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Zero Hora (RS): Longevidade agrava risco social Na mão inversa do aumento da expectativa de vida, a taxa de fecundidade desabou de 6,16 filhos para 1,7 O envelhecimento da população e a piora na proporção entre pessoas que contribuem e as que recebem benefícios tende a agravar as condições da Previdência Social. — A Previdência está desprevenida — diz o economista Jackson Busato, autor do livro Vida no Azul. Atualmente, o benefício de cada aposentado é pago por 1,5 trabalhador da ativa. A projeção é de chegar a 1 por 1 em 2032, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 2050, a projeção é de que a relação seja de 0,7 contribuinte para cada aposentado. — O Brasil está vivendo o processo de envelhecimento mais rápido do mundo — diz o vice-presidente da Icatu Seguros, César Saut. Leia mais sobre o assunto no Guia da Previdência Privada Em palestras, o executivo lembra que a proporção de idosos aumenta fortemente no Brasil. Eram 4,9% em 1950, chegando a 10,2% em 2012 e estimativa de chegarem a 29,7% da população em 2050. — Tínhamos 10 idosos para cada cem jovens 1980 e estima-se que, em 2050, serão 172 para cada 100 jovens — afirma Saut. O executivo alinha os dados e indica que, na terceira idade, os custos com saúde passarão a exigir uma fatia maior do orçamento. — Imagine uma pessoa que ganha R$ 10 mil mensais e tem plano de saúde na empresa. Quando se aposentar, ela passará a receber benefício da Previdência de, no máximo, R$ 4.195, mas terá ainda o ônus da conta do plano de saúde para pagar. Além de ter perdido 60% da receita, apareceu uma nova despesa. A previdência privada pode ser formada para cobrir estes custos. Saut simulou os gastos com saúde de uma pessoa entre os 55 e os 83 anos de vida e concluiu que chegam a R$ 500 mil reais. Estudo do IBGE aponta que a população acima de 60 anos será de 5 milhões de pessoas em 2060, quando a expectativa de vida média chegará a 81,2 anos — 78 para homens e 84,42 para mulheres. — No século passado, ganhamos 41 anos a mais em expectativa de vida, e essa ampliação tem consequências que exigem mais recursos. Se não pensarmos em mecanismos de proteção, a gente corre o risco de viver mais tempo do que pudermos manter os nossos ativos — analisa o professor da UFRGS Sérgio Rangel. — As pessoas usam o conceito de que vida se inicia aos 40, mas ela começa aos 70 — reforça Saut. Rangel lembra que, na mão inversa da expectativa de vida, a taxa de fecundidade — número médio de filhos que uma mulher teria dentro do seu período fértil — está em declínio, desabando de 6,16 filhos por mulher em 1940 para 1,7 atualmente. — Isso eleva o risco social dos mais velhos, pois não teremos mais o suporte que antigamente era dado aos pais por uma prole mais numerosa — avalia o professor. Segundo o professor, em média, um aposentado aos 65 anos de idade tem sobrevida de 21,5 anos.
Correio Braziliense (DF): Pibinho deve afetar mercado de trabalho Em meio ao fraco desempenho da atividade brasileira, os especialistas estão divididos sobre os efeitos que o Pibinho provocará no mercado de trabalho nos próximos anos. De um lado, estão os otimistas, que não veem os atuais resultados como uma ameaça à geração de vagas, dado que o país vive um momento de pleno emprego. Para eles, a alavanca para fazer o Brasil voltar a crescer é ampliar a produtividade dos trabalhadores. De outro, estão os pessimistas, que temem a perversa combinação entre inflação alta, taxa de juros elevada e economia retraída, sobretudo no próximo ano, quando haverá eleições e Copa do Mundo. Para Otto Nogami, professor de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), em 2014, os setores produtivos terão cautela para investir e contratar, uma vez que há uma grande desconfiança com o cenário eleitoral. Ele ainda ressaltou que, durante a Copa do Mundo, quando grandes municípios geradores de riqueza receberão jogos e decretarão feriados, os níveis de produtividade tendem a cair ainda mais. Nogami ressaltou que o fato de a atividade econômica começar a ganhar fôlego depois do carnaval será um problema. “Vamos perder um trimestre inteiro somente com esses eventos no próximo ano. E isso pode se refletir na taxa de desemprego. Outro ponto é que a mão de obra com baixa qualificação que está empregada em grandes obras, como a de estádios e hidrelétricas, engrossará as estatísticas dos sem-trabalho”, alertou. Perigo O coordenador de Trabalho e Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Apliacada (Ipea), Gabriel Ulyssea, lembrou que, após um período de queda na taxa de desemprego, é natural que ocorra uma acomodação do indicador. Ele destacou que o percentual de pessoas em idade ativa caiu dois pontos percentuais entre 2009 e 2011, mantendo-se estável em 2012 (57%), o que não deve pressionar o mercado de trabalho. “O crescimento demográfico desacelerou no país e, por isso, não temos tanto desemprego. Mas o crescimento econômico baixo dos últimos anos nunca é uma boa notícia”, completou Ulyssea. Carlos Alberto Ramos, professor de economia da Universidade de Brasília, explicou que, com as taxas de desemprego pequenas e o baixo crescimento, fica evidente que há um problema de produtividade no país. “Os ganhos serão preservados, mas a geração de novos postos tende a diminuir. Isso não quer dizer que vamos sofrer como nos Estados Unidos e na Europa”, finalizou. Na avaliação do presidente da Consultoria Macroplan, Cláudio Porto, o Brasil vive uma situação perigosa, próxima à da estagflação. “Nos últimos três anos, a inflação ficou muito acima do incremento do PIB. O único diferencial positivo é o mercado de trabalho. O problema é que a qualidade das vagas é ruim. Os postos aberto estão no setor de serviços, o menos produtivo da economia”, frisou.  Fome de impostos Mesmo com crescimento econômico baixo, a gula do governo por impostos cresceu. No terceiro trimestre, o setor público arrecadou R$ 181, 791 bilhões em tributos, enquanto nos três meses anteriores o valor havia chegado a R$ 180,405 bilhões: um aumento de 0,76%. Em relação ao terceiro trimestre de 2012, quando entraram nos cofres R$ 170,002 bilhões, o crescimento registrado foi de 6,9%.
Correio Braziliense (DF): Brasília atrai graduados POR VERA BATISTA E DIEGO AMORIM O número de pessoas que atravessaram as fronteiras de seus municípios com a finalidade de trabalhar ou estudar cresceu de 7,4 milhões, em 2000, para 15 milhões, em 2010. No passado, o movimento migratório era comum entre as pessoas de baixas escolaridade e renda, mas, agora, são os profissionais com formação de nível superior que saem de suas localidades de origem. Divulgado ontem, o estudo Cidades em movimento: desafios e perspectivas das políticas públicas, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou ainda que Brasília foi a cidade que mais atraiu diplomados três anos atrás: 42,9 mil imigrantes com esse perfil, ou seja, 17,3 mil a mais que a quantidade de emigrantes. As cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro foram as principais "exportadoras de cérebros" para a capital federal: da primeira vieram 122 mil diplomados e da segunda, 20,2 mil. Essas pessoas chegaram a Brasília atraídas, sobretudo, pelas oportunidades no funcionalismo público - lideram a lista dos queridinhos os órgãos chamados de elite, como Ministério Público da União (MPU), Banco Central, Tribunal de Contas da União (TCU), Tesouro Nacional, Senado e Câmara dos Deputados. "Esses deslocamentos apontam que o dinamismo da economia brasileira favorece a mobilidade, a formação escolar, a capacitação profissional e a inserção no mercado de trabalho", explicou Marcelo Neri, presidente do Ipea e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Os enfermeiros Ramon Mendes, 28 anos, e Kelly da Silva, 43, participaram desse movimento migratório. Ele deixou para trás o município de Jequié (BA) e ela, Belo Horizonte. Ambos foram aprovados na seleção do Senado no ano passado. "Brasília representa a minha realização pessoal. Aqui, cheguei ao topo da minha carreira", contou Ramon, que tem planos de trazer a mulher e o casal de filhos o quanto antes para perto. Kelly, por sua vez, já trouxe a mãe para viver com ela na "cidade do sossego". "As pessoas reclamam, mas o trânsito ainda é excelente. Chego rápido ao trabalho. Temos uma qualidade de vida que não é possível encontrar em outro lugar", lembrou. SEGUNDA CASA Também mineiro, Daniel Andrade, 33, nunca havia pensado em se mudar. Mas, cinco anos atrás, o publicitário e advogado desembarcou na capital federal atraído também pela Casa do Legislativo. "Aqui é hoje a minha casa. É a segunda, mas é minha casa", contou ele, que se casou na cidade com Fernanda e tem uma filha de 1 ano, Izabela. Mas, ao mesmo tempo que recebeu mais moradores com formação de nível superior, Brasília, contraditoriamente, viu o número de favelas crescer em 50,7% no intervalo de 10 anos. "O alto valor da terra no Distrito Federal empurrou os mais pobres para o Entorno. O cobertor é curto. Os movimentos pendulares expõem também as dores do crescimento", avaliou Neri.
O Estado de S. Paulo (SP): Federalismo e desigualdade regional Constantino Cronemberger Mendes e Antônio Lassance   Desde que se tornou republicano e federalista, em 1889, o Brasil tem alcançado avanços econômicos e sociais, mas ainda não foi capaz de diminuir drasticamente as diferenças inter e intrarregionais. Permanecem contrastes gritantes na provisão de bens e serviços públicos entre as Regiões Norte e Nordeste, de um lado, e o Sul -Sudeste, de outro; assim como ocorre com as capitais, se comparadas à maioria das cidades do interior de cada Estado. Algumas soluções que parecem simples e óbvias - numa visão técnica - continuam adormecidas, à espera de vontade política e de uma visão de longo prazo de vários atores do federalismo brasileiro. Nossa Constituição manda que se levem em conta as desigualdades regionais ao desenvolver políticas públicas. No entanto, o que o Estado brasileiro diz (na Constituição) não é necessariamente o que faz na hora de empregar recursos públicos. Nesse sentido, observa-se que a despesa per capita é tradicionalmente menor nas Regiões Norte e Nordeste, que compreendem os municípios e Estados que abrigam as parcelas da população mais desassistidas ou carentes em termos da provisão de direitos. Teimosamente, insiste-se num viés inter-regional concentrador da ação pública. Mesmo nas regiões mais ricas as políticas públicas beneficiam as localidades que já estão relativamente mais bem equipadas para garantir os mesmos benefícios aos cidadãos. Tal desequilíbrio ("assimetria", para usarmos o nome técnico) tem como consequência a manutenção das desigualdades regionais. O problema federativo brasileiro não está restrito somente à distribuição ou alocação de recursos tributários entre os entes. Trata-se de saber como esses recursos estão sendo gastos na provisão de bens e serviços públicos à sociedade. A tese, empiricamente comprovada, é de que o gasto público no Brasil tem servido para manter ou até agravar as desigualdades inter e intrarregionais no País. Como agravante, gasta-se dinheiro para alimentar um círculo vicioso em que as grandes cidades, em especial as capitais, atraem pessoas e sorvem recursos além da conta, o que contribui para tomar outras cidades j não apenas menores, mas inviáveis. As únicas exceções têm sido as cidades localizadas, por sorte, em "corredores" de desenvolvimento. Em geral, elas são ou estão se tomando localidades de porte médio. Ao analisarmos os dados da Secretaria do Tesouro Nacional de 2000 e 2010, verificamos que a despesa per capita dos municípios com menos de 10 mil habitantes é semelhante (às vezes, superior) à de outros com mais de 1 milhão de habitantes. Isso significa que os pequenos municípios têm um custo de provisão de bens e serviços públicos muito alto, comparável ao de grandes municípios. Ou seja, oferecer serviços públicos adequados é proporcionalmente mais caro se o município for muito grande ou muito pequeno. Percebe-se, porém, que essa despesa média é decrescente, alcançando níveis mínimos nos municípios entre 50 mil e 500 mil habitantes. Nessa faixa populacional, o custo médio de provisão de bens e serviços públicos atinge esse valor mínimo em razão da presença de economias de escala para uma provisão mais eficiente, sem os problemas de que são acometidos os aglomerados urbanos com concentração populacional exagerada. Significa dizer que não deveríamos ter nem muitos municípios nanicos, pois isso torna nosso federalismo muito caro, nem municípios grandes demais, que se tomaram insustentáveis sob diversos aspectos. Um sinal positivo e, por enquanto, alentador é o fato de que nesses municípios de médio porte, justamente os de 50 mil a 500 mil habitantes, que apresentam despesas per capita inferiores às dos pequenos e i grandes centros, podem estar se criando forças centrípetas (de concentração) que, traduzindo, estão gerando economias de escala maiores que os pequenos municípios e de forma mais eficiente que as das grandes cidades. Os municípios de porte médio podem tomar-se verdadeiros poios de bem-estar social ao prover bens públicos que consigam diminuir um pouco a pressão exercida principalmente sobre as capitais. Numa perspectiva de médio e de longo prazos, caso houvesse uma orientação do Estado brasileiro, ou seja, uma decisão conjunta e harmônica entre os entes federal, estaduais e municipais, o ideal seria fortalecer institucionalmente os arranjos federativos cooperativos (conhecidos como consórcios públicos, mas que também podem ser considerados enquanto regiões integradas para o desenvolvimento), com o intuito claro de reduzir as despesas nos pequenos e nos grandes municípios. Esses arranjos municipais poderiam receber mais recursos públicos, para custeio e investimento, de modo a aproveitar sua escala mais eficiente. Em suma, o equilíbrio federativo é tencionado pelo enfrentamento das heterogeneidades territoriais e das desigualdades regionais. A solução passa principalmente por robustecer as instituições e os mecanismos de coordenação e cooperação federativa. A conformação de acordos interfederativos traz, implicitamente, uma abordagem territorial orientada pelo desafio de ampliar nossas capacidades governativas para pro-; ver bens e serviços públicos que reduzam as desigualdades regionais. As médias cidades seriam um contraponto a muitos dos problemas do federalismo brasileiro se fossem reposicionadas institucionalmente como potenciais poios de desenvolvimento regional, do ponto de vista econômico e social. Portanto, a solução para alguns de nossos graves problemas pode estar a meio caminho, bem debaixo de nossos olhos. Como diz o poeta, a lição sabemos de cor, só nos resta aprender. Técnicos de planejamento e pesquisa do Ipea (as opiniões aqui expressas são de exclusiva responsabilidade dos autores)
Macaé Offshore (RJ) - A quarta onda da inovação Indústria busca superação tecnológica no pré-sal, cada vez mais desafiador. Os resultados já estão aparecendo Por Brunno Braga Responsável pela produção média diária de 296 mil barris de óleo, o que corresponde a cerca de 6% do total de óleo produzido no País, o pré-sal caminha para ir mais além e alcançar a arca (estimada pela Petrobras) de 1 milhão de barris em 2017. Para chegar a esse objetivo, esforços serão exigidos, nos quais o desenvolvimento tecnológico exercerá papel fundamental. Em razão disso, a Petrobras tem aportado, desde 2011, pesados investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que chegaram, nos últimos dois anos, na casa do US$ 2 bilhões, depois de uma média de investimentos de US$ 650 milhões entre 2007 e 2010. Com reservas localizadas em um ambiente extremamente hostil, numa profundidade média de sete mil metros de lamina d’água e a 300 quilômetros da costa, os desafios a serem enfrentados nas atividades de perfuração de poços, integridade de sistemas e garantia de escoamento são os itens que delinearão o sucesso da empreitada, com grande ênfase para o que há de mais moderno em termos de tecnologia de petróleo no mundo. “As novas necessidades do pré-sal estão fazendo com que a indústria do petróleo no Brasil entre na quarta onda de inovação, que teve início com o Programa de Capacitação Tecnológica em Águas Profundas (Procap), criado em 1984, e que se estendeu até o Procap 3000. Os avanços obtidos resultaram na descoberta do pré-sal. Mesmo que os desafios se encontrem diferentes nas regiões abaixo da camada de sal, as tecnologias desenvolvidas ainda serão úteis, requerendo apenas adaptações, pois em muitos campos apresentam características diferentes”, afirma José Mauro de Morais, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e autor do livro Petróleo em Águas Profundas – Uma história tecnológica da Petrobras na exploração e produção offshore. Avanços obtidos com os vultosos investimentos em tecnologia dão conta de que esses investimentos já começam a dar resultados positivos. É o caso da redução do tempo de perfuração de poços no pré-sal. Em 2006, a Petrobras levava 134 dias para realizar tal atividade. Em 2012, esse mesmo processo caiu para 70 dias, representando uma expressiva economia para a empresa, levando-se em conta que cada sonda tem um custo diário estimado em cerca de US$ 1 milhão, incluindo aluguel e suprimentos. Sísmica de alta resolução, modelagem geológica e numérica, qualificação de novos sistemas de coleta para produção e separação de CO2 do gás natural em águas profundas e reinjeção, aumentando o fator de recuperação do petróleo a ser extraído, são alguns dos desafios tecnológicos apontados pela Petrobras que conseguiram ser superados. Contudo, se os avanços obtidos são observáveis, onde estão e quais serão os novos desafios encontrados pela empresa e que ainda dependem de mecanismos que estimulem a inovação tecnológica, afim de dar ainda mais eficiência na exploração e produção no pré-sal? Recursos de sobra para novas pesquisas Dinheiro não falta para investir em novas tecnologias. O que falta é projeto. No primeiro edital da Finep, apenas 11 empresas foram aprovadas e o custo total do financiamento dos projetos foi de R$ 353 milhões, pouco mais de 10% dos recursos em caixa, que somam um orçamento de R$ 3 bilhões. “Apesar de ser uma fração do total de recursos disponíveis, vemos como positivo o resultado da primeira etapa. As tecnologias do pré-sal ainda são novas e as empresas estão em processo de aprendizado. Das 11 empresas, somente uma multinacional foi selecionada, a FMC. O que demonstra que estamos apostando no conteúdo local”, comenta Mauricio Alves Syrio, chefe do Departamento de Petróleo, Gás e Indústria Naval da Finep. Um ano depois de ter lançado o primeiro edital do InovaPetro, programa que visa a fomentar projetos inovadores na cadeia de fornecedores de bens e serviços do setor de petróleo e gás, a Finep, gestora dos recursos oriundos do BNDES e da Petrobras, lança um novo edital, em busca de novos projetos inovadores. Na primeira etapa, as empresas que conseguiram ser aprovadas pela instituição foram as que apresentaram projetos mais consistentes para a atuação nas atividades petrolíferas com ênfase no pré-sal, divididos em três linhas temáticas. Tecnologias aplicadas em projetos de superfície, tecnologias aplicáveis em instalações submarinas e tecnologias aplicáveis em poços foram as linhas temáticas selecionadas. Para a segunda fase do programa, Syrio revela que as três linhas temáticas previstas no primeiro edital permanecem, mas com diferentes abordagens, e será acrescentado mais um tema no qual serão aprovados projetos voltados para serviços de análises de petrofísica, considerando reservatórios convencionais e não convencionais (shale gas e shale oil).
Público (Espanha) - El genocidio de la juventud negra en Brasil El índice de homicidios entre la población afrodescendiente enciende todas las alarmas en el país Por José Manuel Rambla La muerte de un adolescente en la periferia de Sao Paulo es una noticia tan cotidiana que pocas veces llama la atención de los medios. Sin embargo, los graves disturbios que siguieron al fallecimiento de Douglas Rodrigues por el disparo, supuestamente accidental, de un policía que acudió a atender una simple queja por ruido, han vuelto a traer al primer plano uno de los problemas sociales más graves del Brasil del milagro económico: la violencia contra los pobres y, especialmente, los jóvenes negros. La propia presidenta Dilma Rousseff salió al paso de estos hechos admitiendo que la misma violencia que acabó con la vida de Douglas la sufren "millares de otros jóvenes negros". Esta semana, durante la III Conferencia Nacional para la Promoción de la Igualdad Racial que se celebró en Brasilia del 5 al 7 de noviembre, la representante del Consejo Nacional para la Igualdad Maria Júlia Nogueira fue más lejos al reclamar medidas urgentes frente a lo que calificó de "genocidio de la juventud negra en Brasil". Genocidio, extermínio. Son algunos de los términos utilizados para designar la violencia que sufre la juventud afrodescendiente en Brasil. Y los datos parecen confirmar la exactitud de las calificaciones. Según el Instituto de Investigación Económica Aplicada (Ipea, según sus siglas en portugués), en dos de cada tres muertes violentas, de las más de 60.000 que anualmente se registran en el país, las víctimas son negras o mulatas. Con estas cifras, la tasa de homicidios para la población afrodescendiente se sitúa en 36,5 por cada 100.000 habitantes, frente al 15,5 de la población blanca. El estudio del Ipea destaca que estas cifras suponen una potencial reducción de 20 meses y medio en la esperanza de vida de los ciudadanos negros. Pero, sobre todo, el informe llama la atención sobre la edad cada vez menor de las víctimas: si en la pasada década de los 80 su edad media era de 26 años, en la actualidad se sitúa en los 20. Pero lo peor es que el fenómeno va en aumento. Julio Jacobo Waiselfisz, sociólogo y coordinador en Brasil del área de estudios sobre la violencia de la Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (Flacso) destaca en este sentido que si entre los años 2001 y 2010 el número de víctimas blancas de homicidio cayó un 27,1%, el de negros se incrementó en ese mismo periodo un 35,9%. Según el investigador de Flacso, solo en 2010 murieron por actos de violencia unos 35.000 afrodescendientes. "Estos números deberían ser preocupantes para un país que aparenta no tener enfrentamientos étnicos, religiosos, fronterizos, sociales o políticos. Representan un volumen de muertes violentas muy superior al de muchas regiones del mundo que atraviesan conflictos armados", destaca. A la vista de estos datos, Raquel Villadino, coordinadora del Programa para la Reducción de la Violencia Letal entre Adolescentes y Jóvenes de Rio de Janeiro, se mostraba muy crítica con el hecho de que solo el 8% de los programas de prevención de la violencia incluyan criterios raciales en su diseño. "El racismo -asegura- es un elemento estructural en la letalidad de la juventud negra. No solo estamos ante un proceso de criminalización de la pobreza sino, más en particular, de la juventud negra que vive en espacios populares". Ante la dimensión del problema, los poderes públicos comienzan a reaccionar. El pasado septiembre se puso en marcha el programa Juventud Viva. Impulsado por el gobierno federal a través de la Secretaría para la Promoción de la Igualdad Racial (Seppir), el programa buscacoordinar a las distintas administraciones en acciones que van desde actividades extraacadémicas para ocupar el tiempo de los adolescentes en los cambios de turno, a inversiones en la construcción de centros culturales en áreas de riesgo, concesión de microcréditos para jóvenes emprendedores, o programas de formación racial para la policía, una de las instituciones menor valoradas y en la que menos confían los brasileños. Juventud Viva ha comenzado como experiencia piloto en el estado de Alagoas cuya capital, Maceió, es la segunda ciudad en número de homicidios del país. Desde allí el proyecto irá extendiéndose paulatinamente a los 132 municipios más violentos del país. Luiza Bairros, ministra de la Seppir, destaca la importancia de este tipo de actuaciones. "Aunque hemos experimentado en los últimos años una mejora en los indicadores sociales de la población negra -comenta-, todavía hay millones de jóvenes negros que están fuera de las escuelas y del mercado laboral". A su juicio, este colectivo "constituye una población vulnerable a la posibilidad de verse envuelto en situaciones de violencia, puesto que tienen la vida poco valorizada ya que no están insertos en ningún tipo de red social más fuerte". Pero el racismo hacia la comunidad afrobrasileña no se limita a la violencia física. La pobreza estructural es, sin duda, una de las grandes losas que pesan sobre ella. De hecho, según el Catástro Único de Programas Sociales del gobierno federal, el 68% de los 81 millones de brasileños en situación de pobreza son negros o mulatos. La discriminación racial adquiere en Brasil incluso contornos sanitarios. La psicóloga Crisfanny Souza, integrante de la Red Nacional de Control Social de la Población Negra, pone como ejemplo la situación de la mujer: "prácticamente todos los índices de salud de la mujer negra son peores que los de la blanca. En una consulta sobre cáncer de mama, las negras son menos palpadas que las blancas, igual que reciben menos anestesia en el parto". Souza considera que, en gran medida, ello es debido al prejuicio que achaca al negro mayor resistencia física, "del mismo modo que si en un hospital entran un blanco y un negro con heridas de bala, se tiende a pensar que el primero es una víctima y el segundo un delincuente implicado en un tiroteo". También aquí los datos son implacables: el riesgo de un niño afrodescendiente de morir antes de los cinco años por dolencias infecciosas o parasitarias es un 60% mayor que un blanco, mientras que la posibilidad de morir por desnutrición son un 90% superiores. Además, el sistema de salud público no está preparado para atender el problema que representan algunas enfermedades que afectan especialmente a la población negra, como la hipertensión, la anemia falciforme o la diabetis mellitos tipo II. Todos estos circunstancias llevaron al PT a incluir el problema de la discriminación racial en la agenda política brasileña. Así lo pone de manifiesto la creación hace ahora una década del Seppir. Pero sobre todo, los dos grandes pilares de la política antiracista primero de Lula y ahora de Dilma Rousseff son el Estatuto de Igualdad Racial, que penaliza los actos de discriminación racial, y la política de cuotas. Precisamente, la presidenta brasileña aprovechó la inauguración esta semana de la III Conferencia para la Promoción de la Igualdad Racial para anunciar su decisión de tramitar el Congreso que el 20% de las plazas de concurso público federal se reserven para negros. Rousseff destacó que "con esta medida queremos iniciar un cambio en la composición racial de los servidores de la administración pública federal, haciéndola representativa de la composición de la población brasileña". Y es que, si en la actualidad el 51% de la población brasileña se declara negra o mulata, esa proporcionalidad dista mucho de verse reflejada en los diferentes entornos sociales más allá de casos concretos, pero no por ello menos importantes, como Joaquin Barbosa, primer presidente negro del Tribunal Supremo, o Nilma Gomes, primera rectora afrobrasileña de una universidad federal. Una muestra de los contrario lo encontramos en la representación política. Así, de los 513 diputados que integran el Congreso brasileño solo 43 son negros o mulatos, mientras que entre los 81 miembros del Senado solo hallamos dos afrodescendientes. Ante todos esto, la presidenta Dilma Rousseff es la primer en reconocer que el color de la piel sigue siendo motivo de exclusión para millones de brasileños. "La sociedad brasileña tiene que superar un periodo demasiado largo de esclavocracia que no acabó con la abolición", comenta. En su opinión, "resucitó un racismo en forma de jerarquización de la sociedad, manteniendo los valores de la esclavocracia". Al mismo tiempo, la presidenta de Brasil destaca que "la exclusión racial y la exclusión social se mezclan". Por ello, se muestra especialmente satisfecha de sus programas sociales como Bolsa Familia o Brasil Sin Miseria, que ha sacado de la miseria en estos años a 22 millones de brasileños, en un 78% negros, que hoy disponen de unos ingresos mensuales de 70 reales, esto es, unos 23 euros. Y junto ello el sistema de cuotas para las universidades federales para estudiantes de escuelas públicas, teniendo en cuenta criterios raciales y de renta. Una medida clave si se tiene en cuenta el deterioro de la enseñanza pública en primaria y secundaria, frente al prestigio de una universidad pública venían siendo monopolizadas por estudiantes de la clase media y alta que habían cursado los niveles inferiores en centros privados. Con la ley de cuotas las universidades públicas reservaron este curso un 12,5% de sus plazas. La perspectiva es que en 2022 esa cuota alcance al 50% de las plazas universitarias federales. Igualdad de oportunidades socioracial Estas iniciativas de discriminación positiva son básicas para Rousseff para quién "construir acciones afirmativas es esencial para que sea efectiva la igualdad de oportunidades socioracial". De hecho, incluso organismos como el Programa de Naciones Unidas para el Desarrollo han destacado los avances de brasil en materia racial. Sin embargo, tampoco faltan voces que cuestionan el entusiasmo con que el gobierno promueve estas iniciativas de igualdad racial. Así, por ejemplo, el Instituto de Estudios Socioeconómicos adevertía a finales de octubre de 2012 de que de los 1.900 millones de reales (unos 620 millones de euros) presupuestados para combatir el racismo, solo se había ejecutado un 10% hasta ese momento. Mientras tanto la sociedad brasileña sigue empapada de racismo. Y no solo hacia los afrodescendientes. Según el Consejo Indigenista Misionero, entidad vinculada a la iglesia católica, durante el pasado año 2012 la violencia contra las comunidades indígenas se incrementó un 237% En su relatorio se incluyen homicidios, amenazas de muerte, tentativas de asesinato, agresiones, violencia sexual. En muchos de estos casos la pugna entre hacendados e indígenas por el control de la tierra se esconde detrás de estos hechos. En total, 563 indios han sido asesinados en la última década. Y todo ello, paradójicamente, en una sociedad que se vanagloria del mestizaje como seña de identidad. No es extraño que en los sondeos el 87% de los encuestados reconozca que en Brasil existe el racismo, pero solo un 4% se reconozca como racista. Brasil aparece así como un país racista, pero sin racistas, con prejuicio de sus propios prejuicios. O como mucho protagonista de un "racismo cordial" que transforma la discriminación en un chiste, una broma aparentemente sin importancia. El pasado mes de mayo la cadena de televisión O Globo conmemoraba el 125 aniversario de la abolición de la esclavitud en una parodia donde los ex esclavos tomaban su liberación como una simple excusa para celebrar el una tópica fiesta de carnaval. Douglas Belchior, profesor de Historia y militante del movimiento negro, recordaba que los 388 años de esclavitud supusieron el secuestro o asesinato de unos 7 millones de africanos y sus descendientes. "Se trata del mayor crimen de lesa humanidad que ha existido. ¿Debe o puede esto ese motivo de chiste? ¿Cuántas escenas de ‘humor inteligente' de este tipo encontramos sobre el holocausto judío, las víctimas de Hiroshima y Nagasaki o el World Trade Center?".
Folha de S.Paulo (SP): Municípios são novas estrelas da federação   Odorico Paraguaçu vestia o paletó às pressas quando recebia um telefonema do governador. Mas, se a novela "O Bem-Amado" (1973) se passasse hoje, o prefeito de Sucupira talvez não se mostrasse tão reverente: estaria acostumado a tratar diretamente com a Presidência da República de assuntos relativos a creches, postos de saúde e Bolsa Família. Até o célebre cemitério que pretendia inaugurar poderia receber verbas de algum convênio com o governo federal. Prefeitos com mais verbas e poderes são a mais recente inovação do federalismo brasileiro, cuja história se confunde com a da República. Em contrapartida, os Estados se encontram enfraquecidos. "As Províncias do Brasil, reunidas pelo laço da Federação, ficam constituindo os Estados Unidos do Brasil", estabelecia o segundo artigo do decreto número 1 de 1889, o inaugural da era republicana. Sob óbvia inspiração da bem-sucedida experiência norte-americana, procurava-se levar a sério a ideia de Estados autônomos para formular as próprias leis e cuidar de sua administração, a ponto de seus governantes serem chamados inicialmente de presidentes. Um século depois, o Brasil seria mais original, ao decidir alçar também os municípios à categoria de entes federativos, em um modelo inédito de autonomia local. Na prática, as cidades ganharam um Executivo, um Legislativo e o fim da tutela dos Estados. Em termos ainda mais concretos, houve uma multiplicação do número de prefeituras e câmaras municipais, mais atribuições e mais recursos. Segundo levantamento do economista José Roberto Afonso, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, desde a Constituição de 1988, os municípios elevaram de 13,3% para 18,5% sua participação nas receitas públicas do país --via arrecadação própria e repasses obrigatórios feitos pelas instâncias estadual e federal. No mesmo período, a fatia dos Estados no bolo tributário caiu de 26,6% para 24,6%. Nessas contas não entram as crescentes verbas transferidas voluntariamente da União e dos Estados para os municípios. "Cada vez mais há uma ponte direta entre governo federal e governos locais, sem envolver os Estados; em federações tradicionais, isso é impossível ou proibido", observa Afonso. GUERRA Se a lógica federativa supõe a cooperação entre seus entes para promover políticas públicas e desenvolvimento econômico, há algo de anormal na experiência brasileira. Basta dizer que o principal tema de discussão entre os governadores do país é a guerra fiscal: a disputa entre os Estados pela atração de investimentos por meio de incentivos tributários. Sem conseguir chegar a um acordo em torno de uma política que deprime sua capacidade de arrecadar, os Estados acumulam outros contenciosos, como a repartição dos tributos arrecadados pela União e das receitas esperadas com o petróleo do pré-sal. "O que quebrou os Estados foi a crise dos anos 1990", diz o cientista político Antonio Lassance, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Naquela década, o endividamento excessivo dos governos estaduais foi solucionado por um socorro financeiro federal. Desde então, os Estados são devedores da União e precisam se submeter às exigências da credora. Novas dívidas, por exemplo, com o sinal verde do Tesouro Nacional. O poder e a autonomia dos Estados oscilaram ao longo da história republicana. O papel centralizador da União foi exercido de maneira mais notória em dois períodos autoritários, o Estado Novo de Getúlio Vargas e a ditadura militar. Para Fernando Rezende, pesquisador da FGV, vive-se hoje no Brasil, pela primeira vez, um momento de centralização com democracia, ainda que o espírito da Constituição tenha sido o de radicalizar a descentralização. Segundo seu raciocínio, a mesma crise orçamentária dos anos 90 forçou o governo federal a reforçar suas receitas a fim de cumprir as metas fiscais impostas pelo Fundo Monetário Internacional. Para tanto, os tributos escolhidos foram aqueles que não são repartidos com os Estados e municípios, em especial as contribuições destinadas a sustentar a rede de programas de proteção social. Enquanto interrompia o espalhamento de receitas, a União passou também a encabeçar a definição de políticas públicas --"uma série de decisões que vão amarrando as mãos dos administradores estaduais e municipais", nas palavras de Rezende. O Bolsa Família, por exemplo, tem gestão compartilhada, na teoria, pelas três esferas de governo; todas as regras do programa, no entanto, são definidas em Brasília. Mais recentemente, a presidente Dilma Rousseff tratou de definir como Estados e municípios vão aplicar as receitas do petróleo. Para Antonio Lassance, isso não é necessariamente um problema. "A União virou uma excelente máquina de arrecadação", argumenta, "e as regras das políticas públicas são pactuadas [com governadores e prefeitos]".
O Estado de S.Paulo (SP): Federalismo e desigualdade regional Por Constantino Cronemberger Mendes e Antônio Lassance Desde que se tornou republicano e federalista, em 1889, o Brasil tem alcançado avanços econômicos e sociais, mas ainda não foi capaz de diminuir drasticamente as diferenças inter e intrarregionais. Permanecem contrastes gritantes na provisão de bens e serviços públicos entre as Regiões Norte e Nordeste, de um lado, e o Sul -Sudeste, de outro; assim como ocorre com as capitais, se comparadas à maioria das cidades do interior de cada Estado. Algumas soluções que parecem simples e óbvias - numa visão técnica - continuam adormecidas, à espera de vontade política e de uma visão de longo prazo de vários atores do federalismo brasileiro. Nossa Constituição manda que se levem em conta as desigualdades regionais ao desenvolver políticas públicas. No entanto, o que o Estado brasileiro diz (na Constituição) não é necessariamente o que faz na hora de empregar recursos públicos. Nesse sentido, observa-se que a despesa per capita é tradicionalmente menor nas Regiões Norte e Nordeste, que compreendem os municípios e Estados que abrigam as parcelas da população mais desassistidas ou carentes em termos da provisão de direitos. Teimosamente, insiste-se num viés inter-regional concentrador da ação pública. Mesmo nas regiões mais ricas as políticas públicas beneficiam as localidades que já estão relativamente mais bem equipadas para garantir os mesmos benefícios aos cidadãos. Tal desequilíbrio ("assimetria", para usarmos o nome técnico) tem como consequência a manutenção das desigualdades regionais. O problema federativo brasileiro não está restrito somente à distribuição ou alocação de recursos tributários entre os entes. Trata-se de saber como esses recursos estão sendo gastos na provisão de bens e serviços públicos à sociedade. A tese, empiricamente comprovada, é de que o gasto público no Brasil tem servido para manter ou até agravar as desigualdades inter e intrarregionais no País. Como agravante, gasta-se dinheiro para alimentar um círculo vicioso em que as grandes cidades, em especial as capitais, atraem pessoas e sorvem recursos além da conta, o que contribui para tomar outras cidades j não apenas menores, mas inviáveis. As únicas exceções têm sido as cidades localizadas, por sorte, em "corredores" de desenvolvimento. Em geral, elas são ou estão se tomando localidades de porte médio. Ao analisarmos os dados da Secretaria do Tesouro Nacional de 2000 e 2010, verificamos que a despesa per capita dos municípios com menos de 10 mil habitantes é semelhante (às vezes, superior) à de outros com mais de 1 milhão de habitantes. Isso significa que os pequenos municípios têm um custo de provisão de bens e serviços públicos muito alto, comparável ao de grandes municípios. Ou seja, oferecer serviços públicos adequados é proporcionalmente mais caro se o município for muito grande ou muito pequeno. Percebe-se, porém, que essa despesa média é decrescente, alcançando níveis mínimos nos municípios entre 50 mil e 500 mil habitantes. Nessa faixa populacional, o custo médio de provisão de bens e serviços públicos atinge esse valor mínimo em razão da presença de economias de escala para uma provisão mais eficiente, sem os problemas de que são acometidos os aglomerados urbanos com concentração populacional exagerada. Significa dizer que não deveríamos ter nem muitos municípios nanicos, pois isso torna nosso federalismo muito caro, nem municípios grandes demais, que se tomaram insustentáveis sob diversos aspectos. Um sinal positivo e, por enquanto, alentador é o fato de que nesses municípios de médio porte, justamente os de 50 mil a 500 mil habitantes, que apresentam despesas per capita inferiores às dos pequenos e i grandes centros, podem estar se criando forças centrípetas (de concentração) que, traduzindo, estão gerando economias de escala maiores que os pequenos municípios e de forma mais eficiente que as das grandes cidades. Os municípios de porte médio podem tomar-se verdadeiros poios de bem-estar social ao prover bens públicos que consigam diminuir um pouco a pressão exercida principalmente sobre as capitais. Numa perspectiva de médio e de longo prazos, caso houvesse uma orientação do Estado brasileiro, ou seja, uma decisão conjunta e harmônica entre os entes federal, estaduais e municipais, o ideal seria fortalecer institucionalmente os arranjos federativos cooperativos (conhecidos como consórcios públicos, mas que também podem ser considerados enquanto regiões integradas para o desenvolvimento), com o intuito claro de reduzir as despesas nos pequenos e nos grandes municípios. Esses arranjos municipais poderiam receber mais recursos públicos, para custeio e investimento, de modo a aproveitar sua escala mais eficiente. Em suma, o equilíbrio federativo é tencionado pelo enfrentamento das heterogeneidades territoriais e das desigualdades regionais. A solução passa principalmente por robustecer as instituições e os mecanismos de coordenação e cooperação federativa. A conformação de acordos interfederativos traz, implicitamente, uma abordagem territorial orientada pelo desafio de ampliar nossas capacidades governativas para pro-; ver bens e serviços públicos que reduzam as desigualdades regionais. As médias cidades seriam um contraponto a muitos dos problemas do federalismo brasileiro se fossem reposicionadas institucionalmente como potenciais poios de desenvolvimento regional, do ponto de vista econômico e social. Portanto, a solução para alguns de nossos graves problemas pode estar a meio caminho, bem debaixo de nossos olhos. Como diz o poeta, a lição sabemos de cor, só nos resta aprender. Técnicos de planejamento e pesquisa do Ipea (as opiniões aqui expressas são de exclusiva responsabilidade dos autores)
Valor Econômico (SP): Foco regional Por Jane Soares O Nordeste brasileiro entrou no século XXI com uma nova imagem: o de uma região repleta de oportunidades. Desde 2002, o Produto Interno Bruto (PIB) nordestino não registra queda e avança a taxas maiores que o PIB nacional em praticamente todo o período. A única exceção foi em 2007. A participação no PIB brasileiro passou de 13% em 2002 para 13,5% em 2010. Os investimentos captados nos últimos cinco anos e projetados até 2015 somam cerca de R$ 125 bilhões. O ganho médio do trabalhador foi para R$ 948, quase o dobro de dez anos atrás. Mesmo assim, ainda está bem longe da média de R$ 1.638 recebidos pelos empregados do Sudeste. Por outro lado, um de cada dois analfabetos brasileiros mora no Nordeste e 78% dos municípios ainda se enquadram na categoria de baixo índice de desenvolvimento humano. Os instantâneos da realidade nordestina foram captados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), e Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan). E indicam que o Nordeste tem pelo menos quatro grandes desafios. Manter os altos índices de crescimento econômico; equacionar os gargalos logísticos; melhorar os indicadores sociais e aumentar a oferta e a qualidade dos serviços públicos prestados à população. "O Nordeste não pode se contentar com os ganhos dos últimos anos e dormir em berço esplêndido. Ainda há muito a fazer para melhorar os indicadores sociais e existem muitas ameaças à continuidade do desenvolvimento", alerta Tânia Bacelar, professora do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco. Mas há também muitas oportunidades. Uma delas é a expansão do consumo propiciada pela melhoria de renda da população, resultado da política federal de aumento do salário mínimo e do programa Bolsa Família, que beneficia pouco mais de 50% dos nordestinos e deve colocar cerca de R$ 10,7 bilhões na economia local neste ano. "A população de baixa renda movimenta R$ 4 bilhões por ano na Bahia", comenta José Sérgio Gabrielli, secretário do Planejamento do Estado. "Com melhor poder de compra, a economia das pequenas e médias cidades registrou forte incremento", explica Tânia. O bom desempenho da economia nordestina se consolidou com uma onda de investimentos privados sem precedentes nos últimos cinco anos, de aproximadamente R$ 125 bilhões, entre captados e projetados, quase 75% dirigidos para a indústria de transformação. As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por sua vez, preveem inversões de R$ 40,6 bilhões entre 2011 e 2014 apenas no eixo de transportes. "A Bahia vive um dos ciclos mais importantes de desenvolvimento dos últimos cem anos. Com a diversificação da base produtiva e a chegada de novos empreendimentos às regiões mais afastadas e carentes, o crescimento se democratiza", afirma Gabrielli. Até 2015, a iniciativa privada deve investir US$ 37 bilhões. Entre as obras que desembarcam na Bahia, destacam-se o complexo acrílico da Basf e o Estaleiro Paraguaçu, da Odebrecht, em sociedade com a OAS, a UTC e a Kawasaki Heavy Industries. No ano passado, o Estado cresceu 3,1%, bem distante dos 0,9% nacionais. "Enquanto o Brasil está se desindustrializando, Pernambuco se reindustrializa. O desafio para os próximos anos é manter o ritmo de crescimento, que teve expansão de 2,3% em 2012", diz Márcio Stefanni Monteiro Morais, secretário de Desenvolvimento Econômico. Só no Complexo de Suape, os investimentos são de R$ 50 bilhões. Com a chegada da Fiat - e seu batalhão de sistemistas - e a consolidação dos polos vidreiro e farmoquímico, cerca de R$ 20 bilhões vão irrigar a economia da região da Mata Norte. "Os maiores investimentos privados de toda a história do Ceará acontecem agora", diz o governador Cid Gomes (PSB), lembrando que, no ano passado, o PIB estadual cresceu 3,65%, quatro vezes mais que o brasileiro. Apenas a construção da Companhia Siderúrgica do Pecém, pelas mãos da Vale e das coreanas Dongkuk e Posco, representa um investimento de US$ 5,4 bilhões e o Estado espera para abril de 2014 a licitação de refinaria Premium 2 da Petrobrás, obra de US$ 11 bilhões. Com tantos projetos em curso, o número de trabalhadores com carteira assinada passou de 4,3 milhões em 2000 para 13,3 milhões em 2011, e o Nordeste se transformou em um grande canteiro de obras. Aliás, a construção civil é um dos motores do crescimento. "Grandes empreendimentos públicos e privados e a enorme procura por imóveis residenciais levaram o setor a crescer em ritmo chinês", afirma Júlio Becher, gerente da unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco. Em 2010, a construção civil pernambucana registrou alta de 26,10%; em 2011, de 15,6% e em 2012, de 8,3%. Nesse contexto, a procura por financiamentos disparou. Enquanto a média nacional de expansão do crédito ficou em 22,4% ao ano entre 2006 e 2011, na região foi de 27% ao ano. As contratações do Banco do Nordeste (BNB) passaram de R$ 2 bilhões em 2006 para R$ 22,8 bilhões em 2012, enquanto os empréstimos concedidos pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) pularam de R$ 1 bilhão para R$ 11,9 bilhões. "Com a ampliação dos investimentos industriais e a modernização da infraestrutura de logística, os Estados nordestinos têm condições de crescer acima dos índices nacionais pelos próximos anos", afirma Ary Joel de Abreu Lanzarin, presidente do BNB. Todos concordam com Lanzarin. Mas alertam para a necessidade de aumentar os investimentos públicos em infraestrutura de transportes a fim de eliminar gargalos, como a falta de ligação entre o litoral norte de Pernambuco, onde a Fiat constrói sua fábrica, ao Porto de Suape, no litoral Sul. Cledorvino Belini, presidente da montadora, ressalta a importância do Arco Metropolitano do Recife, que ainda não saiu do papel, no esquema de distribuição da montadora. Os investimentos em infraestrutura só virão reforçar um panorama promissor, na visão de Renato Meirelles, presidente do instituto de pesquisa Data Popular. Até agora, a transferência de renda propiciada pelo Bolsa Família beneficiou as classes D e E, que representavam 73% da população em 2002 e agora são 49%. "Daqui para a frente, a tendência é de fortalecimento da classe C, com um forte incremento no consumo. A região tem uma massa de renda de R$ 447 bilhões, 17% da brasileira", diz Meirelles. O executivo garante: o Nordeste tem potencial para comprar 1,2 milhão de imóveis, 1,6 milhão de carros, 2,8 milhões de televisores e 4,7 milhões de notebooks.
Época: O que a nova classe média pensa sobre sustentabilidade Uma pesquisa tenta entender como o grupo que vivenciou um forte aumento de renda nos últimos anos no Brasil entende as questões ambientais Na última década, uma parcela da população brasileira experimentou uma forte mudança social. Estima-se que mais de 30 milhões de pessoas deixaram a linha da pobreza, com aumento de renda e acesso a crédito e a bens de consumo. Esse grupo, que está sendo chamado de nova classe média, é um dos principais alvos das políticas sociais do governo federal. Mas por ser um grupo grande e heterogêneo, sabe-se pouco sobre o que pensa de temas importantes, como a questão ambiental. O que a nova classe média pensa sobre sustentabilidade? A pesquisadora Izabelle Vieira, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), tenta responder a essa pergunta. A ideia é entender como essa parcela da população, que vive a festejada conquista de poder consumir mais, encara o discurso de sustentabilidade, que diz que o consumo deve ser controlado. "O objetivo é conhecer as práticas reais e entender como esse grupo percebe as questões de consumo sustentável", diz Izabella. A dificuldade começa na definição do grupo a ser estudado. O conceito de nova classe média é novo, cunhado pelo economista Marcelo Neri, atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Mas não há consenso sobre isso entra a comunidade acadêmica. Para muitos pesquisadores, não é possível ainda dizer que surgiu uma nova classe no Brasil. Para fazer a pesquisa, Izabella considerou como "nova classe média" o grupo social que estava na base da pirâmide e experimentou grande incremento de renda na última década, com aumento do salário mínimo, emprego e acesso ao crédito. São famílias que hoje possuem renda mensal entre R$ 1.000 e R$ 5.000 e que vivem nas periferias das grandes cidades. O estudo ainda não está completo, mas os resultados iniciais mostram que o consumo sustentável não é prioridade para essas famílias, e que as questões ambientais são percebidas como distantes da realidade, mais associadas à ideia de proteção de florestas e rios e não com o dia a dia das grandes cidades. "Sustentabilidade não é um termo que costuma ser utilizado", diz Izabelle. Isso não quer dizer que o assunto seja completamente ignorado. As pessoas enfatizam os problemas da comunidade, especialmente a questão do lixo. Além disso, as famílias da nova classe média mostram alguns comportamentos considerados sustentáveis, como economizar água e apagar as luzes ao sair dos quartos. Mas a motivação não é ambiental, é econômica. "Apagar a luz ou evitar o desperdício de água significa dinheiro no final do mês. Pode significar sair uma vez a mais para jantar no mês". A pesquisadora ressalta que o objetivo do estudo não é defender a sustentabilidade nem criticar as famílias da nova classe média. "Não adianta simplesmente culpar o consumidor desse grupo por não adotar essas práticas. O consumo sustentável esbarra em questões materiais básicas e até diferenças filosóficas." As questões materiais são evidentes: a população que vive nas periferiais das grandes cidades brasileiras precisa lidar, diariamente, com a ausência de serviços básicos. Se falta coleta de lixo e saneamento, como esperar serviços como a coleta seletiva e reciclagem? As famílias da nova classe média dificilmente conseguem seguir o que organizações ambientais definem como parâmetros para o consumo sustentável. Com poder aquisitivo limitado, essas famílias não conseguem comprar produtos orgânicos ou certificados, que são mais caros que outros produtos. Também não têm acesso a informações como as condições de fabricação de um determinado produto ou a relação de empresas com a comunidade, e o preço costuma ser o fator mais importante na hora da compra. Além das questões materiais, há diferenças filosóficas, especialmente na ideia de justiça social. As famílias se comparam com classes econômicas mais ricas e questionam que, justamente agora que elas têm acesso a bens de consumo, se fale em consumir menos em prol do planeta. Muitos interpretam que a ideia de limitar o consumo acaba punindo a nova classe média, já que só agora esse grupo tem condições de ter um carro e bens de consumo. Um dos resultados desse pensamento é que a nova classe média não se vê como o sujeito, como os autores do comportamento sustentável. Diferentemente do que prega o movimento ambiental, que defende que cada pessoa pode agir para melhorar o mundo, a nova classe média, segundo a pesquisa, parece acreditar que quem deve agir são os governos, empresas e ONGs. Também há dificuldade em saber o que cada um pode fazer. "Não está claro para as pessoas o que elas podem fazer pelo meio ambiente", diz Izabelle.
Brasil Econômico (SP): O peso da desoneração nas contas da Previdência Mesmo com repasses garantidos pelo Tesouro, menor arrecadação pode agravar déficit Por Aline Salgado A desoneração da folha de pagamento de 52 setores da economia, que substituíram as contribuições de 20% ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) sobre cada funcionário por uma alíquota de até 2% sobre o lucro líquido, levará o governo a deixar de receber, ao todo, R$ 18 bilhões, segundo estimativas oficiais. Mesmo com a promessa de que o Tesouro Nacional vem custeando as desonerações, válidas até dezembro de 2014, a redução na arrecadação aos cofres do Executivo pode ampliar, no curto prazo, o equilíbrio da já problemática saúde financeira da Previdência Social. Técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e especialista em Previdência Social, Marcelo Abi-Ramia Caetano, afirma que comas garantias de repasses pelo Tesouro Nacional, a redução das contribuições aos cofres públicos terá reflexo direto nas contas da Previdência Social. “Não tem como pensar em se reduzir tributos sem considerar que haverá impactos nas contas. Na prática, também nunca vi desonerações na folha gerarem aumentos de empregos expressivos a tal ponto de se compensar as arrecadações que deixaram de ser recolhidas. Como não houve alterações nas regras da Previdência, não tem jeito. Arrecadando-se menos, a conta previdenciária vai ficar debilitada”, avalia Caetano. Para o economista, mesmo considerando o argumento de que o Tesouro bancaria a saúde financeira da Previdência, de forma geral, com ganhos menores, o governo pode acabar sacrificando diversos setores, inclusive, a Seguridade. “Considerando a Previdência isolada, o déficit pode não estar pesando tanto. Mas, ela faz parte do governo e, como houve uma redução no ganho tributário, há uma perda. É como se tirar dinheiro do bolso esquerdo e levar para o direito. Se não parar, uma hora vai faltar para todos os lados”, explica o técnico do Ipea. Vice-presidente de Assuntos Fiscais da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), Vanderley Maçaneiro vai mais longe.Para ele, o governo não tem sido claro sobre o montante real que o Tesouro Nacional precisa repassar aos cofres da Previdência Social. “No final do ano passado o governo estimava uma perda de R$ 12 bilhões e agora eles já admitem R$ 18 bilhões, bem próximo dos R$ 19 bilhõesque calculamos”, frisa Maçaneiro, que acrescenta: “O desequilíbrio nas contas pode levar o governo a engrossar o discurso de uma reforma da Previdência a todo o custo, sem um debate completo”. Para o economista e ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento Raul Velloso, a desoneração precisa ser vista como uma medida de curto prazo, sob o risco de agravar o desequilíbrio estrutural das contas da Previdência Social . “O sistema já conta em si com um déficit estrutural que vêm crescendo pelo aumento das despesas que não é acompanhado por um crescimento das arrecadações . Se a desoneração for mesmo temporária, o dinheiro que deixa de ser recebido de um lado é compensado por outro. Mas, se isso for postergado, podemos, sim, ter uma crise nas contas”, analisa. Pelo lado do governo, o Secretário de Políticas Públicas do Ministério da Previdência Social, Leonardo Rolim, garante que as contas da Previdência ainda estão no azul e que os repasses vêm sendo cumpridos. “O que acontece é que não tem como compensar pelo valor real no mesmo dia. Grande parte das empresas pagam em atraso e até que o Tesouro repasse para a Previdência, demora um pouco”, defende o secretário. Rolim afasta qualquer de que haja déficit nas contas. “Não há déficit. Dentro do regime geral temos dois sub-regimes: a previdência urbana, que hoje é superavitária; e a rural, que foi concebida para ser um modelo semi contribuitivo, em que o orçamento da Seguridade Social como um todo cobriria os focos de custeio. Nesse sentido, a previdência urbana, que tem arrecadação anual de R$ 21 bilhões, sustenta a rural, mas esse superávit não vai se manter para sempre”, afirma Rolim. Segundo o secretário, o governo não pensa em reformas ou ajustes na Previdência no curto prazo. “Sentamos com as centrais sindicais há três meses para iniciar o debate sobre alternativas, mas não há propostas fechadas”, diz.
O Globo (RJ): Riqueza Negócios & Cia, por Flávia Oliveria Riqueza 1 Passa de R$ 4,17 trilhões o patrimônio imobiliário das famílias brasileiras. A conta saiu de consulta do Ipea a 3.800 lares do país. O valor extrapola (muito) o estoque de riqueza declarado pelos contribuintes à Receita. No IR, o valor total dos imóyeis é de R$ 3,02 trilhões. Riqueza 2 A declaração do IR não traz o preço de mercado dos imóveis. "Em três anos, houve valorização de 43,7%" diz Marcelo Neri, presidente do Ipea e ministro da SAE. Os órgãos elaboram projeto para calcular o tamanho da riqueza dos brasileiros. Neri apresenta a pesquisa hoje.
O Estado de S. Paulo (SP): Dilma defende cotas no Dia da Consciência Negra A presidente Dilma Rousseff defendeu nessa quarta-feira, 20, no Dia da Consciência Negra, as cotas nas universidades e no serviço público. Pelo Twitter, a presidente postou mensagem sobre a data em homenagem à memória de Zumbi dos Palmares. "Hoje é dia de o Brasil olhar para si, rever o seu passado e discutir o seu futuro", disse Dilma, abrindo os comentários sobre o tema. Ela criticou formas de exclusões racial e social. "O passado de escravidão retorna, sempre, como racismo, como tentativa de manter a hierarquia e os valores de uma sociedade superada." Dilma analisou que "é por isso que a exclusão racial e social virou uma coisa só". Segundo a presidente, "a efetiva igualdade racial apenas será conquistada com políticas afirmativas de promoção de oportunidades para negros e negras". Em seguida, ela disse que foi por isso que promulgou a Lei de Cotas nas universidades. "Por isso também assinei mensagem ao Congresso encaminhando projeto de lei que reserva 20% das vagas do serviço público federal para negros", afirmou a presidente. Nessa quarta-feira, sob sol de 33°C, cerca de 1.500 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, participaram em São Paulo da Marcha da Consciência Negra, em homenagem à memória de Zumbi e Dandara, líderes do Quilombo dos Palmares. A passeata partiu às 15 horas da Avenida Paulista e seguiu até o Teatro Municipal, no centro, onde foi encerrada perto das 17h. Participaram do evento sindicatos e movimentos sociais, além dos coletivos que saíram às ruas nas jornadas de junho. Foi a 10.ª marcha na cidade, que neste ano teve como tema "A juventude negra quer viver", em relação às mortes de negros e pardos nas periferias. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a partir de informações sobre mortalidade do Censo 2012, apresentado na terça-feira, mostrou que a taxa de mortes violentas entre os negros é de 36 mortes por 100 mil. Entre os não negros, a taxa cai para 15,2. Antes de a passeata partir, houve uma série de discursos de lideranças do movimento negro paulista e de políticos, como o secretário de Promoção da Igualdade Racial, Netinho de Paula. Dois carros de som puxaram a passeata. Sobre um deles, havia uma banda com violão, baixo e bateria que tocava músicas de hip-hop. Nos cartazes, os manifestantes protestavam contra o "genocídio dos negros na periferia". No começo do protesto, cerca de 150 policiais acompanharam os manifestantes em duas filas indianas, o que irritou os líderes da passeata. Do carro de som, eles disseram que não seguiriam a marcha enquanto a PM não deixasse a rua livre. "Já não bastam as operações saturação e as reintegrações de posse feitas rotineiramente nas periferias", discursou um dos manifestantes. "Precisamos ser policiados também no manifesto do Dia da Consciência Negra." Depois de negociação entre manifestantes e os oficiais, os PMs ficaram para trás e a marcha seguiu pacificamente. Também participaram do evento integrantes da bateria da Vai-Vai, baianas de escolas de samba e passistas. Rio. O Dia da Consciência Negra foi comemorado no Rio com danças na frente da estátua de Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, no centro. As atividades começaram com uma vigília, às 6 horas. Depois, formaram-se rodas de samba e de capoeira. Também houve apresentação de dança afro, jongo e maculelê. Para marcar a data, a prefeitura inaugurou uma placa no Cais do Valongo, importante sítio arqueológico da diáspora africana. Era nesse local que se fazia o comércio dos negros recém-chegados da África, no início do século 19. A prefeitura está em campanha para que o sítio seja considerado patrimônio da humanidade pela Unesco.
Cotas para negros no serviço público também são discutidas no programa que recebeu Tatiana Dias, do Ipea, e Ivair dos Santos, da UnB
Zero Hora (RS): Como as classes emergentes estão realizando sonhos de consumo Por Joana Colussi Renda dos chefes de famílias nas vilas da região metropolitana de Porto Alegre cresceu 14% Comer bem, usar roupas da moda, cuidar da aparência e estar conectado. Os desejos e sonhos de consumo não mudam de uma classe social para outra. A diferença é a forma de realizá-los. - O acesso à informação dá a impressão de uma sociedade mais igualitária, mas as desigualdades estão na forma como os caprichos se concretizam - analisa o antropologo Moisés Kopper. Incluída em políticas governamentais de distribuição de renda e habitação, a chamada nova classe média brasileira é integrada por indivíduos que vivem em famílias com renda per capita entre R$ 292 e R$ 1.021 - com uma média de quatro moradores por casa. São milhões de pessoas que deixaram de ser pobres para embarcar no processo chamado de periferização ao adquirir o primeiro imóvel, carro e ter acesso a serviços até então distantes, agora disponíveis nas comunidades. Agente de ação social, Tatiana Silveira, 38 anos, passou a frequentar a academia pela primeira vez há dois meses, depois da abertura de um estabelecimento ao lado da sua casa, na Vila Cruzeiro do Sul: - Foi uma oportunidade por ser perto. Não teria como pegar um ônibus para fazer ginástica em outro bairro. Pagando uma mensalidade de R$ 60, Tatiana cumpre a série de exercícios pelo menos três vezes por semana. Mãe de dois filhos, um de 15 anos e outro de três anos, está orgulhosa por ter emagrecido cinco quilos em 60 dias. Aberta há três anos, a academia do empresário Anuar Paulo Pezzi (leia mais na página 8) reúne cerca de 150 alunos por mês, grande parte deles estreantes. - A maioria quer emagrecer ou criar massa muscular - destaca o gerente e educador físico Yuri Kniphoff. RENDA NA VILA SUBIU MAIS QUE A MÉDIA Com base em renda e habitação, o estudo Cidades em Movimento: desafios e perspectivas das políticas públicas, divulgado neste mês pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra a evolução na condição de vida dos moradores de favelas brasileiras de 2000 a 2010. Conforme o levantamento, a renda dos chefes de famílias nas vilas da região metropolitana de Porto Alegre passou de R$ 700 para R$ 800. A variação de 14,3% é bem superior ao avanço de 4,6% no rendimento de chefes de famílias de fora das comunidades: de R$ 2.150 para R$ 2.250. O estudo também mostra que esses moradores estão conseguindo melhorar suas casas, construindo banheiros e investindo em obras de esgoto sanitário. — Pesquisas comprovam que a melhoria da habitação faz com que a pessoa invista mais nela, comprando materiais de construção, móveis e eletrodomésticos. Um processo está relacionado ao outro — destaca Cleandro Krause, pesquisador e técnico do Ipea.
Correio Braziliense (DF): Minha Casa, Minha Vida ganha nota 8 dos moradores Prévia de pesquisa inédita do Ipea mostra que custo das prestações é o mais criticado Por Aline Salgado As famílias da faixa 1 (com renda mensal de até R$ 1.600), que até o ano passado conseguiram realizar o sonho da casa própria por meio do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, estão com sorriso no rosto. Mas, para elas, a satisfação poderia ser ainda mais completa não fosse o custo das parcelas do financiamento. Dados preliminares de levantamento inédito que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria como Ministério das Cidades, prepara com base na análise de 7.620 domicílios beneficiados pelo programa revelam que a nota média para o peso do financiamento da moradia no orçamento das famílias é de 7,9. Segundo Marcelo Neri, ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e presidente do Ipea, a insatisfação como custo do crédito revela um pouco do perfil dos moradores beneficiados. “Famílias pobres, que mesmo contando com 90% de subsídio da casa própria, sentem o peso de custear parcelas de R$ 65 por mês para o financiamento”, resume Neri, que destaca que a amostra contou com dados de famílias contempladas na região Nordeste do país. Ainda assim, para ele, os dados revelam que a satisfação das pessoas coma aquisição da casa própria é de ótima a boa. “Me surpreendeu a nota 8,1 dada ao entorno das residências. Geralmente, quando consultamos a população, essa média costuma estar bem abaixo dos 8”, completa Neri. O Ipea prevê aprofundar a análise sobre o perfil das famílias beneficiadas pelo programa e divulgar um estudo completo no ano que vem. Entre as perguntas a serem respondidas pela pesquisa estão onde e em que condições vivíamos beneficiados pelo programa habitacional, como vêem as residências em que moram agora e qual é o peso das parcelas do financiamento da casa própria sobre o orçamento doméstico, considerando a renda média das famílias e o custo de vida da população em cada região do país. “Prevemos fazer recortes específicos, como o número de integrantes que vivem em cada domicílio, se têm idosos ou pessoas com deficiências físicas e mentais”, explica Cleandro Krause, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea e coordenador do estudo, que diz ainda que será avaliada a penetração do programa pelas regiões do país, bem como custo das parcelas de acordo como perfil dos empreendimentos, isto é, o número de unidades por edifício. Krause antecipa ainda que o Ipea prevê fazer cinco estudos de caso e que o Rio de Janeiro será um dos estados a serem investigados. “ Vamos detalhar os empreendimentos em situação social. Ou seja,que receberam famílias desabrigadas ou desalojadas”, afirma. Na primeira fase do programa, foram contratadas mais de 1 milhão de moradias. Já na segunda fase, o governo prevê que sejam construídas 2 milhões de casas e apartamentos até o ano que vem.
O Globo (RJ): Na terra do Zumbi Ancelmo Góis Com Ana Cláudia Guimarães, Daniel Brunet, Jorge Antonio Barros e Márcia Vieira Amanhã, celebram-se 318 anos que Zumbi morreu na Serra da Barriga, em Alagoas. O Ipea divulga hoje uma espécie de mapa do racismo no Brasil, realizado por Daniel Cerqueira e Rodrigo Moura. Nele, a terra de Zumbi aparece mal na foto. Veja só... Alagoas é o estado em que há maior perda de expectativa de vida para os negros devido a causas violentas (homicídios, suicídios e acidentes). Em média, os de pele escura deixam de viver 49 meses. Já entre os brancos, a perda é infinitamente menor: 3,5 meses.
Portal G1 (RJ) Alagoas é o estado mais violento para negros no Brasil, aponta Ipea Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta terça-feira (19) aponta Alagoas como o estado mais violento para negros no país, onde há a maior perda de expectativa para homens da etnia ao nascer em razão da violência. Segundo o estudo, feito com dados do Sistema de informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de negros e pardos (93,9 milhões) quase alcança a de não negros (96,7 milhões), mas a incidência de mortes violentas na primeira parcela é muito maior. A taxa de homicídios de negros no Brasil é de 36 para cada 100 mil; para não negros, ela é de 15,2. Ou seja, para cada homicídio de não negro no país, 2,4 negros são assassinados. Em Alagoas, estado que encabeça a lista, o índice sobe para 17,4 negros mortos para cada não negro assassinado. O Paraná é o único estado do país onde há mais mortes de não negros. "O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele. Tais discriminações combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros vis-à-vis o resto da população", afirma o estudo do Ipea. O instituto também fez um cálculo de perda de expectativa ao nascer para negros em razão da violência. A estimativa leva em conta dois cálculos: "uma função sobrevivência observada nos dados e uma função sobrevivência contrafactual, associada a um cenário em que não houvesse violência. Essas funções sobrevivência indicam a probabilidade de um indivíduo com determinada idade e outras características (cor da pele, gênero e município de residência) viver" até determinada idade. Neste caso, os homens de cor negra perdem, no geral, 3,5 anos de vida em sua expectativa ao nascer, contra 2,5 anos de um homem de outra etnia. A expectativa de vida média do brasileiro é de 73,5 anos, segundo o órgão. Novamente Alagoas figura em primeiro lugar neste ranking. No estado, um homem negro tem sua expectativa reduzida em 6,2 anos ao nascer. Em seguida estão Espírito Santo, com 5,2 anos, e Paraíba, com 4,8 anos a menos. Santa Catarina possui o índice mais baixo (2 anos a menos). Quando são analisadas apenas as perdas associadas a assassinatos, o fator que mais interfere na violência, Alagoas também fica na frente: são 4,08 anos a menos para os negros. Já quando a comparação leva em conta apenas os homens não negros, Alagoas detém o menor indicador, com perda de 0,5 ano. Neste quesito, Paraná apresenta-se como o estado mais violento – perda de 3,95 anos para os não negros. Segundo o Ipea, o levantamento tem como objetivo analisar as mortes violentas e os impactos na expectativa de vida da população, entendendo que, além de características socioeconômicas, a cor da pele aumenta a probabilidade de alguém ser assassinado. Segundo o documento, apenas 6,8% dos negros estão entre os 10% brasileiros mais ricos, enquanto que, dentre a população pobre, os negros prevalecem: representam 55,28% da população entre os 50% mais pobres do país. "Por um lado, a letalidade violenta de negros no Brasil associada à questão socioeconômica, em parte, já decorre da própria ideologia racista. Por outro lado, a perpetuação de estereótipos sobre o papel do negro na sociedade muitas vezes o associa a indivíduos perigosos ou criminosos, o que pode fazer aumentar a probabilidade de vitimização destes indivíduos, além de fazer perpetuar determinados estigmas", afirma o estudo. Mortes por acidentes e suicídios Apenas dois quesitos analisados pelo Ipea – taxa de suicídio e mortes por acidentes – apresentam indicadores superiores para a população não negra em relação à negra em comparação com o total dos habitantes do país em 2010. Os autores do estudo demonstram preocupação com a descrença da população negra com ajuda policial ao ser vítima de violência. Cerca de 61,8% das vítimas de agressão negras não procuram ajuda policial – contra 38,2% dos não negros. Nos questionários do Ministério da Saúde analisados, 60,3% dos negros apontaram que não vão até a polícia porque “não acreditam” na instituição; outros 60,7% responderam que não queriam intervenção policial no caso por medo ou represália. Quando se avaliam os dados da população não negra, os indicadores caem para 39,7% e 39,3%, respectivamente. Os dados do Ipea também mostram que a população carcerária do país é majoritariamente negra: são 252.796 mil negros e pardos, ante 169.975 não negros, conforme levantamento do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça. O estudo, intitulado “Vidas Perdidas e Racismo no Brasil”, é divulgado na véspera do Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta, dia 20 de novembro.
Brasil Econômico (SP): Alta recorde da arrecadação em outubro reacende o otimismo Economistas concordam que a atividade econômica está melhor do que se previa no início do quarto trimestre deste ano. Mas há muitas dúvidas sobre se este bom crescimento terá continuidade, ou se foi apenas pontual Por Mariana Mainenti O resultado recorde da arrecadação de outubro, divulgado na terça-feira pela Receita Federal, pode ter trazido outra boa notícia para a área econômica do governo. Os R$ 100,9 bilhões arrecadados— acima do que o mercado esperava— foram alavancados pela alta expressiva na arrecadação de dois tributos sobre os lucros das empresas - o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Ou seja, em outubro, os agentes econômicos — indústria, comércio, serviços etc. — lucraram mais, num indício de que é possível esperar um resultado melhor para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2013. Um dia após o anúncio da Receita Federal, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou que a atividade industrial brasileira melhorou em outubro, pelo terceiro mês consecutivo. Entre julho e outubro, a utilização média da capacidade industrial instalada aumentou 3 pontos percentuais, passando de 72%para 75%, 1 ponto acima do registrado em outubro de 2012. Analistas, no entanto, estão divididos: a melhora de outubro foi real, ou apenas pontual? “O resultado foi muito bom e sugere que a atividade econômica está reagindo melhor no quarto trimestre”, afirma o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. “O dado mostra que caminhamos para uma robusteza fiscal maior, que irá confirmar a previsão que o Ministério da Fazenda vem fazendo de que o resultado das contas públicas em outubro também será melhor”, acrescenta o especialista. Já para o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria, o resultado é positivo, mas pontual. “A arrecadação de R$ 100,9 bilhões ficou acima da nossa previsão, que era de R$77 bilhões para o mês de outubro. Houve um efeito do aumento da lucratividade das empresas sobre a arrecadação, mas acho que não é uma virada. Por isso, mantivemos a projeção para o crescimento do PIB em 2,4% em 2013 e em 2,1% em 2014”, afirmou. Segundo Salto, com o volume de até R$ 12 bilhões que o governo calcula que pode ser arrecadado em novembro e dezembro com o Refis (Programa de Recuperação Fiscal), a receita teria um crescimento de 2,4% ao ano. “É um resultado baixo. Com o nosso ritmo atual de crescimento do PIB, a arrecadação deveria estar subindo4%ao ano”, aponta. “O desempenho medíocre é consequência, principalmente, das desonerações, cujo custo pode chegar a mais de R$ 80 bilhões no ano”, acrescentou o analista, para quem o fato de a arrecadação ter sido acima do esperado em outubro não pode ser considerado uma tendência. Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (ipea) concorda com ele. “Se o mesmo fenômeno acontecer nos próximos dois ou três meses, tudo bem. Mas não confiaria no dado de um mês apenas. Tem havido muita oscilação nos resultados a cada mês”, diz. Para o tributarista Raul Velloso, o resultado também não pode ser visto como uma mudança de tendência. “Um crescimento de 2,5% do PIB não é muito, mas também não é um crescimento zero. Estamos num meio termo, é natural que as empresas apresentem lucros compatíveis com esse crescimento e que gerem receita”, afirma ele. “Tivemos um mês de outubro muito bom. A lucratividade das empresas está melhorando. A empresa faz um recolhimento com base no mês anterior. Essa estimativa não é um cálculo ao acaso”, avaliou o secretário-adjunto da Receita Federal, Luiz Fernando Teixeira, na terça-feira, ao destacar que o aumento da arrecadação teve a ver como nível de atividade da economia. No acumulado do ano até outubro, o recolhimento de tributos federais soma R$ 907,5 bilhões, com expansão real de apenas 1,36% em relação a igual período de 2012.  
O Globo (RJ): Cai busca por vaga, e taxa de desemprego recua para 5,2% Total dos que não estão empregados nem buscam colocação cresce em 623 mil em outubro O desemprego medido pelo IBGE para as seis maiores regiões metropolitanas do país fechou o mês passado em 5,2%, taxa mais baixa do ano e o menor patamar para um mês de outubro desde 2002. Em setembro, ela havia ficado em 5,4%. O resultado foi influenciado pela saída de pessoas do mercado de trabalho. A chamada população não economicamente ativa — gente que não trabalha, não procura uma vaga e, por isso, não é considerada desempregada — cresceu 3,5% em relação a igual mês de 2012. Em números absolutos foram 623 mil pessoas a menos disponíveis no mercado. Adriana Beringuy, pesquisadora do trabalho do IBGE, diz que não é possível identificar os motivos que levam mais pessoas a ficar de fora do mercado. Mas diz que não se trata de desalento, a saída após longa procura por vaga sem sucesso. Na população não economicamente ativa se enquadram jovens que buscam maior qualificação e mulheres que, sem necessidade de complementar a renda, optam por ficar em casa cuidando dos filhos. Mas há também os “nem, nem, nem”, jovens que nem trabalham, nem estudam, nem procuram emprego. —Nossa pesquisa está analisando o aumento desse contingente, mas não tem condição de apontar os fatores que levam as pessoas a adiarem ou interromperem a busca por trabalho. Não é desalento, porque quando a gente observa os números vê que o desalento, pelo contrário, está diminuindo — afirma Adriana. Para Gabriel Ulyssea, coordenador de mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o aumento no total de pessoas que não procuram emprego é variável “crucial” para entender o que acontece no mercado de trabalho. —Isso explica o desemprego baixo, mesmo sem grande crescimento econômico. Se isso ocorre por causa de jovens que estão se educando mais, ótimo. O lado negativo é o grande número de mulheres que deixam de trabalhar por dificuldades e o de jovens que não trabalham e não estudam. Para José Marcio Camargo, professor da PUCRio e sócio da Opus Gestão de Recursos, o crescimento da população não economicamente ativa foi fundamental para que a taxa de desemprego caísse no mês passado. O comércio foi o setor que mais criou vagas, com alta de 3,9% em relação a setembro (169 mil). O emprego na indústria caiu 2,4% e fechou 90 mil vagas. O rendimento médio real recuou 0,1% sobre setembro, para R$ 1.917,30, mas cresceu 1,8% em relação a outubro de 2012. Em outra pesquisa sobre mercado de trabalho divulgada ontem — a do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, que adota metodologia diferente da do IBGE — o resultado mostrou geração líquida (admissões menos demissões) de 94.893 empregos no mercado formal em outubro, uma queda de 55% em relação a setembro. Mais de um terço dos jovens vive trocando de emprego -BRASÍLIA- Estudo divulgado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) mostra que mais de um terço dos jovens entre 18 e 24 anos não param em seus empregos. Do total de desligamentos nessa faixa etária, 34% ocorrem a pedido dos empregados. Para debater essa e outras questões, a SAE reuniu ontem especialistas das áreas de neurologia, psicologia cognitiva e tecnologia da informação e inovação no seminário "Circulação ou evasão?" O objetivo do evento era conhecer as razões da alta rotatividade e abandono dos postos de trabalho e, a partir daí, estabelecer políticas públicas mais adequadas à juventude. A pesquisa trabalha com uma faixa etária de 15 a 19 anos, o que corresponde a 51,3 milhões de jovens. No entanto, de acordo com o ministro de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, a fase mais crítica é de 18 a 24 anos: 14% deles trocaram de emprego no ano, enquanto a taxa que abrange a faixa de 30 a 64 anos é de 6%. Ainda na faixa de 18 a 24 anos, a rotatividade é de 77%, enquanto que para a linha de 30 a 64 anos, o percentual é de 28%. O tempo médio da faixa mais jovem no emprego é de dois anos e o da mais velha, seis anos. — É descontentamento ou experimentação? Os jovens têm expectativas muito altas, ou se oferece pouco a eles no mercado de trabalho? No fundo, são todas essas alternativas. Uma solução combinada — disse Neri, que também é presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). O ministro citou pesquisas que mostram que o jovem brasileiro é o mais otimista do mundo. Ainda assim, admitiu que a chance de frustração é gigantesca, o que pode ajudar a explicar a alta rotatividade. (Eliane Oliveira)

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