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30/07/2020 16:11

Regras de distanciamento não conseguiram conter queda do nível de isolamento social


Em quatro meses de pandemia no Brasil, rigor das medidas de distanciamento nos estados e municípios caiu 31%, enquanto a redução do isolamento foi mais intensa, 52%

O grau de rigor das medidas de distanciamento social adotadas por governos estaduais e municipais para conter a disseminação do novo coronavírus foi reduzido em cerca de um terço durante os primeiros quatro meses de pandemia de Covid-19 no Brasil. Paralelamente, o nível de isolamento da população – aqui entendido como o quanto as pessoas de fato ficam em casa – caiu pela metade no mesmo período. Os dados fazem parte da nota técnica “Covid-19 e Medidas Legais de Distanciamento de Governos Estaduais: Análise Comparativa do Período de Março a Julho de 2020”, divulgada nesta quinta-feira, 30, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Entre os períodos de 23 a 27 de março e 20 a 24 de julho de 2020, por exemplo, a queda no rigor das medidas de distanciamento foi de 31%, enquanto a diminuição nos níveis de isolamento foi de 52%. O grau de rigor é mensurado por meio do índice de medidas legais de distanciamento social (IDS), que abrange ações em seis áreas: suspensão de eventos e atividades de estabelecimentos culturais, esportivos ou religiosos; das atividades de bares, restaurantes e similares; das atividades de outros estabelecimentos comerciais e de serviços, exceto os essenciais; das atividades de estabelecimentos industriais, exceto os essenciais; das aulas; e as restrições ao transporte terrestre, fluvial ou marítimo de passageiros.

De acordo com o autor do estudo e pesquisador do Ipea, Rodrigo Fracalossi de Moraes, de março a julho o nível de engajamento das pessoas quanto ao isolamento social foi diminuindo, mesmo com o rigor das ações de distanciamento social pelos estados e municípios. “Isso aconteceu por vários motivos, entre eles o desgaste das pessoas em se manterem fechadas em casa e até mesmo a busca por alguma renda”, conclui o economista. Entre os 14 estados com maior rigor nas medidas de isolamentos, 12 são das regiões Norte e Nordeste do país.

A pesquisa mostra que medidas rigorosas de distanciamento estiveram correlacionadas com níveis mais altos de isolamento social. Ou seja, o grau de rigor das medidas de fato influencia o quanto as pessoas ficam em casa. No entanto, a associação entre essas variáveis não foi constante: ao longo do tempo, as medidas de distanciamento passaram a ter cada vez menos efeito sobre o comportamento da população, ainda que o número de novos casos e óbitos por Covid-19 aumentasse.

O estudo indica que algumas Unidades da Federação já possuem planos organizados de restrição e de flexibilização, com critérios objetivos, e isso fornece à população mais segurança sobre o que esperar nas hipóteses de aumento ou de redução da quantidade de infectados e de óbitos. São os casos de Rio Grande do Sul e São Paulo, que aguardam avaliações dos números de infectados e óbitos para definir se aliviam ou não as medidas de distanciamento social.

Segundo Moraes, o fato de não haver um protocolo central de atuação no combate à pandemia foi condicionante para que as pessoas não mantivessem o patamar de isolamento do início das medidas restritivas. “Mas ainda há espaço para que sejam definidos protocolos nacionais de contenção da Covid-19”, afirma.

Todos os gráficos utilizados na elaboração do estudo podem der acessados pelo link https://tinyurl.com/ipeacoronavirus.

Leia a nota técnica na íntegra

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