25/11/2021 08:43 |
Webinar debate desafios sobre tecnologia online e democracia Especialistas avaliaram atuação de plataformas digitais Os desafios decorrentes das transformações tecnológicas e seus impactos na democracia brasileira foram debatidos, nesta quarta-feira (24/11), durante o webinar ‘Tecnologias Online e Democracia: Desafios-chave para Equilibrar esse Jogo’, promovido pelo Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Na abertura do evento, a diretora de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia (Diest/Ipea), Flávia Holanda Schmidt, disse que hoje há um conceito mais individualizado de cidadania como tendência de relacionamento do Estado, em comparação às interações coletivas de organização da sociedade. “Não se consegue dissociar o entendimento de democracia dessa interface de convívio e coletividade digital”, avaliou. Ao contextualizar o debate, o analista em Ciência e Tecnologia do CTS, Tulio Chiarini, destacou que o Brasil é uma das maiores democracias do mundo com 152 milhões de eleitores, apesar da queda na participação eleitoral nos anos recentes. “Outro movimento é de transformação tecnológica com o aumento do número de domicílios com acesso à internet bem como de usuários de celulares, também com diferenças regionais, etárias e de renda”, informou. Chiarini citou também que o Brasil é o quinto país que mais utiliza redes sociais no mundo, atrás da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia, com cerca de 159 milhões de usuários cadastrados em 2021. Para o professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Sérgio Amadeu, ocorre uma concentração econômica comandada por um restrito grupo de detentores das principais plataformas digitais que controlam e modulam a oferta e a demanda de ações, produtos e serviços no mercado global. O pesquisador alertou para o surgimento de cibercolônias, com base em aspectos de inteligência artificial e outras tecnologias digitais. “O principal agente do colonialismo de dados são as plataformas digitais”, disse. Conforme Amadeu, os dados coletados são armazenados de modo a extrair valor das sociedades despreparadas tecnologicamente e mais pobres, para criar lucros às sociedades ricas. Diante disso, ele considerou a necessidade de se estabelecer mecanismos de regulação para o setor. Para a pesquisadora do WZB Berlin Social Science Center, Clara Iglesias Keller, também há necessidade de regulação das plataformas digitais, pois apesar de não serem sujeitos de discurso próprio, elas são intermediárias e têm poder sistêmico, que influencia e cria dependência. “A intermediação privada muito forte sobre o discurso até rendeu algumas metáforas às plataformas de conteúdo, como os novos governantes do discurso, tamanho o papel que têm sobre o fluxo de informação”, comentou.Assessoria de Imprensa e Comunicação
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