09/03/2022 11:38 |
Webinar debate livro sobre trabalho doméstico e de cuidados familiares Evento apresentou capítulos selecionados da obra, ao marcar o Dia Internacional da Mulher. A realidade do trabalho doméstico no Brasil, que envolve mais de 6 milhões pessoas, bem como sua trajetória, tendências e desafios foram o tema central do webinar nesta terça-feira (8/3), realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Organização Internacional do Trabalho (OIT). O evento marcou o Dia Internacional da Mulher e o lançamento do livro ‘Entre Relações de Cuidado e Vivências de Vulnerabilidade: Dilemas e Desafios para o Trabalho Doméstico e de Cuidados Remunerado no Brasil’, que também abordou o trabalho das cuidadoras familiares. Conforme informado na publicação, essas atividades são executadas basicamente por mulheres negras, de baixa escolaridade e de famílias de baixa renda, além de predominar a informalidade nas relações de trabalho. Na abertura do evento, a pesquisadora do Ipea Luana Simões Pinheiro – que junto com a colega Carolina Tokarksi e com Anne Caroline Posthuma da OIT organizaram o livro – disse que o objetivo foi oferecer subsídios para que as políticas públicas possam reconhecer, ampliar e valorizar o trabalho doméstico e de cuidados com idosos, além de garantir os direitos trabalhistas já conquistados. Nessa perspectiva, as autoras consideraram a necessidade de reverter o quadro de vulnerabilidade e precariedade a que as trabalhadoras domésticas estão submetidas e que se agravou com a pandemia da Covid-19. “Muitas trabalhadoras domésticas que eram mensalistas passaram a diaristas, sem carteira assinada, sem vínculo de trabalho reconhecido, sem proteção legal”, explicou Pinheiro. A pesquisadora do Ipea agradeceu a parceria com a OIT e a participação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da ONU Mulheres no Brasil na publicação que começou a ser elaborada antes da pandemia, ainda em 2019. Pinheiro, que também é coautora de dois capítulos do livro, chamou a atenção para o aumento do desemprego e da informalidade no setor. “De dez trabalhadoras domésticas, apenas três têm carteira de trabalho assinada”, disse, ao avaliar que essa é uma condição estrutural, associada à desigualdade e à exclusão social no Brasil. “É preciso ter em mente que os desafios também são estruturais e, mesmo pós-pandemia, eles permanecem”, considerou. O especialista em Políticas de Emprego e Mercado de Trabalho no Escritório da OIT no Brasil, Aguinaldo Maciente, que dividiu a abertura do webinar com Pinheiro, enfatizou a importância da publicação conjunta. “O livro é rico em estudos e insights”, disse ao analisar que o trabalho doméstico é uma ocupação bem representada por mulheres e enfrenta desafios históricos e persistentes. Maciente ressaltou também a “parceria de longa data” com o Ipea e manifestou o desejo de continuidade e de novos estudos nessa temática. “Há uma sinergia de interesses e missões que contribuem no sentido de propor políticas públicas baseadas em evidências”, comentou. A diretora do Centro Interamericano para el Desarrollo del Conocimiento en la Formación Profesional (Cinterfor) da OIT no Brasil, Anne Posthuma, abordou a diversidade de funções no trabalho doméstico, que começa pelo nascimento, depois a infância e por fim, a velhice. Ela informou que, na América Latina, 14% são trabalhadoras domésticas, enquanto, no Brasil, mais de 14% concentram essa atividade remunerada, ficando os homens com apenas 1% de participação. Conforme Posthuma, um cálculo recente da OIT revelou uma taxa de informalidade superior a 70% na América Latina, onde a perda desse emprego chega a 20% e a recuperação situa-se em 1%. Ela também ressaltou a necessidade de se valorizar as trabalhadoras doméstica e cuidadoras de idosos devido à maior demanda de serviços motivada pela maior participação da mulher no mercado de trabalho e pela maior demanda de serviços de cuidados por causa do envelhecimento da população, entre outros fatores. “No Brasil, há um déficit de cuidados que cresceu na pandemia”, observou Posthuma. Assessoria de Imprensa e Comunicação do Ipea Organização Internacional do Trabalho (OIT) |
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