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Mato Grosso Notícias: overno busca credibilidade com corte de gastos e juro, dizem analistas Ameaçado pela alta da inflação, pelo crescimento econômico menor do que o previsto, pela crise financeira internacional e pela desaceleração do emprego, o governo federal deverá tomar a ofensiva e anunciar nesta semana duas decisões para buscar o retorno da confiança e da credilidade à política ecômica: um corte no orçamento de até R$ 15 bilhões e o aumento nos juros básicos da economia, que devem avançar para 8,5% ao ano. Segundo economistas, a meta do governo é justamente a retomada da crebilidade na política de gastos públicos, que tem se utilizado de manobras contábeis nos últimos anos para inflar o chamado "superávit primário" (economia feita para pagar juros da dívida pública), e na política de combate à inflação - que tem se ressentido de um IPCA acima do teto de 6,5% do sistema de metas em doze meses e da previsão de analistas de uma inflação próxima de 6% em todo o governo Dilma Rousseff. Sobre o corte de gastos, que pode ser anunciado antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, cuja decisão sobre o nível da taxa básica de juros sairá na noite de quarta-feira (10), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já informou que ele será de até R$ 15 bilhões e se somará aos R$ 28 bilhões anunciados em maio deste ano.  O objetivo é cumprir a meta de superávit primário de 2,3% do PIB, ou R$ 110,9 bilhões, objetivo explicitado em maio. Nos quatro últimos anos, somente em 2011 a meta fiscal foi atingida sem o uso de manobras contábeis. "Eles reestimam as despesas previstas para todo este ano para baixo. E no último trimestre do ano corrigem [novamente os gastos para cima]. É coisa para inglês ver [o corte que será anunciado]. Para tentar ganhar a confiança do mercado. Eles dizem que vão cortar custeio [gastos correntes] ligados a terceirizados e fornecedores, mas grande parte está ligado aos programas sociais.  O que fica para cortarem é subsídio, mas não vão cortar. Vão atrasar o pagamento. Nas passagens de avião e diárias, a previsão do ano é de cerca de R$ 2 bilhões, dos quais R$ 935 milhões já foram pagos até junho. Em um orçamento com despesas primárias de R$ 890 bilhões, é pouco", avaliou Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Segundo ele, o que pode melhorar, de fato, o superávit primário deste ano, é receita de concessões, como o Campo de Libra. "São R$ 15 bilhões que podem vir. Ainda não está na previsão atual de receita. Possivelmente vai salvar na obtenção da meta de primário [2,3% do PIB], mas não na austeridade fiscal, de controle de gastos públicos", acrescentou o economista do IPEA. Para o economista Celso Grisi, diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, o governo está sem dúvidas em busca de credibilidade com o anúncio do corte no orçamento e o aumento na taxa básica de juros. "A alta de juros é fundamental para mostrar disposição do governo de combater a inflação, para que reduza seu ritmo [de crescimento]. A redução das despesas consolida vertente de combate à inflação", avaliou ele. Entretanto, Grisi também diz que o novo bloqueio de gastos deve se concentrar nos custeios, e não nos investimentos. "É a forma de fazer o país crescer, via redução dos ministérios. Isso atenderia ao clamor popular por um governo mais austero. O mercado e os empresários passam a acreditar em controle da inflação quando houver corte nos custeios", declarou. Sobre a atuação do Banco Central, ele avaliou que os juros não poderiam ter caído tanto quando caíram e nem tão rapidamente. Os dados mostram que o BC manteve a taxa básica de juros inalterada na mínima histórica, em 7,25% ao ano, entre outubro do ano passado e abril de 2013, mesmo com a deterioração do cenário de inflação registrado no primeiro trimestre deste ano - explicitado no relatório de inflação e nas atas do Copom.  Em abril deste ano, o BC iniciou o processo de alta dos juros e começou a endurecer o discurso de maio em diante, quando a elevação da taxa básica foi intensificada.
Portal ClicaBrasília: Seminário debate o programa Inova Empresa e tecnologias sociais O Programa Inova Empresa é um plano de investimento em inovação lançado recentemente pelo governo federal que oferece apoio financeiro por meio de crédito, subvenção econômica, investimento em instituições de pesquisa, entre outros. Até 2014, mais de R$ 30 bilhões serão aplicados em inovação por meio do Inova Empresa. Para detalhar esse programa e debater também as políticas apoiadas pela Agência Brasileira da Inovação (FINEP) para o desenvolvimento de tecnologias sociais, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realiza na próxima quarta-feira, dia 10, às 15h, o seminário Tecnologias Sociais e o Novo Programa Inova Empresa. O evento é aberto ao público e ocorrerá na sede do Ipea, em Brasília (Setor Bancário Sul, Quadra 1, Ed. BNDES/Ipea, auditório do subsolo). A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) é parceira do Ipea e da FINEP nesse seminário. A palestra principal será do presidente da FINEP, Glauco Arbix, e o presidente do Ipea e ministro interino da SAE, Marcelo Neri, fará o discurso de abertura. Fernanda De Negri, diretora de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea, apresentará a Nota Técnica Índices compostos de inovação: uma proposta de cálculo de ratings para empresas e projetos. Glauco Arbix vai detalhar programas voltados para tecnologias sociais e o Inova Empresa - cujos recursos são destinados a todas as empresas brasileiras que desejem investir em inovação. As tecnologias sociais compreendem produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem soluções efetivas de transformação social. Inclui, por exemplo, tecnologias assistivas e tecnologias de mobilidade urbana.
Jornal Dia Dia (MS): Joaquim Alessi - É dose Em artigo distribuído ontem à imprensa, Luiz Carlos Silveira Monteiro, CEO da ePharma, empresa de assistência farmacêutica, destaca que "a compra de medicamentos pesa muito mais no bolso dos mais pobres do que entre os mais ricos". Até aí, nada de novo. Mas ele assevera: "Se essa questão já era considerada verdadeira pelo senso comum, ela agora é confirmada por pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O levantamento mostra que as famílias carentes gastam 5,8% da renda com medicamentos contra 1,6% dos mais ricos."
Valor Econômico (SP): Crise do setor de saúde é mais ampla do que falta de médico Na sequência de uma série de anúncios feitos pelo governo federal, de propostas controversas como resposta às manifestações de ruas que dominaram o mês de junho, a solução encontrada por Brasília para a falta de médicos no país também se revela polêmica, embora possa ser considerada uma iniciativa de muitos méritos, que poderá ser aperfeiçoada na sua tramitação no Congresso Nacional. As primeiras reações ao "Mais Médicos", divulgado pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro da Educação, Aloizio Mercandante, em cerimônia no Palácio do Planalto na segunda-feira, foram mais desfavoráveis do que positivas. Comentários - de especialistas ou não - foram marcados por críticas, dúvidas sobre a viabilidade das medidas, ceticismo sobre a possibilidade de sucesso. Depois de meses de idas e vindas em torno do plano de trazer estrangeiros ao Brasil para cobrir a carência de médicos nos grotões do país e na periferia de algumas grandes cidades, o principal destaque do "Mais Médicos" foi a decisão de que todos os estudantes de medicina do Brasil ficarão dois anos trabalhando no Sistema Único de Saúde (SUS) após sua formação. Além de cursarem os seis anos do curso, como é o padrão hoje, alunos que ingressarem nas faculdades de medicina a partir de 2015 trabalharão dois anos na rede pública de saúde antes de conseguirem o registro definitivo de médico. Nesse período extra, o estudante continuará no seu processo de formação, trabalhando exclusivamente em postos de saúde, prontos-socorros e no Samu, vinculado à instituição de ensino original, e receberá uma bolsa do Ministério da Saúde, cujo valor ainda não foi definido - a expectativa é que fique entre R$ 3 mil e R$ 8 mil. O governo confirmou ainda que vai abrir caminho para o trabalho no país de médicos estrangeiros, mas que eles serão submetidos a um controle rigoroso e que serão contratados por meio de seleção para regiões onde não existam profissionais brasileiros para atuação. A prioridade, porém, seria a contratação de médicos brasileiros para as vagas a serem abertas. Todas as prefeituras poderão se inscrever no programa, mas o foco será em 1.582 áreas consideradas prioritárias, incluindo 1.290 municípios de alta vulnerabilidade social, 201 cidades de regiões metropolitanas, 66 cidades com mais de 80 mil habitantes de baixa receita pública per capita e 25 distritos de saúde indígena. Não há dúvidas de que o Brasil precisa de médicos e - mais ainda - de uma melhor distribuição de médicos no seu território. Dados do Ministério da Saúde mostram que no Brasil há 1,8 médico para cada mil habitantes. Na Argentina, a proporção é 3,2 médicos para mil habitantes e, em países como Espanha e Portugal, essa relação é quatro médicos. Tanto faltam profissionais dessa área que médicos raramente ficam desempregados e recebem melhores salários que outros profissionais. Estudo recentemente divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que medicina é a carreira que tem o melhor desempenho do ponto de vida de trabalho no Brasil, numa avaliação a partir de quatro critérios: salários, jornada de trabalho, cobertura previdenciária e facilidade de se conseguir emprego. O salário médio dos médicos, de acordo com o estudo, são os mais altos do mercado de trabalho (R$ 8,4 mil). Além disso, é grande a facilidade de emprego - dados levantados com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, entre 2009 e 2012, indicam que a medicina é a carreira em que o profissional tem mais facilidade de encontrar um lugar para trabalhar. Pelo menos 97% dos formandos encontrariam trabalho. O gargalo da saúde pública do Brasil não se limita, no entanto, à quantidade de médicos: há problemas para fixação dos profissionais, de distribuição de remédios, de infraestrutura e de financiamento. São muitos os casos de cidades ou mesmo regiões inteiras sem atendimento médico, mas falta também infraestrutura para que o médico possa trabalhar de forma adequada se ele for o único da cidade. Faltam hospitais, clínicas, postos de saúde. Na sua iniciativa desta semana, o governo atacou apenas um problema - a falta de médicos. É louvável que tenha sido tomada uma atitude para minorar a situação de milhões de brasileiros sem acesso a médicos, mas o plano ainda é modesto diante das deficiências maiores do setor de saúde no país.
Folha de S.Paulo: Pedro Trengrouse - A Copa e o Brasil Por Pedro Trengrouse O PIB do Brasil é de R$ 4,4 trilhões e todos os investimentos previstos na Matriz de Responsabilidades da Copa, que congrega as obras que o governo julga relevantes para a realização do evento, estão na ordem de R$ 25 bilhões. O montante é destinado às mais diversas áreas prioritárias de infraestrutura e serviços, como, por exemplo, aeroportos, mobilidade urbana, segurança, turismo, saúde e telecomunicações. É evidente que não houve contingenciamento no orçamento público noutras áreas em razão da Copa. O PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), por exemplo, investiu R$ 557,4 bilhões em infraestrutura até junho deste ano. E, embora ainda aquém dos padrões recomendados pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os recursos aplicados em educação e saúde quase triplicaram nos últimos dez anos, com os investimentos em políticas sociais chegando a R$ 656 bilhões em 2012. A rigor, no que diz respeito à Copa, essencial mesmo são os estádios, cujos custos totais estão em R$ 7 bilhões, divididos em R$ 3,7 bilhões financiados pelo BNDES, R$ 2,7 bilhões a cargo dos governos locais e R$ 612 milhões em investimentos privados. São nove estádios públicos e três privados. Ainda assim, considerando que os financiamentos do BNDES devem ser pagos pela operação privada das arenas, os investimentos públicos diretos representam menos de 40% do total. E mais. Não é verdade que estejam mais caros que nas últimas Copas. O estádio mais caro do Brasil custou pelo menos três vezes menos que Wembley e, segundo estudo de uma ONG dinamarquesa, os custos médios por assento no Brasil estão no mesmo patamar de US$ 5.000 que Japão, Coreia e África do Sul, pelo menos 20% menores do que Green Point e Sapporo Dome, por exemplo. Os novos estádios serão muito mais utilizados pelo futebol brasileiro do que pela Fifa. Conforme dados da Fundação Getulio Vargas (FGV), o futebol hoje movimenta R$ 11 bilhões por ano e gera 370 mil empregos no Brasil. Mas poderia movimentar R$ 62 bilhões por ano e gerar 2 milhões de empregos, principalmente com a modernização dos estádios e ajustes no calendário, gestão e governança dos clubes. Com ou sem Copa, já valeria a pena investir nos estádios brasileiros. O BNDES é o maior banco de desenvolvimento do mundo, superando o Banco Mundial em volume de operações. Desde 2008, quando as sedes da Copa do Mundo no Brasil foram anunciadas, o BNDES desembolsou no total mais de R$ 700 bilhões em financiamentos diversos. Trocando em miúdos, o investimento nos estádios representa muito pouco diante dos grandes números do banco, que poderia ousar bem mais para promover o desenvolvimento do futebol brasileiro enquanto atividade econômica relevante para o arranjo produtivo e para a identidade cultural brasileira. Um estudo da FGV mostra que a o total de aportes na Copa pode quintuplicar. Além dos recursos previstos na matriz, a competição deve injetar R$ 112,79 bilhões na economia brasileira, movimentando o total de R$ 142,39 bilhões adicionais entre 2010 e 2014, com a geração de 3,63 milhões de empregos por ano e R$ 63,48 bilhões de renda para a população. Ainda assim, é preciso enxergar o evento na perspectiva global da economia. A maioria das obras relacionadas à Copa são realmente essenciais para melhorar a infraestrutura do país. O Brasil é o país do futebol e já precisava de melhores estádios para desenvolver seu pleno potencial de geração de emprego e renda. O maior legado da Copa do Mundo para o Brasil seria mesmo uma profunda transformação no futebol brasileiro. Não é razoável colocar problemas nacionais crônicos na conta da Fifa. PEDRO TRENGROUSE, 34, é consultor da ONU (Organização das Nações Unidas) na Copa e coordenador de projetos da Fundação Getulio Vargas  
Zero Hora (RS): Mais gestão É inegável a disposição do governo federal de responder à crônica desigualdade na distribuição geográfica de pessoal na área médica por meio de uma medida provisória e vários editais regulando o programa Mais Médicos, que tem por objetivo ampliar o número de profissionais de saúde em municípios do interior e em periferias das grandes cidades. Mas as soluções apresentadas, em sua maioria, apenas tentam encobrir os verdadeiros problemas da saúde pública no país: incompetência administrativa, desperdício de recursos, burocracia, corrupção e leniência gerencial, especialmente na fiscalização de profissionais que descumprem horários e atribuições. Em vez de mais médicos, o que o país precisa é de mais (e melhor) gestão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que uma nação disponha de pelo menos um médico para cada mil habitantes a fim de atender a população de forma adequada. Em todos os levantamentos disponíveis, a relação entre esses termos é superior no caso brasileiro: as Estatísticas Mundiais Sanitárias de 2013 indicam a existência de 1,7 médico por mil habitantes, e a Demografia Médica do Brasil, 2 médicos por mil habitantes. A maioria dos médicos, porém, está concentrada nas regiões mais desenvolvidas do país, o Sudeste e o Sul. Comparativamente, o Rio Grande do Sul conta com 2,37 médicos por mil habitantes, enquanto o Maranhão dispõe de 0,71 por mil habitantes. É de conhecimento geral que os médicos evitam trabalhar em regiões mais pobres em razão da precariedade das condições de trabalho e de moradia. O governo agora acena com medidas concretas: abertura de 10 mil vagas, bolsa de R$ 10 mil custeada pelo Ministério da Saúde, moradia e alimentação por conta das prefeituras. Cabe notar que, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a partir de dados do Censo Demográfico 2010, a medicina é a profissão melhor remunerada entre 48 carreiras universitárias pesquisadas, com um salário médio mensal de R$ 8.459,45. O governo federal acrescenta pelo menos duas imposições polêmicas à medida: contratação de médicos estrangeiros para os postos rejeitados por brasileiros e extensão do curso de medicina em dois anos, a partir de 2015, para que os estudantes façam um estágio obrigatório no SUS. A inspiração declarada das novas medidas é a política em vigor na Grã-Bretanha, onde todo recém-formado em medicina é obrigado a cumprir dois anos de treinamento no sistema público de saúde. As entidades representativas da classe médica se opõem frontalmente ao pacote, como haviam feito anteriormente em relação à proposta de contratação de médicos cubanos. Apontam como solução para o impasse mais investimentos em saúde e criação de uma carreira de Estado para os médicos que tiverem de atuar em locais de difícil acesso. Independentemente da avaliação de mérito, é notório que as soluções para matéria tão sensível não poderão ser impostas de forma vertical aos principais envolvidos. O que se espera do governo, das entidades representativas dos médicos e dos demais envolvidos é que, por meio do diálogo e da negociação, cheguem a uma proposta capaz de atender aos interesses dos maiores interessados, ou seja, o conjunto da população brasileira.
Folha de S.Paulo: Acidentes têm queda de 20,99% em quatro meses em Araraquara Prefeitura estima que economia com saúde e seguridade social chegue a R$ 12 milhões Os acidentes com vítimas registrados em Araraquara entre fevereiro e maio deste ano caíram 20,99% em comparação com o mesmo período do ano anterior. O intervalo coincide, segundo a administração, com a implantação das ações de mobilidade urbana. Entre fevereiro e maio do ano passado foram registrados 462 acidentes com vítimas na cidade. Neste ano, foram 365. Porém, segundo o coordenador de mobilidade urbana e vice-prefeito, Coca Ferraz (PDT), a conta deve levar em consideração o aumento da frota. A retração, segundo cálculo da prefeitura com base em estimativas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), representa uma economia de R$ 12 milhões no ano em gastos com saúde e sociais na cidade. O instituto estima que cada acidente tenha um custo de R$ 30 mil para saúde e seguridade social. Na avaliação do vice-prefeito, vários fatores convergem para explicar a queda no número de acidentes com vítimas. A primeira, afirmou, é o endurecimento da fiscalização de trânsito. "A lei seca mais severa também ajuda." Outro ponto levantado por Coca é a implantação de melhorias na Via Expressa, que concentra 25% das ocorrências com vítimas. "Fizemos adequações viárias e corrigimos sinalizações", afirmou.
G1: Programa Saúde da Família favorece a abertura de vagas para enfermeiros Enfermagem está entre as profissões que mais criam postos de trabalho. Mais de 27 mil vagas foram criadas na área nos últimos três anos. A enfermagem está entre as profissões com curso superior que mais criam postos de trabalho no país, segundo a pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), perdendo apenas para o mercado de tecnologia da informação. Mais de 27 mil postos de trabalho foram criados na área de enfermagem nos últimos três anos e a cada 100 novos empregos criados, nove são da especialidade. Para o professor universitário de São Carlos (SP), Fransley Lima Santos, a explicação está na ampliação da atenção básica, principalmente do Programa Saúde da Família (PSF). "Isso tem aumentado o número de vagas para a área de enfermagem, o que tem atraído bastante jovens para a carreira", disse. Os profissionais que escolhem a área profissional também encontram oportunidades. A Santa Casa de São Carlos tem 50 enfermeiros, dois deles foram contratados na semana passada e uma vaga está em aberto. Segundo o gerente de enfermagem do hospital, Alexandre Ricardo Zagato, manter o quadro completo é um desafio. "Muitos profissionais, estando em algumas instituições, acabam sendo convidados para irem para outros hospitais", comentou. Valéria Moraes é enfermeira há mais de dez anos e também faz parte do departamento que recruta e acompanha os novos profissionais. Segundo ela, ainda há uma grande distância entre a parte teórica e a prática do dia a dia. "O profissional na hora que começa o estágio nas Unidades Básicas nem sempre tem o tanto de procedimento que seria necessário para aprender bem a prática", considerou. Já Bruna Martins Rodrigues está na profissão há pouco tempo e saiu da faculdade em 2009. Trabalha na Santa Casa há menos de um ano e diz que o mercado é competitivo, mas não se arrepende da escolha profissional que fez. "É um dom, tem que gostar do que faz, apesar de ser árduo, mas é muito gratificante porque a pessoa que está aqui está precisando da gente", disse.
Portal BBC Brasil: Caso Eike põe em xeque apoio do BNDES a megagrupos nacionais Por Ruth Costas O colapso do grupo EBX, do magnata brasileiro Eike Batista, põe em xeque as políticas de apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em relação a grandes grupos nacionais. Essa é a avaliação tanto de Aldo Musacchio, professor da Harvard Business School, quanto de Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), que vêm estudando as práticas e escolhas do banco e seus efeitos sobre a economia brasileira. "É impressionante ver como algumas das escolhas feitas pelo BNDES (no apoio ao que vem sendo chamado) de 'campeões nacionais' não estão obtendo os resultados esperados", diz Musacchio. "E o grupo EBX é apenas o último exemplo disso. Com todos os protestos contra a corrupção e esse debate sobre os custos dos estádios (da Copa), parece problemático o fato de o banco ter arriscado bilhões nesse grupo." O EBX - conglomerado que inclui a petrolífera OGX, a produtora de energia MPX, o estaleiro OSX, a mineradora MMX e outras empresas - era um cliente preferencial do BNDES. Segundo informações do banco, o total de empréstimos contratados pelo grupo nos últimos anos foi de R$ 10,4 bilhões de reais. o suficiente para pagar por todos os estádios da Copa. O valor inclui os recursos que o banco se comprometeu a emprestar a Eike, mas não desconta o que já foi pago e o que ainda não foi desembolsado. O BNDES se recusa a revelar quanto o grupo efetivamente lhe deve alegando sigilo bancário, mas diz que sua exposição a EBX é "pequena" e Eike teria oferecido "amplas garantias" aos empréstimos. De acordo com um levantamento do banco Merryll Lynch feito com base nos balanços das empresas, porém, tal exposição seria da ordem de R$ 4,9 bilhões - o que faria do BNDES a instituição financeira mais exposta ao grupo. Além disso, o BNDESPar, braço de participações acionárias do banco, tem pequenas participações na SIX (33,02%), MPX(10,34%), CCX (11,72%), MMX (0,66%) e OGX (0,26%), em um total de mais de R$ 500 milhões. Fortuna Eike era, em março de 2012, o oitavo homem mais rico do mundo segundo a agência Bloomberg, com um patrimônio estimado em US$ 34,5 bilhões (R$ 78 bilhões). A desaceleração chinesa, a perda de vigor do PIB brasileiro e uma série de problemas do grupo EBX, porém, fizeram com que suas empresas pouco a pouco perdessem a confiança dos mercados. Primeiro a OSX revisou suas metas de produção. A mineradora MMX teve obras paralisadas no Chile e desistiu de projetos no país. Quando a petrolífera OGX anunciou a inviabilidade comercial de seus poços da Bacia de Campos, na semana passada, as ações de algumas empresas do conglomerado caíram em queda livre e começou-se a falar em uma reestruturação total do grupo. A fortuna de Eike encolheu para US$ 2,9 bilhões (R$ 6,5 bilhões). "O problema do grupo EBX foi ter crescido rápido demais apostando em um cenário muito otimista", diz Wilber Colmerauer, do Emerging Markets Investments em Londres. Ou seja, Eike prometeu demais e entregou de menos. Críticas "É claro que não foi só o BNDES que se enganou com a EBX. Os bancos e investidores privados também acreditaram em suas promessas de grandes lucros", diz Almeida. Para o especialista do IPEA, no entanto, a questão é que o BNDES faz empréstimos com recursos públicos e juros subsidiados e, portanto, deveria ser guiado por uma lógica diferente da usada pelo setor privado - o que não parece ser o caso. "Poderíamos ter investido os recursos (emprestados ou usados para adquirir participações no grupo EBX) em setores que nos levassem a criar tecnologias novas e não vão se desenvolver se não tiverem incentivos", diz Almeida. "É claro que também há riscos nessa opção, mas um risco justificado pelos potenciais benefícios em termos de aprendizado, de mudança estrutural no setor produtivo que ajudariam a diversificar a economia do país e lhe dar mais perspectivas no longo prazo. Não vejo o que ganharíamos apoiando um grande grupo como o EBX, que além de ser mais capaz de captar recursos no setor privado atua em áreas em que o Brasil já é 'forte', já tem vantagens comparativas." Musacchio, de Harvard, concorda com o diagnóstico. "As grandes apostas do BNDES nos últimos anos têm sido em (empresas que atuam na área de) commodities - petróleo, mineração, gás, carne congelada e etecetera", diz ele. "Isso quer dizer: o banco está apostando em setores que são muito dependentes do crescimento do PIB chinês em um momento em que a China está desacelerando. Mas se você conversa com produtores de equipamentos médicos, de hard drive e outros (produtos de alto valor agregado) se dá conta que eles não estão recebendo tanto apoio." Pesquisa Musacchio conta ter feito um estudo analisando os investimentos de portfólio do BNDESPar desde 2008 e a conclusão foi de que sua performance, em termos de retornos financeiros, foi muito fraca, "bem aquém da performance da Bovespa em geral". "Você pode argumentar que o objetivo do BNDES não é maximizar seus lucros", diz o economista. "O problema é que nossos estudos têm mostrado que eles também não têm investido ou emprestado dinheiro para as empresas que mais precisam (por não terem recursos próprios para investir ou fontes de financiamento alternativa). E supostamente, isso ocorreria porque eles estariam escolhendo empresas com boas performances e resultados (Para reduzir seus riscos)." Já Colmerauer é menos crítico. Para ele, apesar de algumas apostas erradas, nos últimos anos o BNDES também ajudou a criar grupos nacionais que seriam "estrelas do mercado, como a Brazil Foods (resultado da fusão da Perdigão com a Sadia)." Ele diz que os problemas da empresa de Eike de fato têm gerado grande apreensão nos mercados e agora há uma corrida para entender até que ponto os bancos públicos - e em especial o BNDES - poderiam ser atingidos por suas repercussões. "Trata-se de um ciclo vicioso: o pessimismo em relação à economia brasileira faz com que seja mais difícil para Eike conseguir novos empréstimos e reestruturar suas empresas e ao mesmo tempo, o colapso do valor de mercado de seu grupo ajuda a ampliar o pessimismo das expectativas sobre o país."
Portal Congresso em Foco: Pedágio no Brasil está entre os mais caros do mundo Para transitar em rodovias entregues à iniciativa privada, brasileiro paga mais que em outros países, mas investimentos são menores, revela a Revista Congresso em Foco. Ministério Público pede devolução de estrada em SC Praça de pedágio ocupada no Rio Grande do Sul, cancelas levantadas por manifestantes para a passagem de veículos no Paraná, cabines de cobrança depredadas em ponte no Espírito Santo, estradas pedagiadas sob bloqueio em vários estados. Suspensão de reajuste do pedágio em São Paulo. A onda de protestos que sacode o país deixou o centro das cidades e pegou carona na insatisfação popular até as rodovias concedidas à iniciativa privada. Uma revolta que, a exemplo do pedágio, está longe de ser gratuita. Reportagem da sexta edição da Revista Congresso em Foco revela que, apesar de pagar uma das tarifas mais altas do mundo, o brasileiro convive com problemas como baixos investimentos, não realização de obras previstas em contrato e suspeita de conivência por parte de órgãos de fiscalização. A matéria destaca estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostra os dois aspectos mais negativos das concessões rodoviárias no país. De um lado, principalmente nas estradas estaduais, a tarifa é muito mais alta que a média internacional. Do outro, as empresas concessionárias, sobretudo nas vias federais, investem menos que deveriam nas rodovias. No primeiro caso, encontram-se as rodovias estaduais do Rio de Janeiro e de São Paulo, que, devido ao modelo de concessão utilizado, são as que mais avançam no bolso dos motoristas. O valor médio praticado nas estradas estaduais fluminenses é de R$ 12,93 a cada 100 km. Mas há casos em que ele supera em muito esse patamar. A tarifa paga nos fins de semana e feriados por um carro de passeio, para percorrer os 55 km da Via Lagos (administrada pela CCR), chega a incríveis R$ 14,90. Nas vias paulistas, a média para o percurso de 100 km é ligeiramente inferior à do Rio, R$ 12,76. A média internacional é de R$ 8,80 pela mesma distância percorrida. Nas estradas federais, onde a média a cada 100 km é de R$ 5,11, o problema é que muitas obras contratadas não são executadas pelas concessionárias. A reportagem mostra que em Santa Catarina o Ministério Público Federal pede na Justiça a devolução à União do trecho da BR-101 que liga Florianópolis a Curitiba (PR). Os procuradores acusam a empresa que controla a rodovia de não ter feito obras previstas em contrato, orçadas em R$ 400 milhões, e questionam a legalidade de aumentos na tarifa local autorizados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Trata-se de uma das primeiras concessões rodoviárias feitas pelo governo do PT (ainda na gestão Lula). Suspeitas A via está nas mãos do mais poderoso consórcio de estradas do mundo, que ainda controla no Brasil a Régis Bittencourt, que une Curitiba e São Paulo. Também nesse trajeto, pairam suspeitas de irregularidades. O Ministério Público abriu seis investigações para aferir se, depois da privatização, melhoraram as condições da estrada e se foram concluídas obras atrasadas, previstas desde 2008. Perigos como esse aparecem à frente no caminho traçado pelo governo federal para recuperar, duplicar e manter as estradas federais brasileiras. O Executivo prepara a concessão de 7,5 mil km de rodovias à iniciativa privada, e as concessões - que também incluirão ferrovias e aeroportos - são a principal aposta do governo Dilma Rousseff para melhorar a precária infraestrutura de transportes do país e estimular a economia a crescer. Vem do próprio governo, no entanto, a advertência sobre os problemas desse modelo . O estudo do Ipea (órgão ligado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República) demonstra que, enquanto nos demais países as concessões rodoviárias se destinam à construção de autopistas, por aqui as rodovias são repassadas prontas à iniciativa privada. "Essa diferença entre o programa de concessão brasileiro e os internacionais mostra que no Brasil os investimentos realizados pelo setor privado devem ter sido muito inferiores aos realizados no exterior", aponta o instituto. A reportagem conta ainda a luta de moradores de Itatiba (SP), na região de Campinas, para se livrar do pedágio que corta a própria cidade. Ali os protestos contra a cobrança das tarifas começaram bem antes da onda de manifestações que tomou conta do país. Eles criticam ainda a alternativa encontrada pelo governo paulista - o chamado sistema ponto a ponto, que prevê valores conforme o trecho percorrido. A discussão também traz como pano de fundo as diferenças de modelo de concessão de rodovias adotados por petistas e tucanos. A matéria revela que, por trás das empresas que administram as principais estradas brasileiras, estão os quatro maiores doadores das campanhas eleitorais realizadas no Brasil entre 2002 e 2012: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão.
BBC Brasil (SP): Apesar de estádios 'sustentáveis', cidades-sede da Copa ainda reciclam pouco Por Luís Guilherme Barrucho Embora abriguem estádios estruturados para a separação do lixo, as 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 ainda apresentam uma realidade desoladora quanto à reciclagem fora das arenas. Um levantamento feito pela BBC Brasil junto às prefeituras dos municípios que sediarão os jogos do Mundial no ano que vem revela que em nenhum deles mais de 10% do lixo recolhido diariamente é reciclado via coleta seletiva. Em grande parte das cidades-sede, a taxa é inferior a 5%. Em quatro delas (Fortaleza, Manaus, Natal e Cuiabá), o índice não supera 1%. Porto Alegre (9,1%) lidera a lista com o maior coeficiente de lixo reciclado, seguida por Belo Horizonte (7%) e Curitiba (6,6%). Completam o ranking Brasília (5%), Salvador (5%), São Paulo (2,1%), Recife (2%) e Rio de Janeiro (1,4%). Juntas, as 12 cidades-sede e suas regiões metropolitanas são responsáveis pela produção diária de 35% dos resíduos sólidos urbanos do país, ou 91 mil toneladas de lixo. Na avaliação de especialistas, o cenário reflete décadas de falta de políticas públicas para combater o problema. Reagindo a isso, há cerca de três anos, o Congresso aprovou o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que estabelece as diretrizes para a destinação adequada do lixo e prevê que as prefeituras criem programas de coleta seletiva. 'Economia gigantesca'Atualmente 766 dos 5.565 municípios brasileiros, ou 14% do total, operam programas de coleta seletiva, segundo a mais recente pesquisa Ciclosoft, realizada pelo do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), associação empresarial dedicada à promoção da reciclagem e gestão integrada do lixo. De acordo com o levantamento, a população atendida por tais programas chega a cerca de 27 milhões de brasileiros, um número baixo se considerado os quase 200 milhões de habitantes do país. Além disso, a maior parte das iniciativas ainda se concentra nas regiões Sudeste e Sul do país. Do total de municípios brasileiros que realizam esse serviço, 86% estão situados nessas regiões. Em praticamente a metade deles, a coleta seletiva de resíduos sólidos (a chamada fração seca, ou seja, tudo o que não é lixo orgânico, como restos de alimentos, por exemplo) é feita pela própria Prefeitura, que, em sua grande maioria, apoia ou mantém cooperativas de catadores. Mas o grau de abrangência já foi pior. Em 1994, quando o Cempre iniciou o levantamento, somente 81 municípios possuíam programas de coleta seletiva. "Grande parte do que vai parar nos lixões ou aterros sanitários poderia ser reciclado", afirmou à BBC Brasil Sabetai Calderoni, presidente do Instituto Brasil Ambiente e especialista no assunto. "A conta do lixo poderia sair a custo zero. Isso traria uma economia gigantesca aos cofres públicos", acrescenta ele. Um levantamento do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea) encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) calcula que o Brasil perde cerca de R$ 8 bilhões por ano ao deixar de reciclar resíduos que, em vez de ganharem nova utilidade, vão parar em aterros e lixões das cidades. ProblemasOutro obstáculo à reciclagem está na forma como a coleta é feita, advertem especialistas. Segundo dados do IBGE, três em cada dez domicílios brasileiros separam o lixo orgânico do não degradável. Porém, apenas 40% desse lixo separado dentro de casa ganham destinação adequada, ou seja, são coletados de forma seletiva quando chegam às ruas. Como em muitas cidades brasileiras, a coleta de material reciclável (plástico, metal, papel e vidro) é realizada uma única vez por semana, nos outros dias o dejeto, mesmo que separado, acaba misturado ao resíduo comum dentro dos caminhões. Já para a especialista Elisabeth Grimberg, sócia-fundadora do Instituto Pólis, parte da culpa pelos baixos índices de reciclagem é das empresas, muitas das quais ainda não financiam a coleta e o retorno do material reciclável à produção industrial após o consumo, conceito conhecido como 'logística reversa'. "Apesar de ser tratado no Plano Nacional de Resíduos Sólidos, o conceito ainda não foi implementado em sua integridade", disse ela à BBC Brasil. Por essa ótica, por exemplo, um fabricante de eletroeletrônicos deveria dar destinação adequada a uma TV da qual um consumidor queira se desfazer. O diretor-executivo do Cempre, André Vilhena, discorda. Para ele, ainda que as responsabilidades sejam "compartilhadas", cabe à Prefeitura um "papel central na coleta seletiva". São Paulo Maior geradora de lixo do país entre as cidades-sede da Copa, São Paulo é uma das cidades que pretende elevar a taxa de reciclagem, dos atuais 2,1% para 10% até 2016. Para isso, disse à BBC Brasil Simão Pedro, secretário municipal de Serviços, a Prefeitura espera colocar em funcionamento, até 2016, quatro megacentrais de triagem, com capacidade para processar 250 toneladas de lixo por dia cada uma. As duas primeiras devem começar a operar até junho do ano que vem. A quantidade é ligeiramente superior às 221 toneladas processadas diariamente nas 20 centrais espalhadas pela capital. Atualmente, 126 caminhões são utilizados no Programa de coleta seletiva da Prefeitura, atendendo a 41% dos domicílios na cidade. "Mas, em vez de construir quatro megacentrais, São Paulo deveria instalar várias pequenas usinas de reciclagem, pois, assim, diminuiria o custo do transporte do lixo, que responde por até um terço dos investimentos na coleta seletiva", afirmou Calderoni.
Página22: Em busca de um novo sertão? As máquinas estão a pleno vapor. Em ano eleitoral, mais de 10 mil operários foram convocados para trabalhar dia e noite no sertão nordestino, de modo que neste mandato o governo federal consiga ao menos acionar os explosivos para desviar parte da água do rio e encher um pequeno trecho inicial de 100 quilômetros de canal na obra da transposição do São Francisco em Cabrobó (PE). O empreendimento arrasta-se por sete anos, envolveu protestos, ações judiciais e embate entre os estados doadores e os receptores do recurso hídrico e já consumiu R$ 4,8 bilhões. Até a conclusão, prevista para o fim de 2015, serão ao todo R$ 8,2 bilhões, 60% acima do originariamente previsto, o que turbinou críticas quanto à relação entre custo, benefícios e impactos ambientais. Discórdias à parte, a iniciativa não é mais um projeto de intenção: mais da metade da estrutura que rasga a Caatinga para abastecer áreas vulneráveis à seca está finalizada. A empreitada é irreversível. E o debate chega agora a um novo momento: como será a gestão do recurso hídrico e em que medida promoverá o desenvolvimento local? Após a "inauguração" do ponto de captação no rio, uma festa política provavelmente regada a bode assado e vinho fino produzido a partir de videiras irrigadas pelo Velho Chico, deve se desenhar um cenário apetitoso para a "indústria da seca", que por décadas troca carros-pipa por votos. Só que agora os objetos de barganha se sofisticaram. São as adutoras, as tubulações que distribuem a água. Começa a disputa pela nova fonte, uma corrida a ser marcada pelo jogo de forças políticas e econômicas, envolvendo as três esferas de governo, o agronegócio e os movimentos sociais que despontam no Semiárido. A questão atual é saber como a gestão da água extraída do São Francisco vai se integrar à nova realidade econômica e social vivida nos últimos anos pelo Nordeste, dentro de um modelo participativo, sem os problemas comuns no tempo dos "coronéis", como superfaturamento de adutoras e até a construção de açudes com dinheiro público para embelezar fazendas de políticos. Na última década, o cenário do Semiárido mudou em razão do maior acesso da população a benefícios sociais, renda, crédito e consumo. Entre 2000 e 2010, o PIB per capita do Nordeste [1] expandiu em média 3,12% ao ano, enquanto a taxa de crescimento no Brasil foi 2,22%. O sertanejo trocou o jumento pela motocicleta e a viagem de ônibus velho e empoeirado pelo avião. Assim como a mortalidade infantil, o êxodo para o Centro-Sul diminuiu e deverá permanecer em queda caso a economia regional ganhe impulso em consequência da nova água fornecida pelo São Francisco. [1] Em dez anos, a economia nordestina saltou de R$ 130 bilhões para R$ 446 bilhões A maior obra hídrica em curso no País inclui a construção de 700 quilômetros de canais com estações elevatórias, túneis e reservatórios, divididos em dois eixos principais, para perenizar rios (hoje intermitentes) e encher açudes. O Eixo-Leste tem origem no município de Floresta (PE), onde se localiza o lago da Usina Hidrelétrica de Itaparica, e se destina ao abastecimento de cidades de Pernambuco e da Paraíba. De Cabrobó (PE) parte o Eixo-Norte, com seus 400 quilômetros projetados para nutrir os rios Jaguaribe (CE), Apodi (RN) e Piranhas (PB). "O governo disse que teremos três hectares irrigados para plantar cebola e tomate", conta o sertanejo Bartolomeu Amorim, acreditando na promessa, próximo ao vaivém dos caminhões no canal em obras. No lombo do jumento, o lavrador carrega pedaços de mandacaru, o cacto típico do Sertão, para alimentar as vacas no assentamento onde vive. Cabrobó abriga um dos núcleos de maior grau de desertificação do País, onde os solos degradados parecem não ter solução. A prefeitura planeja um cinturão verde equivalente a 50 mil campos de futebol na faixa de 2,5 quilômetros de ambos os lados do canal. A expectativa é a população dobrar em até dez anos, com mais injeção de recursos e reflexos no comércio. O fazendeiro Antônio Russo, ex-dono da propriedade por onde águas do São Francisco serão transpostas, não tem do que reclamar. Ele recebeu do governo federal uma indenização de mais de R$ 1,1 milhão para a cessão da área, um total de 600 hectares de pastagem na beira do rio. Fontes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) estimam que o terreno não valia mais de R$ 700 mil, a preços da época. "Dividi o valor com os filhos, comprei um bom carro e construí dois prédios na cidade", conta proprietário, ao lembrar que quando menino ajudava o pai a pegar água em um açude distante de casa, no interior da Paraíba. O Exército se encarregou da obra no trecho inicial de captação da água, no município. A presença dos militares inibiu protestos e, ao longo dos anos, serviu para reduzir a violência e afugentar o tráfico de drogas que imperava nas imediações da principal rodovia da região, apelidada de "Transmaconheira". Os indicadores sociais melhoraram, mas há desafios de gestão. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), concluído em maio deste ano, identificou a existência de R$ 32 bilhões de investimentos federais em 789 municípios da região de influência da obra da transposição, entre 2007 e 2010. Entretanto, os pesquisadores alertam que não há um plano de desenvolvimento com ações articuladas e potencializadas de modo a aproveitar a oportunidade criada por um grande projeto de infraestrutura hídrica. Perde-se a chance de obter resultados mais consistentes e duradouros para o dinheiro injetado na região. O ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira, vê um horizonte mais positivo: "O projeto possibilitará o uso dos reservatórios já existentes como suprimento de indústrias, empreendimentos turísticos e irrigação agrícola". Ele assegura que "os moradores das áreas rurais ao longo dos canais contarão com a oferta hídrica para abastecimento humano e animal e agricultura familiar". No entanto, em outras obras do passado, não foi bem assim. Um exemplo é o Canal da Integração, construído pelo governo do Ceará para abastecer a capital, Fortaleza, tendo como fonte o Açude do Castanhão [2], o maior do País. Por muito tempo as comunidades que viviam à beira da água não tiveram acesso a ela. O recurso hídrico é vigiado por câmeras de segurança e guardas armados. A questão só começou a ser resolvida dez anos depois, quando surgiram adutoras e projetos econômicos, como a piscicultura. "Está mais do que comprovado que a transposição do São Francisco é eleitoreira", despacha Dom Luiz Cappio, bispo de Barra (BA) que se tornou nacionalmente conhecido ao fazer duas greves de fome em protesto contra o projeto, em 2005 e 2007. O gesto deu visibilidade ao debate sobre os impactos. "Toda vez a obra é acelerada perto das eleições, como ocorreu em 2010, e depois volta a parar." "Mais água pra quem?", pergunta Naidison Baptista, coordenador-executivo da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), ao considerar a transposição do São Francisco uma iniciativa de "concentração e não de democratização da água, porque na prática beneficiará mais a agricultura irrigada para exportação". Ninguém morre mais de sede no Sertão como antigamente, graças às 915 mil cisternas [3]que acumulam água da chuva para consumo humano já existentes na região, sem a dependência da oferta de caminhões-pipa por políticos. Mais que isso: ao deixar de andar em média seis horas para pegar água, a mulher sertaneja dedica mais tempo ao lazer, à família e a atividades culturais e sociais. Em valores de hoje, o investimento total nas cis ternas se aproxima de R$ 3,3 bilhões - quase um terço do custo da transposição. Existem mais 100 mil reservatórios domésticos de maior porte, específicos para criação de animais e produção de alimentos nos quintais, o que permite ao morador pagar pela própria água - e não receber de esmola - quando o estoque acaba na seca severa. A capacidade total de armazenagem das cisternas é de 68 bilhões de litros, superior a dez vezes o consumo diário da Região Metropolitana de São Paulo. "Hoje, a frente de batalha não é matar a sede, mas aumentar o volume de água para produção familiar e garantir acesso à terra", afirma Baptista, para quem a transposição é um empreendimento desnecessário. Não faltam obras hídricas no Nordeste. Em 100 anos, foram construídas mais de 400 barragens para armazenar água e 70 mil açudes. É o maior programa de "açudagem" do mundo. Já não serve para o atendimento da atual e futura demanda? "A obra vai acirrar os conflitos de uso de um rio que já está doente e poderá não suportar toda a carga planejada para ele pelos diversos empreendimentos", adverte Anivaldo Miranda, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF). Além da irrigação da lavoura, o rio é estratégico para o funcionamento das usinas hidrelétricas. Tanto assim que as geradoras de energia foram obrigadas a segurar a vazão como medida de segurança energética para a Copa do Mundo. A questão retrata o quebra-cabeça que será a gestão do recurso hídrico quando tudo estiver funcionando. Pelo projeto da transposição, será desviada 1,4% da vazão média do São Francisco. Na época de seca, o rio fornecerá 26 metros cúbicos por segundo, apenas para o abastecimento humano. No período chuvoso, quando a represa de Sobradinho verter, a sangria aumentará para até 127 metros cúbicos, com uso na irrigação de cultivos. "Ao que tudo indica, os canais só funcionarão com a vazão mínima, devido às várias necessidades de uso do rio, aos impactos que já sofre e aos futuros efeitos das mudanças climáticas, não considerados na obra", estima Miranda. De acordo com decreto presidencial, a instância mais alta das decisões sobre a água da transposição é o Conselho Gestor, formado por representantes dos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, além do governo federal e dos comitês das bacias hidrográficas. Até hoje o grupo não se reuniu. "Já que a obra vai acontecer, vamos trabalhar para que os termos de outorga, ou seja, os limites de uso do rio, sejam cumpridos", enfatiza Miranda. Para ele, "a atual situação das autorizações federais e estaduais para retirada da água está fora de controle e precisa de uma revisão ampla, base para um pacto capaz de garantir a vazão necessária aos projetos". Na região há 460 mil hectares de área agrícola com potencial de irrigação. E novos empreendimentos estão por vir, como o Corredor Multimodal do São Francisco, hidrovia a ser estruturada com recursos do Banco Mundial, entre Pirapora (MG) e Petrolina (PE), para reduzir os custos de logística da produção agrícola. Atualmente, devido ao assoreamento, a navegação é quase impossível. A empresa Icofort Agroindustrial demora 45 dias para fazer o comboio fluvial do algodão entre Sobradinho e Petrolina, percurso antes realizado em dez dias. As cicatrizes do Velho Chico, como os bancos de areia e a erosão das margens, são visíveis a olho nu. Estudos indicam que o rio já perdeu 30% da vazão desde que suas margens começaram a ser desmatadas e o rio começou a ser explorado para irrigação e geração de hidreletricidade. "A promessa da revitalização, com recuperação de matas na beira do rio, dragagem e conservação da biodiversidade, ficou no discurso", lamenta o presidente do CBHSF. Para ele, "a preocupação não deveria estar só nos usos, mas na produção e na qualidade da água". O Ministério da Integração Nacional responde que, a cada R$ 1 investido na transposição, outros R$ 3 são aplicados em obras estruturantes. De acordo com o governo, a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) prevê R$ 26 bilhões em projetos hídricos, irrigação, drenagem e revitalização. Antevendo a futura competição pelo São Francisco, os estados se apressam em anunciar investimentos na distribuição da água. O Ceará planeja construir 545 quilômetros de canais margeando a Chapada do Araripe, no sul do estado, para receber a vazão que chegará pelo Eixo-Norte da transposição. Dessa forma, ao custo de R$ 1,1 bilhão, a terra do Padre Cícero, na região de Juazeiro do Norte e do Crato, prepara-se para virar um eldorado do agronegócio, com expectativa de dobrar o número de habitantes, em cinco anos. Em contraponto, há tímido investimento na coleta e tratamento do esgoto. Ao chegar aos rios menores e açudes próximos aos núcleos urbanos que crescem desordenadamente, a água limpa da transposição se misturará à poluição, como a existente no Rio Paraíba, no município de Monteiro (PB), na ponta final do Eixo-Leste. No Nordeste, apenas um terço da população urbana tem coleta e tratamento de esgoto, segundo dados do Ministério das Cidades. "Fornecimento de água dá mais voto e visibilidade do que saneamento", ressalta Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil. "A conta não fecha; falta vazão para tantos usos e a vontade política não pode estar acima das necessidades técnicas", afirma João Suassuna, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, ao suspeitar que a água não chegará a quem precisa. De outro lado, há o anseio de que o desenvolvimento obtido com o recurso hídrico sirva para mudar de vez o padrão de vida no Sertão. E de que a equação final não seja de conflitos, mas de justiça pelo uso da água.
Valor Econômico (SP): Jornadas longas, salário bom e dedicação Por Rafael Sigollo Quem é médico no Brasil tem emprego garantido e salário alto. Essa afirmação, praticamente um senso comum, reflete apenas parte da verdade sobre essa profissão tão nobre e, aparentemente, incompreendida pelo governo - dada a insatisfação geral dos representantes da classe em relação às propostas mais recentes. Ouvidos pelo Valor, eles fazem duas ressalvas importantes: trabalho sempre existe, mas nem sempre em condições adequadas e, para conseguir rendimentos expressivos, a maioria precisa cumprir uma jornada de até 60 horas semanais em três diferentes lugares. A média salarial de R$ 8.459 é a maior do país, segundo estudo recente divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). "Achar que a vida do médico é ficar sentado em uma clínica particular e cobrar R$ 700 ou mais por consulta é ilusão. Apenas uma parcela ínfima consegue fazer isso", afirma Mauro Luiz de Britto Ribeiro, membro do Conselho Federal de Medicina (CFM). Em sua opinião, não é o dinheiro que motiva quem entra nessa profissão. "É preciso gostar de gente, ter vocação e uma grande sensibilidade social para aguentar uma rotina extremamente sacrificante que começa já na faculdade." Prova disso, para Ribeiro, é que muitos médicos recusam grandes somas em dinheiro para ocupar vagas fora dos grandes centros por não terem uma estrutura mínima de trabalho nem condições para continuar se atualizando. "A proporção de dois médicos para cada mil habitantes que existe no país já é suficiente. O problema é que eles estão mal distribuídos", afirma. Uma saída, de acordo com Ribeiro, seria a criação de um plano de carreira nos moldes dos já existentes para juízes e promotores para, ao menos, quatro tipos de profissionais da área da saúde: clínico geral, pediatra, ginecologista e obstetra, e médicos para o programa de saúde da família - que atuam nas comunidades e na prevenção de doenças. "Isso resolveria 80% dos problemas", diz. O que acontece hoje no Brasil, no entanto, é justamente o oposto. Segundo Florentino Cardoso, presidente da Associação Médica Brasileira (ABM), há uma superespecialização dos médicos no país. Áreas como radiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e dermatologia, por exemplo, têm sido muito procuradas principalmente pela maior remuneração e facilidade de absorção no mercado. "Afinal, embora não seja o principal motivador, o dinheiro é importante como em toda profissão." Além disso, as relações de trabalho são bastante diversas e envolvem desde a atuação em empresas e convênios até cooperativas médicas e organizações sociais. "É possível encontrar todo tipo de contrato e acordo. Existem até os que vivem de plantão em plantão, sem firmar vínculos". Cardoso destaca que a maior recompensa da medicina, contudo, é intangível. "É uma profissão que tem um grande significado. É gratificante poder melhorar a vida das pessoas." Cid Carvalhaes, dirigente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) ressalta que a medicina é um "projeto de longo prazo" - só a formação pode levar até 11 anos. Desse modo, os interessados na área não podem ser "mercenários" e precisam levar em conta o outro lado da moeda. "Dor, sofrimento, vômito, sangue, morte, consolação e miséria também vão fazer parte do seu dia a dia". Para quem, depois disso, ficou em dúvida sobre seguir a carreira médica, talvez seja melhor procurar por uma segunda opinião.
Correio Braziliense (DF): Execução fiscal: em defesa de nova cultura Por Soníria Rocha Campos D'Assunsão O retrato das execuções fiscais, em todo o país, é alarmante. Representam cerca de 43% das ações em curso e, mensalmente, grande volume de novas ações são ajuizadas, sem que o Judiciário consiga lhes dar vazão. Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o tempo médio total de tramitação do processo de execução fiscal é de oito anos, dois meses e nove dias, sem incluir, na contagem, recursos, exceção de pré-executividade, tempo do procedimento administrativo — de quase cinco anos antes do ajuizamento da ação —, que, se considerados, aumentariam o tempo médio de tramitação do processo para 16 anos. No Distrito Federal, há cerca de 340 mil ações de execução fiscal em tramitação, que representam 52% dos processos de primeira instância, e somam a importância de quase R$ 12 bilhões em dívida ativa ajuizada. Se nenhuma nova ação ingressasse, levaríamos cerca de 20 anos para a solução dos conflitos. Por seu lado, constata-se que a cada R$ 3,50 de tributos recolhidos aos cofres públicos, R$ 1 deixa de ingressar, por inadimplência, o que revela que a tendência é que esse número cresça vertiginosamente. No âmbito federal, o valor da dívida ativa corresponde à metade do PIB nacional, e a União só consegue recuperar 25,8% da dívida ativa ajuizada. Esses dados, entre outros, demonstram a crise em que se encontra o modelo tradicional de recuperação do crédito público, seja por meio do procedimento administrativo ou do processo judicial. Algo, portanto, urge ser feito. A Lei de Execução Fiscal, embora moderna para a época, não acompanhou, como é natural, as modificações ocorridas na sociedade. Todavia, alterações pontuais e uma interpretação criativa, com um novo olhar para o processo de execução fiscal, podem torná-la mais célere e efetiva. O volume de processos e de atos judiciais repetitivos desafia a criação de mecanismos de movimentação em massa. Não se deve supor, entretanto, que a simples transformação dos autos físicos em virtuais resolva todo o problema. Há a errônea ideia de que o processo de execução fiscal "anda sozinho", sem a necessidade de atuação judicial proativa. Também incorreta é a concepção de que a preocupação da Fazenda Pública deva ser apenas com a citação, para a interrupção da prescrição, e que, a partir de então, todas as agruras do processo e a omissão dos seus atores possam ser imputadas exclusivamente ao Judiciário. Essa é uma confortável posição a ser confrontada. Deve ser desmistificado o falso pensamento de que a dívida pública executada é praticamente uma recuperação frustrada de crédito: a cultura de ineficiência da execução fiscal. Para tanto, embora há muito se proclame que a conciliação é um mecanismo eficaz de solução de conflitos, pouco dela se tem utilizado na execução fiscal, sobretudo porque se tem em mente a indisponibilidade do crédito público. É preciso haver uma legislação que discipline a transação tributária, levando-se em conta a capacidade econômica do contribuinte/executado e que, ao mesmo tempo, não estimule a inadimplência e/ou a sonegação. No Distrito Federal, realizamos audiências de conciliação fiscal individuais e coletivas, em que o Judiciário atua como facilitador e mediador da integração e do diálogo com o Poder Executivo, eliminando entraves burocráticos para a solução célere dos conflitos fiscais. Busca-se descongestionar a Vara de Execução Fiscal do seu acúmulo de processos e propiciar a recuperação eficiente do crédito público. Em razão da aproximação do Estado com o executado, oportunizando-se a sua regularização fiscal, temos constatado o elevado índice de parcelamento e pagamento do débito, na forma da legislação vigente. A conciliação fiscal integrada realiza cidadania tributária, que previne o inadimplemento e novas demandas. As mudanças necessárias à superação da crise passam por uma mudança essencial: a de mentalidade. Clamamos pela construção de uma nova cultura — a da eficiência da execução fiscal, profundamente comprometida com a realização de justiça fiscal. O Judiciário tem nas mãos o termômetro dos anseios sociais, razão pela qual deve se adiantar e buscar a colaboração dos outros Poderes, saindo da cômoda neutralidade que, muitas vezes, o envolve, para exercer, cada vez mais, o papel ativo de pacificador social.
Brasil Econômico: Tragédia acelerada no trânsito Por Daniel Pereira Estudo mostra que metade dos brasileiros usa transporte individual, causando mais mortes e acidentes no país Metade dos brasileiros usa carro ou moto particular para se deslocar. Mantida a atual tendência do crescente uso de transporte individual, este percentual chegará a 65% em 2030. O impacto negativo desse quadro não está apenas nos cada vez maiores engarrafamentos, mas também em mais mortos e feridos no trânsito. Os dados são de estudo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), que fez um cruzamento com números do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de ONGs especializadas em mobilidade urbana. O levantamento aponta que, na década de 60, a indústria automobilística brasileira produzia 1.200 automóveis e 2.200 ônibus por ano. Nesta época, a matriz mo -dal de deslocamento era de 15% para o transporte individual. Em 2011, a produção de automóveis já foi de 3,5 milhões, sendo 40 mil ônibus. Mas metade dos coletivos foram exportados, ficando 20 mil no País, boa parte para renovação de frota. "Com o aumento dos congestionamentos, os motoristas estão trocando o carro pela moto. Sabe qual é o resultado? Mais gente morrendo, mais gente ficando inativa e mais dinheiro sendo gasto", ressaltou o presidente-executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), seria possível reduzir os acidentes em até 90% caso as pessoas optassem pelo uso de transportes coletivos públicos como ônibus, trens e metrô. O chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet, Dirceu Rodrigues Alves Junior, informou que, em 2011, o governo federal gastou R$ 42 bilhões só com os acidentes de trânsito. "Esse número não está sendo atualizado, mas certamente já cresceu muito. Naquele ano, 60 mil famílias receberam o seguro DPVAT (seguro obrigatório para acidentes de trânsito) por óbito. Outras 510 mil pessoas fizeram tratamento por conta de lesões", disse. Além de um forte investimento em transporte público de qualidade, a Abramet defende que se faça valer o Código Brasileiro de Trânsito, que prevê aulas de educação no trânsito para estudantes na faixa de cinco a 18 anos de idade. "O uso de simuladores, por exemplo, também ajudaria a reduzir as mortes. Hoje, o curso de motorista só ensina o básico. As pessoas não sabem como se comportar em situações de risco e nem evitar os acidentes", garantiu. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo, os acidentes de trânsito são responsáveis diretos pela morte de 1,2 milhão de pessoas por ano. Porém, existem ainda outros 3,5 milhões de óbitos por inatividade física. Os falecimentos por poluição do ar passam dos 1,3 milhão. "E ainda existem os riscos indiretos com doenças do coração, estresse e ruído", acrescentou o coordenador do Departamento de Saúde Pública da OMS, Carlos Dora. Ele lembra que medidas para melhorar o transporte público nas cidades têm resultados melhores do que as focadas somente nessas doenças. CUSTO ELEVADO R$ 42 bi Foi o quanto gastou o país com acidentes detrânsito em 2011, segundo dados da Abramet. 60 mil É o número de famílias que receberamoseguro obrigatório DPVAT poróbitono mesmo ano. 65% É o percentual de brasileiros que usarão o transporte individual para deslocamentos em 2030, casoseja mantida a tendência atual de crescimento. A previsão faz parte de estudo da NTU.
Brasil Econômico: A Classe Média e a Guilhotina Por Octávio Costa Ontem foi o 14 de julho, dia da Revolução Francesa. A data é comemorada pelas várias correntes de pensamento de esquerda em todo o mundo. Faz-se reverência obrigatória a Robespierre, Danton e Saint-Just, os líderes da mãe de todas as revoluções. E com plena justiça, pois a expressão esquerda surgiu exatamente em 1789 para identificar o lado da assembleia onde se sentavam os jacobinos. Marxista de formação e militante convicto desde seu tempo à frente do grêmio da Faculdade de Direito da USP, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, é um dos políticos que buscam respostas e exemplos na queda da Bastilha e na derrocada do absolutismo. Naquela época tumultuada de Paris, os sans-culottes desafiaram a nobreza e tomaram as ruas para cobrar mudanças radicais. E os cabeças da Revolução, embora desconfiassem uns dos outros, não tinha dificuldade para identificar o sentido da voz das ruas. Mashoje, como diria o antropólogo Darcy Ribeiro, a clivagem entre esquerda e direita não é tão nítida. Tanto assim que a poeira das manifestações de junho vai baixando e ainda é tarefa complexa a tentativa de desvendar as motivações por trás do movimento. Fernando Haddad, porém, é intelectual de esquerda que gosta de pensar a realidade. Em entrevista ao Brasil Econômico, aceitou o desafio de explicar o que aconteceu. Para ele, trata-se de uma reação aos governos mais alinhados à esquerda no poder em vários países da América Latina. Isso vale para a Venezuela, a Argentina e o Brasil. Derrotados nas urnas, segmentos da sociedade perderam o espaço po-lítico-eleitoral e saíram em protestos em Caracas, em Buenos Aires, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Aqui, pesaram também a contestação aos partidos e os respingos mais fortes da crise internacional na economia brasileira. Outro catalizador da mobilização foram a violência e os abusos da repressão policial. Haddad não cita expressamente a classe média, mas está claro que se refere a essa camada da população. O presidente do Ipea, Marcelo Neri, em declaração recente, fez um ataque direto, atribuindo as manifestações a jovens das faixas de renda mais altas. Foi forçado, porém, a se calar por pressão do Palácio do Planalto e de lideranças do PT. Ano que vem haverá eleições no país e não é hora de afrontar o eleitorado. O ex-metalúrgico Lula, como se sabe, elegeu-se com tranquilidade depois de quebrar a resistência do empresariado e da classe média. Ao contrário do amigo e conselheiro, Dilma Rousseff nasceu em família abastada, mas também venceu os preconceitos ideológicos e chegou a atingir índices de popularidade superiores a 70%. Mesmo que o PT concorde com a leitura de Haddad, é prudente não cutucar a onça com vara curta. Em pouco mais de um ano, será aberta a nova temporada de busca de votos e não é hora de provocar atritos. E muito menos de tomar pelo todo a ação de grupos isolados. Um dos que chamam atenção - e se enquadram à teoria do prefeito -é o tal do Black Blocs, que tem atacado a polícia com coquetéis molo-tov. Na internet, seus integrantes dizem que se inspiram no anarquista Malatesta e no jacobino Jean-Paul Marat. Um dos líderes aparece de camisa polo Ralph Laurent, tomando chope no principado de Mônaco. Certamente, o jovem ativista de classe média não sobreviveria ao crivo radical de Marat, o amigo do povo. Iria para a guilhotina.
Diário Comércio Indústria&Serviços - DCI (SP): Morte de jovens no Brasil gera "custo" anual de R$ 79 bi A alta taxa de mortalidade de jovens no Brasil gera um "custo" anual de R$ 79 bilhões ao País, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresentado na sexta-feira passada. De acordo com a pesquisa "Custo da Juventude Perdida no Brasil", o valor representa 1,5% do PIB nacional, e tem por base dados sobre mais de 1,9 milhão de jovens vítimas de morte violenta (homicídios, acidentes e suicídio) entre 1996 e 2010. O autor do estudo e pesquisador do Ipea Daniel Cerqueira esclareceu que os valores obtidos não significam dispêndio direto do governo ou perda de arrecadação e produtividade econômica com a morte precoce dos jovens. "O cálculo utiliza uma metodologia referente ao custo do bem-estar social. Ou seja, o quanto a sociedade percebe que custa a alta taxa de mortalidade letal no País", afirmou. A análise utiliza dados do Ministério da Saúde para especificar as causas da violência, o perfil das vítimas e os estados mais atingidos. Entre as vítimas de homicídio, o perfil é de pretos e pardos, com idades entre 15 e 29 anos. Já para os acidentes e suicídios, os jovens brancos são as principais vítimas. Pelo levantamento, Alagoas, Espírito Santo e Bahia, que possuem as maiores taxas de violência letal entre jovens, são os mais afetados. O presidente do Ipea e ministro-chefe interino de Assuntos Estratégicos, Marcelo Nery, afirmou, durante a apresentação, que "a juventude representa muitos oportunidades e riscos que precisam ser compreendidos para gerar uma política mais efetiva".
O Globo (RJ): Momento é propício para mudanças, diz técnico do governo Por Gabriela Valente Nos quadros de funcionários públicos federais, há especialistas em um tipo de planejamento sofisticado, criado no Chile, que leva em consideração o jogo político para definir os rumos do país. Renomados, esses servidores brasileiros dão cursos sobre o assunto para técnicos de governos de outros países. Muito difundido entre os profissionais, o conceito de Planejamento Estratégico Situacional (PES) foi usado inclusive pela ministra Miriam Belchior em sua tese de mestrado. No entanto, ninguém convenceu a presidente Dilma Rousseff a adotar a metodologia. No PES, as ações são concebidas para resolver grandes problemas. Um exemplo é o desemprego. Para diminuir a taxa, ações podem ser desenvolvidas por vários ministérios em conjunto: Trabalho, Educação, Saúde e Desenvolvimento. Com esforços concentrados, o dinheiro público seria poupado. A metodologia leva em consideração os interesses diversos dos "atores sociais" no jogo político. Mapear as vontades dos partidos, do Congresso, movimentos sociais e da sociedade facilitaria a vida do governo na hora de planejar. Ronaldo Coutinho Garcia, um dos maiores especialistas no assunto no Brasil, está nos quadros do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Trabalhou diretamente com o autor do PES, Carlos Matus, ministro da Fazenda no governo de Salvador Allende. Garcia diz que é injustiça falar que o planejamento acabou no Brasil e destaca algumas iniciativas consideradas exitosas. Cita a distribuição dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia pelo país. Segundo ele, a instalação de cada um foi milimetricamente arquitetada para desenvolver regiões pobres. Esperançoso, analisa o movimento que tomou as ruas em junho. Acredita que nenhum programa de governo será o mesmo a partir de agora. E aposta que o momento é propício para um redesenho do projeto de país e que o planejamento entrará em alta na cotação dos políticos. - Eu acredito que estamos prestes a uma revolução. Nunca houve tantos cidadãos no país que pedem basicamente melhores serviços públicos. O Brasil tem pressa, mas não estava preparado para correr. Agora, está adquirindo condicionamento - afirmou. Segundo ele, o debate sobre um novo projeto passará por uma rediscussão do pacto federativo. Sem isso, não há como dar instrumentos para o poder público resolver problemas básicos, principalmente em pequenas cidades. Garcia vislumbra que uma das saídas seria o modelo alemão, mas com ajustes. Lá, as regiões são subdivididas e as autoridades são responsáveis por áreas metropolitanas e têm melhores resultados.
Assista à íntegra do seminário “Juventude e Risco: Perdas e Ganhos Sociais na Crista da População Jovem”
O Globo (RJ): Com retomada da alta dos juros, economistas questionam legado do governo Dilma Por Clarice Spitz e Roberta Scrivano Na véspera do dia 1º de maio de 2012, a presidente Dilma Rousseff foi à TV para anunciar a batalha contra os juros altos, na época em 9% ao ano. Usou palavras duras para criticar os bancos, e sua determinação foi motivo de elogios entre aliados. Pouco mais de um ano depois, o cenário mudou. A inflação disseminada e resistente - que já superou o teto da meta de 6,5% duas vezes neste ano - levou o Banco Central a iniciar um ciclo de alta dos juros com três aumentos seguidos na Selic. E a maioria do mercado já aposta que a taxa encerrará 2013 a 9,25% ao ano. Economistas ouvidos pelo GLOBO afirmam que a bandeira dos juros baixos não foi a única promessa a ficar para trás. Eleita com uma campanha focada no perfil de de gestora eficiente, a presidente se tornou alvo da cobrança por resultados. Os investimentos não deslancharam apesar dos incentivos tributários à indústria. A taxa de investimento considerada ótima pelo próprio governo, de 24% a 25% do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos no país) não foi alcançada. No primeiro trimestre deste ano ficou em 18,4% do PIB. Métodos heterodoxos nas contas públicas - a contabilidade criativa - foram um dos principais fatores que levaram a agência de classificação de risco Standard & Poor's a ameaçar rebaixar o rating do Brasil, com uma perspectiva negativa. O avanço da inflação, que nos 12 meses encerrados em junho chega a 6,7%, e a acomodação do mercado de trabalho têm feito a renda do trabalhador crescer cada vez menos. Diagnóstico falho Mesmo economistas que destacam a importância da queda dos juros promovida nos dois primeiros anos de governo afirmam que Dilma não foi capaz de impulsionar o investimento: - Ela fez um grande esforço, mas não conseguiu reativar a taxa de investimento no Brasil - afirma o economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES. Para Felipe Salto, analista da Tendências Consultoria, faltou planejamento: - O governo quis baixar os juros na marra, mas o problema era de confiança, ou seja, de incluir a iniciativa privada nas discussões de investimento. O economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, tem avaliação similar e aponta o diagnóstico equivocado do governo quanto ao cenário macroeconômico como um dos principais responsáveis pelo pessimismo na economia. Analistas de mercado esperam que o país cresça apenas 2,34% este ano, e as previsões para o próximo ano já apontam uma expansão inferior a 3%. - Ela conseguiu baixar os juros e subir com a inflação. Faltou um diagnóstico claro a respeito do cenário macroeconômico, que o limite de crescimento estava no lado da oferta. Um dos efeitos indesejados da redução dos juros foi a volta da inflação a níveis que ultrapassam o teto da meta. No dia 8 de março deste ano, Dilma voltou à TV para anunciar a desoneração da cesta básica. A medida, de amplo apelo popular, não surtiu o efeito esperado. O governo dava como certo que a inflação de alimentos, que estava no patamar de dois dígitos, cairia imediatamente. Só começou a ceder em maio, depois de subir 13,99% até abril e consagrar o tomate como vilão da alta de preços. Contabilidade criativa Os problemas de gestão não se restringem aos índices de preços. Um dos pontos mais sensíveis na avaliação de especialistas é a gestão das contas públicas. Parte dos economistas afirma que o governo só será capaz de cumprir a meta de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de 2,3% do PIB, com o auxílio de manobras contábeis. - Com a contabilidade criativa, qualquer superávit primário pode ser alcançado. A imagem que esse governo tem deixado é justamente a da falta de gestão e da desestruturação do sistema tributário - explicou Fernando Zilveti, professor de direito tributário da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Até mesmo a melhoria da infraestrutura, uma das principais promessas de Dilma, foi alvo de estratégias consideradas equivocadas pelos especialistas. Além de alterar alguns dos principais marcos regulatórios do país - o que tradicionalmente tem efeito negativo sobre os investidores - os projetos contam com atrasos significativos. Entre eles, a concessão de ferrovias, rodovias e energia elétrica. Especialistas em infraestrutura têm dificuldade em apontar projetos prontos ao longo dos dois anos e meio do governo. Fernando Heil Martins, sócio da consultoria Bain&Company, lembra da concessão dos aeroportos de Viracopos (Campinas), Guarulhos (SP) e Brasília. - Essas concessões foram feitas em tempo recorde. Isso foi bom, mas ocorreu também por conta de uma pressão de prazos por conta da Copa do Mundo. Vamos ver se as concessões de Galeão (RJ) e Confins (MG) sairão. Aí sim poderemos colocar isso como um feito do governo - pontuou. As críticas incluem até mesmo o perfil de atuação da presidente, considerada excessivamente centralizadora. Além disso, a comunicação com o mercado também necessita de ajustes, segundo os analistas. - O governo se comunica muito mal. Há excessos de interlocutores e não há uma mensagem clara. A falta de confiança dos empresários se deve a erros na condução da política fiscal e econômica, como as manobras contábeis para se alcançar o superávit fiscal - afirma Antônio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP. Redução da pobreza O professor da FEA-USP Paulo Roberto Feldmann considera pouco moderno o modelo de administração do governo Dilma, com seus 39 ministérios: - Falta nesse governo uma reforma administrativa para agilidade e eficiência. Enxugar os ministérios e as estatais indicaria que o governo está comprometido com a modernidade, com o combate à inflação e com as metas do primário - afirma. O ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e presidente do Ipea, Marcelo Néri, defende que o governo Dilma seja lembrado pelos ganhos trabalhistas e pelo aumento de renda. Segundo ele, de 2003 a 2011 a pobreza caiu 57,8%, e a renda dos 10% mais pobres avançou 768% em termos reais per capita. O economista reconhece, no entanto, que a inflação e o pleno emprego têm afetado o ritmo de ganhos em 2013. Enquanto a renda média per capita real subiu 5,1% em 2012, em maio deste ano, avança 3,12%, nos últimos 12 meses. - Ela mostrou foco e determinação no combate à pobreza. Hoje a economia está com nível próximo ao pleno emprego. Houve um repique da inflação e ela aumentar é um problema, mas os ganhos salariais superam o aumento do custo de vida - disse.

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