02/04/2018 13:21 |
Estudo avalia os efeitos do aumento de tarifas norte-americanas de aço e alumínio Com medidas de proteção impostas pelos EUA, exportação de aço do Brasil deve sofrer queda de 13%, uma redução de cerca de US$ 350 milhões em relação a 2017 Quais os impactos sobre o Brasil e a economia mundial da recente iniciativa da Presidência dos Estados Unidos de aumentar as tarifas sobre as importações de aço e de alumínio? Com o objetivo de analisar a questão, a Diretoria de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais (Dinte) do Ipea divulgou nota técnica que analisa os desafios que as ações protecionistas do EUA representam para a política comercial brasileira e mundial. A Presidência dos Estados Unidos passou a aplicar tarifas sobre as importações de aço (25%) e de alumínio (10%) em 23 de março. México e Canadá ficaram livres da taxação, em virtude da renegociação em curso sobre o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta). Enquanto isso, o Brasil e outros países foram temporariamente isentos, até 30 de abril deste ano. Segundo o coordenador de Relações Econômicas Internacionais da Dinte e autor da nota, Fernando J. Ribeiro, isso significa que, nesse meio tempo, negociações bilaterais serão conduzidas. Para ele, tais medidas do governo norte-americano trazem um grande desafio para a política comercial de todos os países do mundo. De acordo com simulações realizadas na pesquisa, a perda de exportações do setor de aço do Brasil seria da ordem de 13%, o que significaria uma redução de cerca de US$ 350 milhões frente ao nível registrado em 2017. A nota técnica mostra ainda que, com relação ao alumínio, as exportações brasileiras para os EUA dos produtos incluídos na taxação norte-americana somaram US$ 61,8 milhões em 2017, sendo US$ 47,2 milhões de produtos de alumínio e US$ 14,6 milhões de alumínio primário. Para Ribeiro, não é fácil discernir, no momento, qual a reação mais adequada dos países. “Mesmo que seja verdadeira a hipótese de que o alvo das medidas protecionistas seja apenas a China, estamos falando de uma provável guerra comercial entre os dois maiores países do mundo, tanto em PIB quanto em fluxos comerciais”, afirma na nota. Segundo o autor, isso significa que o resto do mundo sofrerá, direta ou indiretamente, as consequências desse possível conflito. “Sem dúvida, a melhor opção seria dirimir os conflitos por uma via de negociação multilateral, preferencialmente na OMC, mas que poderia envolver o G20 ou algum fórum especificamente voltado para discutir essa questão, com participação dos maiores países e também de alguns países médios, como Brasil, Rússia etc.”, conclui Fernando Ribeiro. O diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, Ivan Oliveira, reforça que a nova política comercial dos Estados Unidos coloca em xeque a governança do comércio global como estruturada desde o fim Segunda Guerra Mundial, reforçando o jogo de poder e marginalizando as regras vigentes. “O Brasil precisa se preparar para enfrentar turbulências no comércio internacional advindas da política comercial do governo Trump, que nos atingirá direta ou indiretamente tanto com eventuais bloqueios a fluxos comerciais específicos, quanto em negociações de novos acordos”, alertou o diretor.
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