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Revista Fórum (SP): Quase um terço dos brasileiros vive nas periferias urbanas Dos 194 milhões de habitantes que tem o Brasil, 56 milhões vivem nas periferias urbanas É o que aponta o Mosaic, um levantamento da consultoria Serasa Experian que divide a população brasileira em dez grupos e 39 segmentos com base em renda, geografia, demografia, padrões de comportamento e estilo de vida. Segundo a consultoria, as periferias respondem por 29% da população brasileira, mas são bastante diversificadas. "A periferia é bem heterogênea. Você não consegue colocar em caixinhas. A periferia jovem é a mais numerosa, mas tem a periferia formada por quem está envelhecendo", diz Fernando Rosolem, gerente de produtos da Serasa Experian. Dentro dessa parcela, a periferia pode ser dividida em grupos, segundo a Serasa Experian: (% em relação à população brasileira) 5,49% Excluídos do sistema 4,68% Trabalhadores de baixa qualificação 3,55% Jovens trabalhadores de baixa renda 3,15% Operários aposentados da periferia 3,13% Famílias assistidas da periferia 2,74% Jovens na informalidade 2,74% Maturidade difícil 2,16% Casais maduros de baixa renda 1,32% Estudantes da periferia Fonte: Serasa Experian A variação não diz respeito somente à faixa etária, mas também à forma de se levar a vida, como o maior interesses dos jovens em ingressar em cursos universitários. "Existe esse ponto da periferia, esses grupos que têm um futuro promissor, ocupam espaços em sua comunidade e procuram melhorar sua qualidade de vida", aponta Rosolem. Já os jovens trabalhadores de baixa renda são na maioria das vezes mulheres solteiras que vivem em grandes capitais e têm empregos de baixa qualificação profissional, mas com carteira assinada. A juventude, em muitos casos, também é arrimo de família. Muitos trabalham por conta, sem registro em carteira. "Por outro lá, há grupos que, pela idade ou pela situação econômica, representam poucas expectativas", aponta Rosolem. Classificados pela Serasa Experian como "excluídos do sistema", esses brasileiros vivem em periferias e não têm conta bancária, trabalham em comércios de rua, têm entre 30 e 40 anos e suas oportunidades profissionais são poucas. Boa parte é analfabeta, o que os torna essencialmente marginalizados. Para a consultoria, esse seria o grupo populacional que estaria mais à margem da margem do cenário social urbano. Para além dos "negócios" Os dados do Serasa Experian são vendidos como serviços prestados pela consultoria a grandes empresas, como redes de varejo, com o objetivo de aumentar as vendas a partir da análise do consumidor. Se por um lado o levantamento da Serasa Experian apresenta um perfil detalhado da população brasileira, por outro fica de fora uma análise para além do comportamento que favoreça o consumo. Entre 2002 e 2012, 37 milhões de brasileiros emergiram da baixa renda direto para o mercado de consumo, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). A aclamada classe C aumentou de 38% para 53% da população, atingindo a 104 milhões de pessoas, que hoje respondem por 38% do consumo das famílias, de R$ 2,5 trilhões. Para Marcio Bhering, morador do Jardim Rosana (zona Sul de São Paulo) e trabalhador do Instituto Sou da Paz, a ascensão social experimentada nos últimos anos inclusive atrapalha e aumenta as distorções dentro da própria periferia. "Não quero tirar o mérito disso, mas é preciso ter mais coisas junto", diz ele, para quem os motivos dos deslocamentos de moradores da periferia para o centro evidenciam essa segregação. "Quando as pessoas da periferia vêm para o centro, elas vêm para lugares que são para pessoas da periferia", diz ele, referindo-se, por exemplo, aos locais de trabalho ou lazer.
Revista Forum (SP): Tereza Campello: Estudos desmentem o mito do "Bolsa Preguiça" A taxa de ocupação dos que recebem o Bolsa Família é praticamente idêntica à da população em geral: 75%. Ou seja, trabalham tanto quanto os demais brasileiros Por Luiz Carlos Azenha Três estudos incluídos num livro que faz o balanço dos dez anos do Bolsa Família desmentem o mito, espalhado por críticos do programa de transferência de renda, de que ele cria dependência e estimula a preguiça. Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania inclui 33 artigos de 66 técnicos. Segundo a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, gente qualificada e independente do governo federal. Os estudos mencionados por ela demonstram que a taxa de ocupação dos que recebem o Bolsa Família é praticamente idêntico ao da população em geral: 75%. Ou seja, trabalham tanto quanto os demais brasileiros. Recentemente, o Viomundo publicou duas entrevistas de críticos à esquerda do Bolsa Família. A professora Lena Lavinas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, analisou os programas de transferência de renda da América Latina. Segundo ela, o Bolsa Família é mudança positiva, mas insuficiente. Dentre outras coisas, Lavinas afirmou: Publicamos, também, uma entrevista com um dos mais importantes especialistas em trabalho no Brasil, o professor Ricardo Antunes, da Unicamp paulista. Antunes disse que, ao contrário do que muitos dizem, ainda não acabou o gás do lulismo e que isso se deve ao Bolsa Família, que concorda ser "necessário". Mas Antunes cutucou: Por conta disso, abrimos espaço para que a ministra Tereza Campello polemizasse. Segundo a titular do MDS, além de desmontar a tese do Bolsa Preguiça os estudos demonstraram também que não é verdade que quem recebe o Bolsa Família procura a informalidade. Na verdade, sustenta a ministra, as pessoas ficam na informalidade por causo do despreparo para ingressar no mercado de trabalho formal. Campello disse que só há duas explicações para o fato de pessoas bem informadas repetirem as acusações desmontadas pelos estudos: motivos ideológicos dos que fazem oposição ao governo e "preconceito [contra os pobres], infelizmente". Na entrevista ao Viomundo, Campello disse que nunca, nem no governo Lula, nem no governo Dilma, se afirmou que o Bolsa Família era a panaceia para todos os males do Brasil. Porém, é o que tem impacto de forma mais rápida na qualidade de vida dos que recebem o benefício. A partir dele, criou-se um cadastro único que permite o desenvolvimento de outros programas. Tereza Campello diz que há "dezenas" de iniciativas acopladas ao Bolsa Família. Por exemplo, há alguns dias o governo Dilma cumpriu a meta de matricular um milhão de pessoas no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que oferece cursos profissionalizantes de 400 horas que preparam de pedreiros a cuidadores de idosos. Ao todo, são ofertados 530 cursos. Além disso, no atual governo foram construídas 500 mil cisternas, garantindo acesso à água de milhares de pessoas - dentre as quais há muitas cadastradas no Bolsa Família. Segundo a ministra, o Brasil se tornou referência mundial Na semana passada, 40 técnicos de países africanos estavam no país para conhecer detalhes sobre o Bolsa Família. Nesta semana, o Banco Mundial promove no Brasil um seminário Sul-Sul sobre "seguridade social" com representantes de 50 países. "Uma das coisas que eles falaram é isso, que o Brasil hoje não é mais um laboratório de políticas sociais, o Brasil é hoje uma universidade. Quem quiser aprender sobre políticas sociais tem que vir ao Brasil e aprender com a gente", afirmou a ministra, que ouviu isso em Washington, quando esteve no Banco Mundial para comemorar os 10 anos do Bolsa Família. Esta semana será inaugurada uma plataforma digital que tem o objetivo de ser espaço de troca de informações sobre programas de transferência de renda, World Without Poverty, parceria do MDS com Ipea, PNUD e Banco Mundial. Aqui abro parênteses para dar testemunho pessoal sobre aspectos pouco considerados do Bolsa Família e de outras mudanças relativamente recentes no Brasil. Em Cabrobó, Pernambuco, vi com meus próprios olhos a dinamização da economia local, que tem impacto especialmente no comércio. Por conta do Bolsa Família e de investimentos federais na região, dispararam as vendas de celulares e produtos de consumo da linha branca. Chegaram agências bancárias. A feira local se ampliou. Novos empregos foram criados O segundo aspecto, provavelmente relacionado ao aumento do poder de compra do salário mínimo, é mais difícil de mensurar. Nas minhas viagens pelo interior do Piauí e do Maranhão, vi muita gente que havia trocado a bicicleta e o jegue pela moto e se aventurava, tarde na vida, a conhecer a região. Uma guia que me atendeu em São Raimundo Nonato, no Piauí, tinha mais de 40 anos e pela primeira vez saia da cidade para viajar. Essa mobilidade geográfica simultânea de milhões de pessoas certamente tem impacto social e econômico ainda pouco avaliado.
Revista Globo Rural - Covid-19 reduz produção de carne e impede crescimento maior do PIB Agro em 2020
Revista Globo Rural - Ipea revê para cima PIB do Agro em 2021, mas alerta para risco com crise hídrica
Revista Imprensa (SP): Saga Brasileira Apesar das evidências que demonstram a presença de estudos sobre comunicação no Brasil desde o início do século passado, na verdade a constituição de um campo acadêmico, integrando ensino e pesquisa, só vai se dar na década de 60. O marco fundador desse campo tem sido consensualmente localizado no tempo (1963) e no espaço (Recife). Trata-se da criação do Instituto de Ciências da Informação - ICINFORM - por iniciativa de Luiz Beltrão. Inicialmente conveniado com a Universidade Católica de Pernambuco, esse organismo associou-se depois à Universidade de Brasília e fez convênios com outras universidades brasileiras. O protagonismo recifense, atraindo atenções de todo o pais, materializou-se através das pesquisas que Luiz Beltrão e seus colaboradores realizaram em 1963, do curso nacional de aperfeiçoamento em comunicação e desenvolvimento promovido em 1964 e do lançamento do primeiro periódico científica da área - Comunicações & Problemas - datado de 1965. Tais acontecimentos estão sendo comemorados, no ano do cinquentenário, por iniciativa da SOCICOM - Federação Brasileira das Sociedades Acadêmicas de Comunicação. Em parceria com o IPEA, órgão mantido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, a memória do campo está sendo resgatada no volume 3 da série "Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil". Por sua vez, a INTERCOM, principal entidade da nossa comunidade acadêmica, está publicando uma edição fac-similada da revista Comunicações & Problemas (4 tomos). Fiel à sua missão de preservar a memória do campo comunicacional, a Rede ALCAR hipoteca apoio decisivo para a edição de um conjunto de Dicionários Histórico Bio-bibliográficos do Pensamento Comunicacional Brasileiro, cujos primeiros volumes focalizam as comunidades de Alagoas, Piauí e São Bernardo do Campo (SP). Projetando o Brasil no cenário internacional, a SOCICOM vai lançar na cidade do Porto, Portugal, uma Mostra Digital do Cinquentenário das Ciências da Comunicação no Brasil, durante a solenidade de inauguração do II Forum Mundial da Confederação Iberoamericana de Ciências da Comunicação. Esse conjunto de ações destina-se não apenas a resgatar a trajetória histórica do nosso campo, representando uma ocasião oportuna para se fazer uma avaliação crítica do caminho até agora percorrido, bem como para vislumbrar futuras iniciativas, em sintonia com as demandas da sociedade brasileira. Torna-se estratégico pensar o futuro das ciências da comunicação, tendo como referência a saga brasileira. Contemplando a nossa inserção soberana no bojo da sociedade global, temos o dever de superar o mimetismo que até agora nos atrela à periferia do capitalismo cognitivo.
REVISTA ISTO É - Uma saída para quem não tinha abrigo
Revista Isto É Dinheiro (SP): A força inédita do emprego O Brasil já criou 1,5 milhão de postos de trabalho em 2010 e uma situação rara: hoje, quem procura uma vaga, sai empregado. Isso já reduziu a pobreza e cria grandes oportunidades na economia. Saiba o que tal fenômeno significa para a sua empresa Por Denize Bacoccina e Hugo Cilo Pleno emprego. Duas palavras mágicas que, durante muito tempo, simbolizaram o Santo Graal da economia. E esse objetivo, que sempre pareceu distante no Brasil, já começa a ser alcançado. Nos últimos seis meses, com a criação de 1,5 milhão de vagas com carteira assinada, a taxa de desemprego no País terá caído para cerca de 7%. Será a mais baixa desde o início da série histórica do IBGE, que começou a ser feita na metodologia atual em 2002. Uma queda considerável para um índice que chegou a 13,1% em 2004 e que revela dados ainda mais positivos. Entre os homens, o desemprego já caiu bem abaixo disso. O número inédito, de 5,6%, aproxima o Brasil dos Estados Unidos dos bons tempos hoje, a taxa de desocupação na economia americana está em 9,7%. E, enquanto aqui são criadas mais de 300 mil vagas por mês, lá elas são cortadas quase na mesma proporção. Já estamos, sim, nos aproximando de uma situação de pleno emprego e, no Brasil de hoje, qualquer pessoa que esteja disposta a trabalhar encontra uma ocupação, disse à DINHEIRO o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Isso não aconteceu nem nos tempos do milagre econômico. A taxa de desocupação que indica o pleno emprego nem sempre é a mesma. Em países onde o mercado de trabalho é mais flexível, como os EUA, ela se situa ao redor de 4%. Em mercados mais regulados e com amplos benefícios assistenciais, como o Brasil, ela é um pouco mais alta. Aqui, há ainda um fator adicional, que é o contingente de 1,5 milhão de trabalhadores, com pouca ou nenhuma escolaridade, que compõem o chamado desemprego estrutural. No ano passado, um milhão de pessoas procuraram emprego e não encontraram por falta de qualificação, disse à DINHEIRO o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. É por isso que uma taxa de desocupação de 7% no Brasil pode indicar uma situação próxima ao pleno emprego. O que é bom em função do aumento da renda e do consumo, mas também acende uma luz amarela na política monetária em razão de eventuais riscos inflacionários. E o fato é que, pela primeira vez, essa situação rara do mercado de trabalho brasileiro será analisada pelo BC, na reunião do Comitê de Política Monetária, que ocorre nos dias 20 e 21. Para as empresas, evidentemente, o pleno emprego é uma grande notícia. Mais gente empregada significa mais renda. Mais renda, mais consumo. Mais consumo, maior produção e maiores vendas, movimentando a roda da economia. Serão 2,5 milhões de empregos até o fim do ano, diz Lupi. Com isso, não apenas os jovens que entram no mercado estão sendo absorvidos, como uma parcela dos desempregados consegue se recolocar. Em abril, 59% do total dos trabalhadores tinham carteira assinada. O crescimento entre 6,5% e 7% previsto para este ano deve impulsionar novas contratações. Nada mais relevante para o emprego do que o crescimento, diz o diretor-adjunto de Estudos de Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Renaut Michel. Muitos empresários estão convivendo pela primeira vez com um mercado de trabalho tão aquecido que bons profissionais são cada vez mais escassos, mais caros e mais disputados. Isso está acontecendo, por exemplo, na construção civil, setor que liderou a abertura de postos de trabalho com 230 mil vagas e aumento de 15% em 12 meses. Para algumas funções mais específicas, praticamente não há mais profissionais, disse à DINHEIRO Álvaro Simões, presidente da Inpar, uma das maiores incorporadoras do País. Há categorias tão demandadas que conseguiram aumento real de 80%. Rubens Menin, dono da MRV, a maior construtora popular do País, vive uma situação semelhante. Estamos contratando quem estiver disposto a trabalhar e tirando funcionários de outras praças, como o comércio, os supermercados e as feiras de rua, disse ele à DINHEIRO. No seu caso, o grande desafio está sendo formar profissionais à medida que o mercado se amplia.  As diferenças na qualificação profissional ajudam também a explicar as disparidades na taxa de desemprego enquanto Porto Alegre tem o nível mais baixo (5%), Salvador é a única capital com dois dígitos (12%). Mas os dados do emprego também revelam grandes surpresas nas regiões onde, apesar das deficiências na formação do capital humano, grandes obras de infraestrutura começam a mudar as realidade local. O campeão do emprego no País é Rondônia, onde estão sendo construídas no Rio Madeira as usinas de Jirau e Santo Antonio, empreendimentos orçados em R$ 22 bilhões. O emprego na construção civil no Estado aumentou 75,3% nos últimos 12 meses com a criação de 16,9 mil vagas. Na hidrelétrica de Santo Antônio, dos 20 mil trabalhadores envolvidos diretamente na obra, 86% são mão de obra local, dos quais 14% são mulheres. Nunca se fez uma hidrelétrica com esse nível de exigência. Nosso desafio é transformar Santo Antônio num modelo, disse à DINHEIRO o presidente da Madeira Energia, Roberto Simões. O aquecimento do mercado de trabalho também levou ao aumento dos salários. Levantamento do Dieese mostra que no ano passado 97% das categorias profissionais tiveram ganho acima da inflação. Os índices variaram entre 1% e 5%, mas ainda foram menores do que a produtividade das empresas, diz o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Artur Henrique, que aponta uma evolução nas relações trabalhistas dos anos 90 para cá. Naquela época tínhamos uma atuação de resistência contra a tentativa de retirada de direitos. Hoje temos uma agenda positiva, na qual discutimos não apenas reposição de perdas, mas aumento real, afirma. No segundo semestre, categorias organizadas e importantes como metalúrgicos, bancários, químicos, eletricitários e petroleiros têm negociação salarial, e a expectativa do sindicalista é de que o bom momento da economia ajude a conseguir bons acordos que, por sua vez, influenciem os demais trabalhadores. Pessoas empregadas têm renda, podem consumir, e isso ajuda a movimentar a roda da economia, diz o presidente da CUT. Além das negociações, contribuiu para a elevação da renda o aumento real do salário-mínimo. Desde 2003, o ganho acima da inflação é de 74%. Na média, as categorias que têm acordo coletivo tiveram elevação de 26%. Um estudo do Ipea, divulgado na semana passada, diz que 12,8 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta entre 1995 e 2008, reduzindo a taxa de 43,4% para 28,8%. A pobreza extrema caiu pela metade nesse período, de 20,9% em 1995 para 10,5% em 2008. É esse aumento da massa salarial que levou empresas a rever a sua estratégia de vendas e direcionar seus investimentos para o segmento formado pelo novo contingente de trabalhadores, que vêm das classes C e D. A estratégia, já adotada pela indústria, de criar produtos mais voltados ao consumidor popular, agora chegou ao varejo. Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, as três maiores redes de supermercados do País vão destinar às classes C e D um terço dos R$ 6,3 bilhões em investimentos previstos para este ano e o próximo. São novas lojas e reforma das atuais para aumentar o mix de produtos e oferecer novas opções a esse consumidor que teve aumento de renda. A venda nos supermercados vem crescendo a um ritmo de 10% sobre o ano passado. Até agora, o crescimento do emprego tem sido generalizado, mas alguns setores da economia crescem mais do que outros. O campeão de contratações em 2010 é o setor de serviços, com 490 mil novas vagas. Nesse segmento, a Atento triplicou o número de funcionários desde 2000, passando de 41 mil para 135 mil. Hoje é um dos principais empregadores do País. A indústria abriu 394 mil novos postos entre janeiro e junho deste ano. No entanto, nem todas as perdas da crise de 2008 e início de 2009 foram repostas. O caso mais emblemático foi o da Embraer, que cortou quatro mil postos de trabalho na crise. A empresa voltou a contratar, mas não no mesmo volume de antes. E ainda assim tem tido dificuldades para repor seus profissionais. O Brasil hoje está formando menos engenheiros do que o México, o que torna difícil a contratação, disse à DINHEIRO o presidente da empresa, Frederico Curado. Mas enfrentar um problema como o da qualificação já é algo bem mais saudável do que ter que combater o desemprego agudo, como ocorria no Brasil num passado recente.  Enquanto o índice de desemprego cai a um ritmo acelerado no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa o mercado de trabalho ainda não se recuperou da crise de 2008 e 2009. Na média, os países da OCDE, grupo que reúne as economias mais desenvolvidas, tiveram em maio uma taxa de 8,6%. O pior índice é o da Espanha, de 19,9%. Depois de décadas acompanhando a discussão dos americanos sobre ganhos de produtividade e pressão inflacionária do mercado de trabalho, o Brasil finalmente pode fazer a discussão por aqui enquanto acompanha a crise no Hemisfério Norte. Entenda o plano emprego O conceito indica a menor taxa de desocupação possível numa economia. Não é o desemprego zero, porque sempre haverá rotatividade no mercado, com trabalhadores buscando melhores salários e empregadores à caça de profissionais mais capacitados   Leon Walras O primeiro economista a formular uma teoria de equilíbrio foi o matemático francês Leon Walras (1834-1910). De acordo com seu modelo, no pleno emprego, todos os trabalhadores dispostos a aceitar o salário de equilíbrio estarão empregados. John Maynard Keynes O inglês John Maynard Keynes (1883-1946) desafiou a teoria ao dizer que a situação de equilíbrio macroeconômico não garante o pleno emprego, cabendo ao Estado estimular a demanda com políticas fiscais anticíclicas. Milton Friedman O grande opositor de Keynes no debate econômico foi Milton Friedman (1912-2006), para quem a estabilidade monetária era mais importante do que a geração plena de empregos. Edmund Phelps No meio do caminho entre Keynes e Friedman, surgiu a teoria de Edmund Phelps, vencedor do Nobel em 2006, que desenvolveu um conceito chamado Nairu (Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment). É a taxa de desemprego mínima que não acelera a inflação. E que o Brasil pode atingir.
Revista Isto É Dinheiro - ''Sem as reformas, iremos para o buraco''
REVISTA ISTO É DINHEIRO - A quebra dos cartéis sindicais
REVISTA ISTO É DINHEIRO - CAPA - 100 dias de espera na economia
REVISTA ISTO É DINHEIRO - DÁ PARA SUSTENTAR?
REVISTA ISTO É DINHEIRO - Moeda mais forte
REVISTA ISTO É DINHEIRO | ARTIGO - Queremos eleições todo ano
REVISTA ISTO É DINHEIRO | ECONOMIA - A reforma na UTI
Revista Isto É: Previdência Coluna Ricardo Boechat   Mãos dadas O Ipea vai realizar uma série de pesquisas especiais no País sobre demografia e expectativa de vida. O trabalho de campo começará nas próximas semanas, para que os primeiros resultados sejam analisados ainda este ano. O Ministério da Previdência Social encomendou o estudo porque precisa com urgência de informações estratégicas que lhe permitam planejar melhor o pagamento de aposentadorias e pensões.  
Revista Isto É: Reviravolta na telefonia A compra da Vivo pela Telefônica e a entrada da PT na Oi é o começo de uma nova batalha épica no mercado brasileiro de telecomunicações. Mas será que o consumidor ganha com isso? Por Ralphe Manzoni Jr. Para Yon Moreira da Silva Júnior, ex-executivo da Brasil Telecom, todos saíram mais fortes das operações realizadas no setor de telefonia. Confira entrevista abaixo: Já passava da meia-noite, na quarta-feira 28, quando Roberto Lima, presidente da Vivo, recebeu uma mensagem de texto no celular. O remetente era Zeinal Bava, presidente da Portugal Telecom.   Curta, ela comunicava que a disputa societária entre espanhóis e portugueses pelo controle da maior empresa de telefonia móvel do Brasil estava encerrada. A Telefônica assumia o controle da Vivo por 7,5 bilhões euros. E a Portugal Telecom comprava 22,4% da Oi por 3,75 bilhões de euros. Os dois negócios somam 11,25 bilhões de euros, mais de R$ 25 bilhões, o que significa R$ 3 bilhões a mais do que o governo federal arrecadou com a privatização da Telebrás há quase exatos 12 anos, em 29 de julho de 1998 na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.   Na ocasião, foram vendidos o controle de três holdings de telefonia fixa, uma de longa distância (Embratel) e oito de telefonia celular. Em apenas uma troca de ações entre Telefônica, Portugal Telecom e Oi movimentou-se muito mais do que a privatização de todas as operações de telefonia da época.   O tempo provocou profundas mudanças no setor de telefonia. Do emaranhado de companhias criadas a partir de 1998, que previa empresas-espelho para concorrer com as teles privatizadas, sobraram apenas três grandes grupos que devem atuar a partir de agora como os protagonistas no mercado brasileiro. Eles terão capacidade de investimento, escala superior aos demais concorrentes e abrangência nacional.   Os espanhóis da Telefônica se transformaram na maior  operadora de telecomunicações do Brasil com a compra da Vivo. A Dedic, empresa de call center da Portugal Telecom, também entrou no negócio, mas seu valor ainda precisa ser definido. Em agosto, um banco de investimento será contratado para fazer a avaliação da companhia, que tem 22 mil funcionários e fatura     R$ 600 milhões no Brasil. A Telefônica já atua nesta área com a Atento, que fatura 1,3 bilhão de euros mundialmente.   Com a compra da Vivo, a Telefônica passa a ter mais musculatura, com uma receita líquida de R$ 32 bilhões em 2009 e mais de 70 milhões de clientes. Os mexicanos da América Móvil, que são donos da Claro, da Embratel e tem participação na Net, preparam-se para unir suas operações.     E a supertele brasileira Oi que tem como seu principal acionista individual a Portugal Telecom ganha fôlego para retomar os investimentos e reduzir sua dívida líquida de R$ 20,9 bilhões com o dinheiro que vai entrar do novo parceiro além-mar.   Em comum, as três operações são capazes de oferecer serviços de telefonia fixa, celular, banda larga e tevê por assinatura de forma integrada. O nosso objetivo é atuar no mundo convergente, afirmou à DINHEIRO o presidente da Telefônica no Brasil, Antônio Carlos Valente, logo após o fim das negociações de mais de dois meses com a Portugal Telecom. Vamos ampliar a cobertura e a gama de serviços.   Sem uma presença nacional, a compra da Vivo é um passaporte para que a Telefônica rompa as fronteiras do Estado de São Paulo, onde tem uma concessão de telefonia fixa. A companhia espanhola herda da Vivo uma estrutura de 11 mil pontos de venda e 500 mil de recarga de celular espalhados pelo Brasil.   Temos uma equipe comercial agressiva, declarou à DINHEIRO o presidente da Vivo, Roberto Lima, após uma longa reunião de diretoria um dia depois da venda da companhia que dirige no Brasil. Na sexta-feira 30, ele se encontrou com Luis Miguel Gil Perez, da Telefônica Internacional, e com  José María Álvarez Pallete López, da Telefônica Latinoamérica.   Na agenda, os primeiros passos da integração. Esse momento não é ponto de chegada. É o ponto de partida, afirmou Lima. Indicado pelos portugueses da Portugal Telecom para assumir a Vivo em 2005, Lima sabe que terá muito trabalho daqui para a frente sob o comando exclusivamente dos espanhóis.   A entrada de seu ex-patrão no bloco de controle da Oi indica que a supertele brasileira terá mais capital para investir, aumentando a competição. A companhia arquitetada em 2008 com o apoio do governo federal é cercada de polêmica.     Criada com um discurso nacionalista, ela tem agora um sócio estrangeiro como principal acionista individual da operação. Mas isso só foi possível graças a acordo que mantém a gestão nas mãos dos sócios brasileiros, a Fundação Atlântico, dos funcionários da Oi, a AG Telecom, de Sérgio Andrade, o grupo LaFonte, de Carlos Jeiressati. A Oi continuará sendo brasileira da Silva, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ser questionado sobre o tema.   Apesar de o governo negar, o negócio entre a Oi e a PT teve o aval de Lula. A solução atual para a entrada dos portugueses na telefonia brasileira foi dada pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho. A proposta foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes da viagem que ele fez à Espanha e a Portugal, na terceira semana de maio.    O tema foi discutido em Lisboa, no dia 19 de maio. O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, recorreu ao presidente Lula para resistir ao assédio da Telefônica para comprar a Vivo.   Lula pediu que o governo português procurasse Luciano Coutinho.  Mas foi só no dia 13 de julho que as negociações avançaram. Zeinal Bava, presidente  da Portugal Telecom, ligou para Otávio Andrade, presidente da Andrade Gutierrez. A partir daí, elas entraram em um ritmo alucinante, diz   uma fonte que participou das conversas entre portugueses e os acionistas da Oi. Trabalhava-se dia e noite, inclusive nos finais de semana. A principal resistência ao negócio era de Carlos Jeirissati, do grupo LaFonte.   Em apenas 15 dias, chegaram a um acordo. Não queríamos vender, mas temos de ser realistas: não havia mais condições de manter a parceria com a Telefônica, disse um alto executivo da Portugal Telecom.   Desde a privatização da Telebrás, há 12 anos, o setor brasileiro de telecomunicações mudou radicalmente. A telefonia celular foi o segmento que mais evoluiu. Em 1998, o Brasil tinha 7,4 milhões de assinantes móveis. Atualmente, conta com 185,1 milhões de usuários, um crescimento de mais de 2.500%.   A telefonia fixa dobrou o número de acessos, passando de 20 milhões para 41,4 milhões. Os clientes de tevê por assinatura somavam 2,6 milhões. Agora, são 8,4 milhões. E nem havia banda larga naquele período. O número de conexões da internet rápida fixa é de 11,8 milhões. Na móvel, 11,9 milhões. São números de encher os olhos de todos os que defenderam o processo de privatização.   Mas há um esquecido nesta história: o consumidor. Ao mesmo tempo que a oferta de serviços explodiu, o preço pago por eles, comparado internacionalmente, é alto. O Brasil tem uma das tarifas mais caras de celular pré-pago do mundo. Por aqui, os consumidores gastam, em média, US$ 45 para realizar 30 chamadas e enviar 30 mensagens de texto, segundo pesquisa da organização Diálogo Regional sobre a Sociedade da Informação.   Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que o Brasil paga dez vezes mais pelo acesso à conexão banda larga do que países desenvolvidos. A qualidade deixa também a desejar. Os serviços de telefonia ocupam o primeiro lugar em número de reclamações no ranking do Procon-SP, com 45,8% das queixas registradas em 2009.   Os altos impostos, as tarifas de interconexão de redes e a ineficiência das operadoras são as causas destes problemas, afirma Yon Moreira da Silva Jr., consultor de telecomunicações, que já foi vice-presidente de estratégia da Brasil Telecom, empresa adquirida pela Oi m 2008 (assista entrevista em vídeo no site da Dinheiro).    A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que deveria regular isso, está cada vez mais enfraquecida e esvaziada. A instituição, que tem 750 funcionários em Brasília, está perdendo 60 deles para a Telebrás, que foi recriada para tocar o Plano Nacional de Banda Larga. Em razão das eleições, a agência não poderá substituí-los antes de janeiro de 2011.   A concentração do mercado de telecomunicações brasileiro em três grandes grupos é uma notícia pouca alvissareira para os consumidores. Mas os otimistas hão de lembrar que três competidores são melhores do que dois ou do que um monopólio, como há 12 anos.    Os serviços de telecomunicações dependem de escala. E, a partir do momento que há mais volume, os preços tendem a cair naturalmente. Os consumidores podem antever boas propostas, afirma Valente, da Telefônica.   Até agora, espanhóis, mexicanos e luso-brasileiros se enfrentaram para valer na área de celulares. Em telefones fixos, banda larga e tevê por assinatura, a competição sempre foi restrita. Com operações nacionais e convergentes, a briga pelo mercado brasileiro chega a outro patamar.   Entrevista: Antônio Carlos Valente, presidente da Telefônica Vamos ampliar a cobertura e gama de serviços   A Vivo é da Telefônica. Quais são os planos agora? Nosso objetivo é atuar no mundo convergente. Vamos ampliar a cobertura e a gama de serviços. Gosto de usar o exemplo da tevê por assinatura via satélite. Podíamos ter levado para o Brasil inteiro, mas ela só está em São Paulo. No momento em que começamos a ter uma operação nacional, com logística e equipes comerciais, é natural a oferta. As sinergias são de 3,9 bilhões de euros.   Podemos esperar o avanço da Telefônica para o Brasil, atuando no varejo com banda larga, telefonia fixa e tevê a cabo? É o nosso objetivo. Não só da Telefônica, mas de todas as empresas do setor. Afinal, essa é uma exigência do mercado.   A Telefônica vai adotar o nome MoviStar no Brasil? O Brasil será o último a analisar a mudança de nome. Temos de 18 a 24 meses para estudar as alternativas e tomar essa decisão.   Com a integração com a Vivo, podemos esperar preços menores para os consumidores? Os serviços de telecomunicações dependem de escala. E, a partir do momento que há mais volume, os preços tendem a cair naturalmente. Os consumidores podem antever boas propostas.     Entrevista: Roberto Lima, presidente da Vivo Consolidação deve levar à queda de preços   Sem uma integração da Vivo com uma operadora fixa e de banda larga, ela não ficaria isolada? Até agora, não tivemos problemas. O nosso desempenho tem sido muito bom. Mas precisávamos atuar de forma integrada. Senão ficaria difícil concorrer no mercado.   Por que a tarifa de celular é tão cara no Brasil? A consolidação do mercado de telefonia deve levar à queda de preços. Mas as comparações de tarifas brasileiras com padrões internacionais não são benfeitas. As pesquisas levam em conta o preço nominal das tarifas, sem levar em consideração as promoções. E há uma carga de imposto de 45%, o que você não encontra em nenhum lugar do mundo.   Qual a decisão mais difícil que o sr. tomou na Vivo? Foram várias. Uma delas foi sair da tecnologia CDMA e migrar para a rede GSM. Fizemos isso em tempo recorde. E deu certo. Marcou a nossa virada.   O sr. teve receio de que a briga dos acionistas atrapalhasse a operação da Vivo? Nos esforçamos para blindar a companhia. Com a extensão das discussões e com a briga jurídica sendo levada a público, tive sim receio de que ela contaminasse as reuniões do conselho e atrapalhasse a velocidade de aprovação dos projetos.     Colaboraram Denize Bacoccina e Rodolfo Borges
Revista Istoé Dinheiro: Erradicar a miséria é possível O governo Dilma terá uma meta-síntese: zerar o número de brasileiros abaixo da linha de pobreza. E ela acredita que isso pode ser alcançado até 2014 Por Rosenildo Gomes Ferreira De Getúlio Vargas a Luiz Inácio Lula da Silva, todos os presidentes da República chegaram ao poder com um objetivo. O primeiro deles implantou as leis trabalhistas. Juscelino Kubitschek interiorizou o desenvolvimento econômico, com a construção de Brasília.   Collor tentou, com apenas um ippon, aniquilar a inflação. Essa tarefa acabou sendo conseguida por Fernando Henrique, o presidente do Plano Real. Lula, por sua vez, foi quem mais apostou na inclusão social. E Dilma Rousseff? Bem, a primeira mulher a ocupar o cargo mais importante da nação tem objetivos bem concretos para seu mandato. O principal deles é acabar com a extrema pobreza, jargão usado pelos economistas para falar de miséria. E não parece ser uma tarefa impossível. Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que é possível eliminar essa chaga social até 2016 ao todo, são 18 milhões de brasileiros nessa condição.   Dilma, porém, se mostra mais ambiciosa. Acredita que dá para finalizar a tarefa já em 2014. Mantido o padrão de distribuição de renda e crescimento econômico do governo Lula, a previsão do Ipea é factível. Contudo, acho que devemos ser mais ousados, afirma. Trata-se de uma grande evolução nesse debate.   Especialmente quando o confrontamos com as correntes majoritárias do pensamento econômico das décadas de 1970 e 1980 que pregavam ser necessário, primeiro, ampliar o bolo para depois dividi-lo. Nos últimos oito anos, ficou claro que havia alternativa. O fim da inflação e a adoção de políticas sociais mais vigorosas fizeram emergir um contingente de novos consumidores, que faziam parte da classe C. São mais de 42 milhões de brasileiros, o equivalente a uma Espanha, que até bem pouco tempo atrás estavam à margem do consumo.   Com mais dinheiro no bolso, eles trataram de mobiliar a casa, investir na educação dos filhos e consumir itens até então inimagináveis. Viajar de avião deixou de ser um sonho distante. Estudo da consultoria Data Popular indica que 54% das pessoas que usaram esse meio de transporte, em 2009, pertenciam à classe C. E mais. O estudo aponta que 2,4 milhões de brasileiros de baixa renda deverão entrar em um avião pela primeira vez em 2011. A classe C é o motor do crescimento do Brasil, aponta Renato Meirelles, sócio-diretor da Data Popular, empresa de pesquisa especializada em consumo popular.   O setor de aviação, na verdade, é uma das últimas atividades a se beneficiar do voraz apetite da classe C. A maior abertura do crédito também abriu as portas desse mundo para os integrantes de um nível abaixo da pirâmide: a classe D. Mais importante que beneficar pessoas individual-mente, a ampliação da renda teve impacto direto no desenvolvimento da economia.   Os setores industrial, comercial e de serviços cresceram graças a brasileiros como a paulistana Altina Cristina dos Santos, 36 anos. Casada e mãe de três filhos, ela exibe orgulhosa o computador que deu de presente ao caçula. Mas quem enfeita a sala de sua casa, no Jardim São Luís, periferia da zona sul de São Paulo, é uma vistosa tevê de plasma de 50 polegadas. Paga em suaves prestações. Esses mimos foram obtidos com o dinheiro ganho no salão de beleza improvisado que ela montou no quintal da residência. Minha vida melhorou muito nos últimos anos, diz Altina, que, agora, atende uma clientela limitada para poder passar mais tempo com o netinho que acaba de nascer.   Os números mostram que existem milhares de Altinas espalhadas pelo País. Gente que se beneficiou de uma política de distribuição de renda que começou a ser tocada de forma mais vigorosa a partir do governo Lula. No período 1985-2010, o gasto social subiu de 13% do PIB para 23%.  "Trata-se de um patamar semelhante ao de países ricos. Mas ainda há muito a ser feito, destaca Márcio Pochmann, presidente do Ipea.   O economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, concorda. Defende, no entanto, uma abordagem mais vigorosa, que priorize apenas quem está abaixo da linha da miséria. O governo, em todas as esferas, poderia ter feito muito mais, caso tivesse focado suas ações sociais somente na base da pirâmide, pontua Neri. Pelas contas do economista, o custo de medidas desse porte é plenamente aceitável: Bastaria destinar R$ 21 bilhões por ano a programas de complementação de renda, diz o economista.  Independentemente da fórmula, existe um consenso de que essa luta é possível.
Revista Istoé Dinheiro: O Brasil que ela encontra Dilma Roussef herda de Lula um país com melhores indicadores econômicos, financeiros e sociais do que ele encontrou em 2003. Ano de seu primeiro mandato. Por Redação da DINHEIRO A classe média já é a maioria da população e forma um mercado consumidor cobiçado, que estimula novos investimentos e atrai dinheiro do mundo todo. O futuro já começou Moeda forte 5,5% foi a queda do dólar americano diante do real em 12 meses, até 29 de outubro, para R$1,70. Motivo: o País atrai investimentos estrangeiros diretos ( que procuram ganhos diante do crescimento robusto da economia) e financeiros (que aprovam os juros mais altos) US$ 10 Bilhões é quanto os turistas brasileiros devem gastar no Exterior a mais do que os estrangeiros devem gastar no Brasil este ano US$ 280 Bilhões é o saldo das reservas internacionais do País. O maior da história. Comércio exterior As exportações chegaram ao pico de US$ 198 bilhões em 2008. A crise global reduziu os embarques e os preços lá fora. Este ano, as vendas devem alcançar US$ 193 bilhões. As importações também cresceram e reduziram pela metade o saldo comercial, que chegou a US$ 46 bilhões em 2006. Mas o resultado ainda é positivo para o Brasil. Em 2010, o superávit comercial será de US$ 15,5 bilhões Contas públicas 39,6% do PIB é a projeção oficial da dívida pública para 2010. Em 2002, primeiro ano do governo Lula, essa relação chegou a 60,6%. O endividamento caiu e o déficit público nominal também: saiu de 4,4% em 2002 para 1,9% em 2010 R$ 46 bilhões é a projeção do déficit da Previdência Social para 2010, causado principalmente pelas aposentadorias rurais. Nos benefícios urbanos, entra mais dinheiro di que sai: superávit de R$ 5,9 bilhões até agosto Crédito 46,2 % do PIB é o volume total de crédito no País, que chegou a R$ 1,6 trilhão em agosto. Os empréstimos para a compra de automóveis e da casa própria para as pessoas físicas atingiram R$ 541 bilhões Emprego 6,2% foi o índice de desemprego medido pelo IBGE em setembro, o menor da série histórica. Em 2003, era de  12,4%. Os novos empregos com carteira assinada devem passar de 2,2 milhões em 2010, estima o Ministério da Fazenda. 36% dos domicílios no Brasil têm computador e 27% deles têm acesso à internet. o índice de conectividade da população é maior quando se leva em conta a utilização de computadores nas empresas, nas lan houses e nas escolas. 3,4 milhões é a produção prevista de veículos automotores no Brasil este ano, segundo a Anfavea Classe média 103 milhões de brasileiros já são da classe C. Desde 2002, cerca de 25 milhões subiram para o centro da pirâmide social. Em 2010, o poder de consumo das classes C e D (59% da massa de renda) supera o das classes A e B (40%) Pobreza 4% é a população que vive em extrema pobreza. Antes do Bolsa Família, programa que benficia 49 milhões de pessoas, esse índice era três vezes maior: 12 % Salário mínimo R$ 510 por mês é o valor do salário mínimo em 2010. Medido em dólares é o maior valor real dos últimos 20 anos. A política de aumentos reais do mínimo explica parte da ascensão social das classes D e E E o Brasil que ela pode deixar... Inúmeras variáveis nacionais e estrangeiras podem influenciar a gestão econômica e social do governo de Dilma Roussef até 2014, para o bem ou para o mal. A maioria dos analistas prevê uma continuidade dos avanços, com a melhoria gradual dos indicadores. A seguir, as projeções oficias (com a fonte citada) e do Banco Santander (as demais). Moeda forte R$ 2,05 poderá ser a cotação do dólar no final de 2014 US$ 167 bilhões em investimentos diretos estrangeiros serão atraídos pelo Brasil de 2011 a 2014. A média anual será de US$ 41,8 bilhões acima dos US$ 32 bilhões recebidos nos último quatro anos Comércio exterior As exportações do Brasil devem crescer 18% no ano que vem e 10% ao ano nos seguintes. Com isso atingirão US$ 319 bilhões em 2014 e US$ 466,3 bilhões em 2018. As importações irão aumentar quase 30% no primeiro ano do governo acomodando-se em 10% ao ano nos anos seguintes. Com isso, chegarão a 311 bilhões em 2014 e a US$ 457 bilhões em 2018. O superávit da balança comercial será mantido, mas em nível menor, entre US$ 7 bilhões e US$ 9 bilhões ao ano Contas públicas A dívida líquida do setor público continuará em queda como proporção do PIB, estabilizando-se em tono de 36,5% de 2012 em diante, segundo Santander. Para o Banco Central, atingirá 27,8 bilhões do PIB em 2014. Receitas e despesas estarão equilbradas em 2014 e o déficit nominal poderá sair de 1% do PIB para 0% em 2014, segundo o Ministério da Fazenda 0,5% do PIB é quanto pode crescer a fatia do investimento público em quatro anos, saindo de 3,3% para 3,8%, segundo o Ipea Risco País 200 Pontos base é o nível em que o risco-país deve se manter até 2015. Isso representa um custo de captação no Exterior de dois pontos percentuais acima dos juros dos títulos do Tesouro dos EUA 6,9% é o patamar da taxa de desemprego medida pelo IBGE esperada para os próximos quatro anos, em relação à população economicamente ativa. O crescimento sustentado do PIB deve gerar os postos de trabalho necessários para a população que atinge a idade produtiva e o crescimento da massa salarial deve sair de 2,2% em 2011 para 4% em 2014 R$ 5,2 Trilhões poderá ser o valor nominal do PIB em 2014, o equivalente a US$ 2,6 trilhões 199,5 milhões de habitantes será a população em quatro anos 6 milhões de veículos. É quanto as montadoras poderão produzir anualmente em 2014. A atual capacidade instalada é de é 4,2 milhões, mas há US$ 12 bilhões em investimentos anunciados para os próximos três anos Classe média 153 milhões de pessoas serão das classes C e D em 2014. A população deve continuar a subir na pirâmide social, segundo as projeções do IBGE, da FGV e da consultoria LCA Crédito R$ 2,754 trilhões deve ser a carteira total de crédito em 2014. É um crescimento de 74% sobre o volume atual, para 52,7% do PIB Cara miséria Na ponta do lápis: R$ 15,4 bilhões para acabar com essa praga. A promessa da presidente eleita Dilma Rousseff de eliminar a extrema pobreza animou os 9,5 milhões de brasileiros (5% da população) que lutam pela sobrevivência com renda familiar mensal de apenas R$ 50. Segundo cálculos de especialistas do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), pode custar menos do que se pensa o cumprimento dessa meta até o fim de 2014: R$ 3,8 bilhões por ano. Os candidatos a sair da miséria vivem na periferia das grandes cidades e no interior do país. O Estado de Minas ouviu de vários deles as principais expectativas: saúde, saneamento e, principalmente, emprego e renda. Combate à miséria  
Revista Istoé: Dilma: este governo já começou? A candidata nega, mas a liderança folgada nas pesquisas deflagrou um processo inevitável na sua campanha: a disputa por cargos e a discussão das primeiras medidas econômicas Por Guilherme Queiroz Em vídeo, o redator-chefe da DINHEIRO, Leonardo Attuch, dá mais detalhes sobre prováveis medidas econômicas e os nomes fortes de um governo Dilma. Cuidadosa ao extremo, a candidata petista Dilma Rousseff se traiu na madrugada da segunda-feira 23, diante de centenas de trabalhadores reunidos na porta da fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Eu vou ser a primeira presidenta deste país, disse ao lado do presidente Lula, que já a havia apresentado como tal. O ato falho é compreensível para quem está quase 20 pontos à frente do segundo colocado nas pesquisas, o tucano José Serra, e vive uma situação que nem mesmo seu mentor conseguiu em suas duas campanhas vitoriosas.   Embora tenha proibido a equipe de comentar o assunto para evitar o salto alto, a verdade é que a perspectiva de vitória no primeiro turno já deflagrou uma disputa inevitável por cargos e especulações sobre as primeiras medidas a serem adotadas no início do governo. Dilma estabeleceu a lei do silêncio, mas ela própria tratou de desmentir notícias de que faria um aperto fiscal. Aos auxiliares mais próximos, coube a tarefa de disseminar que Dilma não fala sobre cargos nem mesmo com eles.   E enviou-se também um recado ao PMDB para que os caciques do partido não se precipitem. O candidato a vice, Michel Temer, que no início do mês disse que a divisão do governo era como a partilha do pão, veio a público se desculpar. Pode ser que o PMDB venha a ocupar cargos e ministérios, mas não existe essa coisa de dividir governo, explicou.   De todo modo, já estão sendo estudadas mudanças na estrutura administrativa. Uma das ideias da candidata é criar um conselho de especialistas em diversas áreas, como economia, energia, segurança e meio ambiente, dentro do Palácio do Planalto, assim como ocorre na Casa Branca. Com nomes fortes perto da Presidência, os ministérios teriam um perfil mais técnico e menos fisiológico. Na economia, Dilma nega a intenção de fazer um aperto fiscal.   O Brasil tem uma dívida líquida cadente. Não vejo o menor sentido, rebateu na terça-feira 24. É certo, porém, que o novo governo terá que segurar as despesas para que elas cresçam menos do que as receitas.   Mas o ajuste pode ser gradual porque acontecerá num cenário de crescimento estimado em 5%. Basta segurar as despesas para reduzir o déficit nominal e com isso diminuir a dívida em relação ao PIB, como defende o ex-ministro Antônio Palocci, hoje o braço direito de Dilma. A candidata, por sua vez, também avalia que, no seu eventual governo, haverá espaço para que a taxa de juros brasileira se aproxime dos padrões internacionais, sem comprometer a meta de inflação, fixada em 4,5% até 2012.   No mercado, já é grande a expectativa em relação aos nomes que vão compor a futura equipe econômica. Uma maior influência de Palocci sobre a Fazenda sinalizaria um compromisso com o controle fiscal.   Além dele, e apesar da recusa de Dilma em discutir nomes até mesmo com os auxiliares mais próximos, já existe um grupo de colaboradores que, pela proximidade com a candidata, tem espaço garantido no governo. É o caso de Erenice Guerra, que era sua secretária-executiva e ficou com sua vaga na Casa Civil.   Também devem ter lugar garantido técnicos com quem ela trabalhou, como Valter Cardeal, diretor de Engenharia da Eletrobras, responsável por coordenar a montagem do consórcio que vai construir a usina de Belo Monte.   O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Mauricio Tolmasquin, é um nome de confiança de Dilma e tem sido lembrado para a presidência da estatal do pré-sal por ter coordenado a elaboração do marco regulatório da exploração das novas áreas petrolíferas, assim como a diretora de gás e energia da Petrobras, Maria das Graças Foster. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, outro nome muito ligado a Dilma, também pode permanecer no cargo ou assumir outra função. Marcio Pochmann, presidente do Ipea, especialista em emprego, pode ir para um cargo ligado a políticas sociais.   Condutor da atual política industrial, calcada na formação de grandes grupos empresariais brasileiros, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, deve ocupar um posto- chave na equipe econômica. Já o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que é filiado ao PMDB, deve manter um assento importante como conselheiro próximo de Dilma para assuntos relacionados à economia.   Um outro efeito imediato da consolidação de Dilma na dianteira da corrida eleitoral é o crescimento de seu poder de atrair recursos para sua campanha. Na contramão, míngua a capacidade de arrecadação de José Serra na proporção que a concorrente se distancia na liderança. É o efeito da corrida com um cavalo só.   Do ponto de vista do investimento, colocar recursos numa campanha em via de ser derrotada é jogar dinheiro fora, diz o cientista político Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais.  Na primeira prestação parcial de contas ao Tribunal Superior Eleitoral, os petistas arrecadaram R$ 11,6 milhões, enquanto as doações para a campanha tucana ficaram em R$ 3,6 milhões, atrás dos R$ 4,2 milhões amealhados por Marina Silva, do PV.   O tesoureiro do PV, Álvaro de Souza, atesta a dificuldade em conseguir doações, apesar da boa receptividade por parte dos empresários. Em termos de doadores, é surpreendente. Mas em termos de volume está abaixo da expectativa. É inegável que nos veem como uma candidatura que está em terceiro lugar nas pesquisas, disse ele à DINHEIRO.   Uma vitória no primeiro turno também daria a Dilma maior força para negociar com os partidos aliados na formação do novo governo. Seria um trunfo para começar o governo, com maior independência em relação ao presidente Lula, avalia o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília.   Mas a coordenação da campanha não quer falar sobre as vantagens no primeiro turno. Ganhar é bom. Ponto, resume o deputado José Eduardo Cardozo, um dos coordenadores da campanha de Dilma.   O grau dessa autonomia na divisão do poder depende do desempenho do PT nas urnas e sua capacidade de se igualar em número à bancada do PMDB, a maior do Congresso. As pesquisas internas no partido têm mostrado resultados animadores, sobretudo em São Paulo, onde o PT espera aumentar sua bancada de 14 para até 18 deputados.   Ao todo, o PT teria cerca de 100 deputados, ficando não muito atrás do PMDB, equilibrando a relação de forças entre os dois partidos. O quadro favorável levou, nas últimas duas semanas, petistas a já começarem a conversar com o PMDB sobre um revezamento na presidência da Câmara e do Senado, fator importante para acelerar a aprovação de projetos de interesse do governo. Mas um interlocutor próximo à candidata garante que as duas legendas podem sair desapontadas. Nem o PT nem o PMDB levarão tudo o que imaginam, garante.
Revista Istoé: Dinheiro na Semana   Por Márcia Pereira Curtas Segundo o Ipea  (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 12% das famílias brasileiras possuem dívidas no valor cinco vezes maior que a renda mensal.  Valor médio da dívida: R$ 5,4 mil.

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