10/06/2022 09:57 |
Redução dos rendimentos dos domicílios com renda mais alta diminui a desigualdade, diz Ipea
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta sexta-feira (10/6), mostra que os rendimentos habituais reais médios apresentaram queda de 8,7% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o mesmo trimestre de 2021. A renda média habitual real de R$ 2.548 do primeiro trimestre de 2022 é, porém, superior à do quarto trimestre de 2021, que foi a menor registrada na série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC). Por outro lado, as horas efetivamente trabalhadas e a proporção de afastados do trabalho não foram afetados significativamente pela onda da pandemia ocorrida no período. Os dados do estudo mostram que, no primeiro trimestre de 2022, os domicílios de renda mais alta foram os que tiveram a maior queda da renda habitual (3,98%), enquanto a faixa de renda baixa foi a que apresentou a menor queda, de 1,17%. Os empregados com carteira no setor privado, sem carteira no setor privado e, sobretudo, do setor público encontraram dificuldade em negociar reposições salariais ao longo de 2021, apesar da recuperação do crescimento da atividade econômica observada no ano. Os empregados do setor privado mostraram quedas da renda menores que no trimestre anterior; por outro lado, os trabalhadores do setor público e por conta-própria tiveram a deterioração da renda intensificada. A maior queda da renda dos trabalhadores do setor público explica, em grande medida, a maior redução dos rendimentos dos domicílios de renda mais alta ao longo dos últimos quatro trimestres - o que, por sua vez, explica parte da diminuição da desigualdade de renda captada pelo índice de Gini. Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice se reduziu continuamente em 2021. No primeiro trimestre de 2022, houve novamente recuo em comparação com o trimestre anterior, tendo o índice de Gini atingido 0,51 para a renda domiciliar. Analisando a desigualdade de acordo com a renda efetiva, a trajetória é semelhante; contudo, ao contrário da renda habitual, teria havido um pequeno aumento da desigualdade no início de 2022. No 1º trimestre de 2022 a renda domiciliar do trabalho da faixa de renda alta era 28 vezes maior que a da faixa de renda muito baixa, valor menor que no primeiro trimestre de 2021 (28,8), o que reflete a maior queda da renda entre os domicílios de renda mais alta observada nos últimos quatro trimestres. O aumento da proporção de domicílios sem renda do trabalho foi uma das consequências da pandemia. Essa proporção, que era de 22,35% no primeiro trimestre de 2020 e subiu para 28,55% no trimestre seguinte, encontrava-se em 23,35% no primeiro trimestre de 2022. O estudo mostra também que, apesar da queda na renda no primeiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo trimestre de 2021 se dever, em parte, ao retorno de trabalhadores menos qualificados ao mercado de trabalho, tanto a renda efetiva quanto a habitual ainda estão abaixo dos níveis anteriores à pandemia, havendo queda da renda em comparação com os primeiros trimestres de 2019 e 2020. O recorte regional indica que a renda efetiva mostrou maiores quedas nas regiões Sudeste e Sul (quedas de 8,2% e 6,1% respectivamente). A menor queda da renda habitual foi observada no Norte, que inclusive mostrou um pequeno aumento da renda efetiva no início de 2022. Já o corte por gênero revela que os rendimentos efetivos e habituais recebidos pelas mulheres indicaram quedas superiores às dos homens (6,7% contra 5,5% na renda efetiva no primeiro trimestre de 2022 e 8,7% contra 8,3% na renda habitual). Os trabalhadores mais jovens apresentaram pequeno aumento da renda efetiva no início de 2022, ao passo que os rendimentos dos ocupados com 60 anos ou mais apresentaram queda de 14,5%. Já sob a ótica do ensino, as quedas da renda efetiva foram mais intensas entre os trabalhadores com maior nível de escolaridade (queda de 6,9%). Acesse a íntegra da nota de conjuntura Assessoria de Imprensa e Comunicação |
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