27/03/2018 11:11 |
Atuação do Brasil no Sistema das Nações Unidas é tema de livro do Ipea A publicação, lançada em seminário na sede do instituto, analisa o Brasil no âmbito da cooperação global em prol do desenvolvimento O Brasil demonstrou ser um membro valioso das Nações Unidas e um dos maiores contribuintes para a manutenção da paz em relações multilaterais. Tais esforços colocam o país em evidência, segundo especialistas que participaram do lançamento, no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do livro Brasil e o Sistema das Nações Unidas – desafios e oportunidades na governança global. A obra, organizada pelo técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Guilherme Schmitz e por Rafael Assumpção Rocha, doutor em relações internacionais pela Universidade de Brasília, traz 17 capítulos escritos por 27 pesquisadores e estudiosos que exploram o modus operandi das Nações Unidas e detalham a atuação do Brasil na diplomacia internacional. A cerimônia de lançamento ocorreu no dia 22 de março, na sede do Ipea, em Brasília, e reuniu representantes das Nações Unidas, diplomatas, acadêmicos e especialistas no tema. O ministro-chefe da Divisão das Nações Unidas do Ministério das Relações Exteriores, Eugênio V. Garcia, lembrou da responsabilidade do país na ONU. “É o sétimo maior contribuinte do orçamento regular. Ou seja, é um compromisso importante para com a ONU”. O ministro alertou, também, sobre a falta de representantes brasileiros em postos de trabalho no Sistema das Nações Unidas. “Se deveriam ser mil cargos ocupados, o Brasil ocupa apenas 200. Vale procurar por vagas disponíveis, pois há muitas”, exemplificou. Segurança Adriana Abdenur, pesquisadora e fellow do Instituto Igarapé, explicou que o conceito de prevenção de conflito é o coração da carta das Nações Unidas. “A ideia da criação do órgão veio da tentativa de evitar um grande confronto com dimensões sistêmicas, tais como as guerras mundiais”. Contudo, segundo Abdenur, ao longo das décadas a ONU tornou-se apenas reativa a conflitos armados. Isso começou a mudar a partir de 2000, quando, de acordo com a pesquisadora, notou-se um esforço para trazer de volta a cultura de prevenção de conflitos. Para tanto, Abdenur defendeu a necessidade de se tomar atitudes eficazes. “Não se resolve problema de segurança só com investimentos, é preciso criar políticas efetivas e atacar a raiz do problema.” “A atuação do Brasil em diplomacia preventiva é positiva”, comentou. Segundo a pesquisadora, desde a Guerra do Paraguai o país tem um longo histórico de resolução pacífica dos conflitos. Além disso, “o Brasil também costuma criar instituições que permitam a perpetuidade de uma paz construída, como a ABACC – Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle”. Alimentação Com foco na relação histórica entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Brasil, o professor de Política Internacional da UERJ Paulo Velasco ressaltou a ação conjunta no combate à fome. Nesse sentido, a Embrapa assume um compromisso importante: a construção de capacidade. Ou seja, “ela vai ensinar a população a fazer”. “Há, em Angola, uma cooperação da Embrapa para ensinar técnicos veterinários e agrícolas a replicar práticas que deram certo no Brasil”, afirmou o professor. “O país conseguiu o mérito de sair do Mapa da Fome, além de reduzir a miséria e a pobreza extrema muito antes do proposto pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)”, concluiu.
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