cresceram bem. É verdade que a indústria não está bem, mas o volume de desembolsos no primeiro semestre deste ano é um fator positivo. Já o avanço das consultas em geral indica que a economia não está bem. O aspecto dos novos pedidos de financiamento condiz com o que estamos observando na economia", disse o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza. As consultas feitas ao banco de fomento no primeiro semestre deste ano somaram R$ 124 bilhões. Na comparação como igual período de 2012, o detalhamento das consultas mostrou que 16 setores, de um total de 45, demandaram menos ao banco. As quedas ficaram, principalmente, com os segmentos da indústria extrativa (queda de 47,41% em relação ao primeiro semestre de 2012), química (recuo de 41%), equipamentos de informática, eletrônico e ótico (queda de 77,68%) e telecomunicações (recuo de 36,35%). Segundo Leal, esse movimento reflete, em parte, ciclos de investimentos de determinados segmentos industriais, com oscilações normais, como telecomunicações e papel e celulose, por exemplo. Outras indústrias, como a extrativa, provavelmente fizeram fortes investimentos no passado recente, na avaliação do Souza, do Iedi. Já setores mais ligados ao mercado externo, como química, farmacêutica e equipamentos de informática - que também apresentaram recuo nas consultas em relação ao primeiro semestre de 2012 - podem ter movimento explicado pelo cenário externo desfavorável e pela competição com produtos importados no mercado nacional, ainda na análise de Souza. Para o economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mansueto de Almeida, ainda não é possível fazer uma leitura definitiva dos dados apresentados nas consultas para afirmar que há redução no apetite por investimentos por parte dos empresários. "A maioria dos setores que tiveram consultas maiores no primeiro semestre do ano passado, na comparação com 2013, teve padrão de consumo mensal irregular", disse Almeida. Ou seja, tiveram um mês ou outro com consultas muito elevadas, sendo o restante em média similar a observada nos primeiros seis meses deste ano. Se por um lado não é possível afirmar que consultas menores em alguns setores são suficientes para, sozinhas, refletirem redução no apetite dos empresários, por outro elas servem como alerta para um cenário econômico que já não está tão favorável. Segundo economistas, esse recuo em alguns setores pode refletir que o esperado crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) está mais lento do que se previa inicialmente. A demora na recuperação da indústria e redução no ritmo de expansão do emprego e do comércio, observadas nos resultados das pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao longo deste ano, podem estar retardando a retomada da confiança do investidor. Para o Iedi, a expectativa dos empresários industriais em relação aos seus negócios precisa ficar mais firme e positiva para se observar efetivo aumento nas consultas ao BNDES. "Redução nas consultas em setores ligados a indústria de transformação indicam mercado interno mais fraco. Ninguém pretende investir se não houver cenário claro de recuperação econômica", diz o economista do IBMEC/ RJ, Gilberto Braga. Para o diretor do instituto de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Frederico Rocha, a incerteza regulatória também influencia a decisão de investimento. As alterações no marco regulatório de petróleo e de energia elétrica, diz, deixaram empresas reticentes quanto à taxa de retorno dos projetos.
O Globo (RJ): O Brasil imaginado Coluna de Merval Pereira Talvez o Brasil precise de um pouco mais de mau humor e receio do futuro para realizar suas utopias, como comentou o historiador José Murilo de Carvalho, coordenador do ciclo de palestras "Futuros do presente: o Brasil imaginado", em que a Academia Brasileira de Letras vem debatendo os diversos aspectos do nosso projeto de país. O ex-presidente e acadêmico Fernando Henrique Cardoso abriu a série, destacando a importância do soft power no mundo atual, seguido pelo ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e presidente do Ipea, Marcelo Neri, que falou sobre o futuro social do país, e pelo professor da USP Jacques Marcovitch, que abordou o futuro internacional. O ciclo se fecha na terça-feira, com a palestra do escritor Silviano Santiago, prêmio Machado de Assis 2013 da ABL, sobre o futuro cultural. O comentário de José Murilo se deveu a dois tópicos dessas palestras, pois Neri ressaltou que o Brasil é heptacampeão em felicidade futura, de acordo com pesquisas em 160 países, e Marcovitch, que os países que mais se destacaram nos últimos anos na capacidade de enfrentar a crise econômica e de se readaptar ao novo mundo multipolar têm, entre as características comuns, a consciência dos riscos que correm, "uma sensação de risco que leva a que pensem estrategicamente". Neri separou os grandes avanços alcançados pelo país nos últimos 50 anos por décadas, ressaltando uma curiosidade: todas as grandes transformações ocorreram em anos terminados em 4: o golpe de 1964, inaugurando um período de crescimento econômico, com aumento da desigualdade e falta de liberdades; em 1974, depois do choque do petróleo no ano anterior, começa a abertura política; processo lento que atinge o ápice em 1984 com a campanha das "Diretas Já", iniciando a década da redemocratização, mas da instabilidade política e econômica. As décadas seguintes foram a da estabilização, com o Plano Real em 1994, e a da redistribuição de renda e queda da desigualdade, a partir de 2004, com a eleição de Lula no ano anterior, e o surgimento do que ele chamou de "a nova classe média". "Agora, temos as manifestações e não sabemos o que esperar para 2014", ressaltou, salientando que as reivindicações das ruas refletem as prioridades brasileiras atuais: melhoria na saúde e educação, e combate à corrupção. Dar mais acesso aos serviços do estado, este deve ser o objetivo do futuro: "Colocamos uma massa de brasileiros no mercado, e agora temos que dar mais mercado para essas pessoas". Neri chamou a atenção para novas pesquisas que mostram que, embora a felicidade e a renda tenham correlação muito próxima, no Brasil ela é menos forte. "Somos felizes como fator cultural, o otimismo é nossa característica", disse, citando uma pesquisa sobre a satisfação com a vida nos próximos 5 anos, na qual o Brasil se sagrou o "heptacampeão mundial de felicidade futura". Já Marcovitch salientou a necessidade de o país ter visão estratégica para alcançar seu lugar no futuro, que deve ser "nossa luta de todos os dias". Marcovitch buscou países que "podem ajudar a pautar nossa agenda de construção do futuro" entre aqueles que têm conseguido melhorar sua situação no período de 2008 a 20012, apesar da crise. Países que do ponto de vista do bem-estar, de segurança, de inovação, de capacidade de integrar vários segmentos sociais, conseguem superar os problemas. Entre eles, Austrália, Israel, Holanda, Hong Kong, Coreia, Singapura. Eles têm algumas das melhores universidades, "o que revela a preocupação com as próximas gerações, com a inovação, com as humanidades, a cultura". Esses seriam "estados estratégicos", países com capacidade de inovação tecnológica. Alguns deles, apesar de permanentemente ameaçados, conseguem se manter no topo da lista por terem consciência dos riscos que correm - riscos ambientais, de segurança, econômicos. São países que têm forte identidade cultural e se destacam pela qualificação de sua governança. Marcovitch destacou "a capacidade de perceber e de transmitir a seus cidadãos as perspectivas reais dos riscos que esses países correm. Essa consciência de risco passa a se constituir em uma agenda de prioridades". O Brasil, pela sua dimensão continental, precisaria criar mais espaços de reflexão fora do centro-sul, e pensar seu futuro a partir das especificidades de suas regiões: "A construção do futuro depende da conexão entre academia e sociedade na construção de um sonho, de uma utopia". Os pontos-chave 1 Marcelo Neri ressaltou que o Brasil é heptacampeão em felicidade futura, de acordo com pesquisas em 160 países. 2 Jacques Marcovitch salientou que os países que mais se destacaram nos últimos anos têm entre as características comuns a consciência dos riscos que correm. 3 O que fez com que o historiador e acadêmico José Murilo de Carvalho comentasse: talvez o Brasil precise de um pouco mais de mau humor e receio do futuro para realizar suas utopias.
Estado de Minas (MG): 26,3 milhões de toneladas de comida jogados no lixo{ Série do Estado de Minas mostra que os alimentos jogados fora no Brasil dariam para saciar a fome de 13 milhões de pessoas. Comida que ninguém come Levantamento da FAO mostra que o país joga no lixo 26,3 mi de toneladas de alimentos por ano. Essa quantidade saciaria 13 milhões de famintos e poderia reduzir a inflação Diego Amorim e Carolina Mansur Brasília e Belo Horizonte – O Brasil esbanja recursos naturais. De tudo se perde. A cada ano, 26,3 milhões de toneladas de comida são jogados fora: volume suficiente para distribuir 131,5kg para cada brasileiro ou 3,76kg para cada habitante do planeta. Toda essa comida alimentaria facilmente os 13 milhões de brasileiros que ainda passam fome, nas contas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Poderia ainda facilitar o trabalho do Banco Central no combate à inflação. Com uma oferta maior de produtos, os preços não subiriam tanto e o país poderia até mesmo diminuir a importação de feijão preto da China. O desperdício de comida provoca mais do que prejuízos financeiros, gera revolta e inconformismo. Ainda assim, o Brasil pouco se mobiliza no sentido de mudar esse quadro. Desde 1998, a chamada Lei do Bom Samaritano, em alusão a uma passagem bíblica, tramita no Congresso Nacional, e não há previsão alguma para que seja votada. A intenção da proposta é isentar doadores de alimentos de responsabilidade civil e penal, se agirem de boa fé, na distribuição de comida — semelhante ao que ocorre em países da Europa e nos Estados Unidos. Enquanto essa lei não é aprovada, o Estado brasileiro pune severamente os doadores. A legislação atual prevê até cinco anos de prisão caso quem receba os alimentos sofra algum tipo de dano em decorrência da comida. Com isso, donos de restaurantes, por exemplo, se sentem obrigados a despejar no lixo as sobras diárias da produção. "É um crime", define o diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Gustavo Timo. O ajuste na legislação, segundo Timo, poderia ajudar e muito o Brasil a conter o desperdício. "A regra em vigor é completamente inapropriada. Por parte do setor, não falta boa vontade", insiste o representante da Abrasel, ressaltando que em outros países existem programas organizados de doações, para evitar que toneladas de comida em bom estado acabem no lixo. ENTRAVES Combater a assombrosa perda de alimentos, no entanto, é muito mais complexo. O pesquisador Antônio Gomes, do Centro de Agroindústria de Alimentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), enumera outros entraves, como o manuseio inapropriado dos produtos no campo, as embalagens inadequadas utilizadas no transporte e o armazenamento ineficaz no atacado. Aprimorar o escoamento da produção agrícola, sustenta Gomes, aumentaria a oferta de alimentos sem a necessidade de alterar a área plantada. Em determinados casos, como o da banana e o do morango, o desperdício no caminho entre a propriedade e a prateleira do supermercado chega a 40%. "Quem arca com esse prejuízo é o consumidor", lembra o pesquisador da Embrapa, ao explicar que no fim das contas o produto que se perdeu no caminho se converte em aumento de preço. O desperdício de que fala Gomes é facilmente percebido nas centrais de abastecimento. Por dia, os irmãos Berlândio e Ernandes da Silva jogam no lixo de 50 a 60 caixas de alimentos que, na avaliação deles, não poderiam ser aproveitados. "Às vezes, a comida já chega estragada. Ou então com uma aparência que a gente sabe que a dona de casa não vai comprar", diz Ernandes. VIDA REAL São muitos os brasileiros que diariamente ficam de prontidão nas Ceasas espalhadas pelo país, enquanto funcionários separam as frutas e verduras aceitáveis pelo mercado. "A gente fica sentido, porque, mesmo assim, a perda é muito grande. Tanta gente passando fome e nós aqui jogando essa comida no lixo", desabafa Berlândio. Desde que contraiu uma trombose na perna e perdeu o emprego de auxiliar de serviços gerais, Cilene de Sousa Rodrigues, de 47 anos, vai à Ceasa de Brasília duas vezes por semana garantir os alimentos da casa, onde vive com seis pessoas. "Isso aqui é ouro", afirma ela, segurando uma maçã retirada de uma caçamba de lixo. "Amanhã é dia de verdura", avisava ela. Todos os dias milhares de pessoas também desperdiçam comida nos restaurantes. Além de não consumirem tudo o que foi produzido pelos estabelecimentos, deixam comida no prato. No restaurante self-service João Rosa, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, onde cerca de 350 refeições são servidas por dia – uma média de 120 quilos de comida –, a perda chega a ser de 16% do total produzido, cerca de 20 quilos por dia. Em dinheiro, o prejuízo diário varia entre R$ 600 e R$ 800. No mês, considerando 20 dias úteis, pode chegar a R$ 16 mil. Além da comida que sobra no bufê e vai para o lixo, em função das normas da vigilância sanitária que não permitem o reaproveitamento, a sócia-proprietária Catarina das Graças Artur, conta que parte do seu faturamento também vai embora com aqueles que colocam a comida no prato, mas não comem. "Cerca de 30% não consomem tudo o que servem", afirma. Perdas de dinheiro e horas no trânsito O brasileiro tem demorado cada vez mais para chegar ao trabalho. O desperdício de tempo no trânsito, sobretudo nas metrópoles, pode superar uma hora a depender do trecho percorrido. Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceira com a Universidade de Oxford, mostra que a mobilidade urbana pune principalmente os habitantes das cidades mais populosas, onde a renda per capita é maior e a proporção de pessoas com carro também. Nos últimos 20 anos, o tempo gasto no trajeto aumentou 4,5% no Brasil. Esse percentual cresceu ainda mais em Brasília e em Belo Horizonte, onde as taxas foram de 6,2% e 6,5%, respectivamente. A pesquisa mostra que, em áreas metropolitanas, o deslocamento do brasileiro até o trabalho saltou de 36 minutos, em 1992, para 38 minutos. Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, passou de 38 minutos para 43, em média. No Distrito Federal, o tempo saiu de 33 minutos para 35 em cada deslocamento, enquanto em Belo Horizonte variou de 32 para 34 minutos. Transformando tempo em dinheiro, a estimativa é que, ao passar 38 minutos no trânsito, o brasileiro deixe de receber R$ 6,65, o equivalente a pouco mais de meia hora de trabalho. O cálculo considera rendimento médio real, de R$ 1.848,40, divulgado pela Pesquisa Mensal de Emprego de julho, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse valor é dividido pelas 176 horas trabalhadas no mês (44 semanais, segundo a CLT), que resulta na hora de trabalho em R$ 10,50. O técnico do Ipea responsável pela pesquisa, Rafael Henrique Moraes Pereira, destaca que o tempo de deslocamento nas áreas metropolitanas do Brasil aumentou 4% para os mais pobres e 15% para os mais ricos. A pesquisa revela que com o passar dos anos, os brasileiros de maior renda aumentaram o tempo que ficam no trânsito. Até 1992, o deslocamento dessa parcela da população era nove minutos menor que o registrado pela fatia de baixa renda. Essa diferença, agora, caiu para seis minutos. "Muitas cidades estão se espraiando, o que aumenta as distâncias para todos. No caso dos ricos, os condomínios estão ficando mais distantes", explica. Na pesquisa, Pereira ressalta ainda a importância de investimentos em transporte urbano. Curitiba e Porto Alegre, que nos anos 1990 investiram na área, praticamente mantiveram o tempo médio de viagem dos habitantes. "Não existe saída se não repensarmos o transporte público. É praticamente impossível enxergar uma taxa de mobilidade saudável nas grandes cidades em função da pouca oferta de transporte", comenta. Cansados de acordar até três horas antes do expediente e ainda enfrentar filas intermináveis na estação do metrô, o representante comercial Hélcio Lemos e a esposa, a publicitária Rafaela Cristine Lemos, optaram por fazer o trajeto de casa para o trabalho de carro. Para isso, perdem quase duas horas no trânsito. "De metrô e ônibus é ainda pior porque estão sempre cheios e perdemos muito tempo esperando um veículo mais vazio", conta Hélcio. "No fim do trajeto, já estamos bem cansados e perdemos um pouco da produtividade no trabalho, sem contar o estresse", completa Rafaela. A vontade do casal é transformar o tempo perdido em atividades ou em mais tempo para dormir, mas o que acontece é o inverso. "Acabamos trabalhando mais para não pegar o horário de rush, ficamos mais tempo no trabalho", lamenta Hélcio. (CM)

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