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08/02/2022 11:31

Pesquisadores do Ipea analisam dinâmica da desigualdade salarial no Brasil


Estudo tomou como base mercado de trabalho formal

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta terça-feira (8/2), estudo que avaliou a evolução dos componentes da desigualdade salarial no Brasil, em especial, a evolução do retorno das habilidades não observáveis no mercado de trabalho formal no período 2003-2013, em que houve uma valorização do salário mínimo e uma queda significativa na desigualdade salarial. A análise indicou uma redução da desigualdade salarial, bem como uma diminuição da desigualdade entre trabalhadores de diferentes grupos de capital humano, definidos pelo nível de escolaridade e de experiência. No entanto, o retorno das habilidades não observadas (que podem incluir habilidades socioemocionais) mostrou um comportamento oposto ao prêmio pela qualificação, apresentando uma trajetória de crescimento.

Os resultados foram obtidos a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), um banco de dados de registros administrativos do Ministério do Trabalho que contém informações sobre características dos trabalhadores formais e das empresas. Os trabalhadores foram divididos em três grupos de acordo com seu nível educacional: baixa educação (até ensino fundamental completo), educação intermediária (até ensino superior incompleto) e alta educação (ensino superior completo).

Os pesquisadores optaram por realizar apenas a análise para homens brancos, por razões metodológicas. “As mulheres têm inserção no mercado de trabalho mais volátil por conta da maternidade. A composição da amostra restrita a homens tende a mudar menos e ser mais estável. Por isso, buscamos uma amostra mais homogênea possível”, explicou o pesquisador do Ipea, Carlos Henrique Corseuil, um dos autores do estudo.

O estudo ‘Dinâmica da desigualdade salarial no Brasil e o papel de determinantes para além da qualificação dos trabalhadores’ mostra que houve um aumento da escolaridade do trabalhador de um modo geral, no período analisado. Em 2003, os trabalhadores menos educados formalmente representavam quase 65% da mão de obra. Mas em 2013, o cenário era bem diferente: uma queda brusca na participação dos trabalhadores de baixa educação (41,6%) com um aumento principalmente dos trabalhadores de educação intermediária (que avançou de 28,08% para 49,10% em 10 anos, representando o principal grupo no mercado de trabalho). Os trabalhadores mais qualificados demonstraram uma tendência de crescimento: de 7,39% para 9,26% no período analisado.

De acordo com Corseuil, a desigualdade salarial é afetada por vários componentes e, inclusive, podem estar se movimentando em direções opostas. “Pode ter a desigualdade caindo, mas algumas coisas pressionando para subir e vice-versa”, disse. O pesquisador lembra ainda, no período analisado, houve valorização de questões para além da qualificação profissional, como experiência e escolaridade. “Há tendência de crescimento das habilidades não observáveis”, comentou.

O estudo sugere que entender melhor os mecanismos que formam as habilidades não observadas e/ou o tipo de habilidade não observada que é demandada no mercado de trabalho é fundamental para a ampliação do debate e para a formulação de políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades salariais no Brasil, que, apesar do comportamento de queda no período de 2003-2013, ainda se mantinha em patamares muito elevados.

Acesse a íntegra do estudo.

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