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01/09/2021 22:36 |
Webinar destaca o papel da Embrapa na modernização da agricultura brasileira Evento homenageou fundadores e apresentou informações sobre a evolução da pesquisa da empresa O papel da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no desenvolvimento da agricultura brasileira foi tema de webinar, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na tarde desta quarta-feira (1/9). O evento prestou homenagem especial ao pesquisador Eliseu Roberto de Andrade Alves, que é assessor e foi um dos fundadores da empresa estatal, e contou ainda com a participação do professor da Universidade de São Paulo (USP), Guilherme Leite da Silva Dias, responsável pelo estudo que justificou a criação da Embrapa, e a pecuarista Dora Nørremose, que apresentou a história do pai, o dinamarquês Hans Nørremose, marcada pela inovação no setor de laticínios. O secretário de Política Agrícola no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SPA/Mapa), Guilherme Bastos, destacou o papel impulsionador da Embrapa na área de pesquisa e inovação tecnológica. Segundo ele, o efeito poupa terra devido ao aumento da produtividade proporcionada com o uso tecnologia para exploração da agricultura tropical foi responsável por lançar a candidatura do ex-ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli, ao Prêmio Nobel. Apoiado em dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ele afirmou que, nos últimos 45 anos, a área cultivada no Brasil cresceu 84%, enquanto que somente segundas e terceiras safras anuais viabilizaram um aumento de produtividade de 231%, com o uso intensivo de tecnologia, o que gerou excedente exportável e preços de alimentos mais baratos do que há 50 anos. “Os preços reais da cesta básica caíram cerca de 40%, entre 1975 e 2020”, constatou. O presidente da Embrapa, Celso Moretti, disse que produzir no “cinturão tropical do globo” é um dos maiores desafios, devido às condições do solo, ácido e pobre, e que o Brasil passou por uma “transformação fantástica”, ao deixar a posição de importador de alimentos e tornar-se um grande player no mercado internacional, com excedentes exportáveis. Essa mudança ocorreu, conforme Moretti, nos últimos 50 anos, a partir da atuação da Embrapa junto com universidades, organizações estaduais de pesquisa agropecuária, assistência técnica e extensão rural e os produtores rurais. Ele destacou a transformação dos solos em terra fértil, a tropicalização da soja e do trigo, hoje cultivados no Cerrado, e a introdução do gado indiano da raça Nelore e do europeu com a criação da raça Girolando, entre as realizações da Embrapa, fundada em 1972. O presidente do Ipea, Carlos Von Doellinger, enfatizou o salto de qualidade e produtividade proporcionado pela Embrapa, com inovação, novas práticas e tecnologia intensiva, gerou excedentes exportáveis, segurança alimentar e um setor competitivo internacionalmente. “Hoje, o agribusiness representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro”, disse ao acrescentar que a indústria detém 10% e o setor de serviços, 65% do PIB. O diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Ipea, Nilo Saccaro, frisou o papel inovador da Embrapa, que contribuiu para aumentar a segurança alimentar do Brasil e do mundo, além da inserção do produto brasileiro no mercado internacional. “Além do papel ambiental, pois ao aumentar a produtividade por área, reduz-se a pressão sobre o desmatamento de florestas”, comentou. O pesquisador do Ipea José Eustáquio Vieira, responsável pelo webinar que homenageou a Embrapa, informou que a entrevista com Eliseu Alves, “um visionário”, segundo ele, está disponível no portal do Instituto. Em sua palestra sobre o Sistema Nacional de Inovação, Eustáquio creditou à Embrapa o fato da área plantada no Brasil ter sido duplicada e a produtividade, triplicado. “A safra brasileira alcança 254 milhões de toneladas e chega a R$ 1 trilhão o valor da produção bruta”, disse o pesquisador, para quem a tecnologia tem participação central nesse resultado. Dora Nørremose Vieira Marques, pecuarista de corte e criadora de cavalos, apresentou a biografia do seu pai, Hans Nørremose, imigrante dinamarquês que teve oportunidade de estudar nos Estados Unidos, mas preferiu desembarcar no Brasil, onde aos 20 anos, iniciou sua trajetória marcada por uma atuação inovadora. Segundo ela, Hans Nørremose foi pioneiro ao montar uma fábrica de queijos no país e a alimentar o gado com ração e não só pastagem, as quais passou a adubar de forma inovadora. Também introduziu o controle leiteiro na fazenda e a segunda ordenha, entre outras iniciativas inéditas. “Ele chegou a ter 21 fábricas nas fazendas e, para acompanhar a produção, precisou comprar um avião, com o qual percorria as fábricas uma vez por semana e no final do mês pagava os fornecedores”, disse Dora Nørremose. Para o palestrante Guilherme da Silva Dias, que colaborou na fundação da Embrapa, o que mais o admirou dez anos após o início da pesquisa agropecuária foi o esforço do governo federal em formar técnicos no exterior para suprir a estatal. Ele ressaltou também o fato de se conseguir manter o orçamento e o projeto original sem alterações. “A última vez que o Brasil enfrentou uma crise de abastecimento de alimentos foi em 1983”, lembrou. Conforme o professor da USP, Eliseu Alves foi o interlocutor que possibilitou esse tratamento diferenciado à empresa de pesquisa. O palestrante Eliseu Alves relatou que, depois de se graduar na Universidade Federal de Viçosa (UFV), aos 31 anos, foi estudar nos Estados Unidos, o que o fez concluir que o país era tão bem-sucedido na produção agrícola devido ao uso da tecnologia. A partir deste exemplo, ele contou com a ajuda do então ministro da Fazenda, Delfim Neto, para manter cientistas no Brasil, pagando salário similar aos dos Estados Unidos e, assim, foi possível consolidar a Embrapa como instituição de ciência e tecnologia. “A Embrapa é uma instituição do povo brasileiro e cada centro tem um olhar importante para processar a tecnologia necessária ao setor”, afirmou Eliseu Alves. O pesquisador do Ipea Gustavo Luedemann conduziu o seminário enquanto o consultor legislativo do Senado Federal Marcus Peixoto acompanhou Eliseu Alves em sua participação no webinar. Assista à íntegra do webinar exibido no canal do YouTube do Ipea Acesse a entrevista com Eliseu Alves feita pelo pesquisador do Ipea José Estáquio Vieira. Assessoria de Imprensa e Comunicação
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