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Notas da Presidência - 2022 - Julho - Número 11 Liberdade econômica, choque de produtividade e a redução do custo do trabalho como fatores determinantes para a igualdade salarial de mulheres e homens
Autor: Erik Alencar de Figueiredo
Em um artigo influente, a prêmio Nobel de Economia de 2019 Esther Duflo pontua importantes conclusões relativas ao mercado de trabalho, mostrando que: o empoderamento feminino está altamente correlacionado com o desenvolvimento econômico (Duflo, 2012). Em uma direção, o ciclo de desenvolvimento tende a reduzir a desigualdade entre homens e mulheres. Na outra, essa redução da desigualdade tende a impulsionar o crescimento econômico. Em verdade, pode-se afirmar que a teoria econômica vem tratando da discriminação desde o estudo seminal do também Nobel de Economia de 1992 Gary Becker. Como um entusiasta da liberdade, Becker apontou para os elevados custos da discriminação dentro das empresas, de forma que essas práticas só seriam viáveis em mercados monopolistas. Nesse sentido, o mercado de livre concorrência constituiria a melhor forma de reduzir a discriminação. A lição principal do parágrafo anterior é que a melhor forma de combater a discriminação e a desigualdade resultante dela é a flexibilização dos mercados e a promoção da livre concorrência. Por conta disso, parte expressiva da literatura tem devotado sua atenção aos efeitos de choques de abertura comercial sobre as desigualdades, em particular, o hiato de renda entre homens e mulheres. Usando a entrada do México no Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (North American Free Trade Agreement – Nafta) como experimento natural, Juhn, Ujhelyi e Villegas-Sanchez (2013) demonstram que o choque de abertura e a consequente exposição das firmas mexicanas a um ambiente mais competitivo contribuíram para a redução do hiato salarial entre homens e mulheres naquele país. Ademais, além de expulsar firmas discriminatórias do mercado, há um movimento relacionado ao choque tecnológico, normalmente associado à abertura comercial: a substituição de postos de trabalho com menor qualificação (blue colar) por postos com maior intensidade tecnológica e de capital humano. Isso reduziria também a diferença salarial entre homens e mulheres, dado que estas possuem desvantagem de remuneração em ocupações com menores níveis de tecnologia e qualificação (Juhn, Ujhelyi e Villegas-Sanchez, 2014).
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