06/12/2018 07:58 |
Integração frágil deixa latino-americanos mais expostos às instabilidades comerciais Dados divulgados nesta quinta, 6, no Ipea, revelam que economias da região teriam condições de aproveitar oportunidades do embate comercial entre China e EUA caso fossem mais conectadas Os embates comerciais entre China e Estados Unidos, sobretudo em relação às tarifas sobre aço e alumínio, podem representar uma oportunidade para países latinos, que têm condições de substituir manufaturas chinesas no mercado americano. No entanto, a análise sobre as trocas comerciais na América Latina e no Caribe revela como a região ainda é pouco integrada, marcada pela relação bilateral entre alguns países, como Brasil e Argentina, e por cadeias produtivas específicas, a exemplo da automotiva e da eletrônica, o que pode dificultar uma proteção efetiva dos vizinhos frente às instabilidades comerciais mundiais. É o que mostram dois estudos divulgados nesta quinta, 6, pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A China é o principal fornecedor de insumos intermediários na produção total, o que diminui a participação de outros países. “Há uma interferência do aumento de importação da China na negociação inter-regional entre os países”, destaca o estudo Perspectivas do Comércio Internacional da América Latina e do Caribe. Ainda que em 2016 e 2017 a América Latina e o Caribe tenham conseguido uma recuperação do valor de suas exportações, a participação da região no total das exportações mundial atingiu apenas 17% no último ano. O Brasil é o líder na estrutura produtiva, com participação de 59% em 2011, seguido pela Argentina, com 12%. Comparativamente, México e Costa Rica aparecem com a maior integração: 44% de insumos importados. A análise dos novos dados da Matriz Insumo-Produto da América Latina, com informações comparativas entre 2005 e 2011, mostra que a integração regional entre nossos países vizinhos é, no geral, insatisfatória. “Ainda que tenhamos melhorado um pouco entre 2005 e 2011, que foram os melhores anos para o comércio na região, esse comércio intra-regional voltou a diminuir”, explica o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Pedro Silva Barros. Para Jose Duran, representante de Assuntos Econômicos da Cepal em Santiago, é necessário agir em várias frentes para apoiar a integração produtiva da região, enfrentando os desafios relacionados ao deficit de infraestrutura e aos obstáculos regulatórios, e avançando em acordos que facilitem o comércio e as políticas industriais plurinacionais. Duran apresentou os estudos em conjunto com Sebastián Castresana, também da Cepal-Santiago. O diretor de Estudos e Políticas Internacionais do Ipea, Ivan Oliveira, acredita que, com a sinalização, pelo governo brasileiro, de uma agenda de maior abertura comercial, o Brasil pode vir a ser o principal impulsionador dessa integração. “A maior economia da região tem laços mais profundos em setores muito específicos. Precisamos rever nossos mecanismos de incentivos comerciais”, destaca. “Não é só estimular comércio, é entrelaçar as estruturas produtivas”, defende Michel Arslanian Neto, diretor do Departamento de Integração Econômica Regional do Itamaraty. O seminário Integração Produtiva na América do Sul - Análises de Cadeias de Valor: Comércio, Investimento e Infraestrutura o diretor da Cepal no Brasil também contou com a participação de Carlos Mussi, diretor do Escritório da Cepal em Brasília, e de Renato Baumann, secretário-adjunto de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento. |
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