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Ipea, Fundação João Pinheiro e PNUD lançaram, no dia 25 de novembro, o Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas
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BBC Brasil: Entenda por que a produtividade no Brasil não cresce Nos últimos anos, as empresas brasileiras aumentaram sua produção contratando mais gente. Agora que os índices de desemprego estão em patamares historicamente baixos, há certo consenso entre especialistas, empresários e integrantes do governo de que, para a economia voltar a crescer em ritmo acelerado, é preciso aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro.
"Pela primeira vez na nossa história falta mão de obra - o que nos obriga a aproveitar nossos trabalhadores de forma mais eficiente", diz Hélio Zylberstajn, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), explicando por que a "produtividade" virou a bola da vez do debate econômico.
"Até os anos 80, os índices de produtividade brasileiros cresceram relativamente rápido em função de uma mudança estrutural da economia", diz Fernanda de Negri, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). A população migrou para as cidades e começou a engrossar as fileiras de trabalhadores da indústria e serviços - setores cuja produtividade costuma ser maior que a do setor rural.
"A China está vivendo um processo semelhante, por isso, para eles é mais fácil aumentar a produtividade de sua economia enquanto para nós, que precisamos melhorar a performance dentro de cada setor, é mais difícil", acredita.
Dados da entidade americana de pesquisas Conference Board mostram que os funcionários de empresas brasileiras produziram em 2013 uma média de US$ 10,8 por hora trabalhada.
Trata-se da menor média entre países latino-americanos.
A chilena foi de US$ 20,8, a mexicana, de US$ 16,8, e a argentina, de US$ 13,9.
Além disso, a mesma entidade registrou um crescimento no índice de produtividade brasileiro de apenas 0,8% no ano passado, após uma queda de 0,4% em 2012.
Para se ter uma base de comparação, o índice chinês teve alta de 7,1%.
Produtividade do trabalho é um indicador que dá a medida da eficiência do trabalho em cada lugar.
Simplificando bastante, poderíamos dizer, por exemplo, que se no Brasil cada trabalhador produz 100 sapatos por mês e nos Estados Unidos, cada um produz 200, a produtividade no setor calçadista americano é o dobro da brasileira - embora na prática a questão seja muito mais complexa (leia quadros ao lado).
Então porque um trabalhador no Brasil produz menos que um nos Estados Unidos, no Chile, Coreia do Sul ou Espanha?
Estamos tomando cafezinho demais, ignorando prazos para entrega de resultados e trocando muita figurinha da Copa do Mundo na hora do trabalho?
A verdade é que as causas do baixo crescimento da produtividade no Brasil ainda são tema de um amplo debate.
A revista britânica Economist, por exemplo, causou polêmica no mês passado ao sugerir que o problema poderia ser atribuído também a fatores culturais.
"Poucas culturas oferecem uma receita melhor para curtir a vida", afirmou a publicação, citando um empresário estrangeiro que teria tido dificuldade para contratar profissionais comprometidos com o trabalho no Brasil.
Para o economista da Unicamp, Célio Hiratuka, a tese é "simplista e talvez até um pouco preconceituosa".
"Em termos de cultura gerencial, o Brasil não é tão diferente de outros países que têm produtividade mais elevada", opina.
De Negri concorda que as causas do problema são muito mais complexas. "A produtividade do trabalho não depende só da capacidade ou empenho do trabalhador", diz.
"Uma empresa que adquire máquinas mais modernas produzirá mais com o mesmo número de funcionários. Outra que precisa alocar muitos empregados para pagar impostos ou resolver questões burocráticas, será menos produtiva."
Para entender o que existe de relativo consenso sobre as causas do baixo crescimento da produtividade no Brasil a BBC entrevistou especialistas de diversas linhas teóricas. O resultado dessa enquete são os quatro fatores, listados abaixo. Confira:
Educação
É consenso que trabalhadores mais qualificados têm condições de produzir mais e melhor. E que investir em qualificação ajuda a garantir profissionais para uma produção de maior valor agregado.
Até aí, nenhuma novidade.
A questão é que, nos últimos anos, o Brasil avançou no que diz respeito a escolaridade da população sem que isso se refletisse em seus índices de produtividade.
"Na última década tivemos um aumento de dois anos na média de estudo dos trabalhadores formais, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)", diz De Negri.
"Trata-se de um aumento importante no estoque de conhecimento - por isso, é uma surpresa que os índices de produtividade não tenham respondido a isso."
Especialistas explicam tal descompasso com duas hipóteses.
A primeira estaria ligada à questão da qualidade da educação no país. O fato de quase 40% dos universitários brasileiros serem analfabetos funcionais (segundo o Instituto Paulo Montenegro) dá a medida do desafio que o Brasil tem pela frente nessa área.
A segunda hipótese se refere à suposta falta de alinhamento entre os conhecimentos que as escolas e universidades transmitem e o que as empresas precisam para produzir mais - problema que os economista definem como "brecha de habilidades".
Nessa linha, são muitos os que apontam a necessidade de mais cursos técnicos no país.
"No Brasil e em outros países da América Latina há um estigma em relação ao ensino técnico que precisa ser quebrado", diz Carmen Pagés, especialista em mercado de trabalho do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID).
"O governo até está se esforçando para expandir as vagas no ensino técnico por meio do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), mas mais uma vez precisamos de uma avaliação séria desse programa para entender se o que é ensinado corresponde ao que as empresas precisam", diz Zylberstajn, que também defende a criação de esquemas de treinamento nas empresas.
Tecnologia e inovação
A produtividade não depende apenas da capacidade e empenho dos trabalhadores, como ressalta De Negri.
"Um trabalhador com um computador potente pode ser mais produtivo que um com computador ruim ou sem computador", exemplifica Marcelo Moura, professor do Insper.
Um país pode adquirir tecnologia ou produzir tecnologia - e no caso do Brasil parecem haver dificuldades nas duas frentes.
"Para começar, muitas vezes é caro importar máquinas e equipamentos em função de proteções a indústria nacional", diz Moura.
Além disso, o país também parece estar na lanterna do grupo dos emergentes quando o tema é a produção de inovações.
Segundo um estudo do escritório Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello, especializado em propriedade intelectual, o Brasil fez 215 pedidos de registro ao escritório americano de patentes (USPTO) em 2011, contra 3.174 da China, 1.234 da Índia e 298 da Rússia.
"Em todos os países asiáticos o estímulo à inovação e adoção de novas tecnologias foi um dos pilares dos avanços em índices de produtividade,", diz Hiratuka, da Unicamp, mencionando o caso da Coreia do Sul, que já está investindo na instalação da internet 5G.
"Já no Brasil, os níveis de investimento nessa área são relativamente baixos e ainda falta uma certa coordenação das políticas públicas de estímulo à inovação - como as linhas de financiamento do BNDES - para que elas produzam os resultados desejados."
Burocracia e infraestrutura
A complexa burocracia brasileira e as deficiências de infraestrutura também têm um efeito importante sobre a produtividade das empresas.
"É só notarmos a quantidade de pessoas que as empresas precisam empregar para conseguir pagar (processar) seus impostos - chegam a centenas de funcionários em grandes companhias como a Petrobrás", afirma De Negri.
"São pessoas que não trabalham na atividade-fim da empresa e, portanto, não ajudam a aumentar a produção." O excesso de burocracia também favorece a manutenção das taxas altas de informalidade da economia - que pressionam o PIB e os índices de produtividade do país no geral. No caso da infraestrutura, um exemplo extremo de como a produtividade pode ser afetada é o risco de falta de energia: se há um apagão, não adianta os trabalhadores estarem a postos, bem treinados e munidos de máquinas novas, de tecnologia de ponta. No dia a dia das empresas, dificuldades no escoamento da produção, transporte de insumos e deslocamento dos trabalhadores também acabam consumindo recursos que poderiam ser investidos em atividades que trouxessem incrementos de produtividade.
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Confira a matéria com os principais dados do estudo
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Bolsa Família Program - a decade of social inclusion in Brazil - Executive Summary
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Brasil Econômico (RJ): Reforma agrária está lenta ou criteriosa?
Por Aline Salgado
Mais de 50 anos depois das Ligas Camponesas saírem às ruas sob o lema "Reforma Agrária na lei ou na marra", o acesso à terra no Brasil ainda encontra barreiras. Apesar dos avanços nos últimos 24 anos (de 1988 a 2012), quando mais de 1 milhão de famílias foram assentadas, cerca de 200 mil ainda cultivam o sonho por um pedaço de chão para plantar, segundo estimativas do Banco de Dados da Luta pela Terra (DataLuta), núcleo de pesquisa sobre a Reforma Agrária da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Nos últimos dez anos, a política de assentamentos coordenada pelo Incra sofreu um grande recuo.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), enquanto no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva 381.419 famílias foram assentadas, nos três anos da gestão de Dilma Rousseff apenas 75.335 foram beneficiadas com terra - um quinto do total anterior. Presidente do Incra, Carlos Guedes sai em defesa de Dilma e analisa os números como um marco da "nova política de reforma agrária" do país, que, segundo ele, dá prioridade à qualidade nos assentamentos, com esforços para que os assentados tenham acesso a um amplo programa de políticas de apoio à autossuficiência na agricultura familiar.
Do outro lado, especialistas que estudam a reforma agrária são unânimes em dizer que o processo está parado. Para eles, "a nova política" seria, na verdade, uma tática para desestimular e enfraquecer os movimentos que lutam pela redemocratização do acesso à terra.
"A reforma agrária saiu da agenda do governo. E não foi de agora, é algo que acontece desde 2008. Não só a terra, mas o programa como um todo de assistência vem sendo esquecido", critica a coordenadora da área de desenvolvimento rural e segurança alimentar do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Brancolina Ferreira.
Coordenador da Cátedra Unesco Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial e geógrafo da Unesp, o professor Bernardo Mançano reforça o coro. Para ele, as estatísticas revelam a falta de coragem do atual governo de enfrentar a oposição dos ruralistas no Congresso.
"Para que a reforma agrária avançasse, seria preciso uma negociação grande com a bancada ruralista e os empresários do agronegócio. Setores que apoiam o governo e, por isso, a presidência evita entrar em choque", critica Mançano, que acredita que, se o governo fizer uma ampla reforma agrária e assentar em torno de 500 mil famílias, o problema histórico poderia, enfim, ser solucionado.
Segundo os pesquisadores da Unesp, do Ipea e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a política de assentamentos e desapropriações no país esbarrou e tem esbarrado na falta de estudos concretos e até no descaso pelo governo. Com a pressão do agronegócio por terras de boa qualidade, o governo destinou às famílias acampadas terras com baixa capacidade produtiva, em áreas com nenhuma ou precária infraestrutura produtiva e social, como falta de estradas, escolas, hospitais, e, até, regiões com altos índices de doenças, levando aos assentados a repetirem o ciclo de lutas por terra.
"Geralmente se desapropria terras de fazendas que, em algum momento estiveram em produção, e hoje são um solo cansado. Além disso, observamos que muitos assentamentos foram feitos em regiões de doenças tropicais endêmicas, falta de estradas ou longe de escolas. Para recuperar ás áreas seria preciso um investimento muito grande, recursos que as famílias não dispõem", denuncia a professora do Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento em Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Leonilde Medeiros.
Em Biritiba Mirim, a 16 km de Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo, o assentamento Fazenda Casa Grande abriga 48 famílias. O casal Odair dos Santos e Ana Paula, que é presidente da associação de produtores da região, espera há 11 anos pela regularização das terras e o acesso às políticas assistenciais, como crédito e apoio técnico rural. Mesmo satisfeitos, eles reclamam do baixo retorno pago pela produção e da distância das escolas.
Reunidos em uma cooperativa, as 48 famílias do assentamento Fazenda Casa Grande vendem a produção para a prefeitura, por meio do PAA - Programa de Aquisição de Alimentos. Mas, segundo Ana Paula dos Santos, o retorno em dinheiro é insuficiente para manter ela, o marido e mais dois filhos.
"Eles pagam R$ 4,5 mil por ano pela produção a cada família. É muito pouco. Para nos mantermos, tentamos vender a atravessadores, que levam a produção para a Cobal de Mogi", conta Ana Paula, que destaca ainda a falta de infraestrutura da região.
"Não há escola no assentamento e as crianças precisam viajar 45 minutos para estudar. Isso quando o ônibus não quebra no caminho", acrescenta.
Além dos desafios quanto à assistência aos assentados, outro complicador da reforma agrária está na Constituição. A lei prevê que as terras a serem direcionadas para a reforma são aquelas que não cumprirem sua função social, isto é, que não produzem, ou produzem abaixo de sua capacidade real. O que, na prática, se tornou sinônimo de áreas de qualidade duvidosa. Some-se a isso a brecha legal, que não considera que terras improdutivas ou nas quais os proprietários façam uso de mão de obra em condições análogas à escravidão sejam desapropriadas e virem objeto de redistribuição para agricultores familiares.
"A Constituição está sendo afrontada. Veja só a quantidade de denúncias que existem a grandes proprietários pelo uso de trabalho escravo, especialmente na cana. Se a CLT não está sendo cumprida, esse já é um indicador de que a função social da terra, preconizada na Constituição, não está sendo respeitada. Não se conhece na história do Brasil terras desapropriadas por essa razão", critica Leonilde Medeiros, professora da UFRRJ.
A situação se agrava quando se olha para o parâmetro utilizado pelo governo para medir quais terras são produtivas e, assim, definir novas áreas que serão desapropriadas e destinadas à reforma. O chamado Índice de Produtivida de Rural usado hoje é o mesmo desde 1980 e foi construído com base no Censo Agropecuário que o IBGE fez ainda em 1975.
"A legislação prevê que o índice tem que ser apurado a cada cinco anos. Hoje se usa padrões calculados em um censo de 1975, período em que não se tinha tantos avanços tecnológicos. É claro que, assim, nunca vai haver terras improdutivas", observa Leonilde. A atualização do índice se arrasta. Ainda na gestão Lula, pressionado pelos movimentos sociais por terra, o governo federal anunciou que técnicos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) fariam um estudo detalhado para cumprir com a lei, mas a proposta não seguiu adiante. O MDA, por meio do Incra, não soube informar que fim levou o projeto.
Quando assumiu a presidência, Dilma Rousseff reiterou o acordo de Lula, indicando, agora, a Embrapa como instituto responsável pela tarefa. O órgão esclareceu que, apesar da promessa da presidenta, nenhum estudo foi desenvolvido. Desde 2006 o IBGE conta com novos dados do censo.
"Com os índices de 1975, não há terras improdutivas no Brasil. Esse é o dilema que cerca o debate sobre a reforma agrária no Brasil", critica Leonilde Medeiros.
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Brasil Econômico (SP): Transferência de renda: Bolsa Família ajuda a elevar o PIB Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a cada R$ 1,00 investido no programa de transferência de renda Bolsa Família provoca aumento de R$ 1,78 no Produto Interno Bruto (PIB). O estudo aponta ainda que o programa, criado pela Lei 10.836, de 9 de janeiro de 2004, gera um aumento de 2,40% no consumo das famílias.
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Brasil Escola: Escola Primário Por Rodolfo Alves Pena O Setor Primário corresponde ao campo das atividades econômicas referente à produção de matérias-primas, que também são chamadas de "produtos primários" por serem, em geral, recursos cultivados ou extraídos da natureza e que, posteriormente, são consumidos ou transformados em mercadorias. As atividades pertencentes ao Setor Primário são a agricultura, a pecuária e o extrativismo vegetal, animal e mineral.
O conceito de Setor Primário filia-se a uma classificação teórica que segmenta a economia em três setores, dos quais o secundário corresponde à atividade industrial e o terciário, ao comércio e serviços. Tal concepção é muito utilizada por institutos de pesquisas socioespaciais e econômicas para melhor compreender e analisar o desempenho das atividades humanas, a exemplo dos estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e até mesmo pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O Setor Primário recebe esse nome porque, além de ser o campo que antecede os demais e por fornecer as matérias-primas para eles, foi o primeiro a constituir-se na história da humanidade, formando as bases para a constituição das primeiras civilizações. A partir das transformações sociais e estruturais, as sociedades foram desenvolvendo técnicas e formas de ação características dos setores secundário e terciário.
Com as sucessivas transformações sobre as características e uso das técnicas, que foram propiciadas pelas revoluções industriais, o Setor Primário da economia passou por profundas transformações. Inicialmente, atividades como a agropecuária e a mineração empregavam uma grande quantidade de trabalhadores, além de apresentarem uma menor disponibilidade de tecnologias em suas instrumentações. Posteriormente, sobretudo após a Terceira Revolução Industrial, cada vez mais os maquinários e novas formas produtivas foram sendo introduzidas nessas áreas, aumentando a produção e ampliando o aproveitamento dos solos.
O processo de mecanização do campo ampliou a produção e reduziu a oferta de emprego
Por outro lado, essa dinâmica diminuiu a oferta de empregos graças à substituição do homem pela máquina, deslocando a maior parte da mão de obra para o setor terciário e, consequentemente, para as cidades, em um tipo de migração que ficou conhecido como êxodo rural. Com isso, a participação do Setor Primário na economia e na geração de empregos caiu significativamente, embora as produções seguissem aumentando, principalmente em países desenvolvidos e também nos emergentes.
Existem algumas análises que não mais consideram o Setor Primário envolvendo as atividades agrícolas mecanizadas, sobretudo os latifúndios, vinculando essas ao setor secundário, uma vez que tais produções mais se assemelham às indústrias (ou agroindústrias). Vale lembrar que os órgãos oficiais não consideram essa premissa.
Apesar da menor empregabilidade em relação a tempos anteriores, o Setor Primário continua sendo de fundamental importância para as sociedades, pois é nele que são produzidos ou extraídos os recursos naturais utilizados tanto para o consumo quanto para a elaboração de mercadorias industrializadas.
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Carta Capital: À própria sorte
Todos os dias, a auxiliar de limpeza Jaqueline Teixeira dos Santos, de 35 anos, sai de casa, no bairro de Heliópolis, na capital paulista, para ir à faculdade de Pedagogia. Em uma caminhada de 30 minutos, a passos rápidos, sobressalta-se a cada barulho ou estranho que cruza pelo caminho, mal iluminado e sem policiamento. Troca de calçada quando se depara com grupos de rapazes desconhecidos e evita usar roupas "chamativas". Embora necessite para seus trabalhos na faculdade, prefere não levar o laptop.
A mais de 2 mil quilômetros dali, nas proximidades do Cabo de São Agostinho, cidade da região metropolitana do Recife, Madalena Barbosa, de 40 anos, abriu mão de trabalhar fora como técnica de enfermagem por causa da falta de transporte público perto de casa. A única opção a faria caminhar por um longo trecho na escuridão e sem proteção policial.
As duas situações ilustram o que uma pesquisa da ONG internacional ActionAid descobriu ao ouvir mulheres de baixa renda no Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Segundo as entrevistadas, não é, como sugerem os machistas, a maneira de se vestir, mas a má qualidade dos serviços públicos o principal facilitador para a violência contra a mulher. A falta de iluminação nas ruas é a queixa mais frequente, seguida da falta de policiamento e do transporte precário. Questões banais como o tempo de espera no ponto de ônibus influenciam na sensação de segurança. Se o ônibus vem logo, é tranquilo. Quanto mais a condução tarda e se fica sozinha no ponto, mais aumenta o medo.
A pesquisa recolheu depoimentos dramáticos sobre situações cotidianas. Entre eles o de uma adolescente de 15 anos do Cabo de São Agostinho, cidade que viveu, nos últimos anos, um crescimento populacional por conta das obras do Porto de Suape. "Quem me dera se pudesse ser livre, se pudesse viver sem medo, se as ruas fossem todas iluminadas na minha comunidade, se pudesse ir sozinha para o ponto de ônibus a qualquer horário. Quem me dera ter um policiamento bom, e que eu não precisasse ter medo dele. Como seria bom se me sentisse segura no ônibus e pudesse ir nele para a escola ou para qualquer outro lugar sem ter nenhum, nem um pouquinho de medo de nada", resumiu a menina.
Os alarmantes números sobre os casos de estupro explicam o temor feminino ao andar em ruas ermas e mal iluminadas. Apenas no Distrito Federal acontecem, em média, dois estupros por dia, segundo levantamento da Secretaria de Segurança Pública em delegacias da capital em janeiro e fevereiro deste ano. O Ceará, outro estado que realizou idêntica apuração, chegou a número semelhante, com 66 casos entre janeiro e fevereiro. No ano passado, foram 536 estupros, ou dez por semana. Em todo o Brasil, informa o Ipea, estima-se que, a cada ano, 527 mil cidadãos sejam estuprados, 89% são mulheres.
"Causa espanto descobrir que muitos desses casos de assaltos e estupros poderiam ter sido evitados se iniciativas tão simples fossem tomadas, como aumentar a iluminação das ruas", diz Ana Paula Ferreira, coordenadora da Equipe de Direito da Mulher da ActionAid no Brasil. "A precariedade dos serviços públicos aumenta a vulnerabilidade das mulheres e contribui para elas deixarem de estudar ou trabalhar movidas pelo medo."
As pesquisadoras ficaram surpresas ao descobrir que, como as mulheres da zona rural, também aquelas das zonas urbanas levavam lanterna na bolsa para se locomover pela cidade. Ou usavam a lanterna do celular para iluminar o caminho. Em alguns lugares, como Passarinho, bairro de Olinda, Pernambuco, havia vários pontos sem iluminação. Em Upanema, no Rio Grande do Norte, o grupo organizou um "lanternaço" contra a iluminação precária e, no dia seguinte, a companhia de eletricidade apareceu para corrigir os problemas.
A falta de policiamento, outra queixa constante, esbarra em uma realidade chocante: segundo as mulheres ouvidas pela pesquisa, a maior parte dos casos de assédio nas ruas é protagonizada pelos próprios policiais. "O despreparo da polícia é enorme, ela não é treinada para acolher a mulher", diz Ana Paula Ferreira. "É preciso aumentar o policiamento, mas eles têm, principalmente, de ser mais bem preparados. Se não qualificar, não vai adiantar nada."
Um dos pontos mais importantes da campanha por "Cidades Mais Seguras Para as Mulheres" não se resume ao risco de assaltos e estupros provocado pela baixa qualidade dos serviços públicos. Há o prejuízo profissional e pessoal, com efeitos sobre a autoestima. Várias mulheres afirmaram ter deixado de sair para se divertir pela falta de transporte disponível ou por temerem o caminho a percorrer. Mais grave: muitas recusaram oportunidades de trabalho pela mesma razão.
"Minha filha Rayssa ganhou uma bolsa de estágio, mas nós não a deixamos aceitar porque seria no Recife e ela teria de voltar à noite por um caminho perigoso", conta Madalena, a técnica de enfermagem que virou vendedora de salgadinhos por não querer encarar a escuridão. "Não tem um poste no caminho pelo qual ela teria de passar. Com luz, ao menos é possível enxergar o que está a 2 metros da gente."
"Num lugar ermo, sem iluminação, a pessoa pode estar escondida e a gente não vê", diz Jaqueline, chateada por não levar seu laptop para a faculdade. "Como eu trabalho de dia, poderia aproveitar o intervalo para me reunir com o grupo de colegas e adiantar os trabalhos. Sem o laptop, não dá."
Na carta pública a ser divulgada, a ActionAid cobrará o empenho dos governos estaduais e federal, do Legislativo e dos prestadores de serviços públicos, como as companhias de energia elétrica. Poucas vezes os políticos tiveram diante de si a oportunidade de fazer (e realizar) promessas tão básicas.
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Chamada Pública nº 059/2020 Projeto:“ Instrumentos de Avaliação dos Investimentos Externos em Diversos Países: Recomendações para o Brasil”
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Chamada Pública nº 060/2020 Projeto: "Avaliação do sistema brasileiro de promoção de exportações, de apoio à internacionalização de empresas brasileiras e de atração de investimento direto estrangeiro”.
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Chamada Pública nº 061/2020 Projeto:“Acompanhamento da conjuntura econômica brasileira”.
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Chamada Pública nº 062/2020 Projeto:”Avaliação da cooperação internacional prestada pelo Brasil”.
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Chamada Pública nº 063/2020 - Projeto: ”Concessão da folha de pagamento dos servidores civis ativos e inativos da União”.
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Chamada Pública nº 130/2020 - “Projeto: "Apoio à formulação, à implementação, ao monitoramento e à avaliação da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano-PNDU”.
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Projeto Desafios da Nação tem por objetivo o crescimento econômico por meio da proposição de mudanças no campo fiscal, econômico e social
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Especialistas afirmaram que o Brasil é exemplo a ser seguido
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