Pesquisa aponta redução de 25% nas medidas de distanciamento social nos estados

Diagnóstico indica ausência de política centralizada no enfrentamento e diminuição no índice de distanciamento ao se comparar os meses de abril de 2020 e março de 2021.

Estudo divulgado nesta terça-feira (20/4) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta diminuição de 25% no valor do Índice de Medidas Legais de Distanciamento Social (IDS) nos estados. O diagnóstico revela que o rigor das medidas de distanciamento sofreu retração ao se comparar os meses de abril de 2020 e março de 2021, em 22 das 27 unidades federativas, ainda que o número de óbitos tenha sido 11 vezes superior ao se comparar estes dois períodos. A pesquisa sugere que o processo contribuiu para o agravamento da Covid-19 no período observado.

De acordo com o estudo, os estados que apresentaram maior redução no rigor das medidas de distanciamento social foram Roraima (-73%), Alagoas (-66%) e Rio de Janeiro (-54%). A pesquisa destaca ainda que a maior parte dos estados enrijeceu as medidas de distanciamento social de forma tardia, agindo somente após o início da segunda onda. Algumas das exceções foram os estados do Acre, Ceará e Espírito Santo.

Segundo o pesquisador do Ipea e autor do estudo, Rodrigo Fracalossi de Moraes, o estudo demostra, por meio de indicadores recentes, as falhas nas medidas de enfretamento adotadas nos estados. “Os dados mostram que, para ampliar os níveis de isolamento e minimizar impactos decorrentes da epidemia, seria preciso enrijecer medidas restritivas de forma preventiva. Porém, observa-se que esse processo não ocorreu na maior parte do país quando a segunda onda já se manifestava”, afirmou.

A pesquisa também destacou a relação entre distanciamento social e o agravamento da pandemia no estado do Amazonas nos últimos meses. Entre os dias 1 e 24 dezembro de 2020, por exemplo, o Amazonas apresentou os menores níveis de distanciamento social do país, contribuindo para a grave manifestação da segunda onda no estado e a situação crítica à qual chegou o seu sistema de saúde.

O estudo recomenda ainda a necessidade de critérios claros, objetivos, transparentes e abrangentes para o enrijecimento ou o relaxamento das medidas, como se observou, por exemplo, nos estados do Rio Grande Sul e São Paulo. De acordo com o pesquisador, a existência desses critérios torna menos provável a influência de pressões contrárias ao distanciamento social, como ocorreu no Amazonas.

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