O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras
Facebook Facebook Twitter LinkedIn Youtube Flickr SoundCloud

Resultados 17981 - 18000 de 21966

O Globo (RJ): Avanços na educação puxam melhora dos municípios no país Por Cristiane Bonfanti, Demétrio Weber, Clarice Spitz e João Filipe Passos No quesito, salto foi de 128%, contra avanço médio de 47%. Mas indicador ainda está aquém de renda e saúde BRASÍLIA E RIO Em duas décadas, o Brasil deu um salto no seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). O indicador saiu de muito baixo, com 0,493, para alto, com 0,727. Foi uma melhora de 47,5%, puxada principalmente pela educação. Em 1991, o indicador de educação era de apenas 0,279 e, em 2010, subiu para 0,637, num salto de 128,3%. Mas, se a escolaridade de crianças, jovens e adultos foi o aspecto do desenvolvimento humano brasileiro com maior avanço, é também o quesito no qual o Brasil, hoje, ainda enfrenta seus maiores desafios: é mais baixo que renda e longevidade. Na escala de 0 a 1, em que 1 corresponde ao maior desenvolvimento humano possível, a educação recebeu 0,637, pontuação classificada como de médio desenvolvimento. Já a renda mensal per capita (R$ 793,87) ficou um degrau acima, com 0,739, na faixa de alto desenvolvimento. O melhor desempenho foi no indicador de longevidade (73,9 anos), que recebeu nota 0,816, considerada de desenvolvimento humano muito alto. O presidente do Ipea e ministro-interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, destacou avanços na redução da mortalidade infantil, que aumentaram a longevidade dos brasileiros, e na educação, embora reconheça que seria possível fazer mais em menos tempo. - Na educação, a gente parte de uma base muito baixa - reconhece. O representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil, Jorge Chediek, lembrou que as crianças e os jovens brasileiros que não frequentavam a escola em décadas anteriores são hoje os adultos que não completaram o ensino fundamental. Ele elogiou, porém, os avanços do país: - O Brasil tem mostrado ao mundo que é possível, em pouco tempo, mudar a situação de um país -disse Chediek. Em sua edição de 2010, o IDHM adotou uma nova metodologia para a área de educação, mais rigorosa. Antes, por exemplo, o IDHM analisava o percentual de jovens e adultos alfabetizados. Agora, o olhar voltou-se para a população de 18 anos ou mais que completou o ensino fundamental. As taxas de frequência escolar deram lugar a uma análise que considera se crianças e jovens completaram a escola ou estão na série adequada à idade, isto é, sem atraso. O levantamento não considera, no entanto, as matrículas em creches, um dos calcanhares de Aquiles da política educacional brasileira. O coordenador do Atlas pelo ipea, Marco Aurélio Costa, defendeu a adoção de critérios mais rigorosos na educação, sob pena de que o indicador no formato antigo perdesse a capacidade de captar diferenças entre os municípios: - A escolha por uma métrica mais rigorosa foi apropriada. A gente não estava bem na fita e ainda não está. Mas avançamos muito nesses últimos 20 anos - disse Marco Aurélio. Qualidade ruim não aparece na estatística A diretora-executiva do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, disse que o avanço na educação ocorreu sobretudo pelo aumento de matrículas. Para ela, porém, falta qualidade: - O Brasil avançou muito na universalização ao acesso. Agora, é preciso universalizar a aprendizagem - disse Priscila. Pesquisador do Iets-Rio, Simon Schwartzman, também chama atenção para o fato de o índice não medir a qualidade da educação. Ele considera que a mudança na metodologia com a verificação da idade e da série que o estudante está cursando como positiva, mas que ainda é limitado. No geral, o Brasil teve o crescimento e isso afetou a economia como um todo, reduziu a desigualdade, melhorou o acesso à educação. Mas faltam dados sobre a qualidade da educação - critica. A melhora da saúde no IDHM do Brasil, medida pela longevidade, reflete a queda da mortalidade infantil e da fecundidade no país. O IDHM Longevidade passou de 0,662 para 0,816 em duas décadas, quando a esperança de vida ao nascer avançou de 64,7 anos para 73,9 anos. No caso do IDHM Renda, houve acréscimo de 14,2%. Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a queda da taxa de mortalidade, que influenciou positivamente o IDHM, está relacionada aos programas na área da Saúde Básica. Ele lembrou: "Tivemos a ampliação do atendimento no país e aumento da oferta de vacinas na rede pública".
O Estado de S. Paulo (SP): Críticas contra Joaquim Barbosa  Além do patrulhamento político que vem sofrendo por parte dos envolvidos no escândalo do mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, passou a ser tratado de forma desabrida por entidades de juízes e até por parlamentares, por causa de sua oposição à instalação de quatro novos Tribunais Regionais Federais (TRFs). A criação das quatro cortes foi autorizada pela Emenda Constitucional (EC) n.º 73, mas o ministro alegou que elas são desnecessárias e, acolhendo um recurso da Associação Nacional de Procuradores Federais, concedeu liminar suspendendo a instalação de todas elas. A associação de procuradores questionou a constitucionalidade da EC 73, alegando que, pela Carta Magna, mudanças na estrutura administrativa do Poder Judiciário só podem ser propostas pela cúpula da instituição e não pelo Legislativo, como foi o caso do projeto que resultou na EC 73. A criação de quatro TRFs também tem a oposição do Executivo, que teme os gastos perdulários da Justiça Federal com a construção de sedes suntuosas e contratação indiscriminada de servidores. Recentemente, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou levantamento que mostra que existem alternativas mais baratas e eficientes para a expansão da segunda instância da Justiça Federal e demonstra, com números, que os desembargadores de um dos TRFs ficarão sem ter o que fazer, por falta de demanda. Desde que concedeu a liminar, o presidente do Supremo vem sendo duramente criticado pelo vice-presidente da Câmara dos Deputados, deputado André Vargas (PT-PR). Um dos principais defensores da EC 73, uma vez que ela cria um TRF em seu Estado, Vargas disse que Joaquim Barbosa não sabe travar "diálogos inteligentes", por ter "problemas psicológicos". Segundo o parlamentar, "interpretar a opinião do ministro é um problema mais psicológico do que político ou operacional". Mais descorteses ainda foram as associações de juízes que defendem a EC 73. Elas alegaram que, por ter criticado a aprovação da EC 73, o presidente do Supremo não teria isenção para conceder a liminar pedida pela Associação Nacional dos Procuradores Federais. E, numa tentativa de constranger o ministro Joaquim Barbosa, as associações de juízes decidiram consultar o Conselho Nacional de Justiça, por ele presidido, se magistrados podem ser diretores ou proprietários de empresas no exterior e usá-las para adquirir imóvel em outros países. O motivo dessa iniciativa é uma informação divulgada pela imprensa de que Joaquim Barbosa teria, no ano passado, constituído uma empresa na Flórida para adquirir um apartamento de 73 metros quadrados em Miami, gozando dos benefícios fiscais que o governo local concede a pessoas jurídicas. O imóvel teria sido adquirido por um valor entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão e o ministro teria utilizado o dinheiro que recebeu a título de pagamentos e vantagens funcionais extraordinárias pagas aos ministros dos tribunais superiores. Joaquim Barbosa alegou que adquiriu o apartamento "em conformidade com a legislação americana" e afirmou que a constituição da empresa - uma prática comum nos Estados Unidos - foi recomendada por seu advogado. A publicação dessa notícia às vésperas da retomada do caso do mensalão não foi gratuita. "Acredito que um magistrado não pode ser diretor de empresa e um ministro do Supremo é magistrado", diz o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo. Apesar da conhecida incontinência verbal do ministro Joaquim Barbosa, que muitas vezes faz críticas desnecessariamente rudes a jornalistas, políticos e magistrados, não há nada que o desabone em sua conduta pública. O que causa estranheza são os expedientes das associações de juízes, que parecem ter perdido a compostura na defesa de interesses políticos e corporativos.
Portal GCN.net: A volta do pesadelo  O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano) dos municípios brasileiros subiu 47,5% em duas décadas. Deixou de ser muito baixo para ser considerado alto. É calculado em três quesitos, a renda da população, a longevidade e a educação. Sem surpresa alguma, a educação ainda vai mal e é considerada nível médio, principal responsável pela baixa nota de muitos municípios. A pesquisa da ONU conta com apoio do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada), ligado à Presidência da República, e da Fundação João Pinheiro, do governo mineiro. Cada índice dos três indicadores sociais, podem variar de 0 (pior) a 1 (melhor). O relatório é de 2013, mas considera os dados dos censos de 1991, 2000 e 2010. O Brasil melhorou muito, há que se reconhecer, em 1991, 85,8% dos municípios tinham um IDHM muito baixo, em 2010, só 0,6%. O IDHM brasileiro era de 0,493 em 1991 (muito baixo), subiu para 0,612 (médio), ou 24,1%, durante a 'era FHC' em 2000. Em 2010, na 'era Lula', alcançou a marca de 0,727, ou 18,7%, considerado alto. Parece que FHC fez mais para os brasileiros... Ao observarmos a longa tabela com os 5565 municípios brasileiros, notamos algumas preciosidades. Entre as dez melhores cidades, três são do Estado de São Paulo, seguidas por três do Estado de Santa Catarina. Entre os 20 melhores, 11 são de SP, os mesmos 3 de Santa Catarina e 2 de Minas Gerais. Já entre os 50 melhores, 27 são de SP e 11 de Santa Catarina. O resto está pulverizado. Disso, pode-se observar que São Paulo faz mais pelo cidadão. Não seria o caso de observar como o governo do Estado tem gastado o erário, comparando com o governo federal? Não esqueçamos que quase a metade do que arrecada a Federação, vem de São Paulo... O IDHM mais alto é o da longevidade (expectativa de vida ao nascer), de 0,816. Depois temos o IDHM-Renda (renda mensal per capita), de 0,739. E o pior valor é o IDHM-Educação, com 0,637. Cerca de 30% das cidades têm nota considerada muito baixa em educação. E só cinco cidades têm índice considerado muito alto. Três delas são de São Paulo... Observando a tabela, vemos uma enorme disparidade entre as 'notas' em Longevidade e Renda contra a Educação. Os meus ex-companheiros do PT deveriam fazer uma reflexão. Isso me lembra estudo do Ipea, feito em duas avaliações internacionais de desempenho, nas quais se apontou que os países com melhores notas adotavam o sistema de ciclos, e não a repetência por séries. E a diferença chega a ser de até 20 pontos a mais. em favor da progressão continuada pura. A repetência é adotada pelos países menos desenvolvidos e com os piores desempenhos, como Indonésia, Líbano e Filipinas. A única exceção é a Bélgica, que ocupa uma boa posição. Os países melhores posicionados como Japão, Suécia e Coréia praticam a progressão continuada em todo o ensino fundamental, sem reprovação em qualquer série desse ciclo. Já os países que ocupam posições intermediárias na pontuação admitem reprovar alunos no final dos ciclos, a cada quatro anos. Isso deveria ser suficiente para que governantes, deputados e senadores adotassem a progressão como meta.
O Globo (RJ): Negócios & Cia :: Salto em Educação pode melhorar mão de obra Por Flávia Oliveira Pesquisa sobre Índice de Desenvolvimento Humano deve auxiliar empresas a definir onde investir no país O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), apurado por Pnud (ONU), ipea e FJP, registra salto de 47,5% do país num par de décadas. A educação, dentre os três componentes do Mapa Brasil 2013, foi o de maior expansão. Avançou 128,3%, para 0,637, entre 1991 e 2010. É patamar médio. Para o empresariado, contudo, pode sinalizar melhora na qualidade da mão de obra. "O avanço em educação tem impacto direto no aumento da renda do brasileiro. Mas para melhora da força de trabalho, a qualidade do ensino será decisiva. Isso demanda tempo e investimento", comenta Marcelo Neri, presidente do Ipea. No curto prazo, o Mapa Brasil pode funcionar como guia para investimentos no país. "A leitura demográfica da pesquisa serve como guia para definir onde instalar negócios. Basta cruzar com dados da Educação", destaca Neri. O setor produtivo já se organiza para elevar a qualificação da mão de obra em vias de entrar no mercado ou já empregada. A CNI discute projeto de formação de trabalhadores para a indústria. Lança, em outubro, cursos de capacitação para jovens de 18 a 24 anos e trabalhadores do setor. Investimento As estatais federais investiram R$ 46,5 bilhões no 1º semestre do ano, o equivalente a 42% do orçamento autorizado (R$ 110,8 bilhões). É o melhor na série histórica dos últimos 13 anos, segundo o Ministério do Planejamento. Em junho, a execução acumulada em 12 meses bateu R$ 102,5 bilhões.
O Globo (RJ): IDH: Rio muito longe dos melhores no país Por Clarice Spitz, Nice de Paula, Cristiane Bonfanti e Demétrio Weber No Rio, de 92 municípios, 63 tiveram índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média nacional. Apesar de ter o segundo PIB do país, o estado é o quarto em bem-estar. Já a capital está em 45º lugar no ranking das Nações Unidas. Com isso, fica de fora da "elite" dos municípios, de muito alto desenvolvimento. Nesse seleto grupo está apenas Niterói, em sétimo lugar. O governador Sérgio Cabral disse que, com os investimentos que o estado está recebendo, o IDH deve subir. No Brasil, a educação deu o maior salto, mas está abaixo de renda e saúde Rio fora da elite do IDH Capital está em 45º lugar, e estado tem 63 cidades com índice abaixo da média do país Rio e Brasília Os avanços na qualidade de vida dos brasileiros nos últimos 20 anos foram acompanhados a passos mais lentos pelo Estado do Rio, mostra o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, lançado ontem, em Brasília. A capital fluminense, que em 1991 aparecia como um dos dez maiores Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do país, agora está no 45º lugar. A exemplo do IDH nacional, o IDHM mede a qualidade de vida da população a partir dos critérios de renda, saúde e educação. Apesar do Estado do Rio ter a segunda maior economia do Brasil, perdendo apenas para São Paulo, dos 92 municípios fluminenses, 63 tinham IDHM inferior à média nacional, de 0,727 (o índice varia entre zero e um e, quanto mais perto de um, melhor), em 2010. Produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro, o atlas utiliza dados dos censos do IBGE de 1991, 2000 e 2010. Ao lançar a publicação, o presidente do ipea e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, destacou que o quadro do Brasil é desafiador. Ele disse que a fotografia ainda é ruim, mas o filme aponta avanços. O ministro ressaltou que, nos últimos dois anos, os indicadores sociais e do trabalho seguem avançando. Segundo ele, programas de transferência de renda, como Bolsa Família, tiveram apenas um papel de coadjuvante na melhoria da renda e do IDHM como um todo. - Eu daria um Oscar de ator coadjuvante para o Bolsa Família - disse Neri. - Estamos num momento crítico de mudanças. Acho que o Brasil, o chamado das ruas, nos pede respostas. E acho que esse trabalho identifica lugares. A resposta para o Brasil não é uma só. No mapa do desenvolvimento humano brasileiro, o Rio aparece em quarto entre os estados brasileiros, atrás de Distrito Federal, São Paulo e Santa Catarina. A capital fluminense, que já teve o nono melhor IDHM do país, caiu para a posição 61 em 2000 e, agora, está em 45. Para o economista Leonardo Muls, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFF), a posição do Rio no ranking surpreende negativamente, mas ajuda a entender os protestos que têm varrido as ruas da cidade. - O IDH mede o bem-estar da população, que significa qualidade de transportes, educação, segurança. Esse indicador diz que a gente está muito aquém do que deveria e os protestos, também. A impressão é que existe um discurso oficial se vangloriando de ter atraído investimentos, de sediar grandes eventos, mas no dia a a dia da população as carências estão aí - diz. Para o professor da UFF, o Rio sofre principalmente pela falta de planejamento de longo prazo, capaz de desenvolver a economia para não deixar o estado tão dependente dos recursos do petróleo. Mesmo cidades que recebem elevados royalties do petróleo, como Campos dos Goytacazes e Quissamã, têm IDHM inferior à média do Brasil. Especialista em economia fluminense, Mauro Osório, acha que, no caso da capital, a desigualdade elevada dificulta o desenvolvimento humano. - Enquanto 22% da população vivem em favelas, em São Paulo são 11,42% e Belo Horizonte, 12,96% - afirma. Em nota, o governador do Rio, Sérgio Cabral, destacou os investimentos que o estado tem atraído: "O Rio nesses últimos sete anos vem fazendo um grande esforço em busca do tempo perdido. Foram décadas de ausência de investimentos na educação, na saúde, no saneamento, na infraestrutura. Tenho certeza de que com o Rio de Janeiro tendo hoje o maior volume de investimentos públicos e privados do Brasil, inclusive na infraestrutura e nos serviços públicos essenciais para a população, o nosso IDH nas próximas avaliações certamente estará em melhor posição", afirmou. Procurado, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, não respondeu o pedido para comentar os resultados dos IDH. No estado, somente Niterói tem índice de desenvolvimento considerado muito alto. No país, são 44 municípios nesta situação. A cidade de Niterói, no entanto, caiu duas posições no ranking nacional na última década. Em 2010, aparece em sétimo lugar geral e tem a segunda maior renda do país. Em 1991, era a terceira no ranking de todos os 5.565 municípios do país. O estado não tem municípios classificados como de desenvolvimento baixo ou muito baixo. - Ficamos orgulhosos com a posição de Niterói. É uma população com escolaridade maior que a média do Rio e um capital humano extraordinário. Entretanto, nos anos recentes, a cidade observou ausência de ações do poder público municipal. Estamos melhorando o plano estratégico para recuperar as posições que a cidade perdeu - diz Rodrigo Neves, prefeito de Niterói. Camila Alves da Silva mora em São Gonçalo. Aos 17 anos, cursa o segundo ano do ensino médio e já superou a mãe, que só conseguiu concluir o ensino fundamental. Decepcionada com a falta de estrutura e professores da escola pública, resolveu se matricular num colégio particular e ontem tirou sua primeira carteira de trabalho. - Eu estou querendo ver esse negócio do Jovem Aprendiz e começar a trabalhar agora, para ter meu próprio dinheiro e futuramente poder pagar minha faculdade - planeja a jovem, que sonha em estudar Gastronomia.
O Globo (RJ): Em 44 municípios, classificação foi de 'muito alto desenvolvimento' Por Clarice Spitz, Letícia Lins e Victor Furtado Em 2000, só um ficou no topo. Desigualdades regionais são reduzidas RIO, RECIFE e BELÉM O retrato da última década foi de melhora para a maior parte dos 5.565 municípios do país. O incremento da renda com a política de valorização do salário mínimo e programas de transferência de renda nos anos 2000 se refletiu no avanço de indicadores. Em 2000, apenas São Caetano do Sul, no ABC paulista, era classificado entre os municípios com muito alto índice de desenvolvimento humano. Em 1991, não havia nenhum. Hoje, são 44 municípios no topo da classificação de bem-estar. Uma análise da parte inferior do ranking também revela evolução. Em 1991, 85,8% dos municípios faziam parte do grupo de muito baixo desenvolvimento humano. Em 2000, o percentual caiu para 70% e, em 2010, para 0,57%, ou 32 municípios. As desigualdades regionais diminuíram. A diferença entre o mais alto e o mais baixo IDHM caiu de 0,612, em 2000, para 0,444 em 2010. Segundo o ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência e presidente do Ipea, Marcelo Neri, os municípios com mais baixo IDH avançaram mais. - Fizemos a estabilização da economia, botamos crianças na escola e, na década passada, tivemos aumento da renda e do emprego com carteira e melhorias na saúde. Existem desigualdades que persistem, mas é impressionante a velocidade do avanço. A desigualdade é muito grande entre os municípios, mas o filme nos últimos anos foi de melhora. Índices de Zimbábue e Etiópia A 375 quilômetros da capital pernambucano, em uma das regiões mais pobres do estado, no sertão do Moxotó, Manari está entre os 20 menores IDHM do país. - Eu tinha vergonha de ser manariense, mas agora bato no peito para dizer que tenho orgulho de ser daqui - afirma a agricultora e recepcionista do Conselho Tutelar de Manari, Benedita Nivalda de Araújo. A euforia tem razão de ser: a cidade ficou conhecida, há uma década, por ter o pior IDH do país. Não havia água encanada nem esgoto, a escola era de péssima qualidade e, os agricultores matavam a fome com timbus, tatus, lagartos e preás. Hoje Manari tem água encanada, a área urbana começa a ter esgoto, e somam seis mil as crianças nas escolas. Já Melgaço, na ilha de Marajó, no Pará, não tem motivos para comemorar. A 290 quilômetros de Belém, tem o pior IDHM, de 0,418. Seus indicadores semelhantes aos de cidades de Zimbábue e Etiópia. Metade da população é analfabeta e 48,59% vivem na linha da pobreza (renda de até R$ 70 por pessoa). O município vive de turismo e agropecuária. O acesso é por via fluvial ou aérea. O diretor executivo da Federação dos Municípios do Estado do Pará (Famep), economista Josenir Nascimento, aponta atrasos de políticas públicas com a troca de prefeitos no último mandato. - No Pará, Marajó deveria ser prioridade zero - diz Nascimento, para quem a primeira medida seria investir nos ensinos primário e o secundário. - Dos 50 piores IDHs, o Pará tem 14 e só três não são do Marajó. O Pará é um estado rico, mas com povo pobre. E isso é mais acentuado em Marajó, não só em Melgaço. Nicho ecológico e destino turístico do país, Fernando de Noronha foi considerado o maior IDH do Nordeste. Segundo o administrador geral do arquipélago, Romeu Batista, Noronha hoje tem 90% do seu território com saneamento. Mas ainda enfrenta racionamento de água a cada três dias. E ostenta outro problema sério: o déficit de habitação. - O emprego é alto por causa do ambiente econômico voltado ao turismo. Como a ilha é de difícil acesso ou de fuga complicada, também não há violência. Além disso, o governo do estado investiu muito nos três últimos anos em saúde e educação - diz. Ailton Araújo Júnior, membro do Conselho Distrital de Noronha, destaca problemas que o indicador não considera, como os elevados gastos com alimentos. - Tudo aqui é caríssimo. Uma garrafa de água de 20 litros, que custa R$ 5 em Recife, sai a R$22. Comida é caríssima, devido às despesas de frete. Ganha-se bem, mas gasta-se três a quatro vezes mais do que em Recife. Entre as unidades da federação, o Distrito Federal apresentou o maior IDHM (de 0,824) e foi a única localidade com "muito alto desenvolvimento humano". Em segundo lugar, ficaram São Paulo e Santa Catarina, com "alto desenvolvimento humano". Alagoas e Maranhão são os estados com menor desenvolvimento.
O Estado de S. Paulo (SP): IDHM avança 47%, mas ‘freia’ na Educação Em 20 anos, o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios brasileiros (IDHM) avançou 47,8%. De um País dominado por municípios que não conseguiam nem mesmo alcançar um desenvolvimento médio - mais de 80% eram classificados, em 1991, como muito baixo -o Brasil hoje chegou a 1/3 altamente desenvolvido. As boas notícias, no entanto, poderiam ter sido ainda melhores se o País tivesse começado a resolver antes o seu maior gargalo, a Educação. Dos três índices que compõe o IDHM, é esse que puxa a maior parte dos municípios para baixo. Apesar de um avanço de 128%, o IDHM de Educação continua sendo apenas médio. O avanço é inegável. O mapa da evolução dos IDHMs mostra que, em 1991, quando o índice foi publicado pela primeira vez, o Brasil não apenas tinha um perfil muito ruim, era também extremamente desigual, com as poucas cidades mais desenvolvidas concentradas totalmente no Sul e Sudeste. Os dados deste ano mostram que os mais pobres conseguiram avançar mais.Estão nas Regiões Norte e Nordeste as cidades que tiveram o maior crescimento do IDH- como Mateiros (TO), que alcançou 0,607, um IDH médio, mas 0,326 pontos maior do que há 20 anos. É na Educação que as disparidades mostram sua força. Apenas cinco cidades alcançaram um IDHM acima de 0,800, muito alto, em Educação. Nenhum dos Estados chegou lá. Os melhores, Distrito Federal e São Paulo, foram classificados como Alto IDHM. Mais de 90% dos municípios do Norte e Nordeste têm índices baixos ou muito baixos, enquanto no Sul e Sudeste mais da metade das cidades têm números nas faixas média e alta. A comparação entre Águas de São Pedro (SP), a cidade com melhor IDHM de Educação do País, e Melgaço (PA), com o pior IDHM, tanto geral quanto em Educação, é um exemplo dos extremos do País. Em Melgaço, a 290 quilômetros de Belém, chega-se apenas de helicóptero ou barco, em uma viagem que pode durar 8 horas. Dos seus 24 mil habitantes, apenas 12,3% dos adultos têm o ensino fundamental completo. Entre crianças de 5 e 6 anos, 59% estão na escola, mas só 5% dos jovens de 18 a 20 anos completaram o ensino médio. Águas de São Pedro, a 187 quilômetros da capital paulista, tem 100% das crianças na escola e 75% dos jovens terminaram o ensino médio. Em 1991, mesmo considerando os critérios educacionais mais rígidos do IDHM atuais, o município já era o 12.0 melhor do País. Melgaço, era o 97.° pior, o que mostra que melhorou menos do que poderia. A Educação é onde os municípios brasileiros estão mais longe de alcançar o IDH absoluto, 1. Os números mostram que o País melhorou mais no fluxo escolar - mais crianças estão na escola e na idade correta -, mas mantém um estoque alto de adultos com escolaridade baixa e, mais grave, parece ainda estar criando jovens sem estudo. A população de crianças de5e 6 anos que frequentam a escola atinge mais de 90%. Entre os jovens de 15 a 17 anos, apenas 57% completaram o ensino fundamental. Entre 18 e 20,41% concluíram o ensino médio. Em 15% das cidades brasileiras menos de 20% da população terminou o ensino fundamental. Análises. "O que pesa mais é o estoque de pessoas com pouca formação na população adulta. Se você olhar com atenção, verá que nas pontas, acima dos 15 anos, os indicadores já não são tão bons quanto nos anos iniciais", disse Maria Luiza Marques, coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil pela Fundação João Pinheiro, uma das entidades organizadoras. O presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea),Marcelo Néri, considera o avanço na Educação "muito interessante". "A Educação é a mãe de todas as políticas, mas é difícil de mudar, porque tem uma herança muito grande para resolver. A Educação é a base de tudo e hoje está no topo das prioridades. Mudou a cabeça dos brasileiros."
O Estado de S. Paulo (SP): Só violência reduz a longevidade nacional Por Lisandra Paraguassu / Brasília Melhora envolve diminuição da mortalidade infantil e queda na fecundidade. Existe uma área em que o Brasil conseguiu chegar ao desenvolvimento muito alto: a expectativa de vida. A cada ano, os brasileiros vivem mais, em todo o País. Dos 5.565 municípios brasileiros, 3.176 têm o IDHM Longevidade muito alto. Nenhuma cidade está na faixa “baixo” ou “muito baixo”. A diminuição significativa da mortalidade infantil e a queda na fecundidade são as causas do sucesso no índice. O avanço só não é ainda maior por uma razão: a violência, que se espalha das grandes metrópoles para as cidades pequenas e centra fogo especialmente nos jovens. Hoje, mais de 50% dos municípios brasileiros têm taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição da população. Somado a isso, quase 60% das cidades conseguiram baixar para menos de 19 por mil nascidos vivos a mortalidade infantil, meta que deveria ser atingida pelo País, de acordo com os Objetivos do Milênio, em 2015. A ameaça à expectativa de vida no Brasil hoje é menos o que ataca as crianças, e mais o que atinge os jovens: a violência. “Dificilmente vamos avançar tanto ainda na mortalidade infantil. Agora temos de enfrentar a agenda dos jovens. A violência ainda é uma fonte importante de mortes que pode gerar crescimento na expectativa de vida”, afirmou o presidente do ipea, Marcelo Nery. A expectativa de vida no Brasil hoje varia entre 65 anos, nas cidades de Cacimbas, na Paraíba, e Roteiro, em Alagoas, a 79 anos, nos municípios catarinenses de Balneário Camboriú, Blumenau, Brusque e Rio do Sul. Extermínio. O crescimento na expectativa de vida nos últimos dez anos - 46% no Brasil e 58% no Nordeste - poderia ser ainda maior se não fosse o impacto da violência entre osjovens. O Brasil tem uma alta taxa de mortes violentas na população em geral, mas a concentração das mortes entre jovens deixa o País na mesma linha de países que passam por guerras civis e outros conflitos violentos. De acordo com o último Mapa da Violência, preparado pelo sociólogo Julio Jacobo Waisel-fisz, a taxa chegou a 134 por 100 mil habitantes, mais do que o dobro do já alto índice da popu-laçao em geral, de 54 por 100 mil Nas palavras do autor, um extermínio juvenil. “Nós não teremos grandes impactos mais por tratamentos médicos. Mas uma criança que deixa de morrer em um ano dá um impacto gigantesco. Um jovem que deixa de morrer cria um impacto enorme”, avalia Marcelo Nery. Diferença em queda Desde 1991, a diferença de expectativa de vida entre as melhores cidades e as piores caiu de 20 anos para 14 anos, de acordo com os dados informados pelo Ipea.
O Estado de S. Paulo (SP): Paulista ganha 21 vezes mais que maranhense Renda per capita aumentou R$ 346 em 20 anos, mas desigualdade entre municípios se mantém. A renda per capita dos brasileiros aumentou R$ 346,31 entre 1991 e 2010. Hoje, o País tem um IDHM Renda alto, de 0,739, e um pouco menos desigual: 78% cresceram mais do que a média nacional. As diferenças, no entanto, são escancaradas quando se compara o município com maior IDHM Renda do País, São Caetano do Sul (SP), com o menor, Marajá do Sena (MA). Um morador da cidade paulista ganha, em um mês, 21 vezes o que recebe o maranhense. Concentração. Apesar do avanço das regiões mais pobres do País ser inegável, a concentração de renda no Sul e no Sudeste ainda é inegável: 60% das cidades sulistas têm IDHM Renda alto, enquanto no Nordeste 78% estão na faixa baixo. O Atlas mostra que, apesar de a renda no Norte e Nordeste ter crescido mais rapidamente, esse foi o índice em que as diferenças ainda se mantêm mais profundas. Em 2010, ano da coleta dos dados pelo Censo, quase 20% das cidades brasileiras tinha renda per capita inferior a um salário mínimo da época (R$ 510), valor já considerado renda baixa pelos critérios do governo. Apenas duas, São Caetano e Niterói, ultrapassavam R$ 2 mil de renda per capita. “Se a gente olhar esse período foi exatamente quando a desigualdade caiu. Ainda é muito grande, claro. Entre a melhor e a pior, à diferença é gigantesca. A fotografia do Brasil é muito desigual. Mas houve redução entre pior e melhor, isso éclaro”, analisou o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Néri. Sem espaços brancos. No mapa do Brasil é possível ver que os espaços brancos, dos municípios em que renda era quase uma palavra desconhecida, quase desapareceram, especialmente no Nordeste. São, hoje, apenas 132 os que têm, atualmente, IDHM Renda muito baixo. Eram 2.469 há 20 anos, espalhados do Rio Grande do Sul ao Amazonas. Das dez cidades onde a renda mais subiu, nove ficam no Nordeste e uma no Norte, no Tocantins. Nova Colinas, no sul do Maranhão, aumentou seu IDHM Renda em 120% desde 1991. Em Poço de José do Moura (PB), o crescimento foi de 117%. Todas as dez primeiras tinham índices considerados muito baixos em 1991. Apenas uma, Isaías Coelho, no Piauí, conseguiu alcançar um índice médio. / L.P.
O Estado de S. Paulo (SP): Subsídios a programas federais podem criar novo 'esqueleto' no Tesouro Por Aiko Otta / Brasília Restos a pagar. Segundo economista do ipea, pagamentos devidos pelo Tesouro em subsídios e subvenções que ficaram dos anos anteriores cresceram 48,6% desde o ano passado, e já chegam a R$ 15,9 bilhões; credores são principalmente o BNDES, a Caixa e o BB. O apoio financeiro federal a programas como o Minha Casa Minha Vida e os empréstimos a juros abaixo dos de mercado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode estar formando um novo "esqueleto" nas contas públicas, afirma o economista Mansueto Almeida? do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Isso porque o Tesouro Nacional tem de pagar aos bancos oficiais responsáveis por esses programas a diferença entre o juro cobrado dos tomadores e o custo de captação dos recursos, que correspondem aos subsídios. Porém, esses repasses estão sendo represados e transferidos de um ano para outro. "Para mim é um esqueleto, porque não conhecemos exatamente o montante, mas sabemos que é brutal", disse Almeida. "É uma conta grande que estão jogando para o futuro." Ele fez um levantamento no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), que é a base de dados onde são registrados todos os gastos do governo. Lá, constatou que há um estoque de R$ 15,9 bilhões em pagamentos devidos pelo Tesouro por conta de subsídios e subvenções inscritos em "restos a pagar". Isso significa que esses valores deveriam ter sido quitados em anos anteriores, mas não o foram e ficaram como pendência para 2013. Os números mostram também que o volume de "restos a pagar" de subsídios e subvenções aumentou 48,6% em comparação com 2012. Para o economista, isso é uma indicação de que a prática de adiar esses pagamentos está se intensificando. "Essa é uma conta que o Tesouro paga quando quer, porque os grandes credores são bancos oficiais", disse. Além do Minha Casa, Minha Vida e do Programa de Sustentação do investimento (PSI), do BNDES, há um volume grande de subsídios nos programas de financiamento rural do Banco do Brasil. Ontem, o BNDES também anunciou a redução nos juros do Programa Prorenova, destinado a empresas agrícolas que queiram renovar ou expandir canaviais. O juro foi para 5,5% ao ano, o que significa praticamente uma taxa negativa, já que a inflação vem rondando a casa dos 6%. O banco disse esperar encerrar o ano com uma carteira de R$ 3 bilhões em financiamentos. Adiamento. Há duas semanas, o governo anunciou um corte de R$ 10 bilhões em suas despesas deste ano, dos quais R$ 2,5 bilhões ocorrerão nos gastos com subsídios e subvenções. No entendimento de Almeida, não se trata de uma redução efetiva de despesas. Seria apenas um adiamento, como já vem ocorrendo. Pelos dados do Siafi, o Tesouro não pagou este ano nenhum centavo ao BNDES por conta dos subsídios gerados pelo PSI. Tampouco foram transferidos à Caixa valores referentes aos programas de habitação para famílias de baixa renda. O economista aponta ainda uma discrepância entre os dados do Siafi e as contas do próprio BNDES. O sistema mostra pagamentos pendentes de R$ 6,3 bilhões ao banco, mas este registrou em seu balanço que tem R$ 12 bilhões a receber do Tesouro Nacional. Almeida levanta a hipótese de o Tesouro não haver ainda contabilizado todo seu débito. Em dezembro, o Ministério da Fazenda baixou uma portaria pela qual, desde abril de 2012,os subsídios nas operações com o BNDES só serão devidos 24 meses após apurados. Ainda de acordo com Almeida, com a aproximação dos leilões de concessão em infraestrutura, a tendência é que a conta de subsídios dê um salto. Procurado, o Ministério da Fazenda não respondeu até o fechamento desta edição. / Colaborou Vinícius Neder
Estado de Minas (MG): Educação freia avanço Mesmo com a maior taxa de crescimento, o setor ainda trava o desenvolvimento do país. O desempenho de Minas Gerais no índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios reflete a realidade do Brasil pelas desigualdades regionais. Na comparação com longevidade e renda, a educação ainda deixa a desejar nos 5.565 municípios brasileiros, que registraram avanço de 47%, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e Fundação João Pinheiro (FJP). Educação ainda desafia o Brasil Brasília – Nos últimos 22 anos, o Brasil teve uma melhora significativa no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), que mede a qualidade de vida da população. Entre 1991 e 2010, o país saiu de um IDHM de 0,493 – considerado muito baixo – para 0,727 – alto –, um avanço de 47,5%. Três fatores compõem o índice: a expectativa de vida ao nascer, a renda per capita e o acesso ao conhecimento, que avalia a escolaridade dos adultos e o fluxo escolar dos jovens. Embora a educação tenha sido a variável que mais evoluiu no período (128%), ela continua a puxar o freio de mão do desenvolvimento nacional, sendo o único setor avaliado que ainda não atingiu um patamar considerado alto. O IDHM foi elaborado a partir de 180 indicadores levantados pelo Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e faz parte do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, publicado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e a Fundação João Pinheiro (FJP). O ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Especiais (SAE), Marcelo Neri, que também preside o ipea, destacou as mudanças de metodologia desta edição do IDHM. "Na década anterior, o índice media a alfabetização até os 15 anos e, agora, mede o ensino fundamental completo até 18 anos, por exemplo. Os protestos nas ruas mostram que se quer mais. Acho que o indicador (IDHM) coloca novos desafios para uma nova proposta de políticas públicas." Neri reconhece que, apesar das mudanças positivas, "a fotografia ainda é ruim", e que há muito a ser melhorado. O professor de economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP) Ernesto Lozardo destaca que a melhora nos indicadores é fruto do trabalho de governos anteriores. "O governo FHC criou as bases do crescimento ocorrido no governo Lula, que priorizou os projetos assistenciais, que ajudaram a melhorar a renda do brasileiro nas regiões mais pobres", afirmou. Para Lozardo, as melhorias nas condições de saneamento básico explicam, por exemplo, a redução da mortalidade infantil, que passou de 44,68 crianças mortas no primeiro ano de vida por grupo de mil, em 1991, para 16,7, em 2010. A evolução ajudou a elevar a esperança de vida ao nascer de 64,7 anos para 73,9 anos. No caso do rendimento dos brasileiros, houve um ganho de R$ 346,31 entre 1991e 2010, elevando a renda per capita para R$ 793,87. Apesar de ressaltar a evolução dos índices educacionais, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reconhece que velhos entraves precisam ser superados. Segundo ele, está sendo avaliada a redução do número de disciplinas no ensino médio, para enfrentar a evasão escolar. "O jovem, hoje, tem em torno de 13 disciplinas – alguns chegam a ter 19. É muita matéria. Se conseguirmos integrá-las, acho que teremos um melhor desempenho", disse Mercadante. O Brasil apresenta somente 41% dos jovens (entre 18 e 20 anos) com ensino médio completo. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, 40% não terminaram o ensino fundamental. A faixa etária de maior adesão escolar (91,1%) vai dos 5 aos 6 anos, o que não significa que o ensino seja melhor. Para Erasto Fortes, do Conselho Nacional de Educação (CNE), ainda levaremos muito tempo para ver mudanças significativas na educação. "A dívida social nessa área é tão grande que, por mais esforço que se faça, o resultado ainda é muito pequeno", avalia. Ele defende uma "postura mais firme" do governo para a área e cita o recente e polêmico Programa Mais Médicos. "Se oferecem R$ 10 mil para médico ir trabalhar no interior, por que não oferecer o mesmo para um professor?", provoca. DESIGUALDADE O atlas mostra ainda que o mapa da disparidade regional no Brasil permanece marcado por uma linha imaginária, que segrega Norte e Sul. Enquanto as 50 cidades com IDHM alto se concentram nas regiões Sul e Sudeste, os 50 piores resultados estão no Norte e Nordeste. Ainda assim, os números mostram que o abismo entre as regiões do país diminuiu. A diferença entre o mais alto e o mais baixo IDHM do país caiu de 0,612 (em 2000) para 0,444 (em 2010). Quanto mais próximo de zero for esse contraste, mais harmônico pode ser considerado o país. "As diferenças regionais continuam e, se não houver um projeto de integração regional, o abismo permanece", alerta Ernesto Lozardo. Para ele, o que pode quebrar esse paradigma é o projeto do governo de concessão em infraestrutura. "Mas, se ele não ocorrer, essa diferença regional poderá continuar estável ou, até mesmo, aumentar", avalia. Lozardo lembra que esse desenvolvimento regional ocorreu no passado, mas foi abandonado no início dos anos 1970. "Hoje, o que vemos é apenas uma guerra fiscal entre os estados, o que ajuda a piorar essa diferença", completa. O professor de ciências econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Rodrigo Ferreira diz que o IDHM não é um índice feito para medir disparidade regional. "Mas acaba sendo um indicador dessas diferenças. Uma questão que tem de ser tratada de maneira mais incisiva, não só pelo governo, mas pela sociedade. Houve avanços nos últimos anos, mas muito tímido", diz. Para ele, ainda não há fórmula sobre como resolver a questão. (Colaboraram Amanda Almeida, Rosana Hessel e Karla Correia) E ainda... Um a cada três municípios do Brasil hoje tem IDHM "alto". Em todo o país, 44 municípios registraram desenvolvimento humano "muito alto" (acima de 0,800). Após 10 anos, as três primeiras posições da lista continuam inalteradas: São Caetano do Sul (SP), Águas de São Pedro (SP) e Florianópolis (SC), a capital melhor colocada. Das 50 cidades com melhor IDHM, 28 estão no estado de São Paulo. Entre os 50 municípios com pior IDHM no Brasil, todos são do Norte e do Nordeste. Com o pior IDHM no país, Melgaço, que fica na Ilha de Marajó, no Pará, tem 50% de analfabetos – 12 mil dos 24 mil habitantes da cidade não são alfabetizados, e apenas 681 pessoas frequentam o ensino médio. Municípios do Norte e Nordeste estão entre os que registraram maior crescimento na renda nos últimos 20 anos, acima de 80%. Apesar disso, todos os municípios têm IDHM geral classificados como de "baixo desenvolvimento" (entre 0,500 e 0,599) e de "médio desenvolvimento" (entre 0,600 e 0,699). Os 10 municípios com melhor expectativa de vida do país estão em Santa Catarina. Blumenau, Brusque, Balneário Camboriú e Rio do Sul encabeçam a lista, com 0,894 de IDHM Longevidade, índice considerado como "muito alto". Nos quatro municípios a expectativa de vida é de 78,6 anos. Cacimbas (PB) e Roteiro (AL) estão na última colocação do IDHM Longevidade do país, com 0,672, e expectativa de vida de 65,30 anos. Componente com o pior desempenho na cálculo do IDHM, a educação foi, no entanto, o que mais registrou avanço nos últimos 20 anos. O indicador saiu de apenas 0,279 em 1991 para 0,637 em 2010, um crescimento de 128%. O componente da longevidade, calculado pela expectativa de vida da população ao nascer, é a área na qual o Brasil apresenta melhor pontuação. É o único componente que está na faixa classificada pela pesquisa como um IDHM "muito alto", quando o índice ultrapassa 0,800. O indicador saltou de 0,662 em 1991 e de 0,727 em 2000 para 0,816 em 2010.
Estado de Minas (MG): Minas é o retrato do país O Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) mostra que Minas é um retrato fiel das desigualdades e problemas que se perpetuam pelo país. Reflexo de sua posição geográfica e características históricas, o estado se aproxima das regiões mais desenvolvidas do Brasil quando avaliados os dados colhidos em municípios do Sul, Centro e Triângulo Mineiro, mas se mantém com níveis preocupantes quando são consideradas as estatísticas das regiões Norte e dos vales do Jequitinhonha e Mucuri. A ambiguidade nacional se repete na avaliação geral de Minas em comparação com os últimos anos. Se por um lado o estado avançou do patamar de médio para o de alto desenvolvimento, por outro está na última colocação da Região Sudeste e fica atrás de todos os estados do Sul. A educação, apesar de registrar avanços na última década, continua sendo o setor mais atrasado tanto nos municípios mineiros como no país. O relatório divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e Fundação João Pinheiro (FJP), avaliou a realidade de todos os 5.565 municípios brasileiros com base nos dados colhidos pelo Censo de 2010. Assim como o IDH Global, que é divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e trata das realidades sociais dos países, o IDHM aborda as situações locais e sintetiza em uma escala de 0 a 1 as características de cada cidade. Quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento humano. O relatório é produzido a cada 10 anos e aborda como critério os dados relativos à expectativa de vida, a renda e a educação da população. "O IDHM 2013 apresentou algumas mudanças metodológicas em relação aos levantamentos feitos nos últimos anos, especialmente na educação. A opção foi manter as três dimensões (longevidade, renda e educação) pela relevância e por indicar características essenciais do desenvolvimento", explica Ana Paula Salej, pesquisadora da FJP. Em relação ao último relatório, divulgado em 2000, o IDHM de Minas saltou 17%, de 0,624 para 0,731, passando da classificação de médio desenvolvimento para alto desenvolvimento. na comparação com 1991, quando o índice mineiro era de 0,478, o salto foi de 52,9%, Apesar de registrar o maior avanço nos três itens avaliados no levantamento divulgado ontem, a educação se manteve a mais baixa entre os indicadores, com 0,638. Em 2000, o indicador era 0,470. "A educação foi a dimensão em que tivemos o melhor desempenho, mas teremos que acelerar para recuperar o que ficou para trás. Tivemos uma melhoria de 36%, mas ainda existem grandes desafios em relação a uma parcela da população que nós precisamos colocar dentro dos sistemas de ensino", avalia André Barrence, diretor do escritório de Prioridades Estratégicas do governo de Minas. Já a expectativa de vida no estado foi avaliada em 0,838 ante 0,759 em 2000, e a renda da população mineira saltou de 0,680 há 10 anos para 0,730. Entre os 853 municípios mineiros, Nova Lima teve o melhor desempenho no IDHM, com índice de 0,813, e ficou na 17ª posição do ranking nacional. Segundo avaliação dos pesquisadores, a explicação para o melhoria de Nova Lima – passou da 13º posição em 2000, para a 1º – está ligada ao crescimento das atividades econômicas e do surgimento de novos condomínios fechados, o que contribuiu para aumento da arrecadação e geração de renda. A capital mineira ficou na segunda posição, com índice de 0,810, e na 20º colocação no ranking nacional. Em comparação com os outros estados, Minas perdeu posição para Goiás em relação ao relatório de 2000 e ocupa agora o 9º lugar, com uma média de 0,731 no IDHM. O estado, porém, está à frente da média nacional, que registrou 0,727. Os primeiros três colocados da lista são o Distrito Federal, com índice de 0,818, seguido por São Paulo, com 0,783, e Santa Catarina, 0,774. Com os piores indicadores aparecem Alagoas, com 0,631, Maranhão, 0,639, e Piauí e Pará, que registraram 0,646. "É claro que a ambição é de estar entre os melhores do país. Mas Minas tem características particulares que influenciam esse resultado, que ainda não é o desejado, mas demonstra avanços importantes", diz Barrence. OS MAIS ATRASADOS Araponga, na Zona da Mata, tem o segundo pior IDHM do estado, atrás apenas de São João das Missões, mas é o pior no quesito educação. Demonstrando desconhecimento do que seja o IDH, o prefeito de Araponga, Anylton Sampaio Moura (PPS), justificou que desde a gestão passada os moradores de baixa renda não estão sendo cadastrados no Bolsa-Família, programa do governo federal. "Nos programas federais de saúde e educação as pessoas também não estão sendo cadastradas", acrescentou sem saber dizer o nome dos programas. Ele acrescentou ainda que o mercado do café, que move a economia do município, está ruim. Já o prefeito de Bonito de Minas, no Norte do estado, José Reis (PPS), culpou os governos estadual e federal pelos baixos índices registrados no município, que detém o terceiro pior IDHM de Minas e também a terceira renda mais baixa do estado. Ele afirmou que os governos abandonaram a cidade. "Não recebemos indústria. E para a agricultura familiar crescer precisamos de estradas", afirmou, acrescentando que 88% da receita da cidade vem do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Para mudar o cenário, José Reis contou que Bonito de Minas e outras seis cidades da região criaram um consórcio público que será responsável por atrair investimentos. "É como se tivéssemos criado a oitava prefeitura, que será responsável por captar recursos para investir nos sete municípios", exemplificou. E ainda... Os 10% mais ricos de Jequitibá, na Região Central de Minas, detêm 75,34% da renda da cidade. Em Santo Antônio do Retiro, no Norte do estado, 39,69% da população são extremamente pobres. A maior taxa de analfabetismo na população acima de 18 anos é em Crisólita, no Vale do Jequitinhonha, (38,27%) e a menor em Belo Horizonte (2,99%). Os moradores de Nova Lima, na RMBH, têm a maior expectativa de vida ao nascer, de 78 anos. A menor é registrada em Santa Helena de Minas, no Vale do Mucuri: 68 anos. Nova Lima tem também a maior renda per capta (R$ 1.731,84) ante apenas R$ 181,77 de São João das Missões, no Norte. Araporã, no Triângulo Mineiro, é a única cidade em que todos os moradores têm água encanada em suas casas. Já em Bonito de Minas, no Norte, apenas 40,61% contam com água encanada. Em Pedra Bonita, na Zona da Mata, 79,35% da população acima de 18 anos trabalha no setor agropecuário. E em São Tomé das Letras, no Sul do estado, 28,19%, trabalham no setor extrativo mineral. Os moradores de Itumirim, no Sul de Minas, têm a maior expectativa de anos de estudo: 11,04 anos. A menor é em Nacip Raydan, no Vale do Rio Doce: 6,03 anos. Em 1991, 91,6% dos municípios mineiros faziam parte do grupo de muito baixo desenvolvimento humano, isto é, com pontuação inferior a 0,500. Em 2000, esse percentual já tinha caído para 25% e, em 2010, despencou para 0, ou seja, nenhum município mineiro tem desenvolvimento humano muito baixo.
Brasil Econômico: Cai a desigualdade no Brasil IDHM médio dos municípios quase dobra em 20 anos, informa Nações Unidas. São Caetano (SP) é a ia do ranking Nas últimas duas décadas, o Brasil quase dobrou o seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), passando de 0,493, em 1991, para 0,727, em 2010, o que representa alto nível de desenvolvimento humano, conforme o Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013 divulgado ontem pe-lo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). No período, o país teve crescimento de 47,8% no IDHM. Em 1991, 85,5% das cidades brasileiras tinham IDHM considerado muito baixo. Em 2010, o percentual passou para 0,6% dos municípios. De acordo com o levantamento, em 2010, o índice de municípios com IDHM considerado alto e médio chegou a 74%, enquanto em 1991 não havia nenhuma cidade brasileira com IDHM alto e 0,8% apresentava índice médio. Pela escala do estudo, é considerado Muito Baixo o IDHM entre 0 e 0,49, Baixo entre 0,5 e 0,59; Médio de 0,6 e 0,69, Alto 0,7 e 0,79 e Muito Alto entre 0,8 e 1,0. São Paulo, a maior cidade brasileira, aparece em 28° lugar no ranking dos 5.565 municípios brasileiros, empatada com Porto Alegre, ambas com IDHM 0,805. Entre as demais capitais, o Rio de Janeiro está em 45° lugar, empatado com Goiânia, com IDHM 0,799, e atrás de Belo Horizonte (20°, 0,810), Curitiba (10°, 0,823), Brasília (9°, 0,824) e Florianópolis (3°, 0,847). Em termos regionais, o Sul é a região que tem maior percentual de municípios nos níveis Muito Alto e Alto do IDHM, 65,9%doto-tal de cidades, seguida pela região Sudeste, com 53,9%. O IDHM é o resultado da análise de mais de 180 indicadores so-cioeconômicos dos censos do IBGE de 1991,2000 e 2010. O estudo é dividido em três dimensõe: a oportunidade de viver uma vida longa e saudável , ter acesso a conhecimento e ter um padrão de vida que garanta as necessidades básicas . O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento. "A fotografia do Brasil era muito desigual. Houve uma redução, no entanto o Brasil tem uma desigualdade gigantesca, que está caindo. O Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo, mas houve uma melhora. Podemos antecipar um futuro melhor", frisou o ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri. Para o representante do Pnud no Brasil, Jorge Chediek, os dados mostram "melhora significativa" nos indicadores brasileiros. Na avaliação do representante na ONU, nos últimos 20 anos, o país registrou "progresso impressionante" na redução das desigualdades e melhoria do desenvolvimento humano. "Olhamos o Brasil como exemplo de país que tinha passivos históricos de desigualdade econômica, regionale racial. O relatório mostra que, com uma ação clara e forte compromisso da política pública, é possível atacar desigualdades históricas em pouco tempo", avaliou. O atlas foi produzido pelo Pnud em parceria com Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro, de Minas Gerais.
Folha de S.Paulo (SP): IDH das cidades melhora, mas educação é entrave O Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios brasileiros subiu 47,5% em duas décadas --saindo do nível "muito baixo" para outro considerado "alto". A melhoria das cidades ocorreu tanto em renda da população como em longevidade e educação. Os três quesitos são a base do IDHM --uma versão local do IDH utilizado pela ONU em avaliações de desenvolvimento social em países do mundo. Mesmo sendo a área que mais evoluiu, a educação ainda é a única que alcança só um nível "médio" --que rebaixa a nota dos municípios. As conclusões fazem parte do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. A pesquisa da ONU é feita com ajuda do Ipea (instituto ligado à Presidência da República) e da Fundação João Pinheiro, do governo mineiro. Os dados foram calculados com os Censos de 1991, 2000 e 2010 --não captam, portanto, a gestão Dilma Rousseff. Um dado emblemático do novo cenário é a quantidade de municípios de IDHM "muito baixo". Em 1991, eram 85,8%. Em 2010, só 0,6%. O índice repete um modelo do IDH mundial ao usar os três indicadores sociais, que variam de 0 (pior) a 1 (melhor). No entanto, as variáveis globais e locais de cada categoria são diferentes, impedindo que sejam comparados. O IDHM brasileiro, de acordo com os atuais critérios, era de 0,493 em 1991 --próximo do teto da classificação "muito baixo", que é 0,499. Após quase dez anos, subiu 24,1% e chegou sob FHC a 0,612 --ou "médio", segundo a escala estabelecida. Na década seguinte, dominada pelo governo Lula, continuou crescendo (18,7%) e alcançou em 2010 a marca de 0,727 --quebrando a barreira de 0,700, a partir da qual o IDHM é tido como "alto". O quesito social que mais chega perto da nota máxima de 1 é longevidade (expectativa de vida ao nascer). Seu índice é de 0,816. Ele foi beneficiado pela queda da mortalidade infantil --de 47% entre 2000 e 2010. Em seguida está a renda (mensal per capita), com 0,739. Já educação tem 0,637. Quase 30% das cidades brasileiras têm nota considerada "muito baixa" em educação. E só cinco têm índice considerado "muito alto". Segundo Marcelo Neri, presidente do Ipea, programas de transferência de renda não tiveram tanto peso no IDHM. "O Bolsa Família é um coadjuvante." O Atlas, para ele, mostra que "a evolução é extraordinária, mas os indicadores ainda são muito ruins". O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que a prioridade deve ser "diminuir a desigualdade regional".
Valor Econômico (SP): Para economistas, pedido do governo para FMI rever cálculo da dívida procede Por Flavia Lima | De São Paulo Em meio a severas críticas à política fiscal atual, não deixa de ser surpreendente que economistas vejam com tranquilidade o pedido de recálculo da dívida bruta feito pelo governo brasileiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre os economistas ouvidos pelo Valor, não há quem discorde que o pedido de recálculo da dívida bruta feito pelo governo ao FMI tenha fundamento. "A justificativa para que os títulos livres na carteira do Banco Central não sejam considerados dívida é válida", diz o economista da Tendências Consultoria, Felipe Salto. "Acho que nosso critério de cálculo é melhor do que o do FMI", emenda Mansueto Almeida, economista do Instituto Econômico de Pesquisa Aplicada (Ipea). Em carta enviada ao FMI, o governo brasileiro pediu alteração na fórmula de cálculo da dívida bruta - indicador de solvência que engloba os passivos das três esferas de governo. A avaliação é que o órgão multilateral deveria excluir do cálculo todos os títulos da carteira do BC, pois os papéis não teriam natureza fiscal. A alteração retiraria quase dez pontos percentuais da dívida bruta brasileira como percentual do PIB, para 58,7%. Segundo Salto, um título em poder do BC não pode ser considerado dívida do setor público com o setor privado (como visto pelo FMI), pois é um papel que continua na mão do setor público. Margarida Gutierrez, professora de economia do Instituto Coppead e da UFRJ, diz ainda que a metodologia local é "bastante razoável", também porque a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) não permite que o BC emita títulos próprios. Dessa forma, emenda, o BC precisa de títulos do Tesouro em sua carteira para poder fazer política monetária por meio das chamadas operações compromissadas. "Só quando esses títulos saem do BC para o mercado tornam-se dívida, pois é aí que o taxímetro do juro começa a rodar", diz Margarida. Na avaliação dos especialistas, no entanto, eventuais mudanças não eliminariam o fato de que a trajetória das contas públicas é de deterioração. "O problema está no crescimento da dívida, não no seu valor", diz Margarida. Segundo ela, a tendência de alta da dívida bruta - alimentada pela emissão de títulos para capitalizar bancos públicos - é preocupante e reduz a importância do indicador líquido, bastante descolado do bruto. A diferença entre dívida líquida e bruta fechou 2012 em 23,5 pontos - em 2006, era de cerca de nove pontos percentuais. Mansueto, do ipea, diz que a dívida bruta brasileira vai se manter em um nível que é quase o dobro da média dos países emergentes - de 35,2% do PIB, segundo dados do próprio FMI - e acima da média sustentada pela América Latina, de 52,4%. O FMI informou que vai responder à carta no "tempo devido", depois de "revisar o assunto". "Até lá, não teremos comentários adicionais", resume a breve nota do fundo. (Colaborou Sergio Lamucci, de Washington)
O Globo (RJ): Índice de Desenvolvimento Humano no país cresceu 47,5% em 20 anos Por Demétrio Weber e Cristiane Bonfanti O Brasil apresentou um avanço de 47,5% no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) ao longo das últimas duas décadas, de 1991 a 2010. Nesse período, a classificação do IDHM no Brasil passou de muito baixo (0,493) para alto (0,727). No entanto, dos três componentes do índice, a educação, embora tenha apresentado o maior crescimento (+ 128,3%), ainda é o que recebe a nota mais baixa, de 0,637. O índice compreende três indicadores de desenvolvimento humano - longevidade, educação e renda - e varia de zero a um. Quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento humano. Os dados constam do Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, divulgado nesta segunda-feira por meio de uma parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação João Pinheiro e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O IDHM é calculado com base em dados dos censos do IBGE de 1991, 2000 e 2010. Uma análise da parte inferior do ranking, onde estão os municípios com menor índice do país, revela a evolução do indicador nas últimas duas décadas. À luz dos critérios adotados nesta edição do Atlas, o Pnud recalculou o índice das décadas anteriores, chegando aos seguintes resultados: em 1991, 85,8% dos municípios brasileiros fariam parte do grupo de muito baixo desenvolvimento humano, isto é, com pontuação inferior a 0,500. Em 2000, esse percentual já tinha caído para 70% e, em 2010, despencou para apenas 0,57%, o equivalente a 32 municípios brasileiros. Considerado o país como um todo, o índice da população com 18 anos de idade ou mais que concluiu o ensino fundamental aumentou de 30,1% para 54,9%. Já a população de 18 a 20 anos de idade com o ensino médio completo passou de 13% para 41%. No caso do IDHM Renda, o índice passou de 0,647 para 0,739 no período analisado. Segundo o estudo, a renda mensal per capita aumentou de R$ 447,56 para R$ 793,87. O IDHM Longevidade, por sua vez, passou de 0,662 para 0,816 no mesmo período. Em duas décadas, a esperança de vida ao nasceu cresceu de 64,7 anos para 73,9 anos. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que o IDHM mostrou uma evolução expressiva nas últimas duas décadas e que a educação é o componente que mais avançou, com crescimento de 128%. Ele ressaltou que a grande contribuição para o resultado foi o fluxo escolar de crianças e jovens. No que diz respeito a crianças de 5 a 6 anos, afirmou, quando o indicador começou a ser analisada, 37,6% das crianças estavam na escola. Agora, esse índice é de 91,1%. No entanto, na faixa de 15 a 17 anos, disse, o percentual de pessoas com ensino fundamental completo é de 57,2%, o que ainda impõe ao país um imenso desafio, a seu ver. - Tivemos, de fato, uma grande evolução e, quando a gente olha na perspectiva histórica em que estamos, o futuro é muito promissor - ressaltou. O presidente do Ipea e ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri, disse que o quadro do Brasil ainda é desafiador. Ele disse que a fotografia ainda é ruim, mas o filme aponta avanços. Ele ressaltou que, nos últimos dois anos (período após o recorte da pesquisa), os indicadores sociais e do trabalho seguem avançando e que programas de transferência de renda, como Bolsa Família, tiveram apenas um papel de coadjuvante na melhoria da renda e do IDHM como um todo. - Eu daria um Oscar de ator coadjuvante para o Bolsa Família - disse Neri. - Estamos num momento crítico de mudanças. Acho que o Brasil, o chamado das ruas, nos pede respostas. E acho que esse trabalho identifica lugares. A resposta para o Brasil não é uma só.
O Globo (RJ): São Caetano do Sul (SP) tem o maior IDHM do país Por Demétrio Weber e Cristiane Bonfanti BRASÍLIA - São Caetano do Sul, no ABC Paulista, tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do país. Com índice geral de 0,862, a cidade foi a primeira colocada em renda e a segunda em educação entre todos os municípios brasileiros. Já Melgaço, que fica na ilha de Marajó, no Pará, tem o pior IDHM do país - de 0,418. Sétimo município do país com maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Niterói é a única cidade do Rio de Janeiro com IDHM superior a 0,800, na faixa de desenvolvimento humano muito alto. O índice de Niterói é 0,837, o maior do estado. Em segundo lugar no ranking fluminense, aparece a cidade do Rio, com índice 0,799, seguida por Rio das Ostras, em terceiro, com 0,773. No extremo oposto, o município com mais baixo IDHM no Rio de Janeiro é Sumidouro, com 0,611. Essa pontuação situa-se na faixa de médio desenvolvimento humano. O estado do Rio de Janeiro não tem nenhum município na faixa de baixo IDHM (0,500 a 0,599) nem de baixo IDHM (0 a 0,499). São Francisco de Itabapoana (0,639) tem o penúltimo mais baixo IDHM do esatdo. Além de Niterói, que está na faixa de muito alto desenvolvimento humano, outros 57 municípios fluminenses aparecem com pontuação de alto desenvolvimento humano, totalizando 58 cidades com alto ou muito alto desenvolvimento humano no Rio de Janeiro. O IDHM compreende três indicadores de desenvolvimento humano - longevidade, educação e renda - e varia de zero a um. Quanto mais próximo de um, maior o desenvolvimento humano. Os dados constam do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, divulgado nesta segunda-feira por meio de uma parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação João Pinheiro e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A diferença entre o mais alto e o mais baixo IDHM dos municípios do país aumentou de 0,577, em 1991, para 0,612, em 2000, mas retrocedeu para 0,444, em 2010. Nas últimas duas décadas, a maior redução na diferença entre o mais alto e o mais baixo desempenho entre os componentes do IDHM dos municípios foi observada no IDHM Longevidade. Neste último caso, a diferença recuou de 0,377, em 1991, para 0,222, em 2010. Na comparação entre as unidades da federação, o Distrito Federal apresentou o maior IDHM - de 0,824 - e foi a única localidade que recebeu a nota de "muito alto desenvolvimento humano". Em segundo lugar, ficaram São Paulo (0,783) e Santa Catarina (0,774), com alto desenvolvimento humano. Alagoas e Maranhão são os estados com menor desenvolvimento no Brasil, com índices de 0,631 e 0,639, respectivamente. A diferença entre o maior e o menor IDHM das unidades da federação do país recuou de 0,259, em 1991, para 0,254, em 2000, chegando a 0,193, em 2010. O IDHM utiliza uma escala que vai de 0 a 1, sendo 1 equivale ao mais alto desenvolvimento humano possível. Distância entre os municípios com maior e menor IDHM no país diminuiu Ao contrário do que ocorreu na década de 1990, a distância entre os municípios com maior e menor IDHM no país diminuiu entre 2000 e 2010. De 1991 a 2000, a diferença entre o primeiro e o último do ranking tinha aumentado de 0,577, em 1991, para 0,612, em 2000. Já em 2010, caiu para 0,444. O novo IDHM divulgado nesta segunda-feira adotou critérios mais rigorosos para a educação. No IDHM de 2013 (dados de 2010), a taxa de alfabetização de adultos foi substituída pelo percentual da população de 18 anos ou mais de idade que já concluiu o ensino fundamental. Portanto, esse indicador ficou mais exigente: antes, bastava saber ler e escrever; agora, é preciso ter concluído o ensino fundamental. O outro indicador de educação também ficou mais exigente. Antes, era verificado o percentual de crianças e jovens que frequentavam a escola, independentemente do atraso escolar. Agora, o IDHM quer saber se as crianças e os jovens estão na série adequada à idade e se completaram a escola na idade prevista. Esse novo indicador considera o percentual de crianças de 5 e 6 anos frequentando a escola; o percentual de crianças de 11 a 13 anos nos anos finais do ensino fundamental; o percentual de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo; e o percentual de jovens de 18 a 20 anos com o ensino médio completo.
O Estado de S. Paulo (SP): São Caetano do Sul, em SP, continua na liderança de melhor IDHM do País Por Ricardo Della Coletta Cidade tem índice de 0,862; na comparação entre Unidades da Federação, o índice é liderado pelo Distrito Federal, com 0,824 e, em seguida, vêm São Paulo (0,783) e Santa Catarina (0,774) BRASÍLIA - A cidade paulista de São Caetano do Sul, na região do ABC, manteve a liderança no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divulgado nesta segunda-feira, 29, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e com a Fundação João Pinheiro. A cidade atingiu IDHM de 0,862 e, nas duas últimas vezes em que o índice foi divulgado, em 1998 (referentes a dados de 1991) e em 2003 (com dados de 2000), São Caetano também aparece no topo da lista do País. Publicado uma vez a cada dez anos, o indicador traz para o âmbito municipal o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global, divulgado anualmente pelo PNUD e que mede o desenvolvimento humano dos países. O IDHM, que faz parte do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, é medido por uma escala que vai de zero a um - quanto mais próximo de um, melhor o desenvolvimento do local. Nesta edição, o município com pior desempenho, por sua vez, foi Melgaço, no Pará, que tem 24,8 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingindo IDHM de 0,418. Em 2003, ano em que o último IDHM foi publicado, o município com o pior quadro no Brasil foi Aroeiras do Itaim, no Piauí, com IDHM de 0,208. A paraense Melgaço registrava um IDHM, naquela época, de 0,260. É importante ressaltar que houve alterações no cálculo do IDHM nesta edição, e que os pesquisadores, para comparação com as edições anteriores, recalcularam os valores com base na nova metodologia. Com mais de 180 indicadores para os mais de 5.500 municípios do País, a atual edição do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil também permite uma análise das cidades mais bem colocadas por região. A capital do Tocantins, Palmas, por exemplo, atingiu IDHM de 0,788 e lidera o desenvolvimento humano na Região Norte. No Nordeste, a ilha de Fernando de Noronha (IDHM de 0,788) é a mais bem colocada, enquanto a maranhense Fernando Falcão (0,443) ocupa o outro extremo da tabela. O ranking no Centro-Oeste é encabeçado por Brasília, com IDHM 0,824, enquanto a pior pontuação fica com Japorã (MS), com IDHM 0,526. Os municípios das Regiões Sul e Sudeste com maior índice de desenvolvimento são Florianópolis (0,847) e São Caetano do Sul, respectivamente. A outra ponta da tabela é ocupada, nas duas regiões, pela paranaense Doutro Ulysses (0,546) e pela mineira São João das Missões (0,529). A cidade que mais avançou no IDHM nos últimos 10 anos foi Mateiros, no Tocantins. Desde 2000, Mateiros conseguiu um avanço de 0,326 pontos no indicador, passando de 0,281 para 0,607 pontos. Estados. Na comparação entre Unidades da Federação, o IDHM é liderado pelo Distrito Federal, com 0,824. Em seguida, vêm São Paulo (0,783) e Santa Catarina (0,774). Os Estados com o desempenho mais fraco são Alagoas (0,631) e Maranhão (0,639).
O Estado de S. Paulo (SP): IDHM do Brasil avança 47,5% em 20 anos, mas educação ainda é o maior desafio Por Ricardo Della Coletta Classificação do País passou de 'Muito Baixo' (0,493 em 1991) para 'Alto' (0,727) no índice divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento nesta segunda BRASÍLIA - O Índice do Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil, divulgado nesta segunda-feira, 29, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e com a Fundação João Pinheiro, revela um expressivo avanço do Brasil nos últimos 20 anos, mas também um quadro em que a educação se mantém como o principal desafio do País. Entre 1991 e 2010, o índice cresceu 47,5% no País, de 0,493 para 0,727. Inspirado no IDH global, publicado anualmente pelo PNUD, esse índice é composto por três variáveis e o desempenho de uma determinada localidade é melhor quanto mais próximo o indicador for do número um. A classificação do IDHM do Brasil mudou de 'Muito Baixo' (0,493 em 1991) para 'Alto' (0,727). É considerado 'Muito Baixo' o IDHM inferior a 0,499, enquanto a pesquisa chama de 'Alto' o indicador que varia de 0,700 a 0,799. Publicado uma vez a cada dez anos, o indicador traz para o âmbito municipal o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global, divulgado anualmente pelo PNUD e que mede o desenvolvimento humano dos países. O IDHM, que faz parte do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, é medido por uma escala que vai de zero a um - quanto mais próximo de um, melhor o desenvolvimento do local. O subíndice educação, uma das variáveis que compõem o IDHM, é o que mais puxa para baixo o desempenho do País. Em 2010, a educação teve uma pontuação de 0,637, enquanto os subíndices renda (0,739) e longevidade (0,816) alcançaram níveis maiores. Embora seja o componente com pior marcação, foi na educação que mais houve avanço nas duas últimas décadas, ressaltaram os pesquisadores. Em 1991, a educação tinha um IDHM 0,279, o que representa um salto de 128% se comparado à pontuação de 2010. "Saímos de um patamar muito baixo e isso mostra o esforço que o País fez na área", avaliou Marco Aurélio Costa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), um dos parceiros na realização do estudo. "A gente ainda não está bem, o IDHM educação é o que menos contribuiu e onde temos os maiores desafios para superar", concluiu. Longevidade. O componente da longevidade, por sua vez, que é calculado pela expectativa de vida da população ao nascer, é a área na qual o Brasil apresenta melhor pontuação. É o único componente que está na faixa classificada pela pesquisa como um IDHM 'Muito Alto', quando o índice ultrapassa 0,800. Desde 1991 como o subíndice mais bem avaliado, foi também na longevidade em que a variação ao longo dos últimos 20 anos foi menor. O IDHM Longevidade era de 0,662 em 1991, de 0,727 em 2000 e de 0,816, na atual edição. Já a renda mensal per capita saltou 14,2% no período, o que corresponde a um ganho de R$ 346,31 em 20 anos. As três instituições que elaboram o Atlas - PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro - ressaltam que 73% dos municípios avançaram acima do crescimento da média nacional. No entanto, há 11% de municípios com IDHM Renda superior ao do Brasil, "evidenciando a concentração de renda do País".
G1: Pnud muda metodologia do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Por Cíntia Acayaba e Mariana Oliveira Metodologia usada no Atlas 2013 é diferente da aplicada em 1998 e 2003. Indicador 'educação' ficou mais exigente, disse analista do órgão da ONU. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mudou a metodologia do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) 2013 em relação às duas edições anteriores, divulgadas em 1998 e 2003. Segundo o órgão da ONU, o indicador "educação" se tornou mais rigoroso ao exigir mais escolaridade para que um município tenha IDH maior. O IDH surgiu em 1990 para criar alternativas às avaliações com base em critérios exclusivamente econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB), e tem o objetivo de servir como referência para o nível de desenvolvimento humano de determinada região. O IDHM é elaborado pelo Pnud em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e com a Fundação João Pinheiro. O IDHM é um índice composto por três das mais importantes áreas do desenvolvimento humano: vida longa e saudável (longevidade), acesso ao conhecimento (educação) e padrão de vida (renda). Os dados utilizados são os do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 utiliza dados do censo demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IDHM vai de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, pior o desenvolvimento humano, quanto mais próximo de um, melhor. Para o IDHM 2013, o acesso ao conhecimento de cada município foi medido pela composição de dois subindicadores com pesos diferentes: escolaridade da população adulta e fluxo escolar da população jovem. A escolaridade da população adulta foi medida pelo percentual de pessoas com 18 anos ou mais de idade com fundamental completo e tem peso 1. O fluxo escolar dos jovens foi medido pela média aritmética do percentual de crianças entre cinco e seis anos frequentando a escola, do percentual de jovens entre 15 e 17 anos com ensino fundamental completo e do percentual de jovens entre 18 e 20 anos com ensino médio completo. Tem peso 2. A média geométrica desses dois componentes resulta no IDHM Educação. Para Daniela Gomes Pinto, coordenadora do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, "a educação está extremamente mais exigente". "A preocupação agora é manter a criança na escola", disse. Devido à mudança de metodologia no cálculo do indicador "educação", o Pnud considera errado comparar o IDHM 2013 com os índices divulgados em 1998 e 2003. No entanto, os valores do IDHM 1998 e 2003 foram recalculados com base na nova metodologia. Assim, as comparações e análises entre indicadores, municípios e anos devem ser feitas apenas dentro da plataforma do Atlas Brasil 2013, segundo o Pnud. O programa também considera errada qualquer comparação entre o IDHM de um município e o IDH de um país. Os indicadores de longevidade e de renda são compostos pelos mesmos elementos utilizados nos atlas dos anos anteriores: esperança de vida ao nascer e renda mensal per capita, respectivamente. Faixas de desenvolvimento Outra mudança no IDHM 2013 em relação aos anteriores foi na classificação dos municípios nas faixas de desenvolvimento humano. Antes, os municípios eram classificados como de baixo, médio e alto desenvolvimento humano. No atlas deste ano há cinco categorias: muito baixo (0 a 0,499); baixo (0,500 a 0,599); médio (0,600 a 0,699); alto (0,700 a 0,799) e muito alto (0,800 a 1). Segundo o Pnud, as faixas foram adaptadas para "contextualizar melhor a realidade brasileira". Todos os 5.565 municípios brasileiros contabilizados no censo demográfico 2010 estão incluídos no Atlas Brasil 2013, que inclui também dados dos censos de 1991 e 2000, quando havia 4.491 e 5.507 municípios, respectivamente. Para os municípios que não existiam administrativamente até 2010, o Pnud fez uma simulação dos dois IDHMs anteriores. Para isso, considerou - a fim de aferir os índices do novo município nos anos em que ainda não existia - a área correspondente no município ou nos municípios de origem. Diante da complexidade da realidade de municípios populosos, o Pnud vai divulgar no final do ano o atlas de IDH de 16 regiões metropolitanas.

<< Início < Anterior 891 892 893 894 895 896 897 898 899 900 Próximo > Fim >>
Página 900 de 1099

 
 
 
 

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil.
Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada


Política de Privacidade
Expediente – Assessoria de Imprensa e Comunicação

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.