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08/08/2022 09:22

Participação de insumos importados pelas indústrias aumenta de 2008 a 2018


Análise do Ipea mostra evolução de 23,3% para 25,1%, mas os resultados são diferenciados entre os diversos segmentos da indústria de transformação

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), mostra que a participação dos insumos importados no total das compras de matérias-primas e componentes feitas pelo setor industrial do Brasil aumentou de 23,3% para 25,1% entre 2008 e 2018. A nota técnica “Participação dos Insumos Importados na Produção das Empresas Industriais Brasileiras”, de autoria do consultor da Cepal junto ao Ipea Eduardo Augusto Guimarães, aponta que os resultados relativos ao conjunto da indústria de transformação encobrem resultados bastante diferenciados entre seus diversos segmentos.

O estudo, divulgado nesta segunda-feira (8/8), assinala que as dez divisões cujas participações dos insumos importados são elevadas (3) ou relevantes (7) compreendem basicamente fabricantes de produtos químicos e bens de capital e de consumo durável.

As 14 divisões com participações abaixo da média da indústria incluem os fabricantes de bens intermediários não químicos e de bens de consumo semiduráveis e não duráveis. Esses dois segmentos repartiram em parcelas aproximadamente iguais a receita líquida de vendas da indústria de transformação em 2018.

O estudo utilizou como base de dados as tabulações especiais da Pesquisa Industrial Anual (PIA) elaboradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e relativas ao período 2008-2018. Os dados se referem a um estrato de cerca de 32 mil empresas da indústria de transformação, classificadas segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0).

As empresas analisadas reúnem 30 ou mais pessoas ocupadas e/ou que auferiram receita bruta proveniente das vendas de produtos e serviços industriais superiores a R$ 15,1 milhões no ano anterior ao de referência da pesquisa. Elas representam 10,5% do total de empresas da indústria de transformação, mas respondem por 93,7% da receita líquida de vendas e por 96,3% das compras de matérias-primas, materiais auxiliares e componentes dessa indústria.

O pesquisador do Ipea conclui que a segmentação observada reflete a natureza da produção dos setores, com menor participação de importados em atividades que utilizam basicamente insumos provenientes de atividades agropecuárias, extrativas minerais, setores de menor complexidade tecnológica, intensivos em mão de obra e próximos de atividades primárias na cadeia da produção.

Ainda de acordo com a pesquisa, o acompanhamento do grau de inserção da indústria brasileira nas cadeias globais de valor deve ter como foco a evolução dos setores de fabricantes de produtos químicos e bens de capital e consumo durável, que apresentam coeficientes de insumos importados mais elevados.

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