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16/11/2015 09:15

Ipea debate questões raciais em exibição de documentário

O pré-lançamento do filme faz parte do compromisso do Instituto com a Semana da Consciência Negra

“O filme é um tapa na cara dos que falam que estamos vivendo uma democracia racial no Brasil”, afirmou o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Daniel Cerqueira no debate após a exibição-teste do documentário “Menino 23”, no auditório do Ipea, no Rio de Janeiro, nesta segunda- feira (16). O filme também foi exibido em Brasília, e a discussão, transmitida por videoconferência.

O documentário mostra a investigação do historiador Sidney Aguilar sobre tijolos marcados com suásticas nazistas encontrados na fazenda Cruzeiro do Sul, no interior de São Paulo. Nas pesquisas, foram constatados os abusos e a exploração do trabalho infantil de 50 crianças negras, órfãs, na década de 1930. Dentre os meninos, Aloysio Silva, conhecido pelo número 23, um dos sobreviventes, conta a história que emocionou a plateia, que reuniu pesquisadores do Instituto, do IBGE, do Senado Federal, integrantes da academia e de movimentos sociais, e artistas.

Cerqueira ainda reforçou a necessidade de uma discussão sobre as questões raciais em uma crítica ao que ele chamou de “descaso da população”. Para Aguilar e o diretor do documentário, Belisario Franca, o importante foi rebuscar a memória para que ela “não caísse no esquecimento”. O compromisso com a verdade foi um dos “combustíveis” para a formação do filme, bem como a conscientização de quem assistiu ao documentário. “A sociedade brasileira precisa admitir que é uma das mais centralizadas, racistas e segregadoras do mundo”, afirmou o historiador.

O técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Ipea Antônio Teixeira Junior enfatizou as semelhanças político-sociais da época do filme com os dias de hoje e enfatizou a importância de dar representatividade aos que, normalmente, não possuem muita oportunidade de discurso. “Nossa história se construiu ao longo desses anos à base de documentos oficiais que narram a história daqueles que venceram. É mais fácil hoje em dia ter legitimidade da voz dos proprietários que daqueles que passaram por um racismo evidente”, apontou.

Já o representante da Educafro, Vitor Del Rey, mostrou a necessidade de ampliar o debate racial nas universidades, com foco principalmente na disparidade entre o número de alunos negros e brancos. Segundo ele, “o ciclo da pobreza e da ignorância tende a ser quebrado com a educação”.

 

 
 

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