10/09/2021 19:43 |
Pesquisadores analisam papel do Estado e da ciência no combate à pandemia Especialistas avaliaram que políticas foram descentralizadas e fragmentadas O ‘Enfrentamento da Covid-19: Estado, Ciência e Informação em Políticas Públicas’ foi o tema central do webinar, realizado na tarde desta sexta-feira (10/9), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O seminário reuniu três estudos sobre o tema sendo um deles, ‘O Uso de Evidências no Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 no Brasil: Ciência e Pseudociência nas Políticas dos Governos Estaduais’, ainda não publicado, e os outros – ‘Transparência e Dados Abertos Sobre Covid-19 nas Capitais Brasileiras: Características e Diagnóstico’ e ‘Mobilização da Academia em Instâncias Colegiadas Durante Crise da Covid-19: Mapeamento das Experiências nos Estados Brasileiros’ – já lançados pelo Ipea. Na abertura do webinar, a diretora-adjunta de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia (Diest/Ipea), Janine Mello, que coordenou o evento, destacou pontos importantes e correlacionou os três estudos. Segundo ela, a organização de instâncias formais de gestão, de assessoramento governamental, a atuação de comitês científicos e a divulgação de dados abertos foram estratégias muito frequentes, desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil. “A partir dos estudos em discussão, observou-se elevada heterogeneidade na composição desses arranjos”, disse, ao assinalar que grande parte ocorreu em consequência de uma ausência de coordenação por parte do governo federal. Janine Mello avaliou ainda que a maior parte das unidades federativa criou mecanismos para incorporar evidências nas políticas de enfrentamento, enquanto outras tiveram dificuldades substantivas para realizar esse processo. “Em relação às capitais, a política de dados abertos sobre a pandemia da Covid-19 eram também dados heterogêneos quanto à forma de inteligibilidade, operacionalidade e interatividade em relação às informações no processo de publicação dos dados”, considerou. Ao tratar do tema transparência e dados abertos sobre a pandemia nas capitais brasileiras, os autores Igor Fonseca, pesquisador do Ipea, e Sivaldo Pereira da Silva, professor da Universidade de Brasília (UnB), apresentaram um diagnóstico e os desafios, principalmente das prefeituras municipais. Nas capitais, 77% das prefeituras dispunham de painéis gráficos com dados gerais sobre a pandemia – com diferentes formas de visualizações – gráficos, tabelas, mapas, entre outros, e seis prefeituras (23%) não possuíam painel geral gráfico de dados, no caso, Belo Horizonte, Boa Vista, Maceió, Palmas, Vitória e Fortaleza. O estudo mostrou ainda que pouco mais da metade das prefeituras (57,7%) contavam com dicionário de dados ou manuais e que 40% das prefeituras de capitais brasileiras publicavam dados sem informações detalhadas, o que pode dificultar a sua inteligibilidade. Um pequeno grupo de cinco prefeituras – Manaus, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro e Salvador – combinavam bom desempenho na maioria dos indicadores. No outro extremo, três capitais apresentavam maiores ausências desses indicadores – Boa Vista, Fortaleza e São Luís. Já o tema da mobilização da academia e o mapeamento das experiências nos estados foi abordado pelos palestrantes Pedro Palotti e Natália Koga, ambos pesquisadores do Ipea na Diest. O estudo mostrou que todos os estados criaram comitês de assessoramento com o intuito de apoiar a tomada de decisão, sendo pioneiros Amazonas e Pará. Os pesquisadores observaram que não foi identificada uma coordenação central formal no processo de criação das instâncias de assessoramento, o que pode ter gerado uma maior heterogeneidade, e destacaram o Comitê Científico do Nordeste, enquanto experiência de coordenação regional. Por sua vez, o pesquisador do Ipea Rodrigo Fracalossi apresentou informações sobre o seu estudo ainda inédito que trata do uso de evidências científicas no enfrentamento da pandemia, com foco nas políticas dos governos estaduais. Conforme Fracalossi, as políticas contra a Covid-19 no Brasil foram descentralizadas e fragmentadas. “Os governos estaduais desempenharam um papel central no combate à pandemia”, disse, ao citar o exemplo de políticas de distanciamento social, máscaras, enfrentamento da desinformação e boatos. Ele revelou que foram criados 68 comitês, gabinetes de crise, grupos de experts ou equivalentes, em todos os estados do país. Assessoria de Imprensa e Comunicação
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